Foi com estas palavras que os finalistas do terceiro curso de instrução básica do serviço cívico manifestaram a sua prontidão de servir a pátria amada. No total foram graduados 537 jovens dos quais 505 são homens e 32 são mulheres aos quais o Presidente da República e Comandante-em-Chefe das Forças Armadas de Defesa e Segurança (FDS), Filipe Jacinto Nyusi, deixou a mensagem de não fazerem da formação recebida uma caixa, mas sair para viver o mundo real e não perder a agenda principal do povo que é a unidade nacional.
A vila municipal de Montepuez, província de Cabo Delgado, acolheu na sexta-feira passada o encerramento do terceiro curso de formação básica dos Prestadores do Serviço Cívico, os quais juraram dedicar as suas energias para a construção de um Moçambique próspero e risonho, através do desencadeamento de habilidades e vocações individuais.
Estamos a falar de jovens municiados em diversas matérias tais como, Electricidade, Serralharia, Carpintaria, Construção civil, Mecânica-Auto, Refrigeração, Canalização, Corte e Costura que em seguida serão submetidos a uma especialização no Centro de Formação Profissional e Emprego, e outros estabelecimentos de ensino técnico profissional.
O outro aspecto importante é que os mesmos serão encaminhados ao Quartel-General do Serviço Cívico de Moçambique localizado na Matola, província de Maputo, onde vão demonstrar as habilidades adquiridas produzindo vários utensílios que em seguida serão vendidos no mercado para rentabilização destes serviços introduzidos em Moçambique no ano de 2013, com a formação de 483, sendo que em 2014 saíram de Montepuez 494 técnicos básicos.
Para além do quartel da Matola, o serviço cívico conta com a escola de formação técnica em Chigodole e unidades produtivas de Chòkwé, em Gaza e Unango e Tsangano, em Tete, para onde os graduados poderão aperfeiçoar e demonstrar os conhecimentos adquiridos durante a formação na área agropecuária.
NÃO SE DESVIAR DA AGENDA PRINCIPAL
Dirigindo-se aos graduados, o Comandante-chefe das FDS desafiou-os a dedicar energias no bem servir aos moçambicanos e não fazer uma formação de caixa,“mas a sair e viver o mundo real, não se desviar da agenda principal do povo que é a unidade nacional”.
E porque a cerimónia aconteceu num momento em que as regiões sul e centro sofrem de seca e a zona norte, de inundações, o Presidente da República desafiou o Ministério da Defesa a introduzir um curso de gestão de desastres naturais para fazer face às mudanças climáticas.
“Um servidor cívico deve ter na sua mente os valores de solidariedade, o que significa que onde há epidemias, ciclones e outro tipo de desastres tem que estar presente para prestar apoio à sociedade civil. Portanto, o desafio é colocar a gestão de desastres naturais como uma disciplina para fazer frente às mudanças climáticas”,disse Filipe Nyusi, para quem aquela cerimónia representava mais uma etapa da acreditação de jovens com valores de cidadania e patriotismo.
Para o Presidente da República, os moçambicanos enfrentam vários desafios não só de ordem material, mas também de ordem moral pelo que o curso ora terminado serviu igualmente para a transmissão de valores de cidadania, respeito mútuo e sentido da nação.
“Um prestador do serviço cívico é um jovem moldado que constitui um cidadão de referência para a promoção de uma convivência harmoniosa nas comunidades onde se encontra inserido. O juramento que acabaram de prestar apresenta-se como a primeira etapa dos que se seguirão no cumprimento do dever de melhor servir ao cidadão,disse o Chefe do Estado sublinhando que a fase seguinte é a orientada para a formação profissional e vocacional plasmado no Programa Quinquenal no capítulo de desenvolvimento humano.
Acrescentou que o serviço cívico é a forma efectiva do desenvolvimento do capital humano, base de sustentabilidade politica, social e económica de uma nação que cria novas habilidades nos prestadores.
No entender do Presidente da República, este serviço oferece a ferramenta adequada para o jovem auto-superar-se na vida, uma das formas pedagógicas do governo para construir a nação de amanhã.
“Para além de oferecer o saber-fazer, este serviço se torna uma válvula de segurança eficiente para regular o movimento dos jovens das zonas rurais às cidades e cria gradualmente habilidades para todos ao longo do território nacional. Ao potenciarmos o prestador com conhecimentos de serralharia, agropecuária, restauração de equipamento pesado, carpintaria, costura e outras áreas, estamos a construir a âncora para uma estabilização social e económica do homem de amanhã”, disse Filipe Nyusi
Num outro momento, o Presidente da República disse que Moçambique está a atravessar momentos difíceis cuja solução definitiva só pode ser dada pelos próprios moçambicanos, que com experiências de processos temporariamente indefinidos, sempre souberam resolver em tempo útil. Entre eles, figuram a luta de libertação nacional que durou dez anos e o conflito armado que levou 16 anos.
“Estamos agora a viver momentos conturbados no centro do país, onde nossos compatriotas vivem na incerteza do reencontro familiar no dia seguinte, onde não podem circular livremente ou cultivar a terra para o seu alimento. É uma situação criada por nós moçambicanos que por qualquer motivo de insatisfação não pode ser acarinhada a não ser a sua condenação por todos aqueles que têm Moçambique no coração”,afirmou Nyusi sublinhando que não razão que justifique a destruição do país.
Falando em representação dos finalistas, Ercília Almeida Chaúque disse que com os conhecimentos adquiridos, o grupo está em condições de contribuir para o desenvolvimento do país.
“Não vamos defraudar as expectativas que os nossos familiares em particular e os moçambicanos em geral depositam em nós e estamos prontos para enfrentar os desafios que temos pela frente. Portanto, às ordens Comandante-em-chefe das Forças de Defesa e Segurança”,disse Ercília Chaúque.
De referir que este curso iniciou no passado dia 29 de Dezembro sendo que para Junho próximo prevê-se o arranque do quarto, tudo na perspectiva do cumprimento do Plano Quinquenal 2015-2019 no que diz respeito à formação do capital humano.
Durante o encerramento deste curso foram premiados os melhores formandos e instrutores que antes do epílogo do evento presentearam a plateia com marcha lenta, rápida e ordinária para não falar da exibição de danças típicas de todo o país num mosaico cultural que teve como coreógrafa, Pérola Jaime, uma das categorizadas bailarinas da Companhia Nacional de Canto e Dança.
Estes momentos foram testemunhados, entre outras individualidades, pelo Ministro da Defesa Nacional, Salvador Mtumuke, governadora de Cabo Delgado, Celmira da Silva, vice-comandante do Serviço Cívico, Messias Niposso e outros oficiais generais, sargentos e praças das FDS.
Domingos Nhaúle,em Montepuez, Cabo Delgado
Alberto Chipande nunca teria sido mais barato quanto esta semana, na cidade da Beira. Entendeu ajudar o seu adversário político, no caso, Afonso Dhlakama, dando-lhe as dicas para que o seu partido volte a funcionar como tal, o que passa por uma reorganização de raiz.
O veterano da Frelimo disse que a sua experiência diz-lhe que ao estilo em que está a Renamo, ela não existe como partido porque ela está circunscrita ao seu próprio líder, o que vale dizer que não é uma organização colegial, por isso não sabe explicar os desaires eleitorais que tem somado lustro-a-lustro, desde 1994.
Chipande diz que um partido sério ter-se-ia preocupado em analisar com a profundidade necessária, por que é que em todas as eleições, somadas até cinco, sai a perder e nada muda apesar de representar uma boa franja do eleitorado moçambicano.
Parco em palavras, como lhe é característico, mas contundente, foi desfilando os passos que deveriam ter sido seguidos pela Renamo nestes cerca de 25 anos de eleições perdidas.
Quando pela segunda vez perdeu para Chissano, quando se esperava que o partido se reuniria para análise das causas da derrota, “exilou-se” para a Rua das Flores, em Nampula, evitando assim o contacto com o eleitorado, com as suas bases, esquivando a prestação de contas.
Quando voltou a perder, desta feita, a favor de Guebuza, decidiu-se por um outro “exilio”, na província de Sofala, mais concrectamente em Santugira, depois, mais uma vez, longe do eleitorado a quem devia prestar contas e dos órgãos da sua agremiação, que deveriam tentar descobrir o antídoto contra feitiço do seu adversário.
Saído de Santugira, e pela quinta vez, participou no pleito, depois duma campanha mais emotiva do que organizada. Como era de esperar, voltou a perder, depois do que, não conseguiu vencer a vergonha de enfrentar os seus eleitores explicando como foi o jogo, nem fez sentar algum órgão do partido para friamente analisar os sucessivos desaires na família renamista. Já era a vez de Filipe Nyusi.
Chipande diz: ao contrário d e tudo o que esperava saí a dizer simplesmente que foi roubado, roubado, roubado e não explica como tem sido roubado e onde ele e o seu partido ficam quando o roubo se concretiza.
Pelo contrário, diz Chipande, ele faz o que é fácil: mentir e de novo enveredar por aquilo que não é necessário maior organização, destruir a vida dos cidadãos e suas propriedades, incluindo aqueles a quem uma vez confiou, porque depositavam em sim, alguma esperança.
Na verdade, essa já é minha ideia, o tempo está a ficar cada vez mais escasso para preparar as eleições de 2019, ainda o eleitorado da Renamo não ouviu nenhuma justificação da última derrota, e de todas as outras mentiras subsequentes, mas no calendário já está marcado o próximo jogo politico-eleitoral, que não está muito longe de hoje.
De novo, o treinador está longe de todos: dos jogadores e adeptos; o balneário está descomandado (aliás mandado) porque aqueles que o querem cada vez mais longe do poder, cada vez mais longe (lá nas montanhas) onde se contacta imaginariamente com os seus principais detractores, final, seus quadros, à medida que a sua retirada parece eminente, por muitas razoes, incluindo de idade. Ainda não preparou o próximo mister e nem disse que desistiu de dirigir a equipa por quaisquer razoes.
Não há reunião(nem pequena nem grande) e a assessoria de Chipande termina dizendo: Renamo é ele, comité central é ele, comissão política é ele, congresso é ele….
Pedro Nacuo
nacuo49nacuo@gmail.com
nacuo49nacuo@gmail.com
Em tempos em que a economia de muitos países se encontra em estado recessivo, o essencial para os governos, é um maior rigor e equilíbrio das contas públicas, que não permita grandes sobressaltos do custo de vida.
Isto é não permitir que o factor económico externo com as frequentes oscilações no mercado, possa interferir grandemente numa quebra brusca na confiança do consumidor, e para se evitar a queda no nível de actividade económica.
Temos um governo com um programa sufragado democráticamente, um governo de um estado soberano, e a idéia de sermos colonizados por credores é assustadora, mas não é o que está a suceder, nem vai acontecer.Moçambique não está em estado de incumprimento das suas obrigações para com os credores.Não existe calote da parte do governo, a questão que se coloca é se o valor da dívida soberana ultrapassa a capacidade do país, de pagá-la nos prazos estipulados; ou melhor se a divida é sustentável, de forma a permitir que o país continue nos mercados.Se chegassemos à fase de incumprimento, então aí teríamos problemas nos meandros financeiros, e sujeitos à ditadura dos credores.Teria de haver um resgate financeiro, a cargo do FMI e outras organizações financeiras, a impôr aquilo que já denominado colonialismo dos credores, como sucedeu em alguns países europeus, até que o país voltasse aos mercados.Estamos em dificuldade como muitos outros,... Mas até ao momento não nos foram impostas condiçõs, por Moçambique ser um país cumpridor.
O executivo de Filipe Nyusi está sob forte escrutínio de todos, na expectativa de nos poder trazer a tranquilidade necessária,depois do escândalo da dívida escondida.Ele é o pináculo do país político que somos, tendo já esclarecido que a dívida da Ematum foi restruturada, e o Estado negociou o tempo do pagamento.É difícil governar uma casa, e mais difícil é governar um país,usando um modelo de despesismo público excessivo e embaraçoso,quando muitos se encontram a viver na mais profunda precariedade.O modelo económico onde o Estado continua o maior empregador, é tambem responsável pelo défice execessivo das contas públicas, num momento em que a curto prazo não existe a perspectiva de grande investimento externo,sem a estabilidade política necessária.Se olharmos para as mordomias dos deputados nacionais, com cada deputado com carro novo garantido pelo estado, subsídio de habitacão,e um salário 27 vezes superior ao salário normal, concluímos que nem os países nórdicos e o Canada, com alta qualidade de vida, não proporcionam esse tipo de regalia ao seus deputados.Numa conjuntura em que o mundo aperta os cintos, este tipo de situação era expectável no país político que somos, onde depois de recuperada a autoestima,e de nos tornarmos económicamente competitivos, deparamo-nos hoje com uma conjuntura económica desfavorável, a par de ataques de uma oposição armada, com assento no Parlamento.
Estou certo que o presidente Nyusi e a sua equipe e com as nossas idéias, encontrará a premissa adequada, para sairmos da tormenta, com a lição bem aprendida, afinal a nossa economia é sustentada em enormes reservas da indústria extractiva, estando optimista que melhores dias virão.
O país tem a sua divida soberana, existindo muito ruído sobre a questão da divida, que supostamente foi encoberta, mas que um dos credores, neste caso o FMI divulgou, referentes a 2013 e 14. Temos de reconhecer que quando um credor empresta dinheiro,precisa saber todos os empréstimos exitentes, para avaliação completa de risco de crédito, e capacidade de pagamento.O primeiro ministro esteve reunido em Washington com o FMI, na pessoa de Christine Lagarde , Directora Geral, e saíu-se bem nas explicações dadas.
Neste interim em que o governo ainda não se pronunciou sobre a questão, como é característica da sociedade, há muita falácia, e muito se tem dito de sectores a procur tirar proveito político próprio, mesmo não sabendo nada destas questões de crédito internacional,e muito menos saber ler e escrever português.Esquecem fácilmente que Moçambique nos útimos dez anos deu um salto qualitativo no que toca à construção de infra-estruturas económicas, e esse dinheiro tinha de vir de qualquer lado:pontes,estradas,hospitais, aeroportos, escolas etc., foram edificados na presidência de Armando Guebuza, sem esquecer o montante alocado à defesa e segurança.Este tipo de acção não foi circunstancial, mas uma demonstração de pragmatismo, ao priorizar o (empreendedorismo) como finalidade no combate ao subdesenvolvimento.Muito foi construído , contudo na luta contra a pobreza e subdesenvolvimento ainda há muito que ser construído.Por outro lado, o Estado continua a ser o principal empregador do país,sendo este um factor reconhecidamente, com peso enorme no agravamento do défice orçamental. Se a divida foi para defesa muito bem.As ameaças e ataques da Renamo apesar desta organização ter assento parlamentar, justificam o reforço em armanto e capacidade das FDS, assim como se justifica o reforço da guarda costeira para defesa da fauna marítima.A divida é soberana, tendo sido contraída pelo governo anterior, e vai ser clarificada e paga pelo governo actual, o que é um exercício normal, quando se trata de dividas do Estado.Caso a economia estivesse a crescer na ordem dos 10 % ou 9% como sucedia em 2013 e 14, a divida da Ematum, Prondicus e Mozambique Accept Management (MAM),seria manejável, mas hoje é inexequível.A CTA Confederação das Associações Económicas de Moçambique, por exemplo, veio dizer que a credibilidade do país já tinha sido afectada com o pedido de reestruturação da dívida da Ematum, e com a descoberta das novas dívidas, o país passará por uma situação de maior aperto, ao nível do financiamento,
Capitalismo sem capital ou quer correr depressa demais?Verónica Macamo convidou o governo a ir à Casa do povo, para explicar a motivação que levou o governo a garantir uma divida fora das contas públicas, superior a mil milhões de dólares, em favôr de empresas.A divida foi confirmada pelo chefe da missão do Fundo Monetário Internacional (FMI) para Moçambique, Michele Lazare, num comunicado de imprensa divulgado, que as autoridades reconhecem, que um montante superior a mil milhões de dólares da divida externa garantida pelo governo, não havia sido declarada ao FMI, o que levou a suspensão do apoio do FMI ao país.
Fala-se que a divida omitida refere-se a 4 empréstimos,e a ser verdade a actual divida ascende 73,4 por cento do PIB, o empréstimo comercial está acima do limiar da sustentabilidade da divida, e essas agências de rating são bem capazes de colocar o país no lixo.Ficávamos sem acesso aos mercados, e todos desde o povo, governo e partidos iriam ressentir-se, pois cada um de nós seria atingido.Oxalá isso não venha a suceder, e o governo tenha capacidade negocial de manter as coisas nos eixos.
Vivemos tempos difíceis, que já se reflete no bolso de muitos, o estado deve de imediato cortar no despesismo público, sob o perigo de agravar a divida.O importante é saber o que há a pagar, para que não caiamos numa situação em que o país fique sob controle dos credores , como alguém já afirmou.A divida pública aumentou em três anos de 42 % do PIB, em 2012 para 73,4% em 2015.
A meu ver, a omissão da divida ao FMI, pode significar que as perspectivas macro-económicas do actual executivo, de acordo com a sua agenda de governação encontrou dificuldades de materialização, sendo as perpectivas sombrias, devido à falta de liquidez.Os cofres do estado dado à derrapagem do metical face ao dólar,e à reserva em moeda estangeira, insuficiente para se cumprir com as obrigações de pagar as importacões, dado que a economia sofreu um grande abalo; os preços de vários serviços e produtos, com destaque para os alimentares, a subir; os salários continuam por ajustar e a ficar atrasados, e algumas empresas a encerrar ou a reduzir a produção.
Por outras palavras, não se faz omolete sem ovos,e 2013 e 2014 tem reflexos negativos nas contas correntes do estado, sendo necessário uma injeção de dinheiros(espécie orçamento rectificativo), até 2018, quando os activos da indústria de estração começam a dar dividendos, para que o governo minimamente possa cumprir com o seu programa de governação.
Não estou de acordo com a asserção, que se torna urgente que o Governo faça uma auditoria exaustiva da dívida pública, de modo a que se saiba o montante real, os credores e o período de pagamento de cada uma das dívidas, para que se traga alguma tranquilidade à população.O Parlamento é o local indicado para isso.Este governo goza de imensa popularidade, foi eleito da maioria dos moçambicanos, e está responsabilizado perante todos eles.A situação parece esclarecida junto ao FMI, e a ida do Primeiro ministro a Washington, e ida do presidente Nyusi à sede da UE, que é um investidor directo no OG , terão servido para dissipar a questão, mas falta um esclarecimento público, que pode ser feito através do Parlamento.
Como o presidente Nyusi afiançou logo após o regresso de Bruxelas``sinto que há vontade de ajudar, e não de enterrar o país.``
Transparência e boa governação, são requisitos imprescindíveis dos credores e parceiros económicos, como por exemplo o reino da Suécia, um aliado de longa data.
O Banco Europeu de Investimentos, continuará a investir na área de infra-estruturas, com destaque para o projecto de Pipeline. Aliás, o BEI investiu nos anos transactos mais de 600 milhões, e próximamente deverá desembolsar entre 15 a 16 milhões de euros. Este tipo de cooperação com Moçambique data desde 1980.Mais de 40 empresários belgas vão este ano visitar Mocambique.
PS.A tentativa de ocupar o posto administrativo de Chiramba por parte dos homens da Renamo, mostra o quão desesperado está Afonso Dlhakama, de posar para a fotografia, e mostrar que ainda tem vida própria, quando não tem.Embora fragilizadíssimo, os seus amigos já identificados, parecem ansiosos em criar um conflito generalizado, que provocasse o caos e um vazio político.Esta operação foi a mando de alguém, como um recado à UE, como tentativa de dissuadir a organização, para não apoiar os projectos de desenvolvimento, enquanto o governo não se sentasse à mesa com ele, numa posição de força, mas enganou-se.
Ainda neste meu texto critiquei o despesismo público, contudo devo dar o braço a torcer.O Estado deve marcar a presença em todo o território nacional, incluíndo pequenos vilarejos e postos administrativos.Onde estiver içada a bandeira nacional, deve estar bem vincada a identidade e integridade territorial.
Ainda neste meu texto critiquei o despesismo público, contudo devo dar o braço a torcer.O Estado deve marcar a presença em todo o território nacional, incluíndo pequenos vilarejos e postos administrativos.Onde estiver içada a bandeira nacional, deve estar bem vincada a identidade e integridade territorial.
Unidade, Paz e Democracia
Inacio Natividade
Preços da democracia gratuita importada pelos africanos
A queda do muro de Berlim no inicio da década de 1990 abriu espaço para a importação gratuita da democracia pelos países africanos com tradição de ditadura, liderança vitalícia e falta de transparência e de prestação de contas da gestão do dinheiro e da coisa do povo.
Na África do Sul, o regime do apartheid nunca prestou contas ao povo sul-africano na gestão do pais.
Fazia negócios à porta de cavalo e à luz da vela com seus aliados ocidentais, com Estados Unidos da América e Reino Unido à cabeça, violando as sanções impostas Nações Unidas por causa do racismo institucionalizado.
Após 82 anos de luta contra o sistema racial e pelos direitos e liberdades da maioria, o ANC foi colocado no poder pelo voto popular em Abril de 1994. Os sul-africanos e o Mundo em geral respiraram de alivio.
No entanto, 22 anos depois, o ANC parece ter esquecido da formula de boa governação democrática e é acusado de arrogância na gestão do dinheiro e da coisa publica. Parte da população que lhe colocou no poder, incluindo veteranos antiapartheid, exige a queda de Jacob Zuma.
Mas o veterano político diz que não há corta-mato, apesar de ter sido pronunciado violador da Constituição na gestão do caso da construção da sua residência particular de Nkandla com o dinheiro do povo sul-africano.
Na pérola do Indico, os governos da república popular e da segunda república fizeram dividas em nome da defesa da soberania e da guerra contra bandidos armados.
Com honestidade e diplomacia do governo do deixa andar de Mariazinha, a divida foi perdoada pelos credores aliviando o povo e o pais, sem barulho ruidoso em casa pela prestação de contas e pedido de explicação publica.
Na relativa consolidação da democracia importada e distribuída gratuitamente, o maravilhoso povo exige a prestação de contas e transparência na gestão do seu dinheiro. O tribunal da opinião publica, através das redes sociais, julgou e condenou o líder visionário, filho mais querido e sua companhia.
Os membros do glorioso partido na escolinha do barulho estão tramados, porque o conclave decidiu que o maravilhoso povo tem direito de ser clara e devidamente informado sobre o que aconteceu com a mola ou matambira – dinheiro. São preços da democracia.
Do topo do pedestal dos países africanos mais procurados do Mundo pelo sucesso da gestão pós-longo conflito armado e rápido crescimento económico, a pérola do Indica está em queda livre para o fundo da caixa de lixo mundial exacerbada pelo retorno aos tiros, cujos danos são deliberada e publicamente camuflados ou ignorados. (x)
Simião Ponguane
Assinala-se hoje o 1º de Maio, Dia Internacional do Trabalhador. Ao nível nacional, a celebração ocorre numa altura em que o país está a atravessar momentos delicados social e economicamente. Por outro lado, os salários mínimos aprovados há dias continuam longe de satisfazer as necessidades básicas dos trabalhadores, sobretudo tendo em conta que os preços de produtos básicos estão a subir a olhos vistos.
A celebração do 1º de Maio no nosso país será marcada por marchas em todas as capitais provinciais e em sedes distritais com dísticos que apelam ao diálogo e a manutenção da paz, cessar do conflito armado, melhores condições de trabalho, salários justos, entre outros.
As cerimónias centrais das celebrações terão lugar na capital do país, Maputo, sendo replicadas nas capitais provinciais e nas sedes distritais com número significativo de população assalariada, sob o lema “OTM-CS 40 anos na Luta pelos Direitos e Interesses dos Trabalhadores”. Espera-se que mais de 30 mil trabalhadores, de Maputo, participem do desfile.
A Organização dos Trabalhadores de Moçambique – Central Sindical (OTM-CS) reconhece que as comemorações deste ano ocorrem num momento em que o país está a atravessar momentos difíceis, com destaque para a tensão político-militar promovida pela Renamo, que está a sabotar deliberadamente várias infraestruturas económicas e sociais e a matar pessoas indefesas, a par da inflação alta e queda do metical em relação ao dólar americano.
“Os ataques da Renamo semeiam terror aos agentes económicos, trabalhadores e nos potenciais investidores, criando um clima de incerteza e instabilidade no país, o que poderá aumentar a taxa de desemprego”, disse Alexandre Munguambe, Secretário-geral da OTM-CS.
Para além da situação dos ataques daquele partido da oposição que estão a incendiar camiões com as respectivas mercadorias e autocarros de passageiros, as zonas sul e centro do país estão a ser fustigadas por uma seca severa e na zona norte cheias.
Segundo o nosso interlocutor, o facto de estarem a queimar camiões com mercadorias está a dificultar a distribuição dos poucos produtos que foram produzidos, o que contribui para o agravamento dos preços em todas as capitais provinciais.
Para Munguambe, esta situação acontece porque os produtos que saem do Norte para o Sul e vice-versa chegam com muita dificuldade, porque estão sujeitos a todos os riscos, sem contar com o número de trabalhadores que são mortos nesses ataques.
DIÁLOGO E PAZ
Para a OTM, um dos apelos a ser fortemente lançado a nível daquela organização nas províncias e para os trabalhadores é que aproveitem o Dia Internacional do Trabalhador para clamar vivamente pelo diálogo entre o Governo moçambicano e o líder da oposição, Afonso Dhlakama.
“Vamos continuar a exigir que o país esteja em paz, exigir que a Renamo pare de matar pessoas inocentes para que desta forma possamos criar melhores condições de trabalho, seja possível ter salários condignos e, por essa via, seja possível sustentar as famílias”, aludiu Alexandre Munguambe.
Segundo ele, no meio do conflito político-militar quem sofre é o trabalhador porque não se pode movimentar, sem contar com o facto de o custo de vida estar a disparar a olhos vistos. O salário em si já não era razoável e com estes problemas os moçambicanos vão ficar totalmente arrasados.
“O nosso apelo é para que dialoguem para se acabar com estes conflitos. A última guerra, dos 16 anos, com todos os apoios que as partes tinham não teve um vencedor, não será agora que teremos um. O fim disto é sentar à mesa e conversarem porque é inadmissível que tenhamos um país onde ninguém cumpre com a lei e as regras elementares da democracia”, disse Munguambe
AUMENTO SEM PALADAR
A Comissão Consultiva do Trabalho, a OTM-CS, o sector privado e o Governo estiveram envolvidos desde o mês de Fevereiro nas negociações dos salários mínimos para o ano corrente. Estes foram homologados, semana finda, pelo Governo.
Entretanto, a organização dos trabalhadores considera que o processo foi um exercício muito difícil tendo em conta o momento crítico que o país está a atravessar, o que levou a se aprovarem os valores possíveis.
A título de exemplo, em relação aos preços de produtos básicos, na cidade de Maputo, com mil meticais actualmente compra-se apenas um saco de arroz de 25 quilogramas, com direito a alguns meticais de trocos. O saco de dez quilogramas de batata Reno custa entre 350 a 450 meticais, o mesmo era comercializado ao preço de 200 meticais.
Outro produto que viu o seu preço a disparar foi o tomate que actualmente pode-se comprar a 500 meticais ou mais dependendo da qualidade e o saquinho de 10 quilos de cebola também chega a 300 meticais, quando a mesma quantidade já foi vendida a preços que variam de 150 a 200 meticais.
Por causa desta situação, os empregadores descrevem 2016 como um ano atípico e, se dependesse deste grupo, sequer teria sido discutida a questão dos salários mínimos. “No nosso entender estes problemas todos justificam o tipo de aumentos que acabamos tendo, que são claramente insignificantes. Se os empregadores sofreram com a seca, cheias e o conflito militar, os trabalhadores também sofrem. A ideia foi aumentar dentro das condições em que nos encontramos. É pouco mas é melhor isso que nada”, sublinhou Munguambe.
Segundo o nosso interlocutor, os empregadores nacionais ainda estão longe de pagar aquilo que seria considerado salário mínimo ideal, que no ano passado se falava em cerca de oito mil meticais.
No seu entender, a situação é mais crítica porque os países vizinhos com que Moçambique cooperava, como é o caso da África do Sul, também estão a enfrentar problemas de seca.
Aliás, e para o caso concreto da África do Sul, relatos recentes indicavam que algumas farmas não conseguiram produzir o suficiente, o que leva os importadores nacionais a percorrerem distâncias maiores para adquirir os mesmos produtos de primeira necessidade que, nos anos anteriores, eram obtidos nas províncias de Mpumalanga, Gauteng, entre outras.
Aliás, ainda como consequência do elevado custo de vida e da oscilação do metical em relação ao dólar americano, algumas empresas estão a fechar por não se conseguir mantê-las, pois a aquisição da matéria-prima tornou-se um “bicho-de-sete-cabeças”. É que são obrigados a comprar a mesma quantidade do produto a praticamente o dobro do preço que era praticado entre fim de 2014 e início de 2015.
Por outro lado, algumas empresas que se dedicavam à prática da agricultura se viram obrigadas a encerrar por causa da seca, outras reduziram o número de mão-de-obra. “Elas não tem água para regar e já estamos a ter problemas de intrusão salina nos regadios, porque a água do mar está a invadir os rios. Vai levar tempo para voltar a produzir normalmente”.
NOVOS SALÁRIOS MÍNIMOS
O Governo aprovou, semana finda, os salários mínimos a serem implementados por cada sector e subsector, com efeitos retroactivos a partir do passado 1 de Abril. Os aumentos variam de cerca de 3.6 a 12.5 por cento.
Os sectores da agricultura, pecuária, caça e silvicultura beneficiaram de um aumento de 3.6 por cento, saindo dos anteriores 3.183 meticais para 3.298 meticais. Enquanto isso, a pesca industrial e semi-industrial viu o salário aumentar em nove por cento, saindo de 3.500 mil meticais para 3.815 meticais. Os trabalhadores do sector da kapenta passam a receber 3.375 meticais, contra os antigos três mil, representando um ajusto em 12.5 por cento.
Dados em nosso poder indicam que as grandes empresas, na extracção de minerais, ajustaram os salários em pouco mais de dez por cento, os trabalhadores deste sector passam a auferir 6.213 meticais, contra 5.643 meticais anteriores. As pedreiras e areeiros passam a pagar um salário mínimo de 4.907 meticais, contra os anteriores 4.539 meticais, o que representa um aumento em pouco mais de oito por cento.
O subsector das salinas sofreu um reajuste acima de sete por cento, onde os trabalhadores passam a auferir, no mínimo, 4.476 meticais, contra os antigos 4.176 meticais. Por seu turno, o sector da indústria transformadora aumentou os salários mínimos em oito por cento, o que corresponde a 5.200 meticais, contra os antigos 4.815 meticais.
O subsector da indústria da panificação viu o seu salário mínimo a ser ajustado em cinco por cento, saindo dos anteriores 3.790 meticais para 3.985 meticais.
O sector de produção, distribuição de electricidade, gás e água viu o salário mínimo a ser reajustado para 6.036 mil meticais, contra os anteriores 5.402 mil meticais. O subsector das pequenas empresas passa a pagar 5.421meticais contra 4.851 meticais, o que representa um aumento em torno de 12 por cento.
A construção civil passa a receber 4.886 meticais, contra os anteriores 4.483 meticais, representando um aumento em nove por cento. O sector das actividades não financeiras teve um aumento em oito por cento, saindo de um mínimo de 4.676 meticais para 5.050 meticais anteriores.
Nos serviços financeiros, os subsectores de bancos e seguradoras passa a auferir 8.750 meticais, contra os anteriores 8.050 meticais, representando um ajuste em 8.70 por cento e as microfinanças, microseguradoras tiveram um ajuste em 7.79 por cento, passando a receber 8.400 meticais contra os anteriores 7.800 meticais.
Texto de Angelina Mahumane
amahumane@snoticias.co.mz
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Costa do Sol, 1 – Ferroviário de Maputo, 3
Já no início do jogo percebia-se que a equipa do Costa do Sol estava mal arrumada, mesmo tendo madrugado a atacar. A formação do Ferroviário de Maputo se fez ao campo com tamanha postura, que a caracterizou de campeão nacional em título até ao afim dos noventa minutos.
Jeitoso teria sido o primeiro marcador do jogo, se não lhe tivesse faltado jeito na cobrança de um livre quando se jogavam os primeiros cinco minutos.
Do lado dos “locomotivas” muito cedo deu nas vistas um pequeno grande jogador chamado Gito, que corria mais que todos e caía mais vezes. E começou a ser o carrasco dos “canarinhos”, ele que aparecia a jogar em todos os cantos.
Aos doze minutos de jogo o Costa do Sol cria perigo, atrapalha a defensiva contrária, mas o golo viria acontecer na sua baliza por intermédio de Timbe. Grande remate, grande golo, que o próprio guarda-redes Gervásio deve o ter reconhecido como golaço.
Daí em diante era ataque para aqui, ataque para acolá. Assistia-se a um jogo feio, que não justificava a presença de dois dos crónicos candidatos ao título no campo. Chegou-se ao intervalo, com o Ferroviário a merecer o resultado que até aí se verificava, 0-1.
Quando grande parte dos adeptos das duas equipas ainda se empurravam nos portões, de regresso ao campo, eis que o Costa do Sol estabelece a igualdade, através de Parkim, que acabava de entrar para o lugar de Aguiar. Era o renascer da esperança “canarinha”.
O Ferroviário não gostou do empate a uma bola. O seu banco técnico deu ordem para desigualar a partida. Missão cumprida aos seis minutos por Jeitoso, que contou com ajuda de Gervásio, este que deixou a bola escorregar das suas mãos ao alto.
Ruben fazia tudo para ver a sua equipa a não sair derrotada do seu próprio campo, mas os campeões nacionais não se deixavam amedrontar. E, finalmente, a justiça foi reposta, o melhor jogador em campo, Gito, marcou. Era o terceiro e último golo do Ferroviário de Maputo, numa tarde de Moçambola em que a equipa de arbitragem não ajudou a nenhuma das partes em disputa. Fez o seu trabalho de forma muito correcta.
Ficha técnica:
Árbitro – Aníbal Armando, auxiliado por Ivo Francisco e Teófilo Mungoi. Quarto árbitro – Luis Jumisse
Equipas:
Costa do Sol:Gervásio, Manucho, Aguiar ( Parkim), Gerson, Dito, Josimar (Onélio), Manuelito ( cartão vermelho na segunda parte, por acumulação de amarelos), Chimango, Nelson (Craig), Ruben e Avelino.
Ferroviário de Maputo:Leonel, Jeitoso, Chiza, Sasse, Chico, Maurício ( Manucho), Edmilson, Gito, Jair (Paulo), Lewis ( Diogo) e Timbe.
Estrela e Chibuto
em testes fora de casa
No grupo dos jogos de hoje destacam-se dois, um envolvendo Estrela Vermelha contra Ferroviário de Nacala, no Campo da Bela Vista, e outro em que Chibuto FC é recebido pelo líder Liga Desportiva de Maputo. Estrela e Chibuto, com oito pontos cada, são as equipas que ainda não perderam nesta edição do Moçambola, cada um já empatou cinco vezes e ganhou um jogo. Curiosamente, entre ambos, em Gaza, o resultado foi de 0-0.
A diferença é apenas que o Estrela Vermelha vai jogar num campo, o de Bela Vista,à porta fechada, por castigo imposto pela Liga Moçambicana de Futebol aos nacalenses devido ao mau comportamento dos seus adeptos no jogo contra Ferroviário de Nampula.
Esta jornada termina amanhã, segunda-feira, 2 de Maio, com a realização do jogo Desportivo de Niassa – ENH FC.
JOGOS E ÁRBITROS DE HOJE
1º de Maio de Quelimane – Desportivo de Maputo
Campo – Ferroviário de Quelimane
Árbitro – Filimão Filipe
1º Assistente – Alberto Miambo
2º Assistente - Amisse Bacar
4º Árbitro – Jaime Jemusse
Liga Desportiva de Maputo – Clube de Chibuto
Campo – Liga Desportiva
Árbitro – Inácio Sitoe
1º Assistente – Célio Mugabe
2º Assistente – Dias Sigauque
4º Felisberto Timane
Ferroviário da Beira – Chingale de Tete
Campo: Ferroviário da Beira
Árbitro - Estêvão Matsinhe
1º Assistente - Baltazar Nhancume
2º Assistente - Salomão José
4º Árbitro - Adérito do Rosário
Maxaquene – Ferroviário de Nampula
Campo: Estádio Nacional do Zimpeto
Árbitro – José Maria
1º Assistente - Gimo Patrício
2º Assistente - Isac Domingos
4º Árbitro - Paiva Dias
Ferroviário de Nacala – Estrela Vermelha
Campo: Bela Vista
Árbitro - Afonso Xavier
1º Assistente - Amisse Djuma
2º Assistente - Abene Jussa
4º Árbitro - Feliciano dos Santos.
Desportivo de Niassa – ENH FC (amanhã)
Campo: Estádio Municipal de Lichinga
Árbitro – Aureliano Mabote
1º Assistente – Olívio Saimone
2º Assistente – Domingos Machava
4º Árbitro – Daniel Cosme
Texto de Manuel Meque
manuel.meque@snoticicas.co.mz
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Foto de Inácio Pereira
Quis o destino que três lendas deixassem o mundo dos vivos num curto intervalo de tempo, menos de dois meses. Primeiro partiu Prince aos 57 anos, em Minnesota, EUA. As razões da morte do ícone do pop ainda não estão claras.
E depois Papa Wemba, no alto de virtuosos 66 anos, um dos mais extravagantes e populares músicos de África, caiu em palco em Abidjan. E quando ainda o mundo se refazia do drama eis que Moçambique perde o seu nome maior da cultura musical: João Cabaço, profundo destilador de desinências líricas, o poeta do suspiro, que cantava para encantar e decantar sentimentos e afectos.
Prince: ícone da “pop music”, visionário e incompreendido
A morte de Prince causou natural comoção, pois ele traduzia uma forma de estar única na música, muitas vezes incompreendido. Ao longo da sua carreira de 40 anos, chegou mesmo a experimentar a pele de actor, o que lhe valeu sete merecidos prémios, trinta indicações para o “Grammy”, um “Óscar”, um “Globo de Ouro” e a magnífica marca de catorze músicas no top 10 da “Bilboard”. Para falar de Prince é inevitável que se faça uma espécie de “flashpoint” e recuar para os anos 80, onde nos vamos recordar do emblemático e estrondoso “Purple Rain”, um hit que povoou o imaginário de muitos jovens e considerado ainda hoje uma das melhores músicas de todos os tempos. E como não fazer referência ao épico “Nothing Compares 2 U”, que, como a Fénix, fez renascer Prince das cinzas do amor e encarregou-se também de reviver a mitologia do cupido em muitos corações apaixonados.
Prince tornou-se num fenómeno mundial de tal modo que começaram a aparecer discussões sobre quem seria o mais talentoso: Prince ou Michael Jackson. Foi sem dúvidas um momento ímpar para a música “soul” negra, quando, a par de outros bons cantores negros, estes dois homens lançaram-se ao palco para vitalizar as suas melhores performances. Em Fevereiro de 2007 Prince “incendeia” o majestoso Super Bowl XLI com um espectáculo considerado dos melhores de todos os tempos, quando, debaixo de chuva a cântaros e com o mítico estádio lotado, surge com um aspecto franzino e frágil contrastando com o poderio da voz e da destreza, com um fato verde meio antiquado, mas conveniente, e uma guitarra castanha reclamando acordes marcianos. Definitivamente um espectáculo memorável, principalmente quando o mítico Super Bowl “desabou” com o toque mágico de “Purple Rain”. Impressionante.
Este ícone da “black pop music” marcou a imagem de uma época também com sucessos como “When Doves Cry”, “Let’s Go Crazy” e “Kiss“.
Franzino, com apenas 1,57 de altura, com um visual único e diferente, Prince não se destacou apenas na música, também avultou-se pelas opiniões fortes quanto à indústria do entretenimento, como quando escreveu a palavra “escravo” na sua bochecha para protestar contra as condições contratuais de uma conhecida discográfica. Filho de músicos Prince Rodgers Nelson nasceu e morreu em Minnesota.
Papa Wemba: O “sapeur” que conversava com Deus
Colapsou em palco durante um concerto e não resistiu. Tinha 66 anos. Morreu a fazer o que mais prazer lhe dava. A 23 de Abril, na Costa do Marfim, em pleno Festival Femua, Papa Wemba destilava “remakes” fundidos pelos ritmos tradicionais africanos e o “pop rock” ocidental quando o coração resolveu pregar-lhe uma dramática partida. Caiu de bruços e nunca mais se levantou. E terminou o reinado de um rei que insistia e persistia na excelência da rumba africana. Wemba, um monstro da percussão africana, caiu servindo a música que tanto amava. Ao longo da sua trajectória foi criando e recriando maiores encantos à rumba, apresentando-a ao mundo com uma destreza única. Em 1999 actuou ao lado de ilustres fazedores de música como Peter Gabriel e Stevie Wonder, o que lhe rendeu rasgados elogios da difícil crítica musical portuguesa, habituada a líricas mais tradicionais.
Papa Wemba, também conhecido como o "Rei do Rhumba Rock", era de uma de uma extravagância peculiar, mas também bastante cosmopolita. Extraordinariamente eclético, de tal modo que também experimentou o cinema e a moda. Ele foi o actor principal de "La vie est belle" do realizador belga Benoît Lamy e, na moda, Papa Wemba é um dos pais dos “Sapeurs” - homens da arte do bem vestir. Para Wemba, o culto dos “Sapeurs” promovia, entre os jovens, elevados standards de higiene pessoal, saber vestir, barba feita, bem perfumado e bem penteado. Era um “gentleman” que aliava um cosmopolitismo extremo a um intrigante amor pelas raízes africanas, chegando mesmo a ganhar o “status” de chefe guerreiro, atribuição dada pelos anciãos do seu clã pela sua contribuição à música e cultura.
Por outro lado, era por demais conhecida a sua devoção pela fé cristã, de tal modo que acreditava que tinha conversas com Deus. Aliás, em entrevista a uma rede de televisão católica francesa, Papa Wemba revelou que tinha recebido a fé cristã através dos pais, protestantes, e frequentado uma escola católica. «A minha mãe incitava-me a ir à missa todas as manhãs», afirmou. A sua voz foi forjada nos coros da igreja. Na canção “Numero d’écrou”, incluída no seu álbum “Somo trop”, Wemba conta que a sua condenação, em 2004, por um tribunal francês, a 30 meses de prisão, o tinha aproximado de Deus. O cantor foi acusado de colaborar na permanência irregular de clandestinos em França, obtendo dinheiro em troca de autorizações de permanência.
«Da minha cela ouvi Jesus e reconheci que Ele era o meu rei», afirmou em 2003, noutra entrevista. Noutra ocasião, Wemba declarou que «o homem africano compreende melhor a fé do que o homem ocidental porque sofreu muito mais. Ele sofreu a injustiça, a independência, o esclavagismo».
A proximidade do artista ao Vaticano foi reforçada em Novembro do mesmo ano, em Cotonou, quando da viagem de Bento XVI ao Benim: o concerto que apresentou, à chegada do Papa, retomava os principais temas do documento: a reconciliação, a justiça e a paz. Alguém dizia: “mais do que chorar a morte de um herói, devemos celebrar a sua a sua vida.»
João Cabaço: o lobo da voz gutural
Poderoso. Versátil. Às vezes ritmicamente ousado. Alto, magro, detentor de uma voz sem igual, com um perfil inconfundível em palco, João Cabaço era igual a ele mesmo. A 11 de Maio de 2014 este mesmo semanário conversou com esta singular figura da música moçambicana. Cabaço fez capa e o título não poderia ser outro: “A Voz”. Pois então “A Voz” calou-se, ainda que se continuem ouvindo acordes que teimam em ecoar por entre frestas de uma sociedade sobrevivente das difíceis agruras da vida. Uma de suas maiores virtudes era a sua voz, devido ao seu alcance vocal, gutural dir-se-ia, que atinge notasmusicais de difícil alcance para um cantor popular. Sem dúvidas uma voz com que para além de virtuosa e de um senso rítmico invulgar, revelava-se de uma força interpretativa e de um timbre fora do comum.
Cabaço nasceu no mítico bairro da Mafalala e, segundo dizia, já o gene da música estava instalado nele ainda no ventre materno. Aliás, o reportório de Cabaço é literalmente tolhido pela figura da mãe e sobre isso ele tinha uma opinião interessante: “Canto a mãe. Nós às vezes nos distraímos quando se trata da mãe. A mãe tem um poder incrível. Veja que ela carrega-nos nove meses na barriga. Isso tem um significado incrível. É uma criatura a respeitar por todo sempre. Por isso, canto-a com muita alegria.”
O talento já lá morava e o tempo encarregou-se de revelar ao mundo a voz que o tornaria especial. Aliás, a família foi toda enfeitiçada pelo vírus da música, bastando lembrar os expoentes Gonzana e André Cabaço. Nunca desdenhou a nova vaga de cantores moçambicanos, chegou mesmo a considerar que o futuro da música estava assegurado, com a condição de se trabalhar de forma mais profunda na língua, linguagem e, sobretudo, nos conteúdos e estrutura rítmica. Quem assim fala não pode ser gago e a história se encarregará de julgar o seu posicionamento sobre as novas vagas de músicos em Moçambique. Como que a legitimar esse posicionamento em relação à nova geração de músicos, Cabaço fez-se rodear, num inesquecível concerto, por 12 jovens raparigas ainda imberbes no mundo da música. Fez-se acompanhar por instrumentistas da Banda Nonje e K-10 e convidou o público para uma viagem de “Xitimela” no Centro Cultural Universitário e depois fez a festa. E que grande festa da música.
Na conferência de imprensa havida para anunciar o “show”, Cabaço explicou que o propósito de juntar 12 mulheres e todas elas jovens, em palco, era uma forma de passagem de testemunho às novas gerações.
“Isto prova que não existe conflitos de geração e nós, os mais velhos, temos a obrigação de deixar um legado aos jovens que têm vontade de fazer música. A música é isto, harmonia melódica, a dócil voz e é isso o que vamos trazer neste concerto”. Não podia ser mais esclarecedor.
Hoje Lenna Baule, Agata, Sizakiel, Tanselle, Açussena, Isabel Novela, Juthy, Yolanda, Sheila Jesuita, Filó e as irmãs Belita e Domingas continuam a destilar qualidade harmónica.
“Isto prova que não existe conflitos de geração e nós, os mais velhos, temos a obrigação de deixar um legado aos jovens que têm vontade de fazer música. A música é isto, harmonia melódica, a dócil voz e é isso o que vamos trazer neste concerto”. Não podia ser mais esclarecedor.
Hoje Lenna Baule, Agata, Sizakiel, Tanselle, Açussena, Isabel Novela, Juthy, Yolanda, Sheila Jesuita, Filó e as irmãs Belita e Domingas continuam a destilar qualidade harmónica.
Mais do que todas as qualidades técnicas e talento que podem ter caracterizado Cabaço, o carisma, simpatia e sensibilidade irradiavam a sua personalidade, de tal modo que era frequente, em plena actuação, vê-lo emocionar-se e transmitir ao público o sentimento profundo vindo dos seus acordes. Cabaço, o “estiloso”, era um intérprete que sabia transmitir a quem o ouvisse a emoção contida nos versos.
Cabaço sabia unir a técnica e a interpretação, o que se resumia em constante treinamento. Os estrondosos e prosódicos temas “Xitimela” e “Mamana” são o resultado disso: competência, voz e emoção. Calou-se “A Voz”
SUA SENSIBILIDADE EXPRESSAVA-SE NAS COMPOSIÇÕES
– Hortêncio Langa e Arão Litsure, músicos
Para Hortêncio Langa e Arão Litsure a morte de João Cabaço, músico com trabalharam desde a década 70, é uma perda irreparável para a música nacional. Ao longo destes anos, Cabaço serviu a cultura moçambicana, em especial a música. Como um trio, levamos as nossas vozes e música nacional para outros quadrantes do mundo, avançaram.
Também era um homem de trapo fino e amigo dos seus amigos. Sabia ouvir aos outros e dava conselhos. Também era muito sensível e isso expressava-se nas suas composições. Deixa-nos uma imensa dor e saúde, remataram.
PERDEMOS UM GRANDE MÚSICO
– Arnaldo Bimbe, do Ministério da Cultura e Turismo
Arnaldo Bimbe, funcionário do Ministério da Cultura, avançou que João Cabaçofoi um grande homem e contribuiu imenso para música e cultura moçambicana. Sua morte trouxe um grande vazio para família, amigos e cultura moçambicana. A música moçambicana, por exemplo, perdeu mais um dos seus grandes representantes culturais.
Mais adiante acresceu que,espero que os músicos mais novos espelhem-se no trabalho de Cabaço pois ele foi um icon na música moçambicana.
ÉRAMOS AMIGOS DESDE A DÉCADA 60
– Leonardo Manhique, amigo de infância
João Cabaço era uma pessoa profundamente humana, humilde e comunicativa. Conhecemo-nos ainda adolescente na década 60. Ficamos amigos e assim passamos a conviver. Pouco período depois, fomos a tropa e lá tornamo-nos pára-quedistas,assim começou Leonardo Manhique, amigo de infância de João Cabaço.
Pessoalmente perdi um grande amigo, mas o país perdeu um grande músico e um grande homem. Sabia ser confidente e ajudava aos seus. Como músico era aquele que todos conhecemos, por isso penso que há necessidade do músicos mais novos buscarem inspiração nos seus trabalhos.
João Cabaço tornou-se património colectivo
O Ministério da Cultura e Turismo, através do Secretário Permanente, Domingos Artur, endereçou uma mensagem especial pela morte do músico João Cabaço, destacando que ele alcançou a grandeza, a estima de todos os concidadãos, elevando-o para além do seu tempo e do seu espaço, tornando-se um marco na história da nossa cultura, do nosso país e da humanidade.
“João Cabaço, como raros homens do nosso tempo, se tornou num património colectivo e orgulho dos moçambicanos, pela sua maneira de estar e fazer as artes, pela sua astúcia e indisfarçável militância visando fazer das experiências culturais de cada um de nós, um capital ao serviço de todos. Ele é dono de longo percurso artístico, que remonta do período colonial, quando sonhou e cantou pela liberdade dos moçambicanos, condenando e profetizando o fim do colonialismo português, como o fez no Agrupamento MusicalArabadadi Zamuthaka nos anos 1974 e 1975”.
Domingos Artur afirma que na luta titânica e irreverente visando colocar a cultura no topo das referências para o desenvolvimento social, económico e da liberdade, João Cabaço deixa-nos uma grande lição e exemplos.“Com ele, aprendemos: Que é possível trilhar com sucesso, como autodidactas, descobrindo o potencial que existe em cada um de nós, e colocá-lo ao serviço da sociedade. Foi o caso de Cabaço que ainda adolescente, encontrou-se e soube valorizar a voz extraordinária e pouco comum que as suas cordas vocais escondiam, e tornou-se o músico, compositor e intérprete que jamais tivemos em Moçambique”.
O representante do ministério afirma ainda que com o João Cabaço: “Aprendemos que podemos ser de qualquer parte deste Moçambique e sermos de Moçambique inteiro. É por isso que apesar de estar aficionado à Marrabenta, género musical que o envolveu desde a nascença, no Bairro da Mafalala, editou o álbum “Kewa Zambézia”, que resgata o cancioneiro popular da Província da Zambézia, entre outros exemplo. Em vida, admirámo-lo, e ninguém imitou com sucesso a sua elegância de estar no palco e sobretudo, o poder comunicativo como intérprete e na vida social”.
O Secretário Permanente enalteceu as qualidades de Cabaço a nível da forma peculiar que reinventou de estar no palco, a escolha criteriosa dos seus temas, essencialmente de crítica social e fundamentalmente educativos, mobilizadores para o trabalho produtivo, a solidariedade e respeito pela vida humana. “João Cabeço fez de forma exemplar, a ponte entre as tradições populares musicais e o moderno, e ensinou-nos a fazer a ponte entre as várias gerações”.
ELE ERA MUITO EXIGENTE NAS GRAVAÇÕES
- Banda Kakana
Estávamos a gravar com João Cabaço e não faltava muito, pois, maior parte das vozes haviam sido captadas. Faltava a masterização. Claro que há vozes que ele queria substituir porque não gostou da maneira como estavam. Ele era muito exigente. Por vezes ficávamos seis horas a gravar um trecho para depois ele dizer, apaguem, não gostei da minha voz. O disco está programado para ter onze faixas musicais.
TEMOS QUE RECONHECER OS ÍDOLOS AINDA VIVOS
- Filipe Cabral, amigo
Perdemos uma grande voz e dificilmente vamos ter uma outra para substituir João Cabaço. Amigo de todos e saudoso. Temos que reconhecer e homenagear os nossos ídolos ainda em vida e não quando se vão embora. Digo isso porque os artistas e desportistas são as pessoas que quando morrem sempre chega a agonia de qualquer coisa. Temos que cuidar dos nossos.
PERDEMOS A MELHOR VOZ DO PAÍS
- José Mucavel, músico
Mais nada a dizer, senão: perdemos a melhor voz do país. Ele tinha uma voz doce e bem colocada. João foi-se. Agora é preciso saber se existe uma forma de tirar o espólio musical dele para publicar.
DEIXA UM ESPÓLIO PARA NOVAS GERAÇÕES
- Arsénio Sérgio, produtor
É uma perda irreparável. Pena que estas coisas acontecem sem termos aviso. Tive a oportunidade de preparar o melhor espólio dele que deixa para gerações vindouras. A sua obra poderá ser estudada nas universidades. João Cabaço cantou Moçambique na Alemanha e em outros países.
SUAS MÚSICAS DEVEM IR AO CANCIONEIRO NACIONAL
- Fernando Luís, músico
É um momento difícil para todos nós. Ele deixou muita música e temos que reuni-la para editar um disco. Sei que a banda Kakana já havia começado. Podemos acrescentar naquilo que já fizeram e tirarmos um disco em sua homenagem tal como foi feito pelo Fanny Mpfumo. Temos que pôr João Cabaço no cancioneiro nacional porque João cantava a sociedade e quem o ouve pela primeira vez à segunda, recorda-se com facilidade. Ele bebeu do gospel e as suas músicas tocam as pessoas.
Texto de Leonel Magaia e Maria de Lurdes Cossa
·Dívida pública, incluindo garantias emitidas pelo Governo e dívidas contraídas pelo Banco de Moçambique é de 11,64 mil milhões de dólares americanos
O Primeiro Ministro, Carlos Agostinho do Rosário, explicou esta semana em Maputo que porque o nível das exportações do nosso país está muito longe das nossas necessidades de importações, estas estão a ser pagas, particularmente por empréstimos e donativos externos.
Fez notar que, nos últimos anos, o país registou, por isso, uma subida do endividamentoexterno, “reflectindo a mobilização de recursos externos feita com vista a financiar o desenvolvimento de infra-estruturas e segurança do país”.
Carlos Agostinho do Rosário admitiu que para a concretização deste objectivo, foram emitidas garantias do Estado, à favor de algumas empresas.
O valor globalda dívida pública, incluindo garantias emitidas pelo Governo e dívidas contraídas pelo Banco de Moçambique para financiamento à Balança de Pagamentos, reportada a 31 de Dezembro de 2015 é de 11,64 mil milhões de dólares americanos.
Deste montante, 9.89 mil milhões de dólares correspondem à dívida externa, incluindo 247 milhões de dólares do Banco de Moçambique.
O saldo da dívida interna, a 31 de Dezembro de 2015, é de 1.75 mil milhões de dólares, estando ainda em reconciliação 233 milhões de dólares.
Carlos Agostinho do Rosário esclareceu que do endividamento do Estado, cerca de 60%, foi alocado para infraestruturas: estradas, pontes, energia, água e transportes, 17% para agricultura e educação e o remanescente para outros sectores.
EMATUM E PROINDICUS
No que tange ao tema da actualidade que é a dívida externa ligada às empresas EMATUM, PROINDICUS e Mozambique Asset Management (MAM), o Primeiro Ministro foi suficientemente exaustivo nas explicações.
Disse que a dívida da EMATUM é de 850 milhões de dólares, dos quais 350 milhõestem como finalidade importar embarcações e equipamentos de pesca e 500 milhões para a protecção costeira, a qual foi reestruturada.
Explicou que recentemente foi feita uma reconversão da dívida desta empresa sendo que os ganhos com a transformação da dívida comercial para soberana sãoos seguintes: em vez de o Governo pagar anualmente o valor de 200 milhões de dólares, incluindo capital e juro, passará a fazê-lo de forma mais suave. O que ocorrerá nas seguintes modalidades: pagamentoapenas, em sete anos, a partir de 2017, de juros anuais no valor de 78 milhões de dólares pagáveis semestralmente (cerca de 39 milhões de dólares/semestre) epagamentoúnico do capital da dívida em 2023 (cerca de 731 milhões de dólares).
“Aliviamos bastante a pressão sobre o serviço da dívida”, frisou o Primeiro Ministro, acrescentando que para assegurar que a EMATUM pague a sua parte está em curso a identificaçãode um parceiro estratégico que possa trazer experiência, capacidade técnica para rentabilização da empresa.
A par da dívida da EMATUM, o Governo, no período de 2013-2014, emitiu garantias a favor dos créditos contraídos por outras entidades económicas, nomeadamente,Proindicus, S.A. no valor de 622 milhões de dólares eMAM, S.A. no valor de 535 milhões de dólares.
Segundo Carlos Agostinho do Rosário, a Proindicus, S.A. tem como objectivo prestar serviços de segurança às empresas de hidrocarbonetos, contribuir para protecção das embarcações maritimas e tráfego e fornecer serviços de busca e salvamento de embarcações nas águas territoriais de Moçambique.
A MAM, S.A, por sua vez, tem como objectivo prestar serviços à PROINDICUS e outras empresas, para evitar a saida de divisas para o exterior no processo de reparação e manutenção das embarcações destas empresas.
“Para assegurar que as dívidas destas empresas não recaiam no bolso do cidadão, o Governo está a trabalhar com as empresas com vista a asseguar que iniciem as suas actividades e honrem os seus compromissos”, assegura Carlos Agostinho do Rosário.
E remata forte:“queremos deixar ficar muito bem claro, que no âmbito destas dívidas, o que for do interesse público, o Estado irá assumir e a parte referente à componente comercial obviamente deverá ser paga pelas respectivas empresas”, disse o PM.
“NÃO PARTILHAMOS
INFORMAÇÃO EM TEMPO UTIL”
O coordenador do Governo moçambicano dá mesmo mãos à palmatória, num gesto de humildade aplaudido pelo FMI e Banco Mundial.
“Esta informação deveria ter sido partilhada em tempo útil com o povo moçambicano e com os parceiros de cooperação internacional, incluindo o FMI e o Banco Mundial”, apontou.
E dá a entender por que isso sucedeu: o momento sensível, caracterizado pela instabilidade, aliado ao processo da transição de um Governo anterior para o novo ciclo de governação que iniciou em 2015, fez com que tivéssemos conhecimento e contacto gradual com os dossiers destas dívidas à medida que fossemos aprofundando a análise dos já conhecidos.
Enfatizou que o Governo enviou uma delegação à Washington para junto do FMI e Banco Mundial corrigir este erro, partilhando e esclarecendo informação relativas a toda dívida do país, em particular sobre as garantias emitidas a favor da PROINDICUS e Mozambique Asset Managemen (MAM).
Referiu que, no quadro da transparência, o Governo tomou iniciativa, durante as conversações com o FMI, de informar também a existência de uma dívida bilateral contraída entre 2009 e 2014, no montante global de USD 221,4 milhões no quadro do reforço da capacidade para assegurar a ordem e segurança pública.
Assegurou que em troca da transparência, o país conquistou respeito do FMI e Banco Mundial e do governo norte-americano.
Disse que na missão a Washington foi reafirmada a vontade de se manter as relações de cooperação entre o FMI e o Governo de Moçambique.
O Primeiro-Ministro referiu ainda que o Executivo moçambicano está a trabalhar em conjunto para o restabelecimentoda plena confiança e consolidar a transparência fiscal, de modo a que situações similares não voltem a ocorrer.
Na berlinda, está a avaliação e determinação do impacto macroeconómico da dívida, com vista a se redesenhar os programas futuros com base na informação disponível.
“No encontro mantido com o Banco Mundial, foi-nos informado que os desembolsos de apoio ao orçamento, previstos para o ano em curso, serão feitos após a conclusão dos trabalhos que decorrem com o Fundo Monetário Internacional”,informou Carlos Agostinho do Rosário.
“PAÍS CONTINUA A CRESCER”
É interessante notar que apesar da conjuntura adversa, internacional e interna (cheias, seca e as condenáveisacções de desestabilização da Renamo na zona Centro do país), Moçambique continua a crescer.
Carlos Agostinho do Rosário apontou que em 2015, o crescimento da economia atingiu 6.3%. Esta taxa de crescimento indica que o país continua no bom caminho, posicionando-se em terceiro lugar na SADC, depois da República Democrática do Congo e da Tanzânia que registaram taxas de crescimento de 8.1% e 6.9%, respectivamente.
A inflação média situou-se em 3.55%, abaixo da meta de 5.1%. No entanto, a inflação acumulada, em Dezembro, foi de 10.55%, reflectindo a subida mais acentuada de preços, em Dezembro, de mais de 4 pontos percentuais.
Para o ano em curso, 2016, está projectado um crescimento económico de 7%.
Contudo, face à persistência dos efeitos da conjuntura interna e internacional, o Governo está a avaliar a possibilidade de propor a revisão em baixa da taxa de crescimento económico.
LIÇÕES QUE TODOS
DEVEMOS APREENDER
Segundo o coordenador do Executivo, uma das grandes lições a tirar da queda acentuada dos preços das matérias-primas passa, necessariamente, pela aposta na transformação da nossa economia, através da sua diversificação, aumentando a capacidade produtiva e produtividade.
Defendeu que a diversificação da nossa economia vai garantir uma base sustentável de produção que garanta a segurança alimentar, substituição de importações e elevação de níveis de exportação, condições essenciais para uma estabilidade macroeconómica, particularmente a taxa do câmbio do Metical e redução do custo de vida e capacidade do país honrar com os seus compromissos referentes ao serviço da dívida.
Reduziram desembolsos
dos parceiros de cooperação
O Primeiro Ministro informou que os desembolsos dos parceiros de cooperação internacional, para 2016, estão atrasados, devido à conjuntura económica nos respectivos países.
“Nos últimos anos, o apoio dos parceiros de cooperação internacional tem estado a reduzir”, disse Carlos Agostinho do Rosário, ressalvando queem 2013, por exemplo, o Apoio Geral ao Orçamento do Estado foi de 457 milhões de dólares americanos, tendo, em 2014, reduzido para 389 milhões .
Já em 2015, a queda foi drástica, saldando-se em 297 milhões de dólares, devido à conjuntura económica nos respectivos países.
Depreciação do metical não pode
ser imputada somente ao endividamento
Carlos Agostinho do Rosário não crê que a depreciação dometical e o aumento do custo de vida sejam apenas devido ao endividamento.
Defende que a moeda nacional deprecia-se e o custo de vida aumenta porque, na verdade, produzimos e exportamos pouco, e por consequência, observa-se uma menor entrada de divisas. Por outro lado, ressalva que o Apoio Geral ao Orçamento do Estado, pelos parceiros de cooperação internacional, reduziu eo Investimento Directo Estrangeiro também igualmente reduziu.
“Porque são necessários mais meticais para a compra da mesma quantidade de dólares, os preços internos têm tendência a subir para reflectir o efeito da depreciação cambial”, explicou.
E tocou no ponto essencial: para se conter a depreciação acentuada do metical face ao dólar norte-americano e o aumento do custo de vida, é necessário que Moçambique alargue e diversifiquea base produtiva e aumente a produtividade da sua economia, capitalizando as potencialidades de quatro áreasque o nosso país tem vantagens comparativas que facilmente podem ser converter em vantagens competitivas a saber: Agricultura, Energia, Infraestruturas e Turismo.
Para Carlos Agostinho do Rosário o financiamento das actividades previstas para estes quatro sectores em que o Governo vai actuar de forma mais concentrada e catalisadora, será através de linhas de crédito concessionais já identificadas e em negociação com os respectivos financiadores e pelo sector privado, através da Parceria Público-Privado.
RACIONALIZAR A DESPESA PÚBLICA
A par destas iniciativas, o Governo apostará na melhoria da qualidadee eficiência da despesa pública, com maior impacto no capital humano e operacionalização das já mencionadas quatro áreas.
Por outro lado, compromete-se a assegurar que os projectos na área de recursos naturais se desenvolvam de acordo com o cronograma acordado, esperando que a decisão final sobre o investimento ocorra ainda este ano.
“As negociações com Anadarko e a ENI estão praticamente concluídas”, garantiu o Primeiro-ministro.
Texto de Bento Venâncio
Fotos de Carlos Uqueio
A Rádio Moçambique (RM) lançou há dias o primeiro prémio anula para jornalistas com o objectivo de premiar os melhores trabalhos realizados para desencorajar a prática de caça furtiva e a destruição indiscriminada da flora.
O lançamento do referido prémio marcou o culminar do II Seminário Internacional sobre os Media, Turismo e Caça Furtiva, uma iniciativa da Rádio Moçambique, realizado na vila sede do distrito de Vilankulo, província de Inhambane.
Refira-se que o Governador da Província de Inhambane, Daniel Chapo, no acto de abertura do seminário, desafiou os jornalistas a usarem a sua inteligência e engenho para ajudarem a moldar a sociedade de forma positiva.
“Sabemos que os Media desempenham um papel fundamental para o desenvolvimento da sociedade. No que diz respeito à caça furtiva, acreditamos que todos, incluindo os jornalistas, podemos fazer alguma coisa para mudar o cenário”, disse Chapo.
Acrescentou que esse combate à caça furtiva concorre para o desenvolvimento do país, dado que o uso racional e sustentável de recursos naturais, numa perspectiva de uso a longo termo e tendo em conta as gerações vindouras.
“O combate é duro mas, acredito, que podemos minimizar o drama se trabalharmos em conjunto”, rematou Chapo.
Por sua vez, Faruco sadique, PCA da Rádio Moçambique, instigou os profissionais de comunicação a empenharem-se arduamente, sem contudo olvidarem a ética e a deontologia profissional, para contarem histórias relacionadas com a fauna e flora e contribuírem para o combate à caça furtiva.
O II Seminário Internacional sobre os Media, Turismo e Caça Furtiva teve o condão de reunir, para além de jornalistas, responsáveis pela gestão de parques e reservas de fauna e flora das províncias de Gaza, Inhambane e do Kruger Park (África do Sul), bem como pessoal da Procuradoria da República, representantes da Polícia de República de Moçambique (PRM), gestores de instâncias turísticas entre outros interessados.
Durante o seminário, foram debatidos temas como O impacto da Caça furtiva e pesca ilegal nas áreas de conservação (Reservas e Parques), Estratégias de combate à caça furtiva, Tendências e desafios da cobertura e investigação jornalística sobre a caça furtiva, Turismo, caça furtiva e desenvolvimento das comunidades, que suscitaram acesos debates em volta dos assuntos com olhares jurídicos, policiais, económicos e jornalísticos.
Dos debates resultou que os diversos actores devem trabalhar em conjunto e promoverem a troca de informações para uma melhor acção contra o tráfico de peças, animais, plantas, peles de animais, entre outros. Os traficantes, como se constatou durante os debates, usam estratagemas cada vez mais sofisticados de tal sorte que um corno de rinoceronte pode, em 48 horas sair do país e ir parar nas mãos do consumidor final num país asiático, destino referido como o principal mercado.
Entretanto, o país, no quadro do combate à caça furtiva já começou a mexer-se, à semelhança de outras nações. Por exemplo, no ano passado subscreveu a primeira resolução sobre caça furtiva e tráfico de animais selvagens da Assembleia Geral das Nações Unidas. A resolução, que não é de natureza vinculativa, exorta todos os países a dar "passos decisivos" para prevenir, combater e erradicar o tráfico ilegal de animais. Historicamente, as Nações Unidas nunca se tinham pronunciado através de uma resolução sobre este tema.
É que o problema é tão grave que há dezenas de animais e plantas que estão praticamente extintos devido `aquela prática ilegal. O que ficou patente durante o lançamento do Prémio é que é preciso um trabalho muito grande de todo um sistema de fiscalização. É preciso chegar aos mandantes. Desmantelar as quadrilhas de caçadores é provavelmente o menos importante neste momento. É necessário chegar às redes organizadas, transnacionais, particularmente intermediários e compradores.
A título de exemplo desse combate, no ano passado, no nosso país, Mais de 300 pessoas foram presas por caça furtiva no ano passado em Moçambique. O país também perdeu mais de 50 porcento da sua população de elefantes nas últimas duas décadas. No que diz respeito ao rinoceronte, o cenário é mais dramático.
E, como a dar razão à RM pelo prémio lançado durante o II Seminário Internacional sobre os Media, Turismo e Caça Furtiva,dois cidadãos moçambicanos foram detidos em Vilankulo, na província de Inhambane, acusados de caça furtiva. Em sua posse, a Polícia confiscou duas pontas de marfim com 15 quilogramas e apreendeu ainda uma viatura na qual se faziam transportar. A detenção registou-se precisamente dois dias depois da reunião que discutiu questões ligadas à caça furtiva.
Belmiro Adamugy,em Vilankulo
Massotxwa. Esta foi a composição através da qual os Ghorwane (Os Bons Rapazes) iniciaram o concerto realizado última sexta-feira, no Centro Cultural Franco-Moçambicano, em Maputo. Um espectáculo onde “kavataram” (dançaram) que se fartaram e incendiaram a plateia que se fez presente naquele local.
Para uma plateia repleta e comportada, os “rapazes” Roberto Chitsondzo (voz e guitarra), Carlos Gove (viola baixo), Jojó (teclado), Stélio Zoé (bateria), Muzila (saxofone), Toni Paco (percursão), Irmãos Baza (trompete e coros), Sheila Jesuíta (flauta doce e coros), prepararam um repertório enriquecido com as composições dos álbuns anteriores, embora o mote do concerto presente fosse a reposição da festa do lançamento do mais recente disco, Kukavhata (movimento de dança, especificamente na coreografia chope).
Foram pouco mais de duas horas de diversão e diversidade musical, interacção com o público, provando a experiência de décadas em palcos nacionais e estrangeiros que Ghorwane ostenta. Vinte canções foram interpretadas. Massotxwa; Mabokwanhane; Mussakaze; Mpulane; Sathana; Muthimba; Ntlanga; Amor é fogo; Timbiloni; Mamba ya malepfu; Hafa; Ndlala; Uyomussiya kwine; Mtarlatanta; Tereumba; Matapa; Kuhanya; Majurgenta; Vhana vha ndota; Bukuku.
DA MUDANÇA DO TRAJE
À RENOVAÇÃO DA BANDA
Ghorwane apareceu no concerto diferente quer no aspecto da performance musical assim como na indumentária. Contrariamente ao traje de capulanas a que nos habituaram, agora trajavam smart codecom suspensórios. “É uma nova forma de ser da banda. Temos jovens e desafiamo-nos a experimentar novas coisas. Por isso, hoje viemos fazer o concerto de suspensórios”, explica Roberto Chitsondzo.
Três convidados emprestaram suas qualidades artísticas, partilhando o palco com a banda. O primeiro foi Dj Ardiles que facilmente engrenou no espírito cantando e dançando Mussakaze. A meio do concerto foi anunciada a entrada em palco do jovem Cheny Wa Gune que com mestria tocou Timbiloni. Seguiu o convidado menos feliz da noite. Flesh. O jovem rapper, no momento em que devia estar calmo e lúcido, parecia agitado, o que acabou comprometendo a perfeição da sua actuação.
“Convidamos jovens porque estamos a renovar a todo momento. Precisamos renascer, reerguer. É um exemplo que queremos dar à sociedade, porque na vida há desafios e intempéries, mas temos que ser firmes sempre. Estamos dispostos a fazer o mesmo nas regiões centro e norte do país. Claro que isso está condicionado a meios financeiros que nós não temos”, afirma Roberto Chitsondzo.
Dois momentos marcaram a noite. O primeiro aconteceu quando as luzes ficaram ofuscadas e maior parte da banda desapareceu do palco, ficando apenas Roberto Chitsondzo e sua guitarra, no centro, e o pianista Jojó do outro lado. Tlhanga é o título da composição que eles interpretaram, mostrando Roberto através da guitarra e voz bem colocada, nesta música, o percurso musical que consigo carrega.
O segundo momento foi marcado pela interpretação por Sheila Jesuíta e Muzila, do poema lírico de Luís Vaz de Camões ( O amor é fogo que arde sem se ver….é um contentamento descontente…). Eles no palco cantando o amor e a plateia acendendo e acenando com os celulares, proporcionando alguma magia e uma interacção entre o público e os artistas.
No final do concerto, Ghorwane fez uma rapsódia (tocar músicas seguidas e misturadas) de seus álbuns, fazendo um fecho em grande. Motivo para dizer: Ghorwane recomenda-se.
Frederico Jamisse
Fotos de Ouripota Chapata Mutundo
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