O Parlamento Juvenil (PJ) de Moçambique foi distinguindo
pela Rede Pan-Africana da Juventude para Promoção da
Cultura de Paz (PAYNCOP) pelo êxito das suas acções
em prol da paz e democracia em África durante ano de
2015.
A carta desta distinção foi assinada pelo Secretário Permanente
desta Organização, sediada no Gabão, cuja criação contou com o
apoio da UNESCO e da União Africana, Stéphane Nzenguema
Reagindo ao reconhecimento, o presidente do PJ, Salomão Muchanga,
agradece o gesto e diz que a sua organização é tão pequena
para merecer tamanha distinção. No entanto, reconhece que quando
a luta é por uma justa causa, um ideário nobre e socorre-se de
métodos justos de trabalho, são alcançados resultados extraordiná-
rios.
O líder da mais vibrante organização da sociedade civil que o país
já conheceu dedica esta distinção aos jovens moçambicanos combatentes
da liberdade. E, numa altura em que o país vive um clima
de instabilidade, Muchanga diz que partilha o prémio com o
Presidente da República, Filipe Nyusi, e o presidente da Renamo,
Afonso Dhlakama, de modo que possam se deixar influenciar pelo
mesmo.
Na mesma missiva, a PAYNCOP reconheceu ainda mais seis organizações
africanas que actuam em diversas áreas.
Ogoverno moçambicano
descarta uma
eventual mobilização
internacional para
ajudar as vítimas das enxurradas
nas províncias do norte do
país e da seca no sul.
Para o executivo de Maputo, a
situação está estável e basta a
solidariedade interna, para fazer
face à adversidade imposta
pelo mau tempo.
O governo diz que precisa de
cerca de 62 milhões de meticais
para mitigar os efeitos das calamidades
naturais que atingem
algumas províncias do país. A
seca na zona sul e centro e as
inundações no norte afectam
23 mil pessoas, de um universo
estimado em 375 mil no plano
de contingência, que se espera
venham a precisar de apoio até
Junho do presente ano.
O plano de contingência do
Instituto Nacional de Gestão
das Calamidades Naturais
(INGCC) estava orçado em
cerca de 580 milhões de meticais,
dos quais já foram disponibilizados
perto de 220 milhões
de meticais, mas a realidade no
terreno mostra que há muito
por fazer.
Na semana passada, os membros
do Conselho de Ministros
que integram o Conselho Coordenador
de Gestão de Calamidades
(CCGC) escalaram
as províncias assoladas pelas
intempéries, com o objectivo
de analisar as consequências na
vida das populações e propor
medidas de alívio da situação
humanitária.
O cenário encontrado, principalmente
na província de Gaza,
não foi dos melhores e é caracterizado
por situações de fome e
falta de água potável.
O CCGC, órgão dirigido pelo
primeiro-ministro, reunido
nesta segunda-feira, produziu
pareceres para o Conselho de
Ministros. Concluiu-se que a
prioridade tem de ir para as ví-
timas da seca.
Segundo o governo, não se trata
de desvalorizar o drama vivido
pelas vítimas das cheias, é uma
abordagem que tem em conta o
facto de os efeitos da seca serem
muito agressivos e poderem resultar
na perda de vidas, com a
agravante de a segunda época
da campanha agrícola estar hipotecada.
As autoridades deram instru-
ções no sentido de, a partir desta
quarta-feira, iniciar a assistência
alimentar aos afectados pela
seca e acelerar a abertura de
mais furos de água nas províncias
de Maputo e Gaza.
A vice-ministra da Cultura e
Turismo, Ana Coana, que falava
esta terça-feira, no habitual
briefing do Conselho de Ministros
com a imprensa, disse que
o governo considera estável a
situação e que está sob controlo.
Segundo Coana, através do
Centro Operativo de Emergência,
o governo continuará
a prestar assistência a todos os
afectados quer pela seca, quer
pelas cheias.
Vai também trabalhar na monitoria,
adopção de medidas de
prevenção e de reposição das
infra-estruturas danificadas pelas
inundações.
A dirigente disse que a situação
não necessita de mobilização
internacional para o socorro às
vítimas das calamidades naturais,
mas, no entanto, apela a
campanhas internas.
Ana Coana defendeu que deve
ser potenciada a solidariedade
interna, como uma questão de
princípio, como forma de assunção
da postura e atitude de
que os moçambicanos podem
ajudar-se entre si e não se limitar
somente a solicitar ajuda
internacional.
Na ocasião, anunciou que os
membros do Conselho de Ministros
e convidados permanentes
vão doar um dia do seu
salário para apoiar esta causa e
esperam que este gesto ganhe
repercussão em todos os moçambicanos, quer de forma individual,
quer de modo colectivo,
e entre instituições de cariz
humanitário e religioso.
Refugiados no Malawi
Depois de ter mostrado dificuldades
em admitir a existência
de refugiados moçambicanos no
Malawi, o governo despachou
semana passada uma equipa
chefiada pelo ministro dos Negócios
Estrangeiros, Oldemiro
Baloi que, “in louco”, testemunhou
o drama.
Segundo Ana Coana, no campo
de refugiados de Kapitse, estão
alojados 5 mil cidadãos nacionais
e o governo já está a prestar
o devido apoio.
De acordo com o executivo,
parte daqueles nacionais abandonou
o país, devido à seca, e
outra porção deixou o país por
Governo afasta apoio externo para vítimas
das calamidades
Por Argunaldo Nhampossa
causa dos alegados ataques armados
da Renamo.
Disse que a prioridade é criar
condições para aquelas populações retornarem ao país o mais
breve possível.
As armas soam em diferentes
pontos do país e as
bancadas parlamentares
da Frelimo e da Renamo
trocaram acusações sobre as responsabilidades
pela tensão política
e perseguições dos respectivos
membros no arranque, esta quarta-
-feira, da III sessão da Assembleia
da República. A Renamo aponta
que a saída para esta situação passa
por assumir o poder nas seis províncias,
onde reivindica vitória. A
Frelimo diz que o diálogo é o único
caminho. O Movimento Democrático
de Moçambique (MDM)
optou por condenar as partes, apelou
à paz e, uma vez mais, lamentou
a sua exclusão nos grupos de
trabalhos no parlamento.
No dia que marcou o regresso dos
deputados à chamada “Casa do
Povo”, a chefe da bancada parlamentar
da Renamo, Ivone Soares,
apresentou um discurso muito contundente
para com o seu principal
adversário, neste caso a Frelimo,
que chamou de promotor de actos
de terrorismo político.
A Renamo pediu a criação de uma
comissão de inquérito parlamentar
para averiguar os factos que levaram
alguns nacionais a se refugiarem
no vizinho Malawi. Diz não
ter dúvidas que o principal culpado
pela migração daqueles nacionais é
a Frelimo, a quem também responsabiliza
pelos ataques que se verifi-
cam pelo país.
Segundo Ivone Sores, a Frelimo
é que importa blindados para alimentar
a guerra, um facto que custa
rios de dinheiro ao país que tanto
fazem falta a sectores vitais da nossa
sociedade. Responsabiliza igualmente
o partido dos camaradas
pelo rompimento do diálogo para
apostar na via armada, uma situa-
ção que coloca o país em crise.
Avança a chefe da bancada da Renamo
que o meio termo para se sair
desta situação é a mudança do poder
executivo nas províncias onde
reclama vitória eleitoral.
Para a materialização deste objectivo,
a segunda maior força política
manifestou a sua disponibilidade
para que, juntamente com constitucionalistas,
se leve acabo a revisão
da Constituição da República para
permitir que o povo seja sempre
governado por quem escolheu.
Prosseguindo, condenou a falta de
liberdade política no país, alegando
que a Frelimo está a promover
raptos, sequestros e assassinatos
das populações que se identificam
como membros deste partido principalmente
nos dos distritos de
Manica e Sofala e ninguém se manifesta
contra estas açções. Uma situação
que de acordo com a Perdiz
foi denunciada pelo seu Secretário-
-geral, Manuel Bissopo, que dias
depois veio a sofrer um atentado.
“O plano da Frelimo de assassinar
dirigentes e membros da Renamo,
alegadamente para impedir a governação
da Renamo nas seis províncias,
vai falhar”, disse.
Ivone Soares disse ainda que as
ofensivas militares criam mais hostilidades
e aumentam o fosso de
desconfiança entre as partes. Mas
assegura que o seu partido não
quer guerra, mas sim a paz e mostra
abertura ao reatamento do diálogo,
sendo que para tal precisa de garantias
que os instrumentos acordados
serão cumpridos na íntegra. Isto
porque os acordos de Roma como
o da cessação das hostilidades militares
acabaram engavetados.
Apostar no diálogo
A chefe da bancada parlamentar
da Frelimo, Margarida Talapa, apelou
às três bancadas para darem o
seu máximo na busca de consensos
para a resolução de questões nacionais,
sobretudo, no que toca à paz.
Entende Talapa que o país vive um
momento de grandes perspectivas
para o desenvolvimento económico
e social que é galvanizado pela descoberta
e exploração dos recursos
naturais, que num ápice podem ser
goradas pelas atitudes da Renamo.
Diz não ser justo que um partido
cumpra uma agenda contrária aos
interesses do povo e teima em promover
a instabilidade, a guerra e,
acima de tudo, impedir os moçambicanos
de darem o seu contributo
para o crescimento económico do
país.
No entanto, diz acreditar que existem
na Renamo pessoas que não
são apologistas da guerra e que
compreendem que o diálogo é a
melhor opção para se alcançar a paz
efectiva em Moçambique. Pelo que
convida a sua contraparte a apostar
num diálogo permanente e sem
pre-condições como a única para
aproximar as diferenças, consolidar
a democracia e alcançar uma paz
efectiva.
Exortou a todos os políticos para
Troca de acusações e apelos à paz marcam
arranque do Parlamento
Por Argunaldo Nhampossa
se juntarem a esta causa e não pactuarem
com desobediência civil e
guerra, pois de acordo com Talapa
nada justifica que avidez pelo poder
de alguns ponha em causa o
sossego, a convivência e harmonia
do povo. de
Enquanto a Frelimo e a Renamo
trocam acusações, a bancada parlamentar
do MDM culpa os dois
pela actual situação de instabilidade.
Segundo Lutero Simango, chefe
desta bancada parlamentar, a instabilidade
que se vive actualmente
no país resulta da ausência de convivência
democrática, intolerância
e arrogância política que fertiliza
terreno para que não se aceite um
pensamento diferente.
Aponta que a cultura de violência
que está instalada no país e associada
a intimidações e perseguições de
membros de partidos políticos está
a levar o país ao abismo e à auto-
-destruição.
Precisou que estas situações ganham
contornos preocupantes
quando deparam-se com administradores,
chefes de postos e de localidades
a impedirem alguns partidos
políticos de exercerem as suas
actividades e intimidam os seus
membros.
Simango aponta que Moçambique
não merece uma outra guerra, nem
uma reedição de uma era de viola-
ção sistemática dos direitos humanos
e de um estado autoritário.
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