INTERNACIONAL
O Burundi enfrenta espiral de violência desde que o Presidente, Pierre Nkurunziza, decidiu apresentar-se pela terceira vez às eleições, algo que gerou protestos civis, a que as autoridades têm respondido com repressão.
As Nações Unidas, através do alto comissário para os Direitos Humanos, Zeid Ra'ad al-Hussein, denunciaram esta sexta-feira (15.01) a existência de massacres étnicos, valas comuns com centenas de cadáveres e violações coletivas cometidas pelas forças de segurança no Burundi, um país que se encontra mergulhado desde finais de abril numa grave crise política.
Segundo um comunicado da ONU divulgado em Genebra, os ataques de 11 de dezembro contra três campos militares e as violações dos direitos humanos em grande escala que se seguiram, "parecem ter desencadeado uma tendência de novas, profundas e inquietantes violações dos direitos humanos no Burundi".
A ONU documentou 13 casos de violência sexual contra mulheres no âmbito das operações de busca e apreensão em áreas suspeitas de apoiarem a oposição.
Em entrevista à DW África, Cécile Pouilly, porta-voz do gabinete da ONU dos direitos humanos, em Genebra, disse que essas violências "começaram durante as operações que seguiram aos ataques militares que tiveram lugar a 11 de dezembro e que se desenrolaram nos bairros que apoiam a oposição". Segundo Pouilly, "as forças de segurança entraram nas casas das vítimas, separaram as mulheres dos outros membros da família e violaram-nas. E em alguns casos ocorreram violações coletivas".
Em entrevista à DW África, Cécile Pouilly, porta-voz do gabinete da ONU dos direitos humanos, em Genebra, disse que essas violências "começaram durante as operações que seguiram aos ataques militares que tiveram lugar a 11 de dezembro e que se desenrolaram nos bairros que apoiam a oposição". Segundo Pouilly, "as forças de segurança entraram nas casas das vítimas, separaram as mulheres dos outros membros da família e violaram-nas. E em alguns casos ocorreram violações coletivas".
Dezenas de jovens torturados
A ONU recebeu inúmeras denúncias de que durante essas operações - a 11 e 12 de dezembro, nos bairros de Musaga, Nyakabiga, Ngagara, Cibitoke e Mutakura, em Bujumbura -, a polícia e as forças do exército sequestraram e torturaram dezenas de jovens, que nunca mais apareceram.
Nessas operações também participaram membros das milícias Imbonerakure, afirma Cécile Pouilly.
"As violências ocorreram nos bairros que foram vasculhados pelas forças militares e policiais. Aparentemente, jovens civis acompanharam os militares e polícias durante essas operações. Por outro lado, tudo indica que uma parte da juventude se juntou à oposição armada, mas não temos informações detalhadas sobre este assunto".
Valas comuns
Segundo testemunhos recolhidos pelos funcionários do Alto Comissariado, em Bujumbura há pelo menos nove valas comuns com uma centena de corpos. De acordo com as denúncias, membros das milícias Imbonerakure obrigaram os detidos a cavar as valas, para serem posteriormente executados.
O escritório do Alto Comissariado está a analisar imagens de satélite para confirmar as alegações sobre essas valas comuns, mas já alertou que a componente étnica está a tomar o conflito, dado que muitas vítimas do massacre de 11 de dezembro serem da etnia minoritária tutsi.
"As violações que foram cometidas elegeram como alvo pessoas da etnia tutsi", afirma Cécil Pouilly, citando dados da ONU baseados em informações recolhidas junto de habitantes dos vários bairros de Bujumbura. "Temos vários testemunhos em diferentes locais que confirmam esses elementos extremamente preocupantes. Não podemos esperar que a situação se degrade. Ela já é extremamente preocupante", destacou a porta-voz da ONU.
Apesar do anúncio do Governo de Bujumbura de que investigaria as denúncias sobre as valas comuns, a ONU voltou a solicitar uma investigação. "Lançamos um apelo muito claro e forte para que um inquérito independente, credível e aprofundado seja feito imediatamente. Por outro lado, é imperativo que sejam protegidos os locais onde foram encontradas as presumíveis valas comuns porque caso contrário poderemos perder as provas, algo muito importante para que toda a verdade seja conhecida", declarou Cécil Pouilly.
Em dezembro passado, pelo menos 130 pessoas foram assassinadas, o dobro do mês precedente, de acordo com o Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos . Desde abril até agora, pelo menos 439 pessoas foram mortas.
Em dezembro passado, pelo menos 130 pessoas foram assassinadas, o dobro do mês precedente, de acordo com o Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos . Desde abril até agora, pelo menos 439 pessoas foram mortas.
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- Data 15.01.2016
- Autoria Carole Assignon / António Rocha / AFP
- Palavras-chave Burundi, étnica, tutsi, Nkurunziza, valas comuns, massacres, violações, mulheres
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