29 de Janeiro de 2016, 13:32
A Polícia acusou hoje a Renamo de ter atacado na madrugada de quinta-feira um dos seus postos no povoado de Zero, na província da Zambézia.
“A equipa que foi delegada para investigar o incidente constatou que o ataque ao nosso posto foi protagonizado por homens armados da Renamo”, disse à Lusa o porta-voz da PRM na província da Zambézia, acrescentando que um agente da corporação foi baleado no braço e está atualmente sob cuidados médicos no Hospital Provincial de Quelimane.
De acordo com Jacinto Félix, o ataque ao posto policial do povoado de Zero, situado entre os distritos de Mopeia e Morrumbala, ao longo da estrada nacional N1, que liga o sul e o centro ao norte de Moçambique, deu-se por volta das 03:00 locais.
“A polícia ainda está no terreno, estamos a patrulhar a mata situada nos arredores para identificarmos os autores do ataque”, sublinhou o porta-voz da PRM, acrescentando que, devido à hora, “felizmente não existiam civis no local do incidente”.
A Lusa contactou o porta-voz da Renamo, António Muchanga, que disse não ter informações sobre o assunto.
Nos últimos tempos, Morrumbala tem sido palco de confrontações entre as forças de defesa e segurança e o braço armado da Renamo, que anunciara no ano passado a instalação de um quartel na região.
As autoridades distritais anunciaram na semana passada que cerca de nove mil alunos de Morrumbala podem perder o início do ano letivo, agendado para os primeiros dias de fevereiro, devido à crise política e militar entre o Governo e a Renamo.
Moçambique vive uma situação de incerteza política há vários meses e o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, ameaça tomar o poder em seis províncias do norte e centro do país, onde o movimento reivindica vitória nas eleições gerais de 2014.
O líder da Renamo não é visto em público desde 09 de outubro, quando a sua residência na Beira foi invadida pela polícia, que desarmou e deteve, por algumas horas, a sua guarda.
Nos pronunciamentos públicos que tem feito nos últimos dias, Dhlakama afirma ter voltado para Sadjundjira, distrito de Gorongosa, mas alguns círculos questionam a fiabilidade dessa informação, tendo em conta uma alegada forte presença das forças de defesa e segurança moçambicanas nessa zona.
A Frelimo e a Renamo têm vindo a acusar-se mutuamente de rapto e assassínio dos seus dirigentes.
No dia 20 de janeiro, o secretário-geral da Renamo, Manuel Bissopo, foi baleado por desconhecidos no bairro da Ponta Gea, centro da Beira, província de Sofala, centro de Moçambique e o seu guarda-costas morreu no local.
A Renamo pediu recentemente a mediação do Presidente sul-africano, Jacob Zuma, e da Igreja Católica para o diálogo com o Governo e que se encontra bloqueado há vários meses.
O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, tem reiterado a sua disponibilidade para se avistar com o líder da Renamo, mas Afonso Dhlakama considera que não há mais nada a conversar depois de a Frelimo ter chumbado a revisão pontual da Constituição para acomodar as novas regiões administrativas reivindicadas pela oposição.
Lusa
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