O PLANO de produção de alimentos para a presente campanha agrícola 2015/2016 está comprometido devido à seca, que já resultou na morte de 3500 bovinos e a perda de 437 mil hectares.
O Conselho de Ministros, reunido ontem na primeira sessão ordinária deste ano, estima que pelo menos 375.900 pessoas poderão passar carências alimentares, num primeiro cenário em que há melhoria do padrão de chuvas. Num cenário extremo, em que as zonas sul e centro do país continuem sem chuvas, deverá ser afectado 1.700.000 pessoas.
O Vice-Ministro da Saúde e porta-voz do Governo, Mouzinho Saíde, disse ontem à imprensa que já há registo de chuvas nas zonas centro e sul do país que, a continuarem, permitirão a redução do número de pessoas carecendo de assistência alimentar.
Nesta situação, segundo o governante, seria de considerar o primeiro cenário de um número de pessoas a assistir na ordem de 375.900 a partir de Março, altura em que deviam ocorrer as primeiras colheitas nesta região.
Presentemente, segundo Mouzinho Saíde, 176 mil pessoas que se sustentam com base na agricultura viram reduzidas as suas fontes de sobrevivência devido à falta de chuvas e estão a receber a devida assistência.
Os 437 mil hectares dados como perdidos até ao momento correspondem a 8,9 por cento do total da área cultivada. A situação afecta directamente 244.916 produtores. A província mais afectada é a de Gaza, onde se registou a maior parte das mortes do gado.
No quadro da assistência às vítimas da seca, segundo indicou o porta-voz, foram abertos em Gaza sete sistemas de abastecimento de água, dois dos quais em fase de conclusão. De igual modo, estão na fase de mobilização os empreiteiros para a abertura de outros 42 nas áreas afectadas. Outros 15 furos e seis reservatórios escavados foram executados na província de Inhambane.
Ainda no contexto das calamidades, o Governo está neste momento a fazer o pré-posicionamento de meios para atender às vítimas das chuvas no norte do país que desde o início do ano já fizeram pelo menos 48 feridos.
Segundo deu a conhecer o governante, nos próximos 15 dias está prevista a ocorrência de chuvas moderadas, localmente a fortes nas zonas centro e norte do país, daí a mobilização dos esforços para salvar vidas.
Os eventos fortes até aqui registados, nomeadamente chuvas, ventos fortes e inundações, afectaram 23.715 pessoas, destruíram 1077 casas de construção precária, 256 salas de aula e também nove unidades sanitárias.
Outra preocupação do Executivo tem a ver com o impacto da cólera, que afecta a cidade de Nampula e o distrito de Mecanhelas, na província do Niassa.
Desde Agosto de 2015, quando surgiu o surto da cólera em Nampula, até ao presente momento, foram registados nove óbitos de um total de 1367 casos diagnosticados.
Refira-se que para a presente campanha agrícola 2015/2016 o Governo estimava a produção de 15 milhões de toneladas de produtos diversos. Para o efeito foram preparados seis milhões de hectares de terra.
Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia, a situação de chuvas continuará crítica na zona sul e nalguns distritos da zona centro. Na zona norte as chuvas continuarão com um padrão normal nos próximos meses, o que poderá contribuir para bons resultados da campanha agrária.
O país está sendo afectado pelos efeitos climáticos do fenómeno El Niño, que se caracteriza por chuvas torrenciais no norte do país e escassez no sul.
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