COMENTÁRIO - É preciso travar o homem
Terça, 12 Janeiro 2016
SE Dhlakama estiver a divertir o eleitorado, então não escolheu a melhor estratégia. Lá do seu “esconderijo” falou à certa Imprensa semana passada ameaçando governar a partir do próximo mês de Março nas zonas ou melhor províncias em que ele e o seu partido obtiveram a maioria de votos nas eleições de Outubro de 2014.
Isso é bastante assustador porque não se sabe com que base jurídica ele irá governar tais províncias. Diz que será tudo pacífico, mas não explica como tal governação será feita. É muito mais assustador ainda quando diz que a Frelimo vai mandar os seus jovens das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) e da Polícia de Intervenção Rápida e que, nessas circunstâncias, a Renamo vai responder.
Quando digo em título que é preciso travar o homem é porque não se entende como pode este homem se colocar acima de um Estado. Até desafia as Forças de Defesa e Segurança, a única instituição legalmente autorizada a recorrer à força para repor a ordem e tranquilidade onde ela for perturbada.
O líder da Renamo já devia ter aprendido a viver em paz e em democracia. Dia após dia parece desaprender. Recusa-se ao encontro com o Chefe do Estado, alegando que não há mais nada a negociar. É bom que fique claro que o encontro com o Chefe do Estado não é para negociar nada, porque de facto nada existe para negociar. Quando o Presidente da República reitera a sua disponibilidade para se encontrar com Dhlakama, é no espírito de que as boas ideias não possuem cores partidárias. É no sentido de que como Dhlakama, como cidadão, como líder de um partido político, é possível encontrar soluções para alguns problemas que enfermam a Pátria Amada.
Para governar o país não há negociações. Há normas que se cumprem, nomeadamente o participar em eleições para que seja o povo a escolher os seus dirigentes. No caso concreto, os moçambicanos foram a plebiscito em Outubro de 2014 e escolheram tantos deputados para o MDM, em minoria, e como segunda força, tantos deputados para a Renamo e como primeira força, tantos deputados para a Frelimo. Dhlakama ficou em segundo lugar nas presidenciais, atrás de Filipe Nyusi, proclamado o vencedor do escrutínio. De facto, aqui não há nada a negociar. Pode dialogar-se, sem que tal significa negociação.
Acredito que o Presidente da Renamo sabe disto. Acredito também que Afonso Dhlakama pode estar a divertir os moçambicanos para que não se esqueçam da sua existência. Só que a forma que escolheu para entreter o povo não é a mais correcta. Assusta. E porque assusta, o homem deve ser travado.
Hélia Bila
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