Em um breve discurso de dez minutos, ele lembrou que continua sendo o presidente legítimo da Ucrânia e seu comandante em chefe e ameaçou o governo norte-americano de recorrer ao tribunal para investigar sua ajuda aos extremistas ucranianos. Também Yanukovich constatou que a Crimeia se separa da direção ucraniana em virtude da política das atuais autoridades.
Os jornalistas, reunidos em uma das salas da cidade russa de Rostov-no-Don, que recentemente se tornou-se tradicional para comunicação de Yanukovich com a imprensa, não tiveram as notícias sensacionais que esperavam. Alguns, manifestavam especial impaciência por motivo dos acontecimentos em torno da Crimeia, inclusive a informação falsa sobre o movimento de unidades militares ucranianas em direção à península. Entretanto não apareceram motivos para telegramas das agências noticiosas e o próprio presidente cortou a possibilidade de responder a perguntas. Viktor Yanukovich, em essência, repetiu as teses de sua conferência de imprensa de 28 de fevereiro, apesar de as ter ampliado em alguns pontos.
A principal delas permaneceu inalterada – ele continua sendo o único presidente legítimo, e as eleições de 25 de maio serão ilegais. A propósito, Yanukovich acentuou em especial que continua sendo também comandante-em-chefe da Ucrânia. Por isso, teoricamente as ações das forças armadas dependem de sua vontade, o que na atual situação de anarquia de fato poderia ser importante, se não fosse a perda pelo presidente das alavancas reais de poder. Yanukovich, no entanto expressou a certeza de que os soldados e oficiais ucranianos não irão cumprir as ordens criminosas do bando que manda em Kiev.
Outro tema do discurso foi o papel do Ocidente nos acontecimentos atuais. Yanukovich pergunta aos estrategistas ocidentais:
“Amplia-se o extremismo em relação ao povo ucraniano, as cidades são patrulhadas por homens mascarados. Eles demitem oficiais de alta patente do exército que não querem participar das ações contra a população civil. Eles querem colocar o exército sob a bandeira de Bandera e desencadear uma guerra civil, dar armas aos combatentes nacionalistas. Quero perguntar aos protetores das forças obscuras no Ocidente: vocês estão cegos, perderam a memória, se esqueceram do que é o fascismo?”
Viktor Yanukovich prevê um agravamento da situação socioeconômica na Ucrânia. Sendo que, na sua opinião, os usurpadores que tomaram o poder irão atribuir a responsabilidade por tudo a ele e, possivelmente, à Rússia. No que se refere ao destino ulterior da Crimeia, o presidente da Ucrânia considera que, graças aos esforços dos neofascistas ela pode se separar e ficar sob a jurisdição de Moscou, como resultado do referendo.
Aliás, Yanukovich não falou de forma categórica, nem de outra forma sobre a necessidade sem alternativa desta região permanecer na composição da Ucrânia. Uma hora depois de seu discurso, veio a público a notícia de que o parlamento da Ucrânia aprovou a declaração de independência da autonomia. Parece que todos já encaram isto como um processo inevitável, inclusive o presidente.
A Voz da Rússia perguntou ao cientista político Vladimir Kornilov quais os objetivos desta segunda intervenção de Yanukovich e qual o possível efeito de suas declarações:
“Na segunda vez, tal como na primeira, dizendo “a” ele não disse “b”. Falando de sua legitimidade ele não deu e não dá quaisquer ordens ou comandos às tropas. Esta coerência incompleta mostra que ele ainda espera regatear com alguém o seu futuro político na Ucrânia. Sendo que no Ocidente e na Ucrânia não cessam as declarações de que ele não é mais considerado presidente legítimo.”
O cientista político ucraniano Vladimir Fesenko expressou-se a este respeito ainda mais claramente, para não dizer duramente:
"Viktor Yanukovich é comandante-em-chefe só para si próprio. Ninguém na Ucrânia, mesmo seus colegas de partido, o reconhece na qualidade de presidente. As declarações de Yanukovich não têm qualquer significado político para a Ucrânia e o Ocidente."
Aliás, isto não impediu que Viktor Yanukovich declarasse que recorrerá ao parlamento e ao Supremo Tribunal dos EUA para dar uma avaliação jurídica às ações do governo norte-americano. Trata-se, em particular, da atribuição ilegal, na opinião de Yanukovich, da ajuda de um bilhão de dólares ao novo regime. Se considerarmos que o presidente americano Barack Obama em 12 de março se encontrará com o primeiro-ministro nomeado pela Rada Suprema (parlamento), Arseni Yatsenyuk, e desse modo legitimando na prática as autoridades existentes, será simplesmente impossível obter uma decisão objetiva do tribunal da “principal democracia do mundo”.
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