– No Rio de Janeiro terminou o VI Fórum Acadêmico do BRICS. Como vê a evolução e o futuro desse bloco?
– Claro que existe a expressão “nunca digas nunca”, mas por enquanto o BRICS só se está reforçando, apesar de se estar sempre falando que ele se pode desagregar. Na realidade isso é um disparate completo que se deve ao fato de o Ocidente ter receios dessa formação. Afinal se trata de cinco países aos quais correspondem 43% da população do planeta. Isso representa um poder que poderá se fazer ouvir com muita força se atuar de forma coordenada.
– Contudo os países-membros do BRICS mantêm divergências na abordagem de uma série de problemas.
– Sim, este não é um bloco monolítico, cada país tem os seus interesses próprios, mas cada um destes países representa um centro de atração civilizacional e por trás deles estão mesmo continentes. Por isso o Ocidente tudo faz para denegrir ou enfraquecer o BRICS. Na mídia ocidental está em curso uma campanha não apenas contra muitos dos países do BRICS, mas também contra o próprio formato, porque ele representa um sério desafio à dominação ocidental.
– O fórum abordou o tema da Ucrânia e da Crimeia?
– A Ucrânia e a Crimeia não foram discutidas no Rio de Janeiro como um tema separado, mas acredite que nos bastidores elas foram o tema número um. Todos os peritos aqui representados percebem perfeitamente o que se passa, porque representam países com uma larga experiência de interação com a Rússia e com os países ocidentais. Eles percebem perfeitamente que se trata de uma importante operação geoestratégica norte-americana que colocou no poder o atual governo de Kiev. Aqui poucos consideram esse governo como legítimo. Mas aqui compreendem que a Rússia tem o direito a perguntar a opinião aos habitantes da Crimeia sobre onde eles querem viver, porque o direito de um povo à autodeterminação é considerado como um dos mais importantes em qualquer país. A posição da comunidade de peritos do BRICS é a seguinte: enquanto a questão está sendo resolvida de forma pacífica, a Rússia tem o direito de fazer o que tem feito.
– Nós soubemos da sua proposta para a realização do próximo Fórum Acadêmico do BRICS em Yalta (uma cidade na Crimeia).
– No próximo ano é a vez de a Rússia receber a cúpula do BRICS e o respetivo Fórum Acadêmico e eu propus aos parceiros Yalta como uma das possibilidades, tendo a ideia sido bem acolhida. Se estamos falando de uma nova ordem mundial, podemos criá-la num local com esse simbolismo. Eu apresentei a ideia um pouco em tom de brincadeira, mas ela foi recebida a sério. Pelo menos não ouvi quaisquer objeções. Pelo contrário, todos gostaram da ideia.
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