sábado, 22 de março de 2014

VIDAS, LUGARES E TEMPOS: História de formação da consciência nacionalista(2)

 

VidasJC_capa Dedicatória e agradecimentos
Este Livro, que pretende transmitir aos leitores os meus senti­mentos e análise da vida que vivi, mostra, pelo seu conteúdo, quão difícil é seleccionar pessoas a quem dedicá-lo. Dedico-o, portanto, a todos aqueles com quem convivi, brinquei, estudei, trabalhei, lutei e venci. Dedico-o também aos anónimos com quem me cruzei nos caminhos que percorri. Alguns destes proporcionaram-me momentos de felicidade quando me permitiram deleitar os meus olhos nas suas belas danças ou canções em espectáculos de assistência gratuita. Não enumerarei as tão variadas actividades, desde as económicas às socio-culturais, que esses anónimos me deram azo de presenciar. Não foram sempre momentos alegres, porque até a brigas assisti e até cadáveres de sexo mutilado vi, de pessoas anónimas, mortas por assassinos anó­nimos. Tudo, o bom e o mau, o triste e o alegre, o belo e o feio, enfim, todos os contrastes da vida de todos os que me rodeavam foram cons­truindo a minha personalidade.
Porém, não posso esconder que a minha emoção sobe aos seus níveis mais vibrantes quando penso no incomensurável contributo dos meus pais no forjar do homem de verdade que eu sou, abraçado a outras pessoas, sem a vida dos quais eu não saberia existir. São os meus pais, que ao orientarem os meus primeiros passos, implantaram os pilares mais fortes para a construção desta personalidade que me tornou uma figura moçambicana de renome nacional e internacional, amado, honrado e prestigiado por uma grande maioria de observa­dores.
Quero, pois, render homenagem ao meu falecido pai, que nos deixou a 23 de Maio de 1994, sem ter podido ouvir este meu OBRI­GADO PAI e à minha mãe que ainda vive com os seus quase 95 anos (a completar no dia 9 de Dezembro de 2010), que me ajudou atra­vés das conversas que teve comigo, antes e durante os anos em que escrevia folhas dispersas, que fui reunindo para produzir este pri­meiro volume. Espero ainda poder entregar-lhe um exemplar desta obra que também é dela.
Não falo neste volume da minha esposa e dos meus filhos, porque ele não cobre o período da formação e da vida desta parte da minha fa­mília. Mas quero que os leitores saibam quanta gratidão devo à minha adorada esposa, Marcelina, pelo seu encorajamento para eu concluir e publicar esta obra. Também aos meus filhos, que embora no prin­cípio parecessem alheios ao trabalho que eu estava a fazer, foram
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NOTA:
A maior parte dos colegas de Joaquim Chissano estão fora de Moçambique. É também para eles que aqui transcrevo algumas partes do livro.
Mas não posso deixar passar em branco a sua afirmação dos seiscentos mortos no “massacre” de Mueda, onde não foram mais de 20.
Há algumas trocas de nomes de professores, como a omissão, do nome do Prof. Cansado Gonçalves, de Filosofia, opositor de Salazar e com quem amiúde ia de machimbombo até à baixa, depois das aulas.
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE

Comments

1
JJLABORET said...
Joaquim Chissano aqui se coloca - ou se pretende apresentar-se - NEUTRO como um "voyeur", simples passante ante um quadro que se descortinava aos seus olhos:
... "Não foram sempre momentos alegres, porque até a brigas assisti"...
... " e até cadáveres de sexo mutilado vi,"...
... " de pessoas anónimas, mortas por assassinos anó­nimos."...
Chissano não se coloca como parte do quadro, partícipe, manipulador da cortina do palco e também ator, personagem e diretor da sua própria narrativa!
Os "outros" é que fizeram, criaram, desenvolveram a macabra estória/história/cena/cenáculo.
Talvez o seu mais lúcido e revelador pronunciamento, nada de ingênuo, tenha sido este:
... "Tudo, o bom e o mau, o triste e o alegre, o belo e o feio, enfim, todos os contrastes da vida de todos os que me rodeavam foram cons­truindo a minha personalidade."
Taí:
"FORAM CONSTRUINDO A MINHA PERSONALIDADE" (Chissano).
Ainda que mal pergunto... qual é mesmo a sua personalidade?
2
Laurentinos,Joaquim Chissano já partilhou as suas vivências neste livro. E nós estamos à espera de quê para fazer o mesmo? Ainda que não publiquemos em vida, vamos tomar a decisão acertada de depositar as nossas "estórias" SIMPLES e OBSCURAS no Arquivo Laurentino e façamos delas o nosso legado para a investigação e construção histórica.
3
Francisco Moises said...
Uma outra obra que escamotea a verdade. Chixanu viu cadavres de pessoas moras por anonimos. E que tal das pessoas mortas por ele, pela Frelimo e pelo seu regime. Nao dedica espaço para a por volta de 1,000,000 de pessoas mortas na guerra civil da qual ele foi um dos maiores responsaveis. E que tal das pessoas fuziladas e mortas nas prisoes e campos de concentraçao sumariamente ou seja sem nenhum processo que obedeça a um processo da lei digna de nome.

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