As cicatrizes deixadas pelas patrulhas nocturnas
O terror do G20.
As patrulhas nocturnas efectuadas pelos cidadãos dos municípios de Maputo e Matola em resposta ao clima de “terror” provocado pela actuação do alegado “G20” trouxeram, nas suas vidas, marcas que apenas o tempo se encarregará de apagar.
O receio em relação ao G20 abrandou consideravelmente, mas isso não significa que as noites mal dormidas dos cidadãos passaram a ser mais tranquilas, por isso, os apitos passaram a fazer parte das suas ferramentas de segurança.
A segurança, que na maioria das residências de Maputo e Matola, nas zonas visadas pelo G20, era até muito recentemente confiada ao “melhor amigo do homem”, é reforçada com os apitos, que os moradores levam consigo mesmo quando vão ao leito.
A unidade e vigilância dos residentes dos bairros periféricos das duas urbes devolveram uma atmosfera de relativa segurança, porém, a forma como foi desencadeada pelos moradores de diversos bairros constituiu um perigo ainda maior, que, nalguns casos, se saldou em vítimas que nada tinham a ver com o submundo do crime.
Alguns cidadãos inocentes que foram vítimas das patrulhas, em contacto com a AIM, consideram que as patrulhas foram determinantes para o abrandamento das incursões do G20, todavia, não gostariam de voltar a viver uma experiência igual em nenhuma parte do vasto Moçambique.
Uma vítima residente do bairro Khongolote disse, em contacto com AIM, que, numa noite, quando regressava ao seu domicílio, foi interpelada a escassos metros da sua casa por dois indivíduos, que lhe pediram a sua identificação e de seguida exigiram que pagasse um valor para poder passar. “Eu estava bem próximo da minha casa. Expliquei-lhes que vivia naquele bairro, e na rua onde eles estavam tinha um amigo, por isso, eles deixaram-me passar”, contou a fonte, que falou no anonimato.
Contudo, o jovem que naquele dia esteve “na mão de Deus” explicou à AIM que esta foi uma experiência conturbada na vida dos moradores destas cidades, e que caberá ao tempo apagar da memória colectiva, para voltarem, um dia, a descansar tranquilos.
Hermenegildo Macungo, motorista de uma empresa, não escapou à raiva das patrulhas, numa das noites em que cumpria mais uma jornada de trabalho, e considera-se um homem cuja sorte faltou naquela noite.
Como de costume, Macungo levou os seus colegas às suas casas. Rumou ao bairro T3, na matola, onde ia deixar um dos colegas, mas, pelo caminho, deparou-se com um vasto grupo de pessoas, que ordenou a imobilização imediata do veículo, ao que ele consentiu.
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