Monday, June 3, 2013

Nesta nossa legitima reivindicação

José Belmiro shared Emilia Mussiwa Matola's status.
Ilustres voluntarios podem ler este texto por favor? Assim voltarao ao Mocambique real!
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Carlitos Manuel
Bom dia colegas,
Reflitam comigo as constatações que a seguir apresento. Nesta nossa legitima reivindicação, embora muitas vozes nos tenham dito que temos razão, continuo pensando que a maior parte dessas vozes não sabe ao concreto o que se passa aqui dentro do sistema. Na verdade os mesmos nossos chefes que nos chamam de agitadores e que pintam de colorido a situação sabem que o s...istema encontra-se gravemente doente. Trata-se de um sistema que há anos vive de improviso e de mentiras.
O problema que salta a vista de muitos analistas pouco exclarecidos e’ o assunto de salario, mas esse não e’ o único problema que o sector enfrenta, pode estar na lista dos mais graves problemas que tem que ser resolvido com urgência. Pensem comigo no seguinte:
Quando e’ que foi a ultima vez que o colega recebeu uniforme do sistema? Eu lembro-me muito bem, recebi pela primeira e única vez em Junho de 2006, nessa altura o Ministro da saúde ia visitar o distrito onde eu estava colocado, deram-me uma camisa, um par de sapatos calcas e um cinto. Sempre que peco fardamento, não existe para médicos nem para enfermeiros e nos aconselham a adquirir com meios próprios, resultado: o que nos estamos a usar no sistema de saúde não e’ uniforme, e’ sim roupa branca mas esta’ longe de ser uniforme. Já’ vi situações caricatas, nessa coisa de cada um adquirir uniforme com meios próprios conheço uma enfermeira que adquiriu uma bata que sempre que vejo so’ me faz rir, tem o formato de uma jaqueta (sem mangas), cumprida que vai ate’ pouco abaixo do joelho, perguntei onde comprou disse “encontrei na calamidade, como eu não tinha bata e aqui não dao, paguei dez meticais, mas e’ branca não e’?” claro que e’ branca. Ela não e’ única que tem bata das calamidades, um outro técnico de medicina comprou uma bata ate’ porque e’ bonita mas vem com as seguintes escritas timbradas no bolso “Dr. Hellen Jefferson – Police Dog Training Specialist”. Ish para começar este tipo e’ homem e parece que o nome da bata dele e’ de uma mulher, não sei muito de ingles mas parece que na bata dele tem algo a ver com caes de policia. Eu não sei qual e’ a relação que ele tem com esses caes mas a bata dele e’ branca. Uma colega de SMI tem no timbre do bolso da bata dela os seguintes dizeres: “Joseph Moor – ESA research Dpt” curioso, fui a net, pelo Google procurei o que e’ isso de ESA e me disseram “European Space Agency” ou seja Agencia Espacial Europeia, o equivalente a famosa NASA americana… a bata desta colega também e’ branca, so não sei o que ela tem a ver com a agencia espacial europeia. Também salta-me a vista esse uso de identidade alheia, não consigo digerir estas barbaridades todas, uns mais cautelosos depois de comprar as batas nas calamidades tem o cuidado ou de remover o bolso ou as vezes colar com uma fita adesiva para não mostrar o timbre. Voces acreditam que estes colegas com timbres de instituições que nada tem a ver com o estado moçambicano, são funcionários deste estado? O que e’ que o estado pode fazer para parar com esta vergonha? E porque não faz? Não e’ este mesmo Estado que quando vai a uma fabrica de um privado, encontra trabalhadores não equipados passa multas avultadas? Porque passa multas aos outros sabendo que ele próprio não consegue equipar os seus funcionários?
Quantas vezes colega você já’ prescreveu Ringer a uma criança com desidratação grave, e a enfermeira te disse, “Dr, não temos ringer, posso dar dextrose?”, Quantas vezes já algaliaste alguém com Sonda Nasogastrica, quantas vezes já usaste algalia como SNG? , quantas vezes já amarraste uma luva na extremidade de uma sonda para recolher líquidos corporais como se tratasse de um saco colector? Quantas vezes já prescreveste um medicamento e no dia seguinte encontras uma bolinha no cardex? Quantas vezes já disseste ao doente “isso e’ um abcesso, precisamos de drenar mas… tens que ir comprar uma lamina e trazer?” quantas vezes já disseste…”não temos seringas, mas se conseguires na farmácia privada podes comprar nos vamos te aplicar a medicação?” quantas vezes já disseste a uma mae, “teu filho precisa de apanhar este tipo de medicamento, mas aqui não tem, vou passar-te uma receita vais comprar na privada e entregas a enfermeira para aplicar?” e… em voz baixa, quantas vezes já espreitaste o canal vaginal da tua paciente com ajuda da lanterna do teu celular? Cade a lanterna ginecológica? Quantas vezes já assinaste uma requisição de medicamentos e mais de metade vem com a seguinte sigla - NHA (não há)? Quantas vezes a tua parteira já guardou plásticos de embalagens para receber bebes no parto por falta de luvas? Quantas vezes? Quantas vezes já o enfermeiro disse “vao para casa, não temos material esterilizado, temos poucas pincas voltem amanha para fazer os vossos pensos”? A tua consulta pre natal tem aparelho de TA completo e funcional? Tens glucometro no teu gabonete? Pergunte-me durante quanto tempo fui recomendado a fazer 2DFC a doentes que deviam estar a fazer 4DFC no tratamento de tuberculose, porque o 4DFC não havia. E os mesmos dizem-se preocupados com MDR… Tens tido blocos de receituários ao longo do ano? Eu não… tou cansado de escrever em papel de kaki rugoso, e modelos de guias de transferência? E livros de registo diversos? Voce já viu meningite confirmada a ser tratada com cotrimoxazol 240/5 suspensao oral numa enfermaria? Eu já vi e o desfecho foi esse mesmo que estas a pensar. Isso porque não havia nenhum injectavel…
Agora eu pergunto: ate’ quando vamos continuar a improvisar tudo? E’ POSSIVEL UM SISTEMA INTEIRO VIVER DE FAZ DE CONTA?
Entramos no sistema encontramos a se improvisar e continuamos a improvisar mas isso não e’ o normal, apenas nos habituamos mas NÃO E’ NORMAL
FUI……

Carlitos Manuel
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  • Claudio Chivambo and 8 others like this.

  • Maria Helena Baloi nao sou muito de politica mais o governo nao toma seriedade com as accoes, e o proprio ministro da saud e um inutil, mal que garido cessou funcoes a saude ficou de pernas para o ar, afinal ate quando isto vai terminar. o proprio Manguel so sabe ler os discursos no papel mais ir ao terreno ver o k ta sa paxar nao, ja xega pa.

  • Neusa Rodrigues Muito forte...

  • Zee Mavye Na politica nao querem gajos com t*s no lugar como Garido, pessoas Que para o povo sao solucionadores,vistos como ideais, estragam o ritmo no campo politico, onde devem haver problemas para os entreter,lamentavel.

  • José Belmiro Percebem agora porque defendemos uma solucao geral dos problemas e nao entretenimento?

  • Claudio Chivambo Chamo aos ilustres para testemunharem e quiçá perceberem qual é o meu pensamento em relação aos assistencialistas (que se pensam ser voluntários). Jossias Maluleque, Muzila Wagner Nhatsave, Dilman Mutisse, Taisse Sigaúque, Amosse Macamo,... Que pensam em relação???

  • Angelo Mavie Zulo Dizem que o pais nao tem dinheiro, mas quantos navaras, ford rangers, os deputados tem? quantas regalias e quantos subsidios, nao pagam agua, nao pagam energia , nao pagam alimentacao, nao pagam renda de casa, nao compram carros, nao compram combustivel,, enfim, vivem d borla e ainda recebem milhoes, e nos o povo recebemos pouco e ainda temos q pagar tudo. ja chega de viver de faz de conta isto tem que mudar.

  • Maria Helena Baloi veja sou a filha de Guebuza que nem 35 anos acho que não tem mais ja e milionária, ela trabalha mais que quem, sera que nao existem muito s que estudaram mais que ela aki. pessoa que so senta e fala vive de assessorias, mais vivem bem mais que os medicos que tem os seus direitos mais nao gozam. ja chega esse drama gente.

  • Adriano Biza Uff. Até dá arrepios.

  • Theo Chilaw essa sera a proxima guerra. Depois de resolvidas questões relativas a gestão de rcurso humanos, teremos de começar a falar da gestão de recursos materiais. não basta dar bons salários, tem tambem de dar outros condimentos (recursos materiais) para que se possa concretizar os objectivos do SNS. Engraçado é que tudo acontece em praticamente todos os sectores da Função Publica.

  • José Belmiro Estrategicamente os nossos voluntarios nao vao querer ler este texto..'e subversivo e atenta contra a Unidade Nacional, a PAZ e o combate a pobreza.

  • Jose Alexandre Faia Percebem agora porque defendemos uma solucao geral dos problemas e nao entretenimento? Antes de votar novamente pensem neste texto.

  • Amosse Macamo Eu já li.

  • José Belmiro Obrigado Amosse.

  • Vaz De Sousa Sousa TEXTO MUITO ...FORTE E PESADO.

  • Amosse Macamo E não traz nada de novo. Se um dia o Belmiro, na empresa privada quiser fazer uma carta apelativa a emoções como esta pode ter uma longa história para contar: dos salários que nunca chegam a hora certa, do desdobramento para fazer numa manhã um programa desportivo e no final do dia político, no estar na hora certa e no local certo e no entanto o cameraman ainda não chegou isto porque falta transporte e a requisição já foi feita, das câmeras velhas que já nao produzem a qualidade de imagem que se pretende, de cargos de chefia que parecem pender mais para aspectos de linhagem familiar, de pressões para dar mais quando se oferece menos...percebem me meus caros? Para dizer que essa carta é sempre possível, mas ao mesmo ela mostra o que todos nos sabemos: que não já dinheiro porque se houvesse essas coisas básicas seriam as primeiras a atacar. E nota se hoje um esforço nesse sentido.

  • José Belmiro Pois amigo Amosse. O problema 'e que uma empresa privada pode se dar a esses "luxos" mano. Posso criar uma empresa e empregar apenas familiares e amigos. Dentro da liberdade contratual entre as partes os salarios nao sao iguais para todos depende da negociacao...mas o ESTADO nao pode dispensar a sua responsabilidade de cuidar da saude do POVO. Percebes Amosse?

  • Amosse Macamo O que lhe quero dizer amigo Belmiro é que há dificuldades sim, nunca ninguém as escondeu. E esta carta é um tiro no próprio pé porque denuncia exactamente isso. O compromisso que deve haver é exactamente o que existe quando o medico usa o seu celular para analisar a vagina: uma atitude que mostra que faz parte da solução do problema e que não é espectador, mesmo que a solução nao seja a ideal. Para as coisas melhorarem era necessário o envolvimento de todos e não uma atitude de resignação, de atirar a toalha ao chão, De culpabilizacao do outro, de fuga...ao trabalho que o melhor virá. E já agora, na melhor administracao publica do mundo, faz se uma carta similar a esta, é fácil.

  • Reinaldo Munguambe so agora e que descobriram isso. eu ja sabia disso ha bastante tempo.

  • Naine Mondlane Quero so ver escrito o nao dito por parte dakelas pssoas que lhe atiraram pedras sobre pedras ilustre JB!

  • É considerada uma profissão medíocre, que não exige nenhuma formação técnica e, por vezes, não é necessário ter um grau de instrução. Basta apenas saber sofrer, entregar-se arduamente ao trabalho, ter aptidões para exercer todo o serviço que for ordenado, receber os enfermos e encaminhá-los para as respectivas salas de tratamento médico, arrumar e trocar roupa de cama – não importam as condições h...igiénicas em que estiver – remover o lixo hospital, lidar com os excrementos humanos, sangue, urina, vómitos, cadáveres, dentre outras situações que só são lembradas a posteriori, em casa, na altura em que um prato de comida, conseguido com tanto sacrifício, chega à mesa. Assim tem sido o dia-a-dia dos auxiliares dos serviços prestados nos estabelecimentos hospitalares.

    Os serventes de uma unidade sanitária exercem uma tarefa deveras árdua e, segundo as suas declarações, são destratados e humilhados pelos seus superiores hierárquicos, os seus salários não passam de 3.000 meticais mensais, em 30 anos de serviço dificilmente conseguem construir uma casa e a sua maioria atinge a idade da reforma sem nada de que se possa orgulhar, durante a aposentadoria, de ter sido um quadro da Saúde.

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