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Sunday, June 30, 2013
Demora e desespero no "troço de sangue"
O condicionamento do trânsito num troço da estrada Nacional 1 (N1), após ataques de homens armados, atribuídos a Renamo mas ainda não reivindicados pelo partido, está a "acarretar enormes prejuízos" à população, afirmam os utilizadores
Exército e a polícia condicionaram o trânsito, interrompendo-o durante a noite, e fazendo-o circular sob escolta, num troço de 106 quilómetros, entre o rio Save a Muxúnguè, na província de Sofala, centro, um percurso que passou a demorar, em média, seis horas.
"É um atraso e desperdício de tempo total, além de que o patrão apenas disponibiliza o valor para determinados dias para ida e volta da viagem e quando demora mais dias temos que comer menos, para poupar e não passar fome", disse Moisés Machava, que esperou 16 horas na fila para seguir na escolta.
Em dois ataques intercalados, homens armados dispararam rajadas sobre sete viaturas nos distritos de Machanga e Chibabava, Sofala, centro, duas das quais integradas numa coluna escoltada pelo exército, que resultaram em várias mortes.
"Há sangue a derramar na estrada, vidas humanas inocentes a morrerem e isso não nos dignifica", disse Isaque Torres, que aguardou quase 13 horas para rebocar carros incendiados e confessa estar com "coração na mão para fazer o troço de sangue”.
O partido da oposição, a Renamo, exigiu na semana passada a interdição de circulação rodoviária na N1 e ferroviária na linha de Sena, um dia depois de um fogo posto ter destruído bens no interior da casa de um sobrinho do líder, Afonso Dlhakama, o que terá "precipitado os ataques", disseram ainda observadores.
Após o segundo ataque atribuído à Renamo, a estratégia de segurança passou pela distribuição de militares e polícias entre as viaturas escoltadas, para garantir a segurança dos que circulam e a prontidão de resposta militar, em caso de necessidade.
Ainda para assegurar as viagens, uma avioneta militar está a sobrevoar a região desde terça-feira, não só para reconhecer, mas também para impedir novas investidas.
Em declarações à Lusa, Joaquim Leonardo, transportador de mobiliário que esperou em Muxúnguè 15 horas para ser escoltado, disse que "a interdição de circulação noturna devido à insegurança no local traz um impasse e preocupação pela paragem desnecessária".
Contudo, para quem consegue atravessar o "bastião dos ataques", há um sentimento de alivio. "É uma sensação de alívio chegar a Muxúnguè, depois de atravessar o troço mais temido da atualidade. Até que digo graças a Deus ter conseguido fazer este troço. Não se sabe se poder haver outros casos à frente, mas atravessamos com segurança e escoltados a região dos ataques", disse à Lusa Salomão Djedje, um condutor.
Perante o sofrimento, Salomão Djedje apelou ao fim dos ataques: "Pedimos ao governo para que, rapidamente possível, resolva o problema, antes que a guerra entre no sangue e praticamente se reinstale contra todo o esforço do desenvolvimento do povo".
Vários estrangeiros que atravessam a região, sobretudo após a partida da escolta, arriscam o troço sem nenhuma proteção das autoridades, ficando entregues à sua sorte, basicamente por ignorarem o que se passa na região.
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