TEMA DA SEMANA
2 Savana 28-06-2013
Duas semanas depois de ter
sido assaltado nas ruas de
Maputo, o presidente da Re-pública, Armando Guebuza,
exonerou, na manhã de quarta-feira,
o chefe do Estado Maior General
das Forças Armadas de Defesa de
Moçambique (CEMGFA), o general Paulino Macaringue e para o seu
lugar nomeou Graça Chongo, um
operacional temido pelos seus pares,
e para já, uma indicação que as baio-netas se querem em prontidão com-bativa.
As mexidas nas Forças Armadas
acontecem numa altura em que se
vive um clima de alta tensão no cen-tro do país, com ataques atribuídos
a ex-guerrilheiros da Renamo, mas
ainda não reclamados pelo partido
liderado por Afonso Dhlakama.
Ao que apurámos, o assalto sofrido
por Macaringue nas ruas de Ma-puto, o caso do paiol de Savane e
as aparentes hesitações das FADM
na questão de Muxúnguè terão sido
determinantes para as mexidas feitas
pelo PR.
No discurso de tomada de posse de
Graça Chongo, nesta quinta-feira, o
Presidente da República, Armando
Guebuza, afirmou que as FADM
devem continuar empenhados no
cumprimento das múltiplas missões
que lhe são confiadas, entre as quais
defender, de forma intransigente, “o
nosso Povo muito especial”.
“Um País amante da paz e cultor do
diálogo para si próprio e para outros
Estados não pode ser confundido
com um País desarmado e indefeso.
O momento que vivemos reforça a
pertinência e a relevância desta afir-mação”, frisou Guebuza .
General da Renamo
Guebuza manteve Olímpio Cambo-na, no cargo de vice-chefe do Estado
Maior. Cambona é oficial superior
vindo da Renamo. Uma posição nou-tro sentido em relação a Cambona só
poderia dar ainda mais argumentos a
Afonso Dhlakama que, precisamente,
faz da marginalização dos seus ho-mens no exército e na polícia, uma
das questões de fundo nas negocia-ções com o Governo.
A indicação de Graça Chongo ve-rifica-se 19 meses depois deste ter
sido exonerado, pelo próprio chefe de
Estado, do cargo de Comandante do
Exército, cargo que ocupou de Ou-tubro de 2008 a Novembro de 2011.
O major general Graça Chongo é
um quadro sénior do MDN e é pro-veniente das forças governamentais,
que foram incorporadas no actual
figurino das FADM. Já ocupou vá-rias funções de chefia e direcção em
diferentes especialidades na corpo-ração. Chongo já foi comandante do
ramo do Exército das FADM; tendo
igualmente sido um operacional ao
nível de brigada durante a guerra civil
moçambicana.
Desta vez é nomeado para o mais im-portante posto na hierarquia militar,
assumindo o cargo num momento
conturbado no país, devido à tensão
política e a onda de ataques a viatu-Forças Armadas em tempo de guerra
ras, na EN1, no troço rio Save-Mu-xúnguè e a concentração de efectivos
militares em Gorongosa, ambas as
zonas em Sofala.
A indicação de Graça Chongo é vista
em alguns sectores castrenses como
fazendo parte de um plano visando
pôr em prática a operação de um as-salto das FADM ao reduto de Afon-so Dhlakama, acção a que Macarin-gue resistia.
Macaringue alegava que com os
acontecimentos de Muxúnguè, o
país não estava em presença de uma
agressão externa, daí que não se justi-ficava a intervenção das FADM.
“As circunstâncias de actuação das
FADM cabem ao PR”, clarificou
Macaringue, um dia antes da exone-ração.
Macaringue, que chegou a manter
uma relação conflituosa com Lagos
Lidimo, é um militar de academia,
que inclui uma passagem como do-cente na prestigiada Universidade
sul-africana de Witwatersrand. Li-dimo chegou a opor-se à nomeação
de Macaringue para o substituir nas
Forças Armadas, aparentemente por
o considerar um “desertor” que pre-feriu prosseguir os estudos superiores
em Londres, ao invés de se dedi-car na formação das novas FADM.
Na altura, a opção Graça Chongo
chegou a colocar-se, mas Guebuza,
depois de sentir o “peso demasiado”
de ter o operacional Lídimo como
CEMGFA, optou por um “general
de salão”, ao invés de um operacional
com o peso de Graça Chongo. Poli-ticamente, era também conveniente
ter um CEMGFA “apagado” para dar
visibilidade a Nyussi, um ministro da
Defesa civil proveniente do planalto
de Mueda, área muito preponderante
neste ministério.
É a quinta vez que Armando Gue-buza mexe na estrutura máxima das
Forças Armadas. A primeira mo-vimentação verificou-se em Março
de 2008 quando exonerou Lidimo
e Mateus Ngonhamo dos cargos do
Chefe e Vice-chefe do Estado Maior
para no seu lugar indicar Macaringue
e Cambona. No mesmo ano, em Ou-tubro, Guebuza mexeu no Comando
do Exército e da Força Aérea tendo
nomeado Graça Chongo e Luís Di-que respectivamente.
Em Abril de 2009, Guebuza exone-rou Tobias Dai do cargo do Ministro
da Defesa e no seu lugar indicou o
engenheiro Filipe Nyussi.
Em Novembro de 2011, Guebuza
volta mexer no Comando de Exér-cito exonerando Graças Chongo do
Comando do Exército para no seu
lugar colocar o Major General Eugé-nio Mussá.
Paulino José Macaringue dirigiu o
Estado Maior General das FADM
durante cinco anos, ou seja, um man-dato apenas, sendo que ficará na his-tória do exército moçambicano por
ser o primeiro chefe de Estado Maior
a ficar apenas um mandato.
Crise politico-militar
Embora alguns sectores militares
apontem a saída de Macaringue
como sendo normal já que terminou
o seu mandato há três meses, a ma-nutenção do seu adjunto, o general
Olímpio Cambona deixa dúvidas em
relação à exoneração do seu superior
hierárquico.
A forma tímida como Macaringue
encarou a actual crise é apontada
como tendo contribuido na decisão
do presidente em afastá-lo da lide-rança visto que, num momento de
agitação como este, é importante que
se injecte uma nova dinâmica nas
FADM.
Discriminação nas Forças
Armadas
Desde que Macaringue chegou a
chefe do Estado Maior tem subi-do o tom de vozes de dirigentes da
Renamo, maior partido da oposição,
queixando-se da discriminação no
seio das forças armadas.
Oficiais militares vindos da Renamo
dizem-se discriminados nas nomea-ções e promoções e paulatinamente
estão a ser expurgados das FADM.
Diz a Renamo que apesar do Acordo
Geral da Paz preconizar que nos as-pectos referentes às Forças Armadas,
cada um dos signatários do acordo
dever ser representado em 50% na
chefia do exército, entretanto o que
se verifica actualmente é que, depois
de 20 anos, dos 31 oficiais superiores
e generais nas FADM, 27 são origi-nários da Frelimo e apenas quatro da
Renamo, dos quais dois ocupam car-gos de chefia.
A partidarização das Forças Armadas
é uma das questões levantadas pela
Renamo no diálogo com o governo.
Assaltos
Os últimos meses do general Maca-ringue foram caracterizados por mo-mentos turbulentos de onde desta-cam-se dois assaltos, um ao paiol das
FADM, em Sofala e outro a ele pró-prio onde ficou sem viatura, armas,
telefones celulares e um computador.
Lembra-se que na madrugada do dia
17 de Junho, um grupo de indivíduos
desconhecidos, que a Frelimo alega
serem homens da Renamo, assaltou
o Paiol de Savane, distrito de Don-do, Província de Sofala onde roubou
vário material de guerra e matou sete
militares.
O assalto a uma das infra-estruturas
teoricamente das mais seguras do
exército criou um ambiente de des-conforto no seio das Forças de Defe-sa e Segurança aparecendo correntes
a classificar a direcção de Macaringue
de apática.
O assalto a um grande paiol, que por
sinal é o primeiro na história das For-ças Armadas manchou grandemente
a imagem de Macaringue que aca-bava de sofrer um assalto na cidade
de Maputo. O assalto e a morte dos
militares contrastam com o discurso
triunfalista e displicente com que os
media afectos ao regime vinham tra-tando o potencial bélico das forças
que potencialmente se possam opor
ao exército e à polícia. A FIR, o con-tingente operacional da polícia, foi
humilhado na Gorongosa ao sofrer
quase duas dezenas de feridos numa
fuga aparatosa dos blindados em que
seguiam, depois de terem ouvido
uma rajada de metralhadora por par-te da guarda presidencial de Afonso
Dhlakama.
Alguns generais das FADM classifi-caram o assalto ao general Macarin-gue como uma vergonha. Circulam
em Maputo as versões mais rocam-bolescas da forma como Macaringue
foi abandonado pelos assaltantes da
viatura. O general, complicando ain-da mais o cenário do assalto em que
esteve envolvido, apareceu a “clarifi-car” esta terça-feira que o roubo tinha
sido infligido ao cidadão Macaringue
e não ao CEMGFA.
“Um País amante da paz e cultor do diálogo para si próprio e para outros Estados não pode ser confundido com um País desarmado e indefeso.
2momento Tue YiYemos reforça a pertinrncia e a releYkncia desta aÀrmaçãoµ Armando GueEuza na tomada de posse de Graça CKongo.
Por Raul Senda
Fotos: Naita Ussene
P
ara o coronel general Her-mínio Morais, a mudança
no seio das Forças Armadas
ainda não tem nenhum sig-nificado no seio das reivindicações da
Renamo.
Segundo Morais, também conhecido
como comandante Bobo, a exigência
da Renamo no aspecto referente a
partidarização do exército passa pela
recondução de todos os oficiais supe-riores ora expurgados para reserva.
Para Hermínio Morais, a manuten-ção de Olimpo Cambora no cargo de
vice-chefe de Estado Maior e de Luís
Dique na Força Aérea não tem muita
relevância num exército onde mais de
90% de oficiais superiores são prove-“A mudança não tem
Quem é Graça
Chongo?
O
novo Chefe do Es-tado-Maior General
das Forças de Defe-sa de Moçambique
(FADM), Major general Graça
Tomás Chongo, tomou pos-se na tarde desta quinta-feira,
numa cerimónia onde foi igual-mente patenteado a General do
Exército.
Até ao momento da sua nome-ação, Graça Chongo desempe-nhava as funções de Inspector
da Forças Armadas de Defesa
de Moçambique.
Nascido em 29 de Setembro de
1954, no distrito de Guijá, Pro-víncia de Gaza, Chongo ingres-sou nas Forças Armadas em 23
de Junho de 1974 e pertence ao
ramo de Exército na especiali-dade Inter-Arma com forma-ção na Academia de Campo de
Vulstrel na ex-URSS.
Casado e pai de dois filhos,
no ramo civil, o novo homem
forte das FADM é licenciado
em Relações Internacionais
e Diplomacia pelo Instituto
Superior de Relações Interna-cionais (ISRI) e mestrando em
relações Internacionais e De-senvolvimento na especialidade
de Política Externa pela mesma
instituição de ensino superior
agora com sede em Zimpeto.
No passado, Chongo assumiu
cargos de Inspector Geral de
Defesa, Director Nacional da
Política de Defesa, Comandan-te do Ramo de Exército e Ins-pector das FADM.
Graça Chongo é o quinto Che-fe do Estado Maior General
das FADM desde a Indepen-dência Nacional sucedendo
ao Coronel-general Sebastião
Marcos Mabote (1975-1987),
Tenente-general António
Hama Thai (1987-1994), Ge-neral de Exército Lagos Hen-riques Lidimo (1995-2008) e
General de Exército Paulino
José Macaringue (2008-2013).
relevância para Renamo”
- Comandante %oEo
Graça Chongo Paulino Macaringue
nientes das antigas Forças Populares.
“Tendo terminado o mandato e de-pois de todas as coisas que se passa-ram com o chefe de Estado Maior, é
normal que o Comandante em Chefe
das Forças de Defesa e Segurança te-nha tomado aquela decisão. Não cons-titui surpresa. Quanto à manutenção
do vice, achamos que deriva do facto
de ter feito um bom trabalho”, disse
acrescentando que a decisão não pode
ser interpretada como início das refor-mas no seio do exército para respon-der às exigências da Renamo.
Morais fez questão em referir que o
seu partido continuará a lutar pela
justiça bem como pelo cumprimento
do AGP.
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3 Savana 28-06-2013
TEMA DA SEMANA
4 Savana 28-06-2013
Entre terror, medo, insegu-rança, ansiedade, coragem e
tristeza, vivem os transeun-tes da Estrada Nacional N1
(Save-Muxúnguè) e os residentes
de Muxúnguè, distrito de Chiba-bava, província de Sofala, região
que se ressente, há uma semana, de
ataques atribuídos à Renamo.
Efectivamente, o centro do país
vive um clima de alta tensão, devi-do a ataques atribuídos à Renamo,
mas ainda não reclamados pela for-mação política dirigida por Afonso
Dhlakama.
Há uma semana, o brigadeiro Jeró-nimo Malagueta, agora detido pela
Polícia, anunciou que a Renamo
iria impedir a circulação no centro
do país para alargar o perímetro
de segurança à volta do seu líder,
que se aquartelou em Satugira,
Gorongosa, antiga base central do
movimento. A Renamo protesta
contra a alegada intransigência de
Armando Guebuza, presidente da
República e da Frelimo, em relação
às reivindicações do partido.
7ensão ao ruEro
Esta segunda-feira, supostas forças
da guerrilha da Renamo voltaram à
ofensiva, cortando a tiros uma co-luna militar que escoltava viaturas.
Esta operação acontece depois do
ataque de sexta-feira no rio Ripem-be, incidindo exactamente contra
um autocarro da Etrago, perten-cente a um General na reserva e
antigo chefe da Força aérea.
Aliás, a Renamo acusa a Frelimo de
usar esta empresa para transportar
militares e armamento para a re-gião centro do país. Esta quarta--feira, um total de sete autocarros
da Etrago transportando militares
cruzou o rio Save em direcção a
Inchope.
Clima de medo
A zona mais perigosa parte do rio
do Ripembe e Zove, onde alega-das forças da Renamo atacaram
até ao momento sete viaturas, duas
das quais incendiadas e já fizeram
três mortes e vários feridos. Estes
ataques obrigaram o reforço, nesta
terça-feira, de militares e material
bélico (blindados e armamento pe-sado), na região, para “vasculhar” as
áreas atacadas.
7ensão ao ruEro no Centro do país
Muxúnguè: entre tiros e ananás
Por: AndrpCatueira em
Muxúnguè
Os supostos ex-guerrilheiros da
Renamo atacaram semana passada
cinco viaturas, duas das quais fo-ram incendiadas na região do rio
Ripembe, no distrito de Machanga,
resultando em mortes, incluindo de
um motorista carbonizado ao vo-lante da viatura, cujas ossadas conti-nuavam esta quarta-feira na cabine
da viatura. Vários feridos atingidos
dos quais dois graves “cravados de
balas na região da bacia” estão in-ternados agora no Hospital Central
da Beira.
Fogo posto na casa de
DKlaNama
Segundo apurou o SAVANA no
local, o “ataque” à casa de um dos
parentes de Afonso Dlhakama, na
vila de Muxúnguè, um dia antes
do anúncio, pela Renamo, da in-terdição de circulação rodoviária na
EN1 e ferroviária na linha de Sena,
terá precipitado os ataques de sexta
e segunda-feira naquela região.
Um fogo posto destruiu comple-tamente a casa de Afonso Sevene,
filho de um dos irmãos do líder
da Renamo, Afonso Dlhakama.
Este ataque levou a que mem-bros daquela formação política se
reunissem de novo na sua sede de
Muxúnguè, onde em Abril foram
detidos 15 deles.
Da casa, apenas se recuperou um
congelador e outros utensílios, o
que se supõe tenha “irritado os ex--guerrilheiros” do partido da opo-sição, que, no entanto, decidiram
cortar o trânsito na EN1.
“Ele já não estava lá dentro. Fugiu
depois que membros da Renamo
começaram a ser perseguidos de-pois do ataque de Abril. Há muitas
casas vazias aqui em Muxúnguè, até
a mansão, que os donos, membros
da Renamo, deixaram receando re-presálias. Queimaram a casa e isso
deixou nervosos aqueles membros
da Renamo”, disse ao SAVANA
um partidário da Renamo que pe-diu anonimato.
Actualmente quase todos os mem-bros da Renamo em Muxúnguè
refugiaram-se aos outros distritos
e províncias, estando as suas casas
abandonadas.
Escolta
O exército e a polícia, para garan-tir a segurança, condicionaram o
trânsito (interrompido das 17:00 às
05:00horas) e começaram a escoltar
em colunas as viaturas de Muxún-guè a Save e vice versa, num troço
de 106 quilómetros. Este percurso
dura no mínimo três horas de via-gem, situação que está a enervar os
utilizadores daquela estratégica via.
Após o segundo ataque atribuído
à Renamo, a estratégia passa pela
distribuição de militares e polícias
entre as viaturas escoltadas, para
garantir a segurança dos transeun-tes e prontidão combativa em caso
de necessidade.
Esta quarta-feira, por exemplo, a
coluna só partiu as 7:45 minutos
de Muxúnguè e regressou por vol-ta das 12:30, possibilitando apenas
duas viagens, ou seja, para quem
chega às 16:00 horas em Muxún-guè fica impedido de prosseguir
viagem.
Ainda para assegurar as viagens,
uma avioneta militar está a sobre-voar a “zona de tensão” desde esta
terça-feira, não só para reconhecer,
mas também para impedir que no-vas investidas aconteçam.
Prejuízos
A maioria dos automobilistas e
passageiros entrevistados pelo
SAVANA em Muxúnguè vê no
condicionamento de trânsito na
EN1(Muxúnguè-Save), um acu-mular de prejuízos financeiros que
se resumem no aumento de custos
imprevistos de alimentação e dor-mida. Apelaram ao fim das hostili-dades e diálogo frutífero, mas tam-bém pediram responsabilização do
Estado à Renamo pelas perdas.
Moisés Machava, um transporta-dor de viaturas, chegou a Muxún-guè às 16:00horas desta terça-feira,
para seguir viagem às 07:45 do dia
seguinte. Disse que a interdição de
circulação na EN1 tem um “peso
financeiro enorme e atrapalha as
contas”.
“É um atraso total, além de que
o patrão apenas disponibiliza di-nheiro para determinados dias de
viagem. Quando há situações im-previstas temos que gerir o pouco
que temos. Isso é chato”, lamentou
Moisés Machava, que fazia a liga-ção Nampula-Maputo.
Joaquim Leonardo, transportador
de mobiliário que chegou a Mu-xúnguè às 15:00 horas desta terça--feira, é também obrigado a per-noitar por causa da interdição de
circulação nocturna. Sem precisar
números, diz que os prejuízos são
enormes.
Em contacto com o SAVANA, Isa-que Abedine Torres, da TCO, que
seguia para remover os carros in-cendiados no ataque de sexta-feira,
lamentou a demora do processo,
sobretudo, pela interdição na circu-lação o que acarreta mais gastos do
que previstos.
“Saí de Tete para Beira e depois
para Muxúnguè, mas estamos aqui
travados para recuperar o camião
que foi incendiado. Então o valor
que nos foi dado não previa a de-mora, o que se reflecte nas condi-ções de vida a que teremos que nos
O clima é tenso na EN1, sobretudo, na zona do rio Ripembe
/ongas Àlas de cami}es aguardam escolta militar
Moiseis Machava
Atravessar o rio Ripempe é preciso escolta militar
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5 Savana 28-06-2013
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Lien Bauwens) or to Lien.Bauwens@fos-socsol.be
VAGA
V
ários estrangeiros que atra-vessam a região, sobretudo,
após a partida da escolta ar-riscam o troço sem nenhuma
protecção das autoridades, estando
entregues à sua sorte.
Esta quarta-feira, o SAVANA pre-senciou no rio Ripembe a passagem
de pelo menos nove viaturas, de três
grupos de estrangeiros, a maioria com
matrícula sul-africana, a fazer o troço
Muxúnguè-Save, sem terem esperado
pela escolta.
Quando questionados pela força es-tacionada no local, vários deles mos-traram-se à leste da tensão política do
país e das regras traçadas na circula-ção rodoviária naquele troço.
Independência sem população
Apelos à paz
“
Não a guerra. Há ne-cessidade de um en-tendimento e uma
compreensão, uma
questão de acerto, para po-dermos voltar a viver em
povo. Sabemos que Moçam-bique é único e a divisão não
constitui alegria”, apelou Ro-salina Clemente.
“A situação ainda não está
resolvida, então pedimos
ao governo para que rapi-damente possível resolva o
problema, antes que a guerra
se propague”, disse Salomão
Djedje.
A
Renamo terá ameaçado na
quarta-feira raptar a che-fe do posto administrati-vo de Muxúnguè, Pascoa
Mambara, por, alegadamente, estar
a coordenar a missão de reconheci-mento e desactivação da base mi-litar daquele partido, instalado em
Mangomanhe, a 15 quilómetros
de Muxúnguè, próximo o local do
último ataque. A ameaça feita por
via celular não foi confirmada e nem
desmentida pelo governo local, mas
este garante que um plano está a ser
engendrado pelo grupo dos ex-guer-rilheiros, para “parar a perseguição” a
que estão a ser alvo os membros e a
“vasculha da base”, onde se escondem
os homens que estão a metralhar
viaturas na região. Pascoa Mambara
havia denunciado semana passada
ameaças de morte pelo delegado po-lítico da Renamo baseado naquela
região, ora integrado no grupo de
ex-guerrilheiros concentrados na
sua base na zona de Mangomanhe,
a 15 quilómetros da sede do referi-do posto administrativo.
Ameaça de rapto
Estrangeiros arriscam
submeter”, referiu Isaque Torres.
Medo e alívio
Contudo, o clima de medo reinava
nas pessoas que se faziam a coluna
para atravessar a zona de perigo na
manhã desta quarta-feira, que só
respiravam de alívio quando con-cluíam o troço idos do Save.
“Há sangue a derramar na estrada,
vidas humanas inocentes a morre-rem e isso não nos dignifica”, disse
Isaque Torres, que confessou estar
com “coração na mão para fazer o
troço de sangue, sem saber se volta-mos, limitando-me a rezar a Deus”.
Em contacto com o SAVANA, Sa-lomão Djedje, da transportadora
TTI, que acabava de fazer o troço
Save-Muxúnguè, transmitiu a sen-sação de alívio, após momentos de
tensão.
“É uma sensação de alívio chegar
a Muxúnguè, depois de atravessar o
troço mais temido da actualidade.
Até digo graças a Deus ter conse-guido fazer este troço. Não se sabe
se pode haver outros casos a frente,
mas atravessámos com segurança
e escoltados a região dos ataques”,
disse Salomão Djedje.
Carro da FIR garante travessia no Rio Ripembe
As cerimónias da passagem dos 38
anos da Independência de Moçam-bique, celebrados esta terça-feira, em
Muxúnguè tiveram pouca participa-ção popular. Na cerimónia de depo-sição de uma coroa de flores na praça
local estavam apenas membros do
Governo, professores e enfermeiros,
e fortemente guarnecidos pela FIR.
Contudo, no período da noite a po-pulação festejou de forma eufórica a
data, nas barracas instaladas ao redor
da vila, cujo cartão de visita é cas-tanha de caju e ananás, largamente
vendido por todas as épocas do ano
ao longo da EN1.
Aulas encerradas
Segundo testemunhou o SAVANA
nas escolas ao longo do troço entre
Save e Muxúnguè, poucas escolas es-tão a funcionar.
Em Mbinde por exemplo, próximo
do rio Gorongosa, a única escola da
região está encerrada.
Já na vila de Muxúnguè, as aulas tem
estado timidamente a retomar à nor-malidade, continuando vários encar-regados a enviar os seus filhos para
zonas seguras
Farras e pelejas de militares
A situação mais (in)comum em assis-tir nas barracas de Muxúnguè, sobre-tudo, no período da noite são farras
de bebedeiras e lutas entre militares
e agentes da FIR, geralmente a civil
(outros ainda fardados) e armados,
que patrulham a vila.
Nesta terça-feira, um militar envol-veu-se num corpo a corpo, durante
uma bebedeira, em frente ao Restau-rante Friaes (Laurentino 2), com um
comerciante, vendedor de cabritos na
vila. Derrotado, o militar foi à busca
de reforço e retornou ao local para
forçar o comerciante a acompanhá-lo
à base, onde foi severamente espaca-do.
“É rotina isso (farras e agressões). Às
vezes lutam entre militares por causa
de mulheres, às vezes se insultam com
população e disparam provocando
pânico entre populares que acorrem
a estes locais de diversão nas noites”,
disse ao SAVANA, Randinho Estê-vão, residente local.
6 Savana 28-06-2013
SOCIEDADE
O
Presidente da República
pediu “paciência e compre-ensão” a todos os cidadãos
que aguardam notícias
sobre um consenso político nas
negociações entre o Governo e o
partido Renamo, justificando que
a aparente demora na produção
de avanços significativos deve-se
à “complexidade do diálogo”. Ar-mando Guebuza acresce que tal
complexidade do diálogo é ainda
agravada pelo facto da Renamo
utilizar o povo como seu escudo,
“ameaçando matar a população ci-vil”. Guebuza chamou à colação o
seu passado recente de negociador
da paz, afirmando que teve paciên-cia para permanecer dois anos em
Roma devido à complexidade do
diálogo político.
O Chefe do Estado falava esta
terça-feira na Praça dos Heróis
Moçambicanos, onde dirigiu as ce-rimónias centrais da passagem de
mais um aniversário da indepen-dência nacional, conquistada a 25
de Junho de 1975.
Os 38 anos da independência de
Moçambique foram celebrados
debaixo de tensão político-militar
que tem no troço Save – Muxún-guè da EN1 (Estrada Nacional N°
1) o epicentro de ataques a posições
militares e a civis.
Todas as intervenções públicas fei-tas a-propósito apelavam ao diálo-go como única via para a manuten-ção da paz, ao mesmo tempo que
repudiavam o sacrifício de vidas
humanas como expressão de dife-renças políticas.
Mas o Chefe do Estado minimi-zou a tensão político-militar que
já resultou em mortes e feridos, ao
afirmar que os ataques foram “in-cidentes” que não devem levar os
moçambicanos a pensar que o país
já não está em paz.
Guebuza qualificou os ataques de
“actos repugnantes e criminosos”,
ainda assim, reiterou que o Go-verno continua firme na sua de-terminação de, pela via de diálogo,
encontrar soluções para as questões
apresentadas pela Renamo.
Enquanto alguns familiares de
cidadãos mortos e outros feridos
nos ataques desesperam, o PR diz
que o que aconteceu ou continua
a acontecer no troço Save – Mu-xúnguè constitui “um teste à nos-sa determinação de continuarmos
unidos na construção do país e no
combate à pobreza. “É preciso que
nestes momentos de teste, o povo
demonstre a sua determinação e
acredite que é possível ultrapassar
estas situações e garantir a paz”,
disse, fazendo notar que nunca re-cusou um encontro com o líder da
Renamo, Afonso Dhlakama. “Ele é
que se escapa sempre”, acusou.
“Diálogo é um combate
difícil, mas única via para a
paz”, Joaquim Chissano
Em declarações ao SAVANA, o
antigo Chefe do Estado, Joaquim
Chissano, afirmou que sempre ha-verá acções que colocam em causa
a paz em Moçambique, pelo que é
crucial que todos os moçambicanos
se empenhem para a sua manuten-ção.
“Caso haja uma percepção de erros
ou de dificuldades, temos de juntar
as nossas inteligências, as nossas
mentes, para encontrar soluções
que nos permitam progredir, sem
destruir o que construímos, refor-çar as nossas relações de cidadãos
irmanados do Rovuma ao Maputo
com mais força”, disse Chissano.
O signatário do Acordo de Paz de
1992, em Roma, reconhece que a
busca da paz pela via do diálogo é
um combate difícil, na medida em
que uma pessoa que se sente ofen-dida a tendência é assaltar a outra
com palavras ou acções violentas.
“Mas quem sabe conter a sua ira,
raiva ou insatisfação pode encon-trar formas para a melhor solução
dos problemas que o afligem”.
“Muxúnguè não é termó-metro da prontidão das
FDS”, Paulino Macaringue
O cenário de guerra que se verifica
na região centro do país desde Abril
último, já resultou em dezenas de
mortes de agentes das Forças de
Juiz legaliza prisão de Malagueta
O
juiz da instrução do Tri-bunal Judicial do distrito
Municipal KaMpfumo
legalizou, na manhã desta
quarta-feira, a prisão do brigadei-ro Jerónimo Malagueta, chefe do
Departamento de Informação da
Renamo.
Malagueta foi detido, em circuns-tâncias pouco claras, na manhã
da última sexta-feira, dois dias
depois de ter dirigido uma con-ferência de imprensa onde referia
que a Renamo iria alargar o perí-metro de segurança das suas for-ças de Muxúnguè até ao rio Save
para proteger o líder da Renamo,
Afonso Dhlakama, que estava a
ser cercado pelas Forças de Inter-venção Rápida (FIR) e das Forças
Armadas de Defesa de Moçam-bique (FADM) no seu abrigo em
Satungira.
Na altura, Malagueta falou ainda
da interrupção da circulação de
comboios que transportam carvão
de Tete para o porto da Beira.
Coincidência ou não, o facto é que
dois dias depois do pronuncia-mento de Malagueta registaram--se vários ataques a viaturas ao
longo da estrada nacional número
1. Nesses ataques, pelo menos três
pessoas perderam a vida e duas
viaturas foram queimadas. Neste
momento, a circulação de pessoas
e bens no troço entre rio Save e
Muxúnguè é feita com o acompa-nhamento militar.
Nesta segunda-feira, as empresas
mineradoras anunciaram a parali-sação de transporte de carvão por
questões de segurança.
Após a legalização de prisão, Ma-lagueta foi transferido das celas
da esquadra do Porto de Maputo
onde se encontrava desde sexta--feira, para a Cadeia Central de
Maputo onde deverá aguardar
pelo julgamento.
No início, Jerónimo Malagueta
era indiciado da prática de três
tipos legais de crime nomeada-mente: interdição de circulação
de pessoas e bens, assassinatos e
incitação à violência.
Após o saneamento do juiz da
instrução, Malagueta viu quase
todos os crimes supridos pesando
sobre ele apenas o crime de inci-tação à violência.
O julgamento de Malagueta po-derá decorrer na próxima semana.
A Renamo queixa-se do facto de
a Polícia não permitir que o seu
membro tenha a acesso a contac-tos externos quer da família, ad-vogados e muitos dos seus colegas
do partido. (I.Z)
Chefe do Estado diz que diálogo é “complexo”
- Tensão político-militar domina celebração dos 38 anos da independência nacional
Por Emídio Beúla e
Argunaldo Nhampossa
Defesa e Segurança, contra apenas
uma baixa da Renamo. Trata-se de
uma situação que tem alimentado
muitas especulações sobre a pron-tidão das Forças de Defesa e Se-gurança, dado que em três ocasiões
foram atacados de surpresa.
Armando Guebuza, que também é
Comandante em Chefe das Forças
de Defesa e Segurança, entende
que dada a vastidão do território
nacional, é possível que não se te-nha o mesmo nível de prontidão
combativa em todos os locais e mo-mentos.
Entendimento contrário tem o an-tigo Chefe do Estado-Maior Ge-neral, Paulino Macaringue, exone-rado do cargo esta quarta-feira.
Para Macaringue, os ataques per-petrados por homens armados da
Renamo não estão em altura de
constituir um termómetro para
medir a prontidão combativa das
Forças de Defesa e Segurança e
nem se quer existe uma relação en-tre os incidentes de Muxúnguè e a
prontidão das forças.
“São incidentes do percurso que
podem acontecer dependendo da
situação, mas não podem ser usa-dos para descredibilizar o trabalho
que estas forças desenvolvem”, la-mentou.
O vice-ministro da Defesa Nacio-nal, Agostinho Mondlane, disse ao
SAVANA que o que se passa no
troço Save – Muxúnguè é um pro-blema localizado e que as Forças de
Defesa e Segurança estavam a tra-balhar no sentido de cumprir o seu
dever perante o Estado, designada-mente restaurar a livre circulação
de pessoas e bens num ambiente de
paz. “Estamos a trabalhar no sen-tido de a breve trecho resolvermos
esta situação”, prometeu Mondlane.
Igual promessa foi feita por Jorge
Khalau, Comandante-geral da Po-lícia, que também falava na Praça
dos Heróis Moçambicanos. “Esta-mos a controlar a situação e vamos
continuar a escoltar as colunas de
veículos até que isto termine”.
“Diálogo franco e honesto”,
Eduardo Mulémbuè
Já o deputado à Assembleia da Re-pública (já presidiu o órgão em três
legislaturas consecutivas) e mem-bro da Comissão Política da Freli-mo, Eduardo Mulémbuè, considera
que a condição para o consenso
político passa por um processo de
“mortificação”, onde cada uma das
partes em diálogo, nomeadamen-te o Governo e a Renamo, devem
saber perder. “Vejamos no diálogo
franco e honesto a única via para
que este povo volte a sentir que está
em paz”, apelou.
Para Alberto Chipande, veterano
da Luta de Libertação Nacional e
deputado à Assembleia da Repú-blica, a solução do actual diferendo
político que opõe o Governo do
maior partido na oposição passa
pelo Parlamento. É na Assembleia
da República, segundo Chipande,
onde a Renamo deve apresentar as
suas exigências para a deliberação
dos deputado.
Eduardo Mulémbuè
Paulino Macaringue
Joaquim Chissano
Ataques no troço Save - Muxúnguè são teste à nossa determinação
7 Savana 28-06-2013
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8 Savana 28-06-2013
INTERNACIONAL
A
Rio Tinto, segunda maior
mineradora mundial, po-derá vender a sua opera-ção na mina de Benga,
em Tete, estando em operação um
concurso interbancário para selec-cionar um consultor financeiro que
irá viabilizar o processo. Abordado
esta quinta-feira pelo SAVANA, o
escritório da Rio Tinto em Mapu-to diz que não comenta “rumores
Rio Tinto admite vender operação na Benga
de mercado ou especulações”.
No entanto, em Fevereiro passado,
a Rio Tinto enviou um executivo de
topo da empresa a Moçambique para
estudar a rentabilidade do projecto de
exploração de carvão em Benga, pro-víncia de Tete, após a empresa anun-ciar reduções de valor contabilístico de
activos na ordem de 10,5 mil milhões
de euros relativas ao país e ao grupo de
alumínio canadiano Alcan, adquirido
em 2007.
O Wall Street Journal refere na
edição desta quarta-feira que a
mineradora anglo-australiana,
com sede em Londres, está a ava-liar a possibilidade de venda total
ou parcial dos activos da unidade
moçambicana do grupo que opera
na área de extracção de carvão em
Moçambique.
-“Não comentamos rumores de mercado ou especulações”,
escritório da mineradora em Maputo.
Zuma tinha agendada uma visita a
Maputo Siphiwe Sibeko/Reuters
O Presidente da África do Sul,
Jacob Zuma, cancelou a viagem
a Moçambique, depois de ter vi-sitado Nelson Mandela, que está
hospitalizado desde o dia 8 com
uma infecção pulmonar. Segundo
um familiar, o ex-Presidente já não
consegue respirar por si próprio.
“Sim, ele está a usar uma máquina
para respirar”, admitiu à AFP,na
quarta-feira à noite, Napilisi Man-dela, meio-irmão de Nelson. “É
mau, mas nada podemos fazer”,
acrescentou o familiar.
De acordo com um comunicado da presidência sul-africana divulgado
pouco antes, o ícone da luta contra o apartheid “está ainda numa situação
crítica”. A nota refere que Zuma “foi informado pelos médicos, que estão a
fazer tudo o que podem para assegurar o bem-estar de Madiba [nome por
que Mandela é também conhecido]”.
O Presidente sul-africano tinha programada uma visita a Maputo, onde iria
participar numa cimeira sobre investimento em infra-estruturas na SADC.
Já nesta quinta-feira, uma das netas disse aos jornalistas concentrados à
porta do hospital que Mandela “está estável” e a sua filha mais velha asse-gurou que o pai se mantém consciente. “Não vou mentir, a situação não é
boa. Mas posso dizer que quando falamos com ele, ele reage e tenta abrir os
olhos. Ele continua connosco”, assegurou Makaziwe.
A África do Sul está aos poucos a preparar-se para a morte de Mandela,
que tem 94 anos. Relatos dão conta de que a família esteve reunida nesta
terça-feira para tomar decisões sobre o funeral, mas não conseguiu chegar a
uma conclusão. Em torno do Mediclinic Heart Hospital, em Pretória, con-centrou-se uma multidão da vez maior de jornalistas e muitos sul-africanos
continuam a acorrer ao local para acender velas, rezar, fazendo crescer uma
espécie de memorial, com cartazes e fotografias.
O estado de saúde de Mandela agravou-se no domingo e o internamento,
que dura há 18 dias, é o quarto desde Dezembro
É
a primeira visita pelo conti-nente desde que foi eleito Pre-sidente. Deslocação ensom-brada pela saúde de Mandela.
É uma viagem emblemática e que
África esperava desde que Bara-ck Obama foi eleito, em 2008, mas
que começa ensombrada pelo estado
crítico em que se encontra Nelson
Mandela. Nas três escalas, no Sene-gal, África do Sul e Tanzânia, o Pre-sidente norte-americano vai falar de
democracia e desenvolvimento, mas
chega ao continente com poucas ar-mas para contrariar a posição domi-nante conseguida nos últimos anos
pela China.
Muito mudou desde a breve visita
de Obama ao Gana, há quatro anos,
quando um continente inteiro bebeu
as palavras do primeiro Presidente
negro dos EUA: “O sangue de Áfri-ca corre nas minhas veias, a história
da minha família integra por igual
as tragédias e os triunfos da história
maior de África”, disse, numa home-nagem também ao pai, de nacionali-dade queniana. A euforia que acom-panhou essa breve visita esmoreceu
- África foi sendo relegada na agenda
de um Presidente ocupado com a cri-Obama em África
se económica, as Primaveras Árabes,
os assuntos internos - e dificilmente
se repetirá, apesar do entusiasmo dos
países que foram incluídos na primei-ra viagem de Obama pelo continente.
O Senegal é a primeira paragem de
Presidente norte-americano, com
uma visita à ilha de Gorée e aos edi-fícios onde os cativos africanos eram
mantidos à espera de serem manda-dos para a escravatura na América.
Uma visita simbólica, sublinhando
um pedaço comum da história dos
dois continentes, mas com a escolha
do Senegal a Casa Branca pretende
enviar outra mensagem aos africanos.
O país “é uma das raras ilhas de de-mocracia na África francófona face a
uma tormenta de golpes de Estado
e ditaduras e isso foi determinante”,
explicou um diplomata ouvido pela
Radio France Internationale.
África do Sul e Tanzânia são as eta-pas seguintes de um percurso durante
o qual se espera que Obama insista
na ideia forte que levou em 2009 ao
Gana, a de que os africanos “não pre-cisam de homens fortes, mas de insti-tuições fortes”.
A promessa de investimentos ame-ricanos no continente fará parte da
agenda, mas não se espera que Oba-ma apresente iniciativas com a di-mensão das que foram lançadas pelos
seus antecessores: Bill Clinton, que
visitou várias vezes o continente, fez
aprovar uma “lei sobre o crescimen-to de África”, eliminando as barrei-ras comerciais sobre mais de seis mil
produtos de 35 países africanos; Ge-orge W. Bush aproveitou uma deslo-cação em 2003 para lançar um plano
de cooperação na luta contra a sida,
recordou a France 24.
Com a crise no Ocidente, é da Chi-na que parte hoje grande parte do
investimento - em infra-estruturas,
mas também nos sectores das minas
e do petróleo - de que África preci-sa e que, desde 2009, faz de Pequim
o principal parceiro económico do
continente. Mas os EUA não querem
ficar de fora da corrida pelas oportu-nidades económicas e pelas matérias--primas africanas e a visita de Obama
pretende mostrar isso mesmo. “África
é um continente onde temos de estar
presentes e ficamos felizes de poder
enviar, no início deste segundo man-dato, uma mensagem muito forte do
profundo compromisso americano”,
disse à AFP Ben Rhodes, o conse-lheiro diplomático de Obama.
Todos os planos podem, no entanto,
desmoronar-se se surgirem más notí-cias de Pretória, onde o ex-Presidente
sul-africano está hospitalizado em
estado crítico. Mesmo que ele não
morra, a situação clínica de Mandela
ensombrará a passagem pela África
do Sul, onde Obama é esperado no
sábado para uma visita que incluiria
Robben Island, a ilha que foi prisão
do Nobel da Paz. O Governo sul--africano disse apenas que Obama
não deverá visitar Mandela - com
quem se encontrou uma única vez,
quando era ainda um jovem senador.
A ensombrar a visita também o de-sagrado do Quénia por não ter sido
incluído no périplo - uma decisão
que se deve ao facto de o recém-eleito
Presidente Uhuru Kenyatta ter sido
acusado de crimes contra a humani-dade pelo Tribunal Penal Internacio-nal por causa da violência étnica que
se seguiu às eleições de 2007 - e as
notícias sobre os custos da viagem
que, segundo o Washington Post, se
situam entre os 60 e os cem milhões
de dólares
(Público.pt)
O
jornalista recusou as acusa-ções e disse que homem é que
”insistiu” para participar no
directo, mas acabou por ser
despedido
Um jornalista está a causar polémica
em todo o mundo por ter feito um
directo numa das zonas da Índia mais
afectadas pelas cheias sentado nos
ombros de uma vítima local. Narayan
Pargaien é acusado de falta de pro-fissionalismo e de direitos humanos
e acabou por ser despedido pelo seu
acto. “O que ele fez foi muito desu-mano”, disse o responsável pelo canal
News Express, Nishant Chaturvedi.
“Não se pode subir aos ombros de al-guém para cobrir uma história. Des-pedimo-lo na terça-feira”, sublinhou.
“Ele enviou-nos o vídeo. Ficámos
chocados ao vê-lo sentado nos om-bros do pobre homem. Temos que ser
parte do povo, e não andar sobre ele”,
acrescentou Chaturvedi.
O jornalista, que tem 20 anos de ex-periência, já veio a público negar as
acusações dizendo que o indiano é
que insistiu para participar no direc-to porque “nunca tinha conhecido
ninguém tão importante” como o
repórter.
O vídeo foi partilhado no YouTube
no início deste mês e as críticas mul-tiplicaram-se com muitos a referirem
que a filmagem é “uma desgraça para
o jornalismo”.
Cheias na Índia
Repórter faz directo sentado nos ombros da vítima
Zuma cancela viagem
depois de visitar Mandela
-Filha assegura que ex-Presidente se mantém conscien-te, apesar de estar a respirar com ajuda de máquina.
9 Savana 28-06-2013
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10 Savana 28-06-2013
O
s poderes esqueceram os
sacrifícios da guerra pela
independência. Têm me-mória curta em relação à
guerra civil. Dezenas de milhares
de mortes, milhões de deslocados
e refugiados de guerra, fome, sofri-mentos, crise económica, destrui-ção de infra-estruturas, desarticula-ção dos tecidos sociais e familiares,
colapso no funcionamento da eco-nomia, etc., parece que não foram
suficientes para se aprender o valor
da paz. Não importa aqui referir as
motivações, das partes envolvidas
para o início e manutenção das
guerras.
Simulações manipulatórias de
intenções de negociações multi-plicaram-se nos últimos tempos.
Pode-se deduzir que nenhuma das
partes estava interessada em algum
acordo naquelas mesas de negocia-ções. As verdadeiras conversações
parecem terem outras agendas e
outros negociadores. Os assuntos
agendados para a mesa das conver-sações “oficiais”, não são a causa da
subida dos tons discursivos e epi-sódios de conflitualidade social e
armada.
O discurso patético e falso de Mo-çambique como um país de paz e
com estabilidade económica cai por
terra. As máscaras que pretendiam
legitimar políticas económicas er-radas de Bretton Woods seguidas
subservientemente por elites locais
mostram de forma crua as suas
faces: mais pobreza, maior depen-dência externa, agravamento das
desigualdades sociais, exclusão so-cial, crise alimentar, corrupção, sel-vajaria económica, perda de valores
éticos de coesão social, riqueza con-centrada, predadorismo de recursos
naturais, discursos ofensivos para
com os cidadãos por parte de mem-bros do governo. Concentração do
poder, perdas de democraticidade
e desinformação oficial militante-mente desenvergonhada.
O exemplo de um país de sucesso
de estabilidade em África desmo-rona-se. A PAZ sem paz parece
ter chegado ao fim. Fortes indícios
indicam o início de uma nova guer-ra. Acontecimentos de Nampula
e Muxúnguè, o ataque ao paiol de
Savane, na Estrada Nacional Nº1,
combates da Gorongosa, movi-mentações militares, incluindo, ao
que se diz, de forças externas, dis-cursos belicistas de ambas as par-tes, fundamentam o galopar para
um possível novo conflito armado.
No âmbito geral, multiplicam-se
manifestações de instabilidade so-cial com diferentes manifestações,
greves e discursos radicalizados. As
organizações da sociedade civil cla-mam por PAZ em paz que ambas
as partes não ouvem. A população
Da PAZ sem paz para a PAZ em paz.
O fim às máscaras
não quer a guerra. Sobre ela recairá
o fundamental dos sacrifícios: mor-tes, mais pobreza, fome, desloca-ções forçadas, acantonamentos de
refugiados e deslocados do conflito
etc.
Quais as motivações deste novo
eventual conflito? Sem dúvida, a
riqueza do país e a ambição das
elites pela acumulação, corrom-pendo-se. Não muito diferente dos
exemplos de uma África roubada,
também pelas elites locais, que tão
bem aplicam os ensinamentos do
capitalismo e fascismo colonial. Os
ideais de Amílcar Cabral, Eduar-do Mondlane, Kwame Nkrumah,
Moise Tshombe, Nelson Mandela,
Samora Machel, cada um com as
suas virtudes e defeitos, mas prin-cipalmente com os ideários de uma
África independente, justa e de-senvolvida, foram capturados por
elites minoritárias medíocres poli-ticamente, tecnicamente incompe-tentes e eticamente corruptas, que
assaltaram o poder para, em nome
do povos, dele satisfazerem os seus
mesquinhos interesses. A história
não os absolverá. A história será
feita pelas novas gerações. O en-gano acabará. O título de um texto
que circula na internet diz sensivel-mente: África deve libertar-se dos
seus libertadores.
Nada justifica a guerra. Nem de
quem a inicia com o primeiro tiro,
nem de quem não tem estatura de
Estado para evitar esse primeiro
tiro, nem dos que não foram ca-pazes de a evitar, não obstante os
fortes indícios dessa possibilidade.
Excepto se as partes encontrarem
imediatamente elementos de com-promisso por em cima de interesses
individuais, de grupos, de partidos
ou de caprichos e maus-feitios. Não
há discursos justificativos ou acusa-tórios que fundamentem alguma
guerra. E parece que se está nessa
retórica barata.
É preciso ter cuidado com os erros
de cálculo. Nada indica que, porque
não existam países para uma reta-guarda de logística ou de forneci-mento oficial de armamento, que
a guerra não possa acontecer. Há
múltiplos negócios de armamento
e os vizinhos nem sempre são o que
parecem ou, também nelas existem
forças não hegemónicas. Soluções
do tipo Savimbi não são replicáveis
em Moçambique. A Frelimo não é
o MPLA, o exército angolano não
é o moçambicano a Renamo não é
a Unita nem Dhlakama é Savimbi.
A sociedade moçambicana de 2013
não é a sociedade angolana dos
princípios deste século. O capital
internacional não parece tão certo
que Guebuza seja indefinidamen-te o parceiro de que necessitam. A
política e diplomacia internacional
possuem crescentes reservas relati-vamente ao poder de Maputo. Resta
saber até que ponto as multinacio-nais e os respectivos países poderão
influenciar (ou forçar) uma solução
imediata do iminente conflito. Não
é certo que o poder seja monolítico
e muito menos quando a sua repro-dução esteja em perigo. Existem
evidentes sinais da existência de
opiniões diferentes e não propria-mente apenas no que se poderia en-quadrar no contexto de pluralidade
democrática. Há diferenças ideoló-gicas, de políticas e da forma como
a governação actua. A sociedade de
hoje não é aquela de há uma déca-da. O país não é tão “robusto” como
a propaganda pretende demonstrar.
As recentes cheias, os seus efeitos e
a capacidade de resposta na repa-ração dos danos causados, a avaria
eléctrica na EDM, os cortes siste-máticos do transporte de energia de
Cahora Bassa, testam a fragilidade
da capacidade organizacional e das
instituições. O recenseamento para
as eleições revela debilidades orga-nizativas, excepto se forem propo-sitadas. Em resumo, são evidentes
as fortes fraquezas em que assenta
o tal crescimento robusto, a estabi-lidade económica e a paz em Mo-çambique.
Qualquer que seja a solução pon-tual, as soluções duradouras terão
de ser internas. E estas passam
necessariamente por alterações
profundas de políticas económi-cas e sociais, pela democratização
efectiva e o fim do autoritarismo
e da arrogância, pela governação
transparente e pelo combate efi-caz contra a corrupção, pelo fim da
promiscuidade entre política e ne-gócios, por uma melhor distribui-ção das oportunidades, por mais e
melhores serviços aos cidadãos, por
maior respeito pelos cidadãos e dos
direitos humanos.
O amanhã não deverá ser mais
idêntico ao passado. Mesmo que
desejavelmente não exista agrava-mento e prolongamento da situa-ção actual de conflito, muita coisa
deverá mudar. O primeiro seria o
João Mosca
governo. Uma remodelação pro-funda até ao nível das províncias e
distritos para uma governação de
unidade nacional com governantes
de reconhecido mérito, competên-cia e integridade ética e moral. A
despartidarização do Aparelho de
Estado e das forças de defesa e se-gurança. A realização de eleições
antecipadas. Só assim a paz sem
paz existente até há dias poderá ser
substituída por uma paz em paz.
A voz popular veiculada pelos ór-gãos de informação é sábia: “o país
é rico, eles não podem comer tudo
sozinho, é necessário distribuir o
bolo” e acrescenta a voz do povo: “o
governo tem de se sentar com a Re-namo e resolver a situação”. Agora,
quem fala ou escreve, não são os
apóstolos da desgraça, os anti pa-triotas, os distraídos e os que não
querem o desenvolvimento. Agora
é o tempo do governo mostrar ser
patriota, atento e revelar que quer
o desenvolvimento equitativo e que
beneficie o povo. Escrever mais
para quê?
11 Savana 28-06-2013
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12 Savana 28-06-2013
SOCIEDADE
T
al como as últimas duas ron-das negociais entre o Go-verno e a Renamo, a sétima,
realizada na última segunda--feira, terminou sem consensos en-tre as partes.
Nesta ronda, o problema não foi em
torno da entidade que deverá re-meter a proposta de revisão da Lei
Eleitoral à Assembleia da República
(AR). A Renamo já aceitou assumir
essa responsabilidade, mas a equi-pa do governo não aceitou adoptar
totalmente o documento proposto
pela sua contraparte.
De acordo com José Pacheco, Mi-nistro da Agricultura e chefe da de-legação do governo, os pontos apre-sentados pela delegação da Renamo
em torno da legislação eleitoral “são
claros, relevantes, pertinentes, opor-tunos e urgentes”.
Contudo, Pacheco sugere que dada
a sua natureza, e em observância ao
princípio da separação de poderes e
à Constituição da República, deve
ser a Renamo a submeter o docu-mento à Assembleia da República.
Pacheco refere que o facto de ter que
ser a Renamo a submeter a proposta
não impede que o Governo também
o possa fazer usando os canais que
tem para o efeito.
Segundo ele, na sétima ronda a de-legação da Renamo trazia na sua
agenda seis pontos. Destes, o Go-verno adoptou quatro e uma alínea
de um dos pontos.
Sendo que houve divergências quan-to ao segundo ponto que estabelece
que as partes acordaram em adoptar
os pontos sobre os princípios de le-gislação eleitoral apresentados pela
Renamo e submetê-los à AR para
serem transformados em lei.
O segundo ponto de discórdia diz
respeito à proposta da Renamo de
re-calendarização do actual ciclo
eleitoral.
No entender de Pacheco, a Renamo
pretende que no diálogo em curso
haja um comando para ordenar a
Assembleia da República a aceitar
tudo o que a sua delegação traz. Tal
não será possível, sublinhou Pache-co, devido à necessidade de obser-vância do princípio da separação de
poderes.
Acrescentou que dentro do mesmo
quadro, as questões relativas à reca-lindarização do ciclo eleitoral deve-rão ser apresentadas aos respectivos
órgãos eleitorais.
O chefe da delegação da Renamo,
Saimone Macuiane, diz que, dife-rentemente das anteriores vezes, a
sua equipa já assumiu a responsabi-lidade de remeter o documento ao
órgão legislativo. Mas antes de mais
deve haver um acordo político que
vincule as partes ao documento para
garantir o sucesso do trabalho.
Segundo Macuiane, o consenso
falhou quanto ao conteúdo da pro-posta a ser submetida à AR, porque
para se chegar a este ponto é preciso
que o documento seja adoptado na
totalidade pelas duas delegações e
se torne num produto daquelas ne-gociações.
Mais ainda destacou que a Renamo
pretende que este diálogo tenha um
resultado positivo que permita a re-alização de eleições livres, justas e
Diálogo Governo Renamo a passo de camaleão
Por Argunaldo Nhampossa
transparentes. Assim, tudo será fei-to para o alcance deste lema e não
vão avançar para os pontos subse-quentes da agenda antes de esgotar
o primeiro.
É preciso paciência
O Chefe de Estado Moçambicano,
Armando Guebuza, disse no âmbito
das comemorações dos 38 anos de
independência nacional, que é preci-so que o povo tenha paciência para
o alcance dos resultados nas nego-ciações entre as duas alas.
“Eu próprio estive dois anos em
Roma e tive paciência por isso tudo
o povo deve compreender que não
se está a tratar de alguém que age
como nós gostaríamos que agisse.
Age matando pessoas e população
civil, já devem imaginar como é
complexo negociar com pessoas que
têm este espírito”, disse Guebuza.
Acomodar a Renamo
O cientista político e docente unive-ristário, José Jaime Macuana, aponta
que o Governo está a fazer um jogo
político para queimar tempo, mas
no fim das contas vai ceder à pres-são e acomodar a Renamo nos actos
eleitorais tal como acontenceu com
a constituição da bancada parla-mentar do Movimento Democratí-co de Moçambique (MDM).
Na percepção Macuana, o diálogo
entre as duas delegações deve ter
como objectivo principal a acomo-dação da Renamo nos órgãos elei-torais e a resolução do diferendo em
torno das forças de defesa e segu-rança, facto que está a colocar o país
num clima de tensão.
O mesmo aponta que seria de la-mentar não ter este partido nos pró-ximos pleitos eleitorais, e o próprio
partido Frelimo não se sentiria con-fortável.
Macuana refere que não acha cor-recto que as duas equipas estejam a
debater assuntos de agenda nacio-nal, como é caso das questões eco-nómicas e despartidarização do Es-tado, pontos subsequentes ao pacote
eleitoral. Isto porque nos restantes
pontos a sociedade civil é também
parte interessada do assunto. Deste
modo, apela às duas delegações para
agendarem estes dois temas na revi-são da agenda 20-25, onde os assun-tos serão discutidos sem o espírito
partidário, por muito especialistas e
não apenas por dois grupos.
António Gaspar, também docente
universtário e especialista em ges-tão de conflitos, disse que é legítimo
que o povo exija resultados imedia-tos nas negociações, mas é preciso
notar que a demora dos mesmos e
sucessivos impasses visa com que o
conteúdo dos acordos rubricados
não deixe dúvidas.
Para Gaspar, qualquer acordo mal
redigido pode gerar problemas na
sua implementação, por isso tudo
deve ser discutido ao detalhe.
Mais ainda, esclareceu que, apesar
dos impasses que se verificam no
diálogo, é preciso notar que há ligei-ros avanços em cada encontro e não
podemos afirmar que o trabalho não
está a surtir efeitos desejados.
O mesmo referiu também que cons-titui um contrasenso por parte da
Renamo, em pretender negociar e
ao mesmo tempo recorrer ao uso
da força para imposição das suas
ideias. Nas negociações deve ha-ver um espírito de cedência mútua
e não imposição de tudo o quanto
uma delegação traz. Por isso apela
aos envolvidos para que tomem em
consideração estes aspectos, para o
alcance de resultados satisfatórios
que garantam a paz e estabilidade
no país.
N
o âmbito do diálogo
entre o Governo da
República de Moçam-bique e a Renamo sobre
os pontos constantes na agenda
do referido dialogo, foi até a
data debatido o primeiro pon-to relativo a Legislação Eleito-ral. Com efeito, movidos pelos
superiores interesses do Povo
moçambicano, nomeadamente a
manutenção da Paz, Justiça So-cial, Democracia e realização de
Eleições livres, justas e transpa-rentes, assim:
I. As partes chegaram a consen-so de que os pontos apresenta-dos pela Delegação da
RENAMO, relativamente a le-gislação eleitoral são relevantes,
pertinentes, oportunos
e urgentes.
Il. As partes acordam em adop-tar os pontos sobre os princípios
de Legislação Eleitoral apresen-tados pela Renamo e submetê--los à Assembleia da República
para serem transformados em
lei, devidamente articulado.
(Não consensual)
Ill. Para a execução do ponto 11,
as partes acordam:
a)Propor o seu agendamento
para a próxima sessão extraordi-nária da Assembleia da
República, no prazo de 10 dias a
contar da data de assinatura do
presente acordo.
b) Recalendarização do actual
ciclo eleitoral. (Não consensu-al)
IV. As partes acordam que a
actividade política ou partidá-ria não deve ser alvo de inter-ferência, intimidação ou coação
de espécie alguma, movida por
qualquer autoridade singular ou
colectiva.
V. As partes acordam que o Go-verno tendo registado os pontos
sobre os princípios de legislação
Pontos do pacote eleitoral em debate
eleitoral, apresentados pela Renamo,
compromete-se em trabalhar tec-nicamente nos fóruns apropriados,
sempre que, para o efeito, for soli-citado.
VI. Dada a sua natureza, as partes
acordam em remeter à Assembleia
da Republica para
efeitos de serem transformados em
lei, na seguinte ordem:
1. Princípios gerais:
a) Liberdade de imprensa e de aces-so aos meios de comunicação;
b) Liberdade de associação, expres-são e de propaganda política;
c) Não exigência do atestado de re-sidência nas candidaturas às elei-ções, por morada dos eleitores/
candidatos constar do cartão de
eleitor.
2. Comissão Nacional de Eleições:
a) Uma Comissão Nacional de
Eleições designada em respeito
ao princípio da PARIDADE
entre a Renamo e a Frelimo, sem
prejuízo do consenso alcançado
entre as bancadas da Frelimo e
do MDM;
b) Comissão Nacional de Eleições
em cujas sessões plenárias assis-tem, querendo, representantes ou
mandatários de partidos políti-cos;
c) Comissão Nacional de Eleições
com poder regulamentar apenas
no âmbito das competências
atribuídas pela lei;
d) Comissão Nacional de Eleições
impedida de exigir requisitos ou
documentos para além dos pre-vistos na lei;
e) Replicar o formato da CNE a
todos os seus órgãos de apoio,
designadamente Comissões de
Eleições Provinciais, Distritais
e de Cidade, com as necessárias
adaptações.
3. Secretariado Técnico de Admi-nistração Eleitoral:
a) STAE dirigido por um Direc-tor Geral e um Director Geral
Adjunto que superintende as
Direcções Nacionais, designados
por consenso entre a Renamo e a
Frelimo;
b) STAE onde o seu quadro de
pessoal para além dos recruta-dos mediante concurso público,
integra pessoal proveniente dos
partidos políticos e coligações
de partidos, com assentos na As-sembleia da República, designa-dos por PARIDADE;
c) Replicar o formato da alínea an-terior, ao STAE Provincial, Dis-trital ou de Cidade e no processo
de criação de brigadas de recen-seamento e nas mesas de votos.
4. Recenseamento Eleitoral:
a) Os locais de recenseamentos de-vem ser institucionalizados e fi-xos;
b) O cartão de eleitor deve servir de
prova plena de todos os elemen-tos nele contidos nomeadamen-te, a morada ou residência.
5. Campanha eleitoral:
R5 ,)# #éã)5 5*/ &# # 5 5 '-panha eleitoral fora do tempo da
antena a fim de salvaguardar o
princípio de igualdade entre os
concorrentes que apenas devem
usar o tempo de antena distribuí-do pelos órgãos eleitorais.
6. Assembleia de voto:
a) 50 Dias antes das eleições, có-pias dos cadernos eleitorais são
entregues, contra recibo, a todos
os concorrentes às eleições, com
o objectivo de imprimir maior
transparência à votação;
b) Membros da mesa de votação de-signados por paridade, de modo a
que em cada mesa de voto sejam
integrados cidadãos propostos
por partidos.
7. Fiscais/Delegados de candidatu-ra:
a) Os fiscais/delegados de candida-tura são indicados e credenciados
pelos partidos políticos;
b) Proibição de prender membros
da assembleia de voto, delegado
de candidatura ou fiscal de
qualquer partido político ou
coligação de partidos.
8. Apresentação de candidatura:
R5 -5 &#-. -5 5 ( # ./, -5 5
Deputado da Assembleia da
República, Membro das As-sembleias Provinciais e Mu-nicipais e para Presidente de
Município, devem ser recebi-das pela CNE, contra recibo
detalhado do que se recebe,
que não as poderá recusar,
devendo notificar os parti-dos/concorrentes às eleições
para suprir irregularidades de
qualquer natureza.
9. Votação:
R5 -5 & ! )-5 5 ( # ./, 5
devem ficar junto à mesa de
votação para melhor exercer
os seus direitos;
10. Boletins de voto:
R5 ã)5 *) '5 - ,5 *,) /4# )-5
em número superior ao dos
eleitores inscritos em cada
caderno eleitoral, com o ob-jectivo de evitar que os bole-tins que sobram possam ser
usados de forma ilícita;
11. Contagem de votos:
R5 5 )(. ! '5 5 */, ' (.)5
parcial dos votos são presen-ciados, em cada mesa, por re-presentantes dos concorren-tes às eleições, para conferir
maior transparência ao pro-cesso eleitoral;
12. Contencioso eleitoral:
a) O contencioso eleitoral passa
a ser dirimido pelos tribunais
eleitorais;
b) Introduz-se a figura de recon-tagem de votos com a finali-dade de resolver os conflitos
eleitorais, reverificando os
boletins de votos das mesas
cujos resultados forem postos
em causa ou duvidosos.
13 Savana 28-06-2013
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14
Savana 28-06-2013
NO CENTRO D
U
m novo disco na forja,
agendado para o fim do
ano, foi o pretexto que o
SAVANA arranjou para
esta longa conversa com
o compositor José Mucavele, que já
não gravava desde 1996. Falámos de
muita coisa….
A infância….
Nasci no Chibuto em 1950 quinto
filho de uma família de nove irmãos.
O meu avô materno quando a minha
mãe estava grávida de três meses tra-çou-me o destino : este, minha Filha,
vai nascer rapaz e vai ser um rapaz
especial.
Apesar da profecia, a nossa infância
foi conturbada. Os meus irmãos mais
velhos levaram-me com eles quando
fugiram de casa para evitar os maus
tratos de uma madrasta, poderosa
curandeira. Refugiámo-nos no quar-tel português do Chibuto onde eu,
miúdo pequeno, já tocava gaita de
beiços “…até hoje ainda toco viras
numa gaita. Desafio qualquer um..”.
Aos 12 anos fui estudar para a Mis-são de Chibuto onde aprendi solfejo
e canto gregoriano com os padres
portugueses .Pouca gente sabe, mas
naquela época, a Igreja do Chibuto
tinha um conjunto de 12 sinos na
sua torre lateral, único em Moçambi-que. Tocavam-se num teclado. Aqui-lo fascinava-me.
Assim, tive a sorte de ter tido du-rante aquele período, uma educação
musical mais teórica, digamos, o que
me ajudou mesmo muito a tocar e
a entender as escalas daquela violas
de lata de quatro cordas e de outros
instrumentos tradicionais que se ou-viam.
Aliás, a maioria dos músicos deste
País, oriundos das zonas rurais, co-meçaram com as violas de lata.
L.Marques – a última década do
período colonial e a música começa
….
Foi em 1964 quando os padres qui-seram que eu continuasse os estudos
no Seminário. Já me apercebera que
vida do latim e da abstinência não
eram para mim (risos).Aí decidi ir
viver para Lourenço Marques. Fui
para casa de uns primos e arranjei o
meu primeiro trabalho como pintor
na EPEL, Empresa de Pinturas Pin-to Eliseu.
Ganhava 1000 escudos por mês,
nada mau naquele tempo. Aprendi
com bons Mestres as técnicas e lá
acabei encavalitado em andaimes a
fazer pinturas publicitárias nos pré-dios da cidade, coisa muito na moda
naqueles anos.
Pois…Os tais primos com quem eu
vivia tinham fundado um conjun-to Os Escravos e eu disse-lhes que
queria tocar com eles. Mas havia um
problema : a banda só precisava de
um trompetista .
Acontece que conheci o Marcelo,
trompetista dos Monstros e disse-lhe
que queria aprender a tocar trompe-te. O Marcelo, assim meio divertido
Novo CD de José Mucavele reinventa son
Por Nuno Quadros
Fotos: Naita Ussene
com o meu atrevimento, passou-me
as notas num caderno e emprestou--me um trompete durante um mês.
Com o dinheiro que já tinha juntado
das pinturas, acabei comprando um
trompete e com as luzes de solfejo
que adquirira na Missão, pouco tem-po depois a banda Os Escravos pôde
contar com um trompetista. Eu .
Nunca poderei esquecer a cara de
espanto do Marcelo, quando algum
tempo depois vai a um casamento e
me vê em palco a tocar um trompete
afinadinho com os Escravos. Até me
veio dar os parabéns.
A minha iniciação nos meios mu-sicais daquele tempo foi como
trompetista. Acabei solista em es-pectáculos semanais no Folclore, um
restaurante de luxo com música ao
vivo e que funcionava na antiga Pra-ça de Touros , naquela época.
No início de 70`s, o saudoso Rui
Cartaxana escreveu até na revista
Tempo, que eu era um dos melhores
trompetistas da era colonial. Fiquei
conhecido como o Zé do Trompete.
A viola
Durante todo esse período em que
participei nos espectáculos com os
Escravos, depois de ter aceite o desa-fio do Ricardo Barros para tocar no
Folclore, a solo, comecei a dedicar--me à viola de seis cordas, pratican-do cada vez mais, brincando com
as escalas mas sem grandes pressas
porque eu era fundamentalmente
um trompetista. Essa coisa de viola
e composição eram coisas íntimas,
minhas e que eu ia aperfeiçoando.
Sem pressas…
A PIDE : agarrem-me se pu-derem…
O culpado foi o Ivo Garrido ( risos).
Nessa altura, o Garrido era o pre-sidente da Associação de Estudantes
Universitários e aos fins-de-semana
organizavam-se grandes debates
estudantis e memoráveis sessões de
jazz e de blues ali no Self, como era
conhecida a residência universitária.
Como eu tocava com a banda Con-ceito, acabámos por passar a actuar
lá quase todas as semanas. Aquelas
noites no Self aos fins de semana
enchiam e os PIDES andavam por
lá, naturalmente…E foi numa des-sas rusgas em que vários estudantes
são presos que eu sei através de uma
namorada de um desses bufos, que
eles andavam à minha procura…
Não sabiam o meu nome. Eles que-riam mesmo era apanhar o tal Zé do
Trompete.
Nunca me agarraram. Graças à in-formação dessa amiga, apanhei uma
camioneta para a Beira, onde come-cei a tocar trompete numa famosa
banda local, Os Outros com o Ri-cardo Palma Pinto. Só que as malhas
apertavam-se cada vez mais e tive de
fugir de novo, desta vez, para Que-limane, mas uma semana mais tarde,
venho escondido num camião para
L.Marques e acabo por me refugiar
no Chókwè.
Um pouco de Nanchigwea, de
calaboiço e de estruturas que me
quiseram fumar
Isto passa-se por volta de 73. No
Chókwè, conheço o Paulo Zucula,
o actual ministro dos Transportes e
formámos um grupo. Um belo dia,
quando firmámos um contrato para
tocar no Xai-Xai, sou avisado por
amigos que a Pide estava à minha
espera e, foi então, que decidi ir para
a Tanzania, já em 1974, e acabo em
Nanchigwea, durante o período de
transição. Recebo formação e treino
militar e sou colocado no que é hoje
Ministério do Interior, como Co-mandante Nacional de 2ª Secção, o
equivalente a Comissário de Polícia.
Mas como devo ter feito algum co-mentário indevido, sei que passado
pouco tempo, fui preso e passei nove
meses detido juntamente com um
outro, o Comandante de Trânsito, o
Francisco Alberto, por ordens supe-riores, sem que até hoje tenha sabido
as razões que levaram à minha de-tenção. Mais, eu nunca fui desmobi-lizado ou despromovido nem recebo
salário desde então. Enfim…
Em 1976, sou solto e colocado na
província de Nampula, na Direcção
da Agricultura, e dou comigo a to-mar conta de uma empresa de algo-dão. Eu não percebia nada daquilo,
não recebia salário e como o que eu
queria era trabalhar na minha músi-ca e composição começo a tocar em
Nampula, aos fins-de-semana com
o Chico da Conceição. O Gover-nador, nesse tempo era o Américo
Fumo, manda-me chamar e prega--me uma repreensão, dizendo que eu
era um quadro superior da Frelimo,
um director da Agricultura e que não
podia andar a tocar pelos bares. Res-pondi-lhe que a cultura era uma das
armas da Revolução e que como não
tinha qualquer remuneração como
algodoeiro tinha que tocar para so-breviver. O Fumo ameaçou-me e
prometeu aplicar-me um correctivo,
só que, passados uns dias, o Vedor ,
então Director Nacional da Emi-gração me desafia para eu integrar a
comitiva de Moçambique que ia ao
XI Festival da Juventude em Cuba
em 1978…tudo tratado e saio de
Nampula e venho para Maputo sem
lhe dar nenhuma satisfação. Quando
o Fumo se pôs à minha procura já eu
estava em Havana.
De Cuba com amor e muitas ideias..
Quando volto de Cuba, vinha cheio
de projectos e inicio, por assim di-zer, a minha primeira pesquiza so-bre sons, valores e tradições deste
nosso tão rico universo multicultural,
que é Moçambique. Passo um lon-go período em Nampula a estudar
ritos de iniciação, seus contornos e
sonoridades ( o Governador já ou-tro, felizmente para mim, o Feliciano
Gundana e sua esposa deram-me o
seu total apoio) e, munido de um rico
espólio, venho propôr ao L.Bernardo
Honwana, Ministro da Cultura, a
criação de um centro Cultural/Et-nográfico em Maputo. O Honwana
respondeu-me que não havia fundos
mas incentivou-me a prosseguir e a
continuar o meu trabalho. A verdade
é que até hoje, os políticos deste País
continuam a ignorar a nossa Cultu-ra, em vias de extinção.
Mucavele Vani Tlimba Mikolo 1 –
Wazimbo Nwahuluana 0 –
Tal como o título da canção indica,
eu sentia-me a sufocar naquele tem-po. Não aguentava mais. Compus
Vani…em 1969, a minha primei-ra música, trabalhei a letra com o
Matias Xavier em Nachingwea em
74, para uma peça para a Frelimo,
chamada Resistência Vitória Popu-lar. Eram os tempos da militância
e de mensagem política. O Matias
Xavier tinha uma voz extraordiná-ria e cantava-a de forma superior,
melhor mesmo que Wazimbo, na
sua interpretação Nwahuluana.. O
Matias Xavier era o melhor cantor
que havia em Moçambique. Anos
mais tarde quando fundo o Grupo
RM, com Zeca Tcheco, Pedro Bene,
Alípio Cruz, Zé Guimarães, Sox ,
Wazimbo, esta minha música não foi
aceite e acabou por não ficar nenhum
“Os grandes compositores da nossa música eram o Feleciano Mucambe e Eusébio João
Tamele e muitos outros já desaperecidos. Esses sim, eram compositores e intérpretes”
Savana 28-06-2013 15
DO FURACÃO
noridades tradicionais de Moçambique
registo gravado. O conteúdo da letra,
atacando o colonialismo e a corrup-ção, era tão forte e actual que já feria
susceptibilidades do novo regime em
que se vivia. E acabou por não ser
gravada pelo Grupo RM.
Qual o meu espanto ao saber que o
Wazimbo quando foi gravar o seu
disco na Alemanha, nos Estúdios Pi-ranha, integrara a minha música no
trabalho com uma nova letra, agora
intitulada Nwaluana, e que, vendera
os direitos à Editora , que a reven-deu, por sua vez a Hollywood. Foi
assim que Vani Tlimba/Nwaluana
aparece na trilha sonora do filme de
Sean Penn, The Pledge, realizado em
2001 .Nunca recebi um Metical por
esse abuso.
Um dia, num programa de televisão
alguém questiona o Wazimbo so-bre se a canção seria ou não minha
e aquele responde que esse tal Mu-cavele tem manias, é um invejoso e
outras coisas mais….. Mas verdade
acabou por vir ao de cima. Foi na
TVM, numa edição do Moçambique
em Concerto, em que nos encontrá-mos frente a frente, o Wazimbo e eu.
E ele acabou por reconhecer, que a
música era minha. Está gravado isso.
Pronto e acabe-se aqui com essa his-tória de uma vez por todas.
Governantes e o nosso património
cultural
Interrogo-me muitas vezes sobre
apoios que tem hoje a cultura em
Moçambique...A cultura é a identi-dade de um Povo e como tal, eu acho
que deveria haver mais responsabili-dade dos governantes. A Frelimo de
Samora dizia que a nossa riqueza
cultural era uma das armas do suces-so no processo revolucionário mas
nós agora temos um classe política
incapaz, inculta, hipócrita e que só
pensa em enriquecer. Que não sabe,
não conhece e não se interessa pela
Cultura. Não se aprende nada nas
escolas, o nosso Ensino é uma lásti-ma, as televisões só passam lixo, e do
Ministério da Cultura, bem nem vale
a pena falar.
Há mais cultura que não a música/
Empresas e a mediocridade
Sim, claro. As artes plásticas do Ma-langatana e do Chissano. A arte da
escrita do Mia e da Chiziane. Pouco
mais vejo para além disto. Mas a in-dignação que trago no peito, sufoca--me (Vani Tlimba Mikolo) e porque
a minha área são os sons, e a música,
é sobre ela que quero falar.
E das grandes empresas que só
apoiam projectos medíocres e efé-meros. Indignar-me contra essa nova
música, inclassificável, que se ouve
por aí. Peguemos nas telefónicas, por
exemplo, são as que mais dinheiro
dispõem e só apoiam mediocridade
da dinastia Molwene, que é o que
eu chamo à música desses Zicos,
James, MCs, Stuarts e amigos. Não
vale nada. Proliferam esses director-zinhos, que se acham os donos do
mundo só porque se sentam em bons
gabinetes a receber salário vergonho-sos sem sequer conhecerem o País e
a sua riqueza Cultural. O novo neo--colonialismo no nosso Continente
está a ser feito pela via cultural. Mui-to subtilmente. Ele chega através dos
nossos órgãos de comunicação: rá-dios e televisão. Uma cultura impor-tada e que vai acabando aos poucos
com os nossos valores seculares.
A mediocridade vende ou não?
Esse é um dos problemas. Se esses
todos vivem à sombra dos gabinetes
das 1as Damas etc e depois são, na-turalmente, promovidos pelas rádios
e Tvs, como não haviam de vender??.
Só que tem vida efémera porque são
também rapidamente descartáveis.
Não se lembram do palhaço do MC
a queixar-se do Gebuza à imprensa
porque não tinha sido convidado
para não sei o quê? Coitado.
Nós estamos a matar a nossa cultura.
Vivemos numa sociedade degradada
e sem valores. A nossa identidade
musical é a música tradicional. Não
são os Dilons, nem os Xidimingua-nas, nem os Stuarts nem os palhaços
como os MC s, esses não são nada.
Tocam música ligeira e não repre-sentam em nada a cultura do nosso
Povo. São uns medíocres. Todos eles.
Os grandes compositores da nossa
música eram o Feliciano Mucambe
e Eusébio João Tamele e muitos ou-tros já desaparecidos, esses sim, eram
compositores e intérpretes. Hoje,
são plagiados por todos que agora
são considerados os reis da marra-benta, os reis disto e daquilo.. Não
são reis de nada. Eu próprio, apesar
de me considerar inserido também,
na música ligeira, tenho o cuidado
de introduzir instrumentos e esca-las de música tradicional do país. E
quando digo país, digo do Rovuma
ao Maputo. Em todas as músicas que
componho, procuro colaborar com
músicos e instrumentos que mais
ninguém utiliza.
Stuart?
Desse aí prefiro nem falar e ele sabe
porquê.
Queres ser mais preciso?
Ele sabe do que eu falo. Mas a ver-dade virá ao de cima. Não tem como.
Azagaia?
Rapaz atrevido, pena não ser músi-co. Quando atacas os políticos e eles
ficam com medo, eles tratam-te da
saúde. Ele que se cuide.
Mas se tivesses 20 anos, poderias ser
como ele?
Certamente, mas ele não é músico.
Os músicos neste País ?
O Hortêncio Langa. Grande Músico
e educador. Outros já desaparecidos
como o Eusébio João Tamele, para
mim o melhor compositor que al-guma vez pude ver e ouvir, de lon-ge melhor em todos os aspectos que
Fani Pfumo, o Feliciano Mucambe,
o Daniel Marivathe. Outras raras
excepções, são os Massukos, que são
os meus ídolos, os Eyuphuro e os
Timbila, sendo que estes perderam--se, na minha opinião. E, claro, to-dos os músicos tradicionais anóni-mos espalhados por este país fora,
exímios instrumentistas de timbila,
kanhembe, pankwe, xigovia, Xipen-dane, phiane, umbire, xitilhoti, xi-zhambe, xithembe,etc..O grande
António Fonseca, da Golo, é a pessoa
que melhores e mais raras gravações
tem destes instrumentos e de toda
esta riqueza sonora de Moçambique.
Espero bem, que um dia ele as possa
compartilhar connosco. Tem um es-pólio absolutamente extraordinário.
Zé Mucavele, um disco novo que
está aí mesmo a saír depois de Com-passos em 1996…
É verdade que desde 1996 que não
gravava. Foram muitos anos de es-tudo e pesquisa e de muitas portas
fechadas. Estava difícil mas graças ao
apoio do Rui Fonseca, ex PCA dos
CFM , do Osório Lucas do MPDC
e da Cornelder , este velho projecto,
vai tornar-se possível.
Nome?
Ainda…vão ser 13 canções originais
em que toco guitarra, percussão e
canto. Estou a gravar nos estúdios da
RM e , espero poder ir editá-lo no
exterior. Convidei muitos músicos
tradicionais para participarem neste
disco e logo que fique pronto, por
altura de Novembro, pretendo fazer
uma digressão nacional com todos
eles. E vai ser um conjunto de temas
com que cada moçambicano se vai
poder identificar. Estou certo.
Cantar em português?
Não canto em português porque não
domino a língua portuguesa. Não
consigo adaptar o português às mi-nhas escalas e os meus acordes. Falha
minha.
Como se diz aqui neste jornal, À
Hora do Fecho, Zé, uma frase para
finalizar esta conversa…
Eu só pretendo que este meu novo
trabalho seja um pequeno contributo
para consciencializar quem governa
da urgência de preservar a nossa raíz
cultural e que o exemplo do MPDC
possa estender-se a outras Empresas,
decididas a apoiar a Cultura moçam-bicana. Repito, Cultura moçambica-na. Sempre. Obrigado.
“Nós estamos a matar a nossa cultura. Vivemos numa sociedade degradada e sem valores”
“O novo neocolonialismo no nosso continete está ser feito pela via cultural”
16 Savana 28-06-2013
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Aos 21 de Junho de 2013, na sala de sessões da Associação
Comercial da Beira, reuniram-se a Autoridade Tributária
(AT), os representantes de Agentes transitários, Transpor-tadores, Operadores portuários, Despachantes aduaneiros
e Associação Comercial da Beira, cuja agenda foi a Gestão
dos trânsitos de mercadorias, com uso do sistema da Jane-la Única Electrónica, nos termos regulados pelo Diploma
Ministerial nº 307/2012, de 15 de Novembro, que aprova
DV QRUPDV H SULQFtSLRV HVSHFtÀFRV D VHUHP REVHUYDGRV QR
trânsito de mercadorias.
O encontro foi orientado pelo Exmo. Senhor Presidente da
Autoridade Tributária, Dr. Rosário Fernandes.
No encontro, em debate aberto e participativo, obtiveram--se os seguintes consensos:
A. No domínio de agilização do desembaraço aduaneiro
e facilitação do comércio:
i) Melhoria dos procedimentos aduaneiros, através da
DGRSomR GH PHFDQLVPRV GH VLPSOLÀFDomR H IDFLOLWDomR
nos limites permitidos por lei;
ii) Redução dos tempos de desembaraço, relativamente às
mercadorias, em geral, e trânsitos, em particular, como
forma de minimização dos custos operacionais dos
agentes económicos;
iii) Flexibilização do uso do Termo de Responsabilida-de por parte dos operadores económicos devidamente
registados;
iv) Constituição de um grupo de trabalho, durante as
próximas 48 horas, composto por representantes da
AT, agentes transitários, transportadores, operadores
portuários, despachantes aduaneiros e Associação co-mercial da Beira, que proporá, num período de 15 dias,
dentre outros aspectos:
$ UHYLVmR GD OLVWD GH DUWLJRV D TXH VH UHIHUH R DQH[R , GR
DM 307/12, de 15 de Novembro;
$YDOLDomR GH PHUFDGRULDV VXMHLWDV DR UHJLPH GH GLVSHQ-sa da prestação de garantia; e
2XWURV DVSHFWRV VXVFLWDGRV SHORV SDUWLFLSDQWHV GR HQ-contro.
B. No domínio da aplicação e Reforma legislativa:
i. Cumprimento integral da legislação em vigor aplicá-vel, nomeadamente no DM 307/12, de 15 de Novem-bro, bem como todos os instrumentos legais que regu-lamentam o desembaraço de mercadorias em trânsito,
enquanto não revistos e revogados;
LL 5HDSUHFLDomR GH WRGDV DV VLWXDo}HV LGHQWLÀFDGDV FRPR
constrangimentos à agilização de desembaraço, à faci-litação do comércio e à melhoria do ambiente de negó-cios, que importem emendas à legislação, para efeitos
de proposta de reforma legislativa;
iii. Flexibilização do uso do Termo de Responsabilida-de, por parte dos operadores económicos idóneos de-vidamente registados, sempre que o Termo de Respon-VDELOLGDGH VH DÀJXUDU FRPR RSomR QRV WHUPRV GR Q
do art. 18 do DM 307/2012, de 15 de Novembro, caso a
caso e;
iv. Aplicação textual dos termos dos nº 1 e 2 do artigo 37
do D M 307/2012, de 15 de Novembro, referentes às
disposições transitórias de desembaraço de trânsito
aduaneiros.
C. Sobre os operadores de comércio e trânsito em situa-ção de irregularidades e práticas ilícitas
i. Aplicação do modelo de boas práticas aduaneiras, em
alinhamento com os protocolos da Organização Mun-dial das Alfândegas (Convenção Revista de Kyoto) e da
Organização Mundial do Comércio, que privilegiam o
conceito de Operador Económico Autorizado (OEA);
ii. Desencorajamento do acesso às facilidades aduaneiras
GR &RPpUFLR ,QWHUQDFLRQDO DRV 2SHUDGRUHV GH WUkQVLWR
em situação de irregularidades e práticas ilícitas;
iii) Concessão aos operadores económicos leais, hones-tos e protagonistas do desenvolvimento económico so-FLDO GR 3DtV GH WRGDV iV IDFLOLGDGHV H ÁH[LELOLGDGHV GDV
Alfândegas no conceito do OEA, envolvendo actos de
&RPpUFLR ,QWHUQDFLRQDO HP SDUWLFXODU RV WUkQVLWRV DGX-aneiros.
D. Sobre os documentos anexos ao Comunicado Final
A acta da reunião da avaliação de 5 de Junho de 2013,
envolvendo as Alfândegas, a CTA, e os gestores dos três
principais portos em Moçambique (Maputo, Beira, Naca-la), bem como o DM 307/2012 de 15 de Novembro e res-SHFWLYRV DQH[RV , H ,, H R WH[WR GH &RPXQLFDGR GH ,PSUHQ-sa da AT de 07/06/13, fazem parte integrante do presente
Comunicado Final, estando disponíveis para consulta pe-los interessados, através das delegações provinciais da AT
de todo País e no portal da JUE (www.mcnet.co.mz)
Todos Juntos fazemos Moçambique
Beira, aos 21 de Junho de 2013
5(3Ô%/,&$ '( 02d$0%,48(
Ministério das Finanças
$8725,'$'( 75,%87É5,$ '( 02d$0%,48(
*DELQHWH GH &RPXQLFDomR H ,PDJHP
IMPLICAÇÕES DA JANELA ÚNICA ELECTRÓNICA NA GESTÃO DO
TRÂNSITO ADUANEIRO DE MERCADORIAS
COMUNICADO FINAL
17 Savana 28-06-2013
PUBLICIDADE
18 Savana 28-06-2013
OPINIÃO
Cartoon EDITORIAL
Registado sob número 007/RRA/DNI/93
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*
*
Maputo-República de Moçambique
*
*
O
dia 25 de Junho, que este ano marcou o 38º aniversário da
independência nacional, deveria, em princípio, ter sido um
dia de festa, de celebração da unidade e de renovação da
confiança do povo moçambicano por um futuro melhor.
Mas não foi isso o que aconteceu. Para algumas famílias mo-çambicanas, esta data foi celebrada no meio de luto, e para a
maioria, com uma grave apreensão quanto ao futuro que nos es-pera. De facto, nunca os moçambicanos estiveram tão divididos
e incertos quanto ao seu futuro como o foram neste 25 de Junho.
Nos dias que antecederam a esta efeméride, esfumava-se toda a
esperança de uma nação reencontrada e renovada, com os olhos
postos num futuro de desenvolvimento e de prosperidade, que
nascera a 4 de Outubro de 1992, quando irmãos desavindos
decidiam lançar as armas ao chão e substituiam o rancôr pelo
abraço fraterno.
O Presidente da República minimiza este ambiente de apre-ensão, considerando-o um teste à nossa tenacidade como povo.
Mas para as famílias das nove pessoas mortas nos ataques de
Savane e de Muxúnguè, e dezenas de outras que as precede-ram, não se tratou de apenas um teste. Foi um teste pago com
o sangue dos seus entes queridos, prematuramente levados do
convívio familiar.
A intransigência, intolerância e o ódio voltaram a substituir-se à
racionalidade humana e ao espítrito de abertura que são ingre-dientes fundamentais para que num país prevaleça o ambiente
de paz, que por sua vez é essencial para o desenvolvimento eco-nómico.
De há algum tempo a esta parte, várias vozes levantaram-se para
advertir a quem as quisesse ouvir contra um certo comporta-mento político de exclusão, de intolerância e clientelismo, que
poderia conduzir Moçambique de novo a um clima de guerra.
Infelizmente, essas vozes foram ignoradas, ou, no pior dos casos,
hostilizadas, marginalizadas e rotuladas com uma série de epíte-tos que os caracterizavam como distraídos, tagarelas, apóstolos
da desgraça, etc.
Felizmente podemos identificar a origem do ambiente de ten-são política que se vive actualmente no país. Ele tem origem
na tendência de alguns de se apoderarem de todas as oportu-nidades económicas que o país oferece, de se auto-proclama-rem como sendo os únicos patriotas, e de recusarem partilhar
o poder político com outras forças de reconhecido significado
popular no nosso país, oblívios que estão, quanto ao facto de
que Moçambique é suficientemente grande para nele caberem
todos os moçambicanos.
Partilhar o poder não significa necessariamente a distribuição
de pastas governamentais entre um grupo de partidos políticos.
Partilha-se o poder com uma representação equitativa das várias
forças políticas nacionais na esfera pública; com a liberdade dos
funcionários públicos de se filiarem abertamente aos partidos
políticos em conformidade com as suas convicções ideológicas;
com a liberdade dos partidos políticos de operarem abertamente
em todo o território nacional sem constrangimentos de qual-quer espécie; com a liberdade dos cidadãos de se manifestarem
sem terem que temer quaisquer represálias. Em suma, com um
estado de independência que não se traduza na coartação das
liberdades individuais.
A verdadeira independência é aquela em que ninguém se pode
sentir obrigado a ter que acreditar que a sua condição como ser
humano poderá ter sido melhor durante o período da domina-ção colonial. Quando em jeito de desabafo, cidadãos chegam
à conclusão de que os líderes de hoje são piores que os colonos
do passado.
Podemos nos consolar na crença de que nem tudo está perdido;
de que os homens se podem redimir, e de que ainda há tempo
para uma reflexão séria e profunda, que nos possa desviar do
precipício. Mas esse tempo é agora!
Independência e liberdade
D
e visita de trabalho a al-guns municípios da África
Oriental sou bafejado por
quatro notícias que me pre-ocupam! Aliás, que preocupam a
qualquer moçambicano. Estamos a
falar do assalto ao Chefe do Estado
Maior das Forças Armadas (e con-sequente perda de um computador
e de três pistolas), a perseguição dos
médicos grevistas mesmo depois de
terem parado com a greve, o anún-cio de quase retorno à guerra pela
liderança da Renamo e a continu-ação das avarias propositadas no
recenseamento eleitoral.
A somar a estas inquietações e para
contrastar com a ‘Paz de Kigali’, re-cebo no meu celular a notícia do es-pancamento do meu colega e amigo,
Erias Lukwago, Presidente do Muni-cípio de Kampala à semelhança dos
espancamentos que o actual Primei-ro Ministro do Zimbabwe, Morgan
Tsvanguirai, recebeu há alguns anos.
Estas notícias, que parecem separa-das, parece terem algo em comum - A
escola política de Dar es Salam, onde
tanto Guebuza, Mugabe como Muse-veni beberam a ‘arte da violência’!
Há dois meses reportei neste blog
algo estranho - a realização de uma
conferência de governos locais da
Commonwealth em Kampala, sem
que Erias Lukwago, o Presidente do
Município de Kampala, a cidade an-fitriã, fosse convidado! Como é que
uma organização do calibre da Com-monwealth pode cometer uma ‘gaffe’
destas?
Para perceber os contornos desta
aberração visitei o meu colega, que
explicou em primeira mão o que es-tava a acontecer em Kampala e pelos
vistos não foram precisos mais de dois
meses para que a leitura do meu co-lega se consubstanciasse! Há duas se-manas, também em Kampala, Yoweri
Museveni mandou o seu filho, que é o
chefe das forças especiais, invadir dois
jornais de Kampala (O Monitor e Red
Pepper) mantendo-os encerrados por
mais de duas semanas, alegadamente
por terem publicado uma carta do seu
Chefe de inteligência que se encontra
foragido algures em Londres!
Em casa, noto que definitivamente
Armando Emílio Guebuza inspirado
nas tácticas de Museveni, que tam-bém não quer abdicar do poder (e tem
a sua esposa como ministra) e de Mu-gabe, não quer (também) abdicar do
poder! Para isso vem ensaiando várias
estratégias.
(1) Lançou a esposa no terreno para
testar a sua popularidade no intui-to de emular o modelo (Argentino)
Kisner (esqueceu-se que O Kisner
morreu logo depois da esposa tomar
posse);
(2) Projectou a milionária filha (Mu-seveni tem o seu irmão bem como o
filho bem posicionados na hierarquia
militar) e o testa de ferro no Comité
Central;
(3) Ensaiou um balão de oxigénio
que pomposamente chamou de ‘Re-visão da Constituição’, com o intuito
de tentar forçar um terceiro termo
ou então ensaiar um ‘Modelo Putin’
e para tal colocou Mulémbwè como
bode espiatório;
(4) ‘Provocou’ a Renamo em Muxún-guè;
(5) Mandou prender e espancar o
Secretário Geral da Renamo, com o
intuito de arranjar um pretexto para
uma possível reacção da Renamo que
o possibilitaria declarar um ‘Estado
de emergência’ e assim adiar quer as
autárquicas quer as parlamentares e
presidenciais;
(6) Ensaiou negociações para testar
a possibilidade de um acordo com a
Renamo para instituir um governo de
transição adiando assim sine die as
eleições;
(7) Infiltrou seus sequazes da ONP e
outros da securocracia na CNE e no
STAE;
(8) Nomeou governadores e ministros
de pé descalço e sem medula espinal;
(9) Acantonou no congresso de Pem-ba todos os que ousavam usar seus
cérebros... e;
(10) Expurgou a liderança da ala ju-venil do seu partido abrindo assim
caminho para a sua consagração vita-lícia no comando da Frelimo e quiçá
do país; O que nos preocupa nesta
sequência de eventos não é o ‘baru-lho dos maus’, incluindo Guebuza,
Paúnde, Pacheco e companhia, mas
o silêncio “dos bons” dentro (Mu-lémbwè, Comiche, Katupha, Gami-to, Jorge Rebelo) e fora da Frelimo, a
Sociedade Civil, os Bispos, os Sheiks,
os jornalistas, a Comunidade Interna-cional, os académicos e outros que em
qualquer sociedade sã deveriam no
mínimo, distanciar-se de tais práticas!
Parece que nos esquecemos todos de
que Hitler foi eleito democratica-mente e pouco a pouco foi construin-do um estado monstruoso que acabou
destruindo a Alemanha!
Não menosprezemos a capacida-de destruidora da Escola de Dar Es
Salam desde Guebuza, Museveni,
Mugabe, Zuma e companhia limita-da! Quando pessoas da ‘craveira’ de
Mazula fazem coro a estes atropelos
é porque de facto o doente está em
coma!... e como para bom entendedor
meia palavra basta, ficamos por aqui
lembrando o velho ditado: ‘diga-me
com quem andas que te direi quem
és’!
E mais não disse! Assante Sana!
*Blog de Manuel de Araújo (PRE-SIDENTE DA CÂMARA DE
QUELIMANE/MOÇAMBIQUE
(Membro Sénior do MDM)
De Guebuza a Museveni - os perigos da Escola de
Dar Es Salam para a Democratização de África
19 Savana 28-06-2013
OPINIÃO
carlosserra_maputo@yahoo.com
http://www.oficinadesociologia.blogspot.com
330
Meu ser original
Ivone Soares
O
que se está a passar no
país – espécie de pesa-delo escapado do baú
da guerra de 1976/1992
- coloca frente a frente duas li-nhas.
De um lado, a linha da solução
estatal pura, passando pela de-fesa intransigente das leis e das
regras vigentes nos órgãos de so-berania do país. Aqui estão em
jogo instituições e regras.
De outro lado, a linha da solução
política pura, passando por cima
As duas linhas
das leis e das regras vigentes.
Aqui estão em jogo pessoas jul-gadas providenciais.
Se o problema do Centro do país
se agrava e alastra, provavelmen-te a segunda linha vai prevalecer,
com alguma adaptação elegante
e jurídica da linha estatal para
não parecer que o reinado insti-tucional se perdeu.
Nesse sentido, não é de excluir a
hipótese de figuras de maior re-levo político se sentarem à mesa
das negociações.
E
stive analisando o Código
do Processo Penal (CPP)
e fi-lo tão somente porque
pretendia, dentre outras
coisas, ver as frases de ordem que
orientam os funcionários de justi-ça, os agentes policiais e/ou outras
autoridades a quem a lei confira a
competência de executar notifica-ções. No volumoso código, não as
encontrei, todavia, como me sen-tisse motivada à continuar o estu-do, assim procedi. E agora, o que
será que foi padronizado para que
o Captor, diga antes de «seques-trar»/ prender a pessoa a deter?
No CPP nada achei. Que não me
acusem de não ter auto-estima, de
apreciar o estrangeiro ou as coisas
do estrangeiro, tão menos de ser
anti-nacionalista, ou anti-patrióti-ca. Amo o meu país, Moçambique,
por isso luto para que seja uma
pátria aprazível para os nacionais
Você tem o direito de permanecer calado
e para os “vientes”.
Decidi deixar isso bem claro, por-que vou manifestar minha aprecia-ção pelo «protocolo» adoptado pelas
autoridades Americanas quando vão
prender qualquer cidadão. O agente
destacado para prender um suposto
criminoso, profere as seguintes
palavras:”Lieutenant Soares, LAPD.
You are under arrest.”
“You have the right to remain silent;
anything you say can and probably
will be used against you at your trial.
You have the right to have an attor-ney present during questioning. If
you cannot afford an attorney, one
will be appointed for you.”
“Do you undestand it?” Vejam: Pri-meiro o agente ou a agente policial
identifica-se, e dá a conhecer a força
policial a que pertence. Exemplifi-co: «Tenente Soares, Polícia de Los
Angeles.» O Captor, neste caso, Te-nente Soares continua: «Você está
preso. Você tem o direito de perma-necer calado; tudo o que você disser
pode ser usado contra si no tribunal.
Você tem direito a ter um Advoga-do durante o interrogatório. Se você
não puder pagar um advogado, um
defensor público lhe será indicado.»
Aí, já nas “malhas” das autoridades
policiais, sabendo dos seus direitos,
nos Estados Unidos da América,
esse cidadão é questionado se enten-deu os seus direitos. Curiosamente,
entre nós o costume é bem diferente.
Tornou-se comum, vermos pessoas
serem capturadas em casa, nos bares,
no local de serviço, na via pública, ou
onde quer que seja, e não serem in-formadas do porquê da sua detenção.
Esses capturados, de cidadãos livres,
repentinamente vêem-se num enre-do policial com contornos assusta-dores, agravado muitas vezes a situ-ações de incomunicabilidade com o
seu representante legal, advogado.
É deveras preocupante que cidadãos
sejam encarcerados, sem direito a
conferenciar com um advogado.
Talvez isso aconteça porque não se
prepara o cidadão para conhecer
os seus direitos, não há cultura de
disseminação de Leis nos curricula
secundários nacionais, o que dá azo
para as arbitrariedades cometidas
por alguns homens da Lei.
Imagine, sem que haja legalização
da sua prisão, sem sequer ter noção
do tipo de crime que lhe é imputa-do, se o estimado leitor, do dia para a
noite fosse conduzido para uma cela
minúscula, superlotada, e sem as mí-nimas condições higiénicas. Se fosse
impedido de conferenciar com um
advogado, honestamente falando:
qual seria o seu sentimento? Julgo
que seria de pânico...
Penso ser oportuno avançar-se para
a «educação jurídica» dos cidadãos
em termos básicos. Não estou a su-gerir que todos os moçambicanos se
tornem peritos em Direito, já o são
os advogados. Gostaria que fossem
criados spots publicitários a serem
disseminados nos órgãos de comu-nicação públicos e privados educan-do o cidadão sobre os seus direitos e
sobretudo os seus deveres.
O poder Legislativo e o Executivo
atravês do Ministério da Educa-ção podem, querendo, garantir que
as Leis sejam conhecidas. Isso é
importante porque o facto de um
cidadão ignorar a lei, não pode ser
aceite como justificativa em sede de
tribunal. Estando os cidadãos me-lhor informados sobre o que é lícito
ou não, eles estarão em condiçoes de
respeitá-las, disseminá-las ou negli-genciá-las, em sã consciência.
Por isso, os entendidos em matéria
de Direito deviam, sempre que pos-sível, ajudar aos menos esclarecidos
em JusABC disseminando informa-ção jurídica genérica.
*Comunicóloga, Deputada da As-sembleia da República pela Bancada
da Renamo
P
or razões bem compreen-síveis no jornalismo não
há feriados ou domingos
de se ficar em casa.
Todos os dias são úteis.
De resto, o que acontece nor-malmente, é que nos feriados,
os jornalistas trabalham mais do
que nos dias normais porque têm
que andar atrás dos discursos,
cerimónias, manifestações disto
e daquilo numa correria que faz
com que o dia não tenha 24 horas
mas sim 25.
Seja como for, e isto porque é um
direito conquistado. Na terça--feira desta semana, 25 de Junho
decidi “matar o dia”, levantei-me
relativamente tarde, cumpri o ri-tual de higiene pessoal, pequeno
almoço e saí de calções, camiseta
para ir até ao clube.
No clube cheguei por volta das
11:30 e já lá estava à mesa pouco
O meu 25 de Junho
pessoal que ainda resta da minha
geração.
Isto é, para cima dos 50 anos, como
disse alguém um pouco mais tarde.
Aqui nesta mesa já ninguém renova
o Bilhete de Identidade. Todos te-mos BIs vitalícios.
Posso dizer também que a própria
conversa era vitalícia.
O mote era a falta de cultura que
se manifesta de forma assombrosa
e assustadora entre os nossos ado-lescentes e jovens.
Um falava do facto de que, poucos,
mas muito poucos, entre os nossos
estudantes sejam do nível médio
ou universitário, sabem dizer quem
foi Ngungunhane, Maguiguana ou
Zixaxa para já não falar do próprio
Samora Machel.
Outros lembraram-se de que no
ano passado, foi se fazer uma repor-tagem naquela escola primária que
fica na Karl Marx que na verdade
são duas escolas uma com o
nome de 7 de Setembro e outra
com o nome de Filipe Samuel
Magaia.
É caricato mas a verdade é que
nenhum dos estudantes con-tactados pela rádio ou televisão
soube dizer o que se tinha pas-sado no dia 7 de Setembro e
menos a que 7 de Setembro e
de que ano se estava a fazer re-ferência.
De Filipe Samuel Magaia en-tão disseram as barbaridades
mais horríveis. Como dizia o
madeirense dono da taberna
onde apanhávamos as nossas sa-gradas bebedeiras nas noites de
sexta-feira, quando um de nós já
meio enevoado tentou provocar
perguntando-lhe se conhecia a
Rosa Luxemburgo. O madei-rense respondeu prontamente;
“foi minha vizinha na Madeira”.
C
hegado o final de um dia
com a sinfonia de uma
tempestade, tão tempestade
que até a luz se foi, desligou
a cidade. Tudo escuro, as luzes dos
carros iluminando os passos mo-lhados de quem tem de caminhar.
Chove, os carros e a chuva ao som
ritmado da tempestade entrosam--se com o som das buzinas.
Cheguei ao meu destino eram umas
18h ou 18.30h, um ecran gigante com
alta definição como nunca tinha visto,
e isto depois de nove andares a subir,
com a cidade desligada. A tempesta-de soa lá no fundo. Neste nono andar
consigo ver uma cidade de um lado e
do outro, uma cidade de contrastes.
Para trás vejo uma cidade de cimen-to, cheia de prédios abandonados pela
electricidade, e que se mexem ao rit-mo da tempestade. Para a frente, os
arredores, sem prédios, no meio de
árvores, escuro, como uma floresta sem
fim, uma timbila tocada pelos infinitos
raios da tempestade.
Lá em baixo, debrossando‐me sobre
o ecran, colocado na varanda, vejo as
luzes, brancas e vermelhas, iluminan-As últimas duas horas
Por Tiago Botelho
do uma rua cheia de carros. Vermelho
para lá e branco para cá, são os sentidos
do trânsito (penso comigo), o ritmo da
música, o contraste entre a rua cheia de
luz e os bairros vazios de electricidade.
Mas aqui e agora na confusão das lu-zes, já lá vão 30 minutos e continuo a
ver aquela carrinha, embaciada nos vi-dros, junto à palmeira, no mesmo sítio,
no meio de tantos outros.
Continua ali, marcando o ritmo do
baixo, que em surdina se expande su-bindo até aqui ao 9o andar, e fazen-do cócegas dentro dos meus ouvidos.
Aquele ritmo do coração do trânsito,
de muitos e muitos carros que em con-tinuação insistem em passar todos no
mesmo sítio.
O tempo acompanha a longa e con-tínua sinfonia que continua a acari-ciar este trânsito de final de dia, sem
electricidade em volta, mas molhados.
Chove sem parar, enquanto as luzes se
mantêm paradas, sempre paradas, uma
ou outra se mexe, mas pouco ou nada,
continuando no mesmo lugar, man-tendo a cadência.
Parece que tudo está concentrado
nesta rua. De vez em vez, a música
de fundo da tempestade marca o som
de vultos que caminham sob a chuva,
desmarcando o ritmo do swing. Este
swing de final de dia de verão, ao ritmo
do qual todos querem chegar a casa,
deixar o sol descansar, e amanhã acor-darem com o azul na janela.
20 Savana 28-06-2013
OPINIÃO
A TALHE DE FOICE
SACO AZUL |
Por Luís Guevane
Por Machado da Graça
N
a Bíblia, no Apocalipse, o apósto-lo João prevê a chegada de quatro
terríveis cavaleiros, causadores das
piores desgraças para o ser humano.
Trata-se da Fome, da Peste, da Guerra e da
Morte. E todos estes quatro cavaleiros, gra-ças a quem nos desgoverna, galopam, sem
freio, pelo território moçambicano na altura
em que se celebra o 38º. Aniversário da nossa
independência.
A Fome é representada pela enorme quanti-dade de crianças desnutridas no nosso país.
São cerca de metade de todas as crianças
existentes. O que é uma desgraça terrível se
tivermos em conta as consequências dessa
desnutrição na saúde e no aproveitamento
escolar das próximas gerações.
A Peste surge na forma das doenças mortí-feras que nos afligem: O SIDA, a malária,
a tuberculose e tantas outras. Quase todas
preveníveis e/ou tratáveis se forem atribuidos
meios para isso. Ainda recentemente a greve
dos médicos e outro pessoal da Saúde veio
pôr a nú a situação a que foi reduzido esse
sector primordial da vida nacional: Pessoal
mal pago, falta de medicamentos essenciais,
falta de equipamento médico, mau atendi-mento ao público...etc...etc...
A Guerra, de que, até recentemente, estáva-mos livres, regressou, tenebrosamente, ao
país, que tinha abandonado há duas décadas.
A principal estrada do país cortada e com
circulação condicionada a colunas com pro-tecção militar, os comboios de passageiros e
os da Rio Tinto, na Linha de Sena, paralisa-dos. Mortos e bens destruídos. Gastos pesa-díssimos com a tentativa de manter alguma
segurança. Tudo isso a pesar sobre o futuro
dos moçambicanos. E com o (infelizmente)
Chefe de Estado a dizer que são pequenos
episódios que não significam que o país não
está em paz!!!
E, por fim, a Morte, que resulta das
acções dos três restantes e de mais uma por-ção de razões ligadas à incompetência, à cor-rupção desenfreada e à captura das riquezas
Os quatro cavaleiros
do apocalipse
nacionais por uma pequena camada da elite
politico-económica.
E com esta cavalgada sinistra a
espezinhar a nossa terra, a pergunta é: o que
fazer?
E a resposta não é simples. Em muitos pa-íses a resposta seria: nas próximas eleições
não votes nestes, vota na oposição. Só que,
no nosso caso, o maior partido da oposição é
esse que anda, na estrada, a matar civis ino-centes e a queimar os seus carros. Não creio
que seja uma boa troca...
A outra hipótese é votar no MDM. Mas te-nho a sensação (oxalá me engane) que ainda
não têm máquina suficiente para ganhar o
Poder, em termos absolutos, mas já tem ca-pacidade para vitórias significativas, ao nível
autárquico. E, nas eleições gerais, espero que
consiga reduzir, significativamente, a maio-ria desta gente.
Só que isso não chega para acabar com o
problema. E aí uma possível solução teria de
vir do interior do próprio partido Frelimo.
Isto é, para impedir que o país continue a
ser conduzido para o abismo, e para impedir
que o próprio partido seja destruido, os fre-limistas teriam que se ver livres da sua actual
direcção.
Com Guebuza ao leme, adivinha-se o cho-que com um iceberg maior do que o que
afundou o Titanic.
Será que o partido Frelimo não pode, usan-do a experiência do que fez em vários muni-cípios, pressionar o cidadão Armando Gue-buza a demitir-se dos cargos que ocupa? A
voltar para casa e para os seus gordo$ pato$?
Creio qu o “maravilhoso povo moçambica-no” agradeceria. E que esses agradecimentos
poderiam, até, ter peso eleitoral.
PS – É bom que todos nos vamos recence-ar (eu já o fiz). E que pensemos seriamente
que, se não formos votar ou se votarmos em
branco, ou votos nulos, não vamos alterar
nada, a não ser em termos estatísticos. Os
que mandam irão continuar a mandar.
Pensa bem se é isso que queres...
O
diálogo não deve acomodar os
egoísmos inconfessáveis de uns
em prejuízo de todo um povo.
Pequenos episódios elevam a
consciência do cidadão para a necessida-de de um diálogo que não seja um simples
trocar de palavras mas que se transforme
num ganho político para o povo moçam-bicano. Há necessidade de se dialogar po-liticamente. Entretanto, tanto uns como
outros compatriotas devem antes perceber,
o significado profundo, o espírito de um
diálogo político, sob o risco de falharem
repedidamente.
O suposto diálogo entre o governo e o pesso-al de saúde é ou foi aquele que não deve ser
confundido como diálogo político. Inscreve--se naquilo que pode ser visto como exibição
Valorizar diálogos políticos profícuos.
de qualidade de governação. Por exemplo: a ex-pessão facial exibida pelo porta-voz da Comis-são dos Profissionais de Saúde Unidos (CPSU)
para anunciar a suposta “suspensão” da greve
do pessoal de saúde transparecia claramente
que havia sido produzida por forte intimidação.
Depois de dialogar com as autoridades, deu a
entender que ele havia corrido para a TVM para
anunciar publicamente a “capitulação” dos gre-vistas. Houve ali, provavelmente, um diálogo de
intimidação: um atreve-te e verás.
Nesse sentido, a utilização da televisão pública
para fins pouco claros abre espaço ou inspira
um novo (ou hibernado) debate sobre o papel
da imprensa pública em Moçambique, bem
como os condicionalismos da censura no (des)
tratamento e na (des)promoção da informação
pública. A censura defrauda os contribuintes
ao posicionar-se, conforme as suas vontades e
necessidades, como cega protectora do regime
político vigente. Assim, ao elevar-se crescen-temente a qualidade de governação do País
criam-se condições seguras para que não haja
preocupação na indução de censura na imprensa
pública (e privada). Num ambiente multiparti-dário e de liberdade de expressão e de informa-ção o eleitorado deve sentir e perceber que há
isenção e imparcialidade na imprensa pública,
independentemente desta ser, por tendência,
pró-governamental. Que continue a sê-la. Mas,
entretanto, respeite o ambiente multipartidário
e de Estado de Direito que o País abraçou.
Hoje, mais do que nunca, os nossos políticos,
religiosos, incluindo a sociedade civil, repetiram
e sublinharam vezes sem conta a palavra diá-logo. Entretanto, é preciso passarmos para um
novo estágio: aquele em que o diálogo político,
como tal, efectivamente produza resultados sa-tisfatórios. Entretanto, o diálogo não tem que
ser só entre os políticos, mas também entre
os profissionais dos vários sectores, como por
exemplo, profissionais da imprensa pública e
privada, da saúde pública e privada, profissio-nais da segurança do Estado, entre outros.
Cá entre nós: não podemos continuar a ser
formatados por diálogos improfícuos, aqueles
que não produzem resultados e nem lucros
satisfatórios. Por exemplo: sabia-se perfeita-mente que a sétima ronda negocial entre a
Renamo e a Frelimo (governo) nada produ-ziria de substancial, tal como as anteriores.
Algo tem que mudar. É que continuam a
traumatizar-nos com o Vosso tipo e quali-dade de diálogo! Os cozinheiros destes trau-matismos político-psicossociais devem rever
o tipo de diálogo que se pretende para este
País.
Q
uando os brasileiros querem dizer
que uma investigação não vai dar
em nada, dizem que “tudo acaba em
pizza”. Um dia depois de ter estado
na Praça Taksim, em Istambul, na semana
passada, um turco contou-me que os seus
compatriotas de todo o país estavam a en-comendar pizzas para as enviar para os ma-nifestantes. E que até receberam pizzas que
tinham sido encomendadas no Brasil.
Hoje é justamente esta a pergunta que está
na cabeça dos brasileiros - “Será que tudo
vai acabar em pizza?” - depois do recuo dos
municípios no aumento dos transportes e no
dia em que os jovens prometem levar às ruas
mais de um milhão de pessoas em todo o
país.
O movimento, que está a surpreender os
políticos, os media e analistas, tem algumas
características únicas. Não tem uma lide-rança. É pulverizado e contamina (no bom
sentido). É apartidário. Quando bandeiras
de partidos aparecem no meio dos protestos,
os manifestantes pedem que as retirem. Não
tem uma reivindicação única. A esta altura,
os vinte cêntimos do aumento de transportes
não são claramente a razão que leva os mi-lhares de manifestantes às ruas. O objectivo
não é derrubar o Governo. É pacífico, apesar
de a imprensa mostrar os actos de violência.
São isolados. É um movimento que nasceu
em rede, nas redes sociais, de uma geração
que não conhece o mundo sem Internet. E
não precisa da mediação de políticos nem
jornalistas. Fazem as próprias transmissões
em streaming em directo pela Internet (na
pós TV ).
Há muitas reivindicações nas ruas: contra
a corrupção, os serviços precários de saúde,
educação e transportes, a inflação, o alto
custo de vida, o investimento para fazer o
Mundial e os Jogos Olímpicos. Mas há ain-Será que “tudo vai acabar
em pizza”?
Por Simone Duarte
da, entre os cartazes dos manifestantes, os
contra a PEC 37 - pouco ou nada divulgado
fora do Brasil.
A PEC 37 é uma proposta de emenda cons-titucional ao artigo 37 que retira o poder de
investigação do Ministério Público. Entre
2010 e 2013, o Ministério Público foi res-ponsável por 15 mil acções penais, entre elas,
as de corrupção que envolvem políticos e a
polícia; casos mediáticos como o Mensalão
(que envolveu membros do Governo Lula)
ou o de Paulo Maluf, antigo governador e
presidente da câmara de São Paulo. A vo-tação da proposta que estava marcada para
o início da semana mas foi adiada a pedido
do Governo com receio de que aumentasse
ainda mais a indignação nas ruas.
No país do futebol é inédito que, em dia de
jogo da selecção, o povo vá para a rua pro-testar contra estádios caríssimos. Os jovens
mostram uma lucidez ímpar como vimos no
depoimento da jovem Clarissa Cogo, de 24
anos - os protestos “não vão mudar o país
para a semana que vem, nem para as próxi-mas eleições e, talvez, nem para os próximos
dez anos”. Mas “talvez clarifiquem na mente
da população brasileira o quanto ela é exclu-ída do sistema”.
Estou há 15 anos longe do Brasil e hoje,
confesso, despertei a pensar em pizzas. Na
brasileira e nas da Praça Taksim que em co-mum têm a frustração de uma nova classe
média que surge nestes países de economias
emergentes e que não está a ser atendida nas
suas elevadíssimas aspirações e sonhos. Con-tra os pessimistas que acham que um mo-vimento sem partido, sem liderança única,
jovem, pulverizado, que nasceu na Internet,
não tem pernas para andar, prefiro acreditar
nas palavras da Clarissa e numa geração que
é diferente de nós, mas que talvez encontre
um caminho para que nem “tudo acabe em
pizza”.
21 Savana 28-06-2013
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22 Savana 28-06-2013
DESPORTO
O
técnico principal do Gru-po Desportivo de Maputo,
Artur Semedo, afirmou
numa conversa com o SA-VANA que o nosso país não tem
nenhum projecto com bases bem
estruturadas no futebol tal como
acontece noutras partes do mun-do, sendo os maus resultados que
as selecções e clubes averbam uma
prova inequívoca desse estado de
coisas.
De acordo com Artur Semedo,
enquanto o país não tiver nenhum
projecto futebolístico com bases
bem estruturadas continuaremos
a sofrer derrotas atrás de derrotas,
O país não tem nenhum projecto no futebol
- aÀrma Artur Semedo, técnico do Desportivo de Maputo
Por =aqueu Massala
como aliás já virou moda.
“É preciso lembrar que desde a
independência nacional em 1975
Moçambique é um dos países que
nunca consegue reerguer-se no fu-tebol por falta de uma estrutura só-lida, e como consequência disso os
maus resultados estão à vista”.
“Enquanto não haver um projecto
no futebol moçambicano, sempre
vamos ter maus resultados e a res-ponsabilidade recai sempre para a
própria Federação Moçambicana
de Futebol”, entende Semedo.
Segundo aquele conceituado técni-co, é preciso que as pessoas saibam
promover o futebol moçambicano
como forma de ultrapassar os pés-simos resultados que nos perse-guem .
Questionado sobre o seu posicio-namento em relação as causas do
desaire dos Mambas e a demissão
de Gert Engels, Semedo disse que
a culpa não é do próprio seleccio-nador nacional, mas sim do pró-prio organismo que dirige o fute-bol, a federação moçambicana da
modalidade.
“Eu penso que não foi surpre-sa para ninguém, porque muitos
adeptos vinham lançando um olhar
crítico sobre o trabalho que era de-senvolvido pelo seleccionador, mas
não foi ele o culpado. O problema
é que nós não somos competitivos,
não temos bases estruturais, ou pi-lares básicos para uma boa compe-tição. E na falta destes elementos
torna-se difícil termos um bom
nível de futebol no país”.
Questionado se caso seja convida-do a treinar a selecção nacional os
“Mambas” aceitaria ou não, Artur
Semedo respondeu nos seguintes
modos: “enquanto não haver uma
boa base estrutural no futebol mo-çambicano não vou aceitar, só acei-to quando houver mudanças no
futebol, sem isso não vale a pena
aceitar o convite ”. referiu.
LMF sanciona mais
de 10 jogadores
A
mão dura da Liga Moçambicana de Futebol (LMF) ainda
se faz sentir com cada vez mais musculatura sendo que
mais de 10 jogadores foram penalizados com o pagamen-to de valores que variam dos 50 a 400 meticais por di-versas irregularidades. Muitas dessas penalizações referem-se à 13ª
jornada do Moçambola.
Do Ferroviário de Nampula, a LMF sancionou o jogador Araújo
Nascimento, com pena de um jogo de suspensão e multa de 400
meticais por ter lhe sido exibido o quinto cartão marelo, no jogo da
13ª jornada contra o Chingale.
Também do Chingale e para a retromencionada partida, a LMF
sancionou o atleta José Cumbe, com a pena de multa de 50 meticais
por ter lhe sido exibido, pela primeira vez, o cartão amarelo.
Enquanto isto, a António Chirinda, também do Chingale, coube-
lhe a multa de 100 meticais por ter lhe sido admoestado, pela segun-da vez, o cartão amarelo.
Outros jogadores do Chingale penalizados são: Stélio Teca, com
multa de 200 meticais por ter lhe sido exibido, pela terceira vez, o
cartão amarelo e Charly Ntombo (100 meticais) por ter lhe sido
exibido pela segunda vez o cartão amarelo.
Buana Aiupa, do Desportivo de Nacala, vai pagar 50 meticais pelo
facto de ter lhe sido exibido, pela primeira vez, o cartão amarelo na
partida da 13ª jornada contra o HCB.
Enquanto isto, Paulo Macamo, do Maxaquene, vai pagar uma multa
de 100 meticais por ter lhe sido exibido pela segunda vez o cartão
amarelo na partida da 11ª jornada contra o Ferroviário da Beira.
Do Têxtil do Púnguè foi sancionado o atleta Vando Conceição com
multa de 100 meticais por ter lhe sido exibido pela segunda vez o
cartão amarelo na partida referente à 13ª jornada contra o Estrela
Vermelha.
Outros atletas dos fabris da manga penalizados são: David Mpoya
e Lucas Melo com multa de 50 meticais em face de terem visto os
primeiros cartões amarelos na partida retromencionada.
Sorte diferente teve Costa Nobre , igualmente do Têxtil do Púnguè,
o qual foi sancionado com multa de 300 meticais pelo facto de ter
apanhado o quarto cartão amarelo.
Do Estrela Vermelha da Beira foi punido o atleta Sarmento Nam-burete, com um jogo de supensão e multa de 400 meticais, por ter
lhe sido exibido o quinto cartão amarelo na partida contra o Têxtil
do Púnguè.
A par disto, a LMF decidiu punir o Têxtil do Púnguè com a pena
de advertência e multa de 500 meticais por ausência do delegado da
equipa à reunião técnica. Outrossim, foi punida a mesma colectivi-dade com a pena de 100 meticais por ausência do capitão da equipa
ou seu representante.
Igualmente, uma outra multa, mas desta feita de 500 meticais foi
aplicada aos fabris da Manga por ausência do seu director da equipa
à reunião técnica no jogo contra o Estrela Vermelha da Beira.
P.Mubalo
O
Presidente da Federação
Moçambicana de Bas-quetebol, FMB, Francis-co Mabjaia, disse estarem
criadas as condições para o país
acolher o Afrobasquete agendado
para os dias 20 a 28 de Setembro
próximo.
De acordo com aquele dirigente,
neste momento decorrem os últi-mos retoques dos pavilhões de Ma-xaquene e Estrela Vermelha.
“Posso vos garantir que toda a má-quina já está pronta para o arran-que deste certame, o que falta neste
momento são os últimos acertos do
Pavilhão do Maxaquene”, frisou
Mabjaia.
A prova contará com a participa-ção de 12 selecções a saber, An-gola, Mali, Nigéria, Cabo Verde,
Costa do Marfim, Camarões, Qué-F
undado em Janeiro de 1949
como uma pessoa colectiva
de direito privado de carácter
desportivo, dotada de per-sonalidade jurídica, o Automóvel
e Touring Clube de Moçambique
(ATCM) acaba de lançar um mega
projecto de desenvolvimento do
autódromo, o qual passa pela re-qualificação da actual pista daquele
organismo .
Segundo António Marques, presi-dente daquele organismo, o projec-to está numa fase adiantada, sendo
que se está à espera da decisão da
Por : =aqueu Massala
“Criadas condições
para o Afrobaskete 2013”
-Francisco Mabjaia presidente da FMB.
nia, Zimbabwe, Egipto, Tunísia e
Moçambique. Aliás, na qualidade
de anfitrião o nosso país tem a es-pinhosa missão de vencer a prova
por forma a marcar presença no
Mundial da Turquia, a decorrer em
2014.
Entretanto, Nazir Salé, selecciona-dor nacional, acredita no potencial
das atletas. “Eu sei que vamos de-frontar grandes adversários, mas
não podemos ficar com medo, nós
também somos capazes de vencer o
campeonato como qualquer outro
interveniente”, sublinhou o selec-cionador.
O lançamento oficial do sorteio do
Campeonato Africano de Basque-tebol sénior feminino aconteceu
recentemente em Maputo.
Refira-se que esta será a terceira
vez que Moçambique acolherá o
certame em seniores femininos. A
primeira vez aconteceu em 1986 e
a segunda em 2003.
ATCM lança mega-projecto
do desenvolvimento do autódromo
assembleia municipal depois de
uma apreciação favorável do pró-prio município.
“O arranque das obras vai iniciar
este ano e o conselho municipal
deu - nos algumas recomendações
e estamos a trabalhar nesse assun-to”, afirmou António Marques.
Neste projecto estão salvaguarda-das questões ambientais.
Espera-se que caso as obras se
concretizem segundo o desenhado,
o ATCM possa ter pernas para an-dar sozinho deixando de depender
dos patrocinadores para a realiza-ção das suas inúmeras actividades.
Apurámos, ainda do arquitecto
Zamir Ismael, que a área da pista é
de mais de cinco quilómetros.
Entretanto, mesmo depois da
construção desta infra-estrutura,
o ATCM continuará a manter
vivas as razões da sua existência
consubstanciadas na promoção
do progresso do automobilismo e
desporto motorizado, para além de
contribuir para o desenvolvimen-to do turismo, através de excur-sões, caravanas e outras digressões
(tours).
ArtUr Semedo
Francisco Mabjaia
23 Savana 28-06-2013
DESPORTO
A
rranca neste sábado a
mini copa das confe-derações 2013, evento
organizado pela PROS-PORT e que vai juntar cerca de
oito escolas da cidade de Mapu-to. Os jogos serão realizados no
Centro de Luz da Philips inau-gurado recentemente na Escola
Secundária da Polana.
A Copa das Confederações colo-ca em campo crianças de escolas
públicas e bairros de Maputo, que
irão competir no escalão único de
masculinos sub 13, representando
os países que participam do even-to oficial.
O objectivo é promover o desen-volvimento não apenas do fute-bol, mas de um público que é o
futuro de qualquer nação em to-dos os domínios e em particular
no desporto.
Para além dos atletas provenien-tes de oito escolas, as competições
contarão também com a presença
especial de altas figuras dirigentes
do panorama desportivo nacional.
Sténor Lucas Tomo, organizador
do evento, disse que está a traba-lhar com vista a criar condições
para que tudo corra da melhor
forma.
“Queremos incentivar todas as
crianças e jovens ao espírito de
equipa e a importância da edu-cação, disseminando noções de
higiene como forma de melho-ria da saúde e, assim, formando
cidadãos num ambiente com
qualidade de vida”. Vão dispu-tar a copa das confederações as
seguintes equipas: Brasil: Bairro
de Chamanculo; Espanha: Es-cola Secundária da Polana; Itália:
Escolinha do Tico; Nigéria:
Bairro de Hulene; Japão: Bair-ro de Albazine; Haiti: Bairro da
Sommerschield; Uruguai: Bairro
de Mavalane; México: Bairro da
Polana Cimento; entre outras.
Vem aí
Mini-copa
Por: =aqueu Massala
A
empresa Água da Nama-acha assinou, com a Fe-deração Moçambicana de
Basquetebol, FMB, um
protocolo visando apoiar à orga-nização do Afrobaskete feminino,
agendado para capital do país, de
20 a 29 de Setembro.
Segundo o presidente da FMB,
Francisco Mabjaia, a empresa Água
da Namaacha é a primeira a ma-nifestar interesse em apoiar este
grande evento continental.
Na ocasião, o presidente da federa-ção solicitou a outras empresas para
Água da Namaacha apoia Afrobaskete
que seguissem o exemplo da Água
da Namaacha e se aproximassem
daquele organismo dando o seu
contributo para que este evento seja
sucesso.
Francisco Mabjaia referiu que o
basquetebol tem uma enorme tra-dição em Moçambique, sendo que
por várias vezes elevou bem alto as
cores da nossa bandeira.
Por seu turno, o director de ma-rketing da Sociedade de Águas de
Moçambique, Miguel Padrão, afir-mou que a Água da Namaacha pre-tende apoiar a FMB na organiza-ção deste evento e em todas as suas
acções que muito têm dignificado
Moçambique e colaborado para a
elevação do orgulho nacional.
Padrão disse ser uma grande hon-ra para a Água da Namaacha ter
a oportunidade de dar o seu con-tributo ao desporto moçambicano,
através da FMB e da selecção na-cional feminina, apoiando assim,
o desporto, a juventude e a mulher
moçambicana, digníssimo símbolo
das conquistas do país ao longo da
sua história.
Por: =aqueu Massala
24 Savana 28-06-2013
CULTURA
Por Abdul Sulemane
O
s monumentos e patri-mónio cultural nacional
encontram-se abandonados
e em estado avançado de
degradação por falta de manutenção.
“O Ministério da Cultura, dentro das
suas atribuições, pretende realizar um
Inventário Nacional do Património
Cultural, com vista à sua protecção e
conservação. Pretende-se, nesta fase,
identificar, sinalizar e proteger o Pa-trimónio Cultural Imóvel da Zona
Protegida da Baixa da Cidade de
Maputo, através da colocação de pla-cas, de acordo com a Resolução Nº.
12/2010 de 27 de Abril do Conselho
de Ministros, sobre a Política de Mo-numentos”, explica Armando Artur,
Ministro da Cultura. Acrescentando o
seguinte: “o trabalho de identificação
de edifícios e monumentos abrangidos
e protegidos por Lei e sua sinalização
continuará não só na Baixa, como
também noutras áreas da cidade de
Maputo, em geral. Este processo será
estendido ao património imóvel nas
outras áreas do país”.
Com o inventário já realizado foram
identificados cerca de três dezenas de
edifícios e monumentos de particular
interesse histórico. “Nesta primeira
fase, será identificado com placas um
conjunto de trinta (30) edifícios e
monumentos de particular interesse
histórico, ambiental ou arquitectóni-co, dezoito (18) dos quais constam
Cenários como estes precisam ser melhorados para o bem do interesse histórico e cultural
Preservação do património cultural e
ambiental distancia-se do desejado
dentro do perímetro da Baixa da Ci-dade de Maputo”, disse o Ministro da
Cultura.
O trabalho tem como objectivo pro-teger o património edificado e evitar
demolições e transformações signi-ficativas. “Pretende-se levar adiante
um processo que crie as condições
para uma melhor protecção do nosso
património edificado e permita evitar
demolições e transformações radicais
de imóveis protegidos pela Lei 10/88
de 22 de Dezembro, sobre Património
Cultural, por falta de conhecimento
dos intervenientes acerca do seu valor
patrimonial”, salienta.
Para fazer conhecer ao público sobre
o trabalho de protecção serão coloca-dos informações nos locais protegi-dos. “Para facilitar a sua divulgação ao
público serão também colocados no
perímetro da Baixa da cidade de Ma-puto quinze (15) painéis contendo o
mapa da área protegida e a localização
dos edifícios e monumentos conside-rados de particular interesse. Com a
mesma finalidade de divulgação e
didáctica, pretendemos, igualmente,
produzir folhetos contendo informa-ções essenciais sobre o património
edificado da Baixa de Maputo”, su-blinha.
Neste contexto, o trabalho de identifi-cação é realizado por várias entidades
e conta com apoio estrangeiro. “Este
trabalho está a ser conduzido com a
participação do Município da Cidade
de Maputo, da Faculdade de Arqui-tectura e Planeamento Físico da Uni-versidade Eduardo Mondlane, com a
assessoria do Arquitecto Gianfranco
Gandolfo, contando com o apoio da
Cooperação Espanhola”, finaliza.
D
e 1 a 3 de Julho decorrerá
em Maputo o Congresso de
Protecção dos Direitos dos
Artistas, uma organização
conjunta do Ministério da Cultura de
Moçambique e da fundação GDA –
Gestão dos Direitos dos Artistas. O
congresso, que reunirá no Hotel Afrin,
representantes de Moçambique, Por-tugal, Angola, Cabo Verde, São Tomé
e Príncipe e Brasil, discutirá a protec-ção dos direitos dos artistas, propos-tas para a elaboração de um quadro
legal comum relativo aos direitos dos
artistas, a economia criativa e as suas
oportunidades e o desenvolvimento
de sociedades de gestão dos direitos
do artista nos países participantes.
Estarão a representar Moçambique
no congresso a Companhia Nacional
de Canto e Dança, o Instituto Na-cional do Livro e do Disco, a Escola
Nacional de Música, representantes
do Ministério da Cultura e o cantor
Stewart Sukuma. No encontro serão
apresentadas várias palestras, com
destaque para a palestra sobre pi-rataria, proferida por Paulo Santos.
A
Sociedade Editorial Nd-jira, Lda e a SNV – Or-ganização Holandesa de
Desenvolvimento realizam
na próxima terça-feira, 02 de Julho,
às 18 horas, a sessão de apresenta-ção pública da obra Economia do
Turismo – como gerar empregos,
rendimentos e prosperidade em
Moçambique da autoria do inves-tigador Federico Vignati, no Ca-mões- Instituto de Cooperação e
da Língua.
A cerimónia será antecedida por
uma mesa redonda, com tema
“como gerar empregos, rendimen-tos e prosperidade em Moçam-bique” quer terá como oradores:
Quessanias Matsombe (Presiden-te da Federação Moçambicana
Livro sobre economia de turismo nas bancas
O
músico Neco No-vellas realiza diversos
concertos na capital
do país. No dia 27
de Junho vai actuar no Café
Bar Gil Vicente, 28 de Junho
no Jazz Spoon, 29 de Junho
no Bar & Bar e no dia 30 de
Junho no espaço Ambients
Bar. Para estes concertos o
artista conta com os présti-mos de Nene na viola baixo,
Stélio Mondlane na bateria,
Thapelo no piano eléctrico e
Samito Tembe na percussão.
Neco Novellas deslocou-se a
Europa para estudar música e
outros estilos musicais como
Jazz e world music. Neco foi
promovido em 1992 num
programa televisivo em Mo-çambique chamado Sabadão
e mais tarde foi gravar músi-cas na Rádio Moçambique e
TVM. Para além de ter for-mado sua banda musical em
sua casa na Matola-Fomento
, Neco foi também membro
fundador do grupo musical
Kapa Dech na Cidade de
Maputo.
Durante sua estadia na Eu-ropa, Neco formou uma
banda com a participação
Neco Novellas realiza
concertos na capital
dos seus irmãos Isildo Nove-la e Nello Novela e suas Ir-mãs Cidália Novela e Isabel
Novela e gravou dois Cd´s
(Mita Famba e Ku Khata)
que foram lançados a nível
da Europa, América e Ásia.
Neco Novellas participou em
vários concertos nos países
europeus e na América La-tina estando neste momento
a preparar-se para trazer sua
música de volta para casa.
Contando já com quatro
Cd´s gravados, este artista
vem a Maputo para promo-ver o seu mais recente tra-balho discográfico intitulado
Munthu-Somebody.
Neco Novellas vai também
tocar na África do Sul no
“Bass Newtown” organiza-do por Nathyvy rythms. O
intérprete de “Tchururriba“
realizou na Festa da Músi-ca o lançamento do seu CD,
onde se fez acompanhar por
Franco Paco na bateria, Hél-der Gonzaga na viola baixo,
Samito Tembe na percussão ,
Thapelo Motshegwe no pia-no, e Steven Kamperman no
saxofone. A.S
Protecção dos Direitos dos Artistas em debate
A
Escola Nacional de Música
(ENM) comemora este ano
30 anos desde a sua criação.
Para celebrar os trinta anos,
a ENM tem programadas diversas
actividades com destaque para o con-certo de Flauta (realizado em Maio
no Instituto Camões), concerto de
Canto que se realizou no dia 27 de
Junho, com a exposição, concertos e
Workshops na FACIM em Agosto,
concerto de Piano , no Centro Cultu-ral Franco Moçambicano, o concerto
de música e instrumentos tradicionais
no dia 1 de Outubro, no âmbito da
comemoração do Dia Internacional
da Música – e com o encerramento
em Novembro tambem no CCFM.
A nível do historial, importa dizer
que depois de vários anos de activida-de experimental, em Maio de 1991,
o Governo criou a Escola Nacional
de Música sob Diploma Ministerial
39/91 de 8 de Maio para a formação
e promoção do Ensino Artístico da
Música nos níveis básico e médio, e
apoiar a Formação de professores de
Educação Musical para o Sistema
Nacional de Educação (SNE) bem
como para outros cursos de especiali-zação e actualização profissional.
Desde 1983 até ao presente ano, a
Escola Nacional de Música, com
muita dedicação e empenho, contri-buiu para a formação de Fazedores
de Cultura com a missão de Formar,
Fazer, Criar, Cultivar, Viver e Ensinar
a música.
Em termos de formação, a ENM
graduou os primeiros alunos em
1992, e até 2012 foram formados 110
alunos dos quais alguns ainda apoiam
no crescimento da Escola. Há a des-tacar o artista Moreira Chonguiça,
Ivan Mazuze, Sónia Mocumbi, El-devina Materrula, Iracema Maiópue
entre outros que ainda que desliga-dos da Escola fazem muito para a
contribuição da cultura na defesa e
afirmação da Moçambicanidade e do
Desenvolvimento Artístico Cultural
Moçambicano.
Refira-se que o primeiro apoio que a
Instituição teve de um ex-aluno foi do
músico Moreira Chonguiça em 2006,
aquando do lançamento do seu 1º Al-bum. Encaminhou à Escola Nacional
de Música parte da receita resultante
da venda do álbum.
Em 2009, a Escola Nacional de Mú-sica homenageou Moreira Chonguiça
em reconhecimento do seu trabalho
e, em particular, da música moçambi-cana. Hoje, Moreira Chonguiça é um
exemplo na promoção e valorização da
cultura moçambicana, pelas várias acti-vidades e projectos concebidos por ele.
Para a Formação de uma Orquestra
Sinfónica em Moçambique, a ex-aluna
EldevinaMaterrula introduziu o Pro-jecto Xiquitsi na Escola Nacional de
Música e teve o seu arranque em Mar-ço, onde crianças de vários Bairros se
deslocam à Escola para receber aulas.
A.S
Escola Nacional de Música
comemora 30 anos
do Turismo - FEMOTUR), José
Augusto Psico ( PCA do Instituto
Nacional do Turismo - INATUR),
Noor Momade (Presidente da As-sociação de Agências de Viagens e
Turismo - AVITUM). O evento
contará com as presenças especiais
do Ministro do Turismo Carvalho
Muária e do edil da cidade de Ma-puto David Simango.
Economia do Turismo é uma
obra pioneira no sector do Turis-mo. A obra é composta por dois
módulos. O primeiro debruça-se
sobre Política e Desenvolvimento
do Turismo Sustentável e o segun-do sobre Marketing de Destinos
Turísticos. Este novo livro de Fe-derico Vignati apresenta vinte e
cinco estudos de casos e um forte
sentido didáctico, terminando cada
capítulo com exercícios e leituras
recomendadas, o que revitaliza e
marca o contacto com o leitor.
Federico Vignati é doutorado em
Economia Aplicada, na área de
Desenvolvimento Sustentável.
Exerce actualmente as funções de
assessor sénior da SNV. Com mais
de treze anos de experiência na
área da economia do turismo, tem
acumulado uma ampla experiência,
em diversos segmentos do sector,
contribuindo para a boa governa-ção e o desenvolvimento social e
económico de diversos países de
África, América Latina e Ásia. É
representante do Fundo de Turis-mo da Organização Mundial do
Turismo, desde 2010. A.S
De Angola estará presente Hélder
Domingos, do Brasil Victor Drum-mond, especialista em direitos auto-rais, de Cabo Verde Daniel Spínola,
presidente da Sociedade Cabo-ver-diana de Autores e de Portugal Vera
Castanheira, Miguel Carretas e Pedro
Wallenstein.
O encontro servirá igualmente para
promover aproximações entre as so-ciedades de gestão de direitos do
artista dos diferentes países e o apro-fundamento das relações no âmbito
das directrizes da CPLP. A.S
Dobra por aqui
SUPLEMENTO HUMORÍSTICO DO SAVANA Nº 1016 28 DE JUNHO DE 2013
SUPLEMENTO
2
3 Savana 28-06-2013 Savana 28-06-2013
27 Savana 28-06-2013
OPINIÃO
Fernando Manuel (texto)
Naita Ussene(Fotos)
e Naita Ussene (fotos)
N
o dia 24 de Junho, segunda-feira portanto, Naíta Ussene informou--me num tom de cumplicidade que no dia seguinte iria a Praça dos
Heróis para fazer fotografias históricas.
É certo que esta história tem nos sido madrasta, mas não podemos negar que
ela tem os seus fazedores.
Ele sabia certamente que no dia 25 de Junho, na Praça dos Heróis estariam
os dinossauros e fundadores da Frelimo que mal ou bem, andaram por aí nas
matas de Cabo Delgado, Niassa e Tete a fazer a guerra de guerrilha, meio
descalços, meios esfarrapados, a comer o pão que o diabo amaçou movidos
por máquinas que muitas vezes os ultrapassavam a eles próprios.
Tudo isso acabou.
E agora eles acham que merecem serem tratados com direitos que ultrapas-sam a linha do mínimo de lógica racional.
Porque na verdade ninguém é culpado de não ter podido ir a Nachingwea.
E isso também não pode ser motivo para nos impedir de ter acesso a crédi-tos facilitados no banco, ter direito a casa, a transporte bonificado, a bons
serviços de saúde e a um sistema educacional com qualidade.
Seja como for, o Naita conseguiu fazer na Praça dos Heróis aquilo que se
propunha fazer.
Fotografar os dinossauros da Frelimo.
Aí estão…
Marina e Raimundo Pachinuapa…
Alberto Chipande e Lucas Chomera…
Albino Maheche e André Mandjoro Nkuna…
Temos alguns que nem foram fundadores e nem estiveram nas matas, mas
tem o privilégio de serem filhos ou filhas desses homens ou mulheres: a
Ornila Machel é um desses casos. Na foto está ao lado do tio Josefate Machel.
Há também casos de homens que subiram sem propriamente terem ido a
luta armada e depois caem.
O general do exército, Paulino Macaringue, acaba de tropeçar e cair. Vamos
ver se a queda é definitiva.
Só o tempo poderá dizer.
Ele está ao lado de Miguel Chissano.
É caso para dizer como diz a sabedoria: o que conta não é quantas vezes a
gente cai, é quantas vezes a gente se levanta.
As vezes que a gente
se levanta…
IMAGEM DA SEMANA
À HORA DO FECHO
www.savana.co.mz
Savana 28-06-2013
EVENTOS EVENTOS
EVENTOS
Urgel Matula
A
FedEx Corporate aca-ba de anunciar a con-clusão da primeira
fase da operação para
a aquisição estratégica das em-presas dirigidas pelo seu actual
fornecedor de serviços, a Su-paswift, em Moçambique e em
quatro países da região austral
de África, nomeadamente, Ma-lawi, África do Sul, Suazilândia
e Zâmbia.
A companhia de transporte ex-presso com entregas em mais
de 220 países afirma igualmen-te que prossegue discussões no
sentido de adquirir as empresas
da Supaswift no Botswana e na
Namíbia, aquisições que funcio-narão sob a unidade de negócios
da FedEx Express.
“Uma vez concluída a aquisição,
FedEx anuncia aquisição de luxo
Por Nélia Jamaldine
a FedEx Express terá acesso
directo, nesses sete mercados, a
39 instalações e acolherá apro-ximadamente mil colaboradores
da Supaswift, que se juntarão ao
grupo de mais de 300 mil co-laboradores da FedEx em todo
o mundo”, sublinha Frederick
W. Smith, presidente e director
Executivo da FedEx Corporate.
A Supaswift iniciou a sua ac-tividade na África do Sul em
1990 e em 2005 fundiu-se com
a MyExpress Pty Ltd., que ofe-recia os serviços internacionais
da FedEx Express na África
Austral desde 1991.
Ao que apurámos, a integração
das empresas da Supaswift terá
início depois da transacção ter
sido concluída, prevendo-se que
fique realizada gradualmente ao
longo de vários meses.
D
ois anos após do lan-çamento da primei-ra pedra, o projecto
de contrução da nova
sede do Comité Olímpico de
Moçambique,“Olimpic Terrace”
foi oficialmente lançado nesta
segunda-feira em Maputo.
Trata-se de um empreendimento
multifuncional orçado em cerca
de USD 40 milhões, que irá abar-car para além da Sede do Comité
Olímpico, 126 apartamentos, ter-raços, piscina, ginásio, balneários
e um spa especializado em ba-nhos turcos.
“A ideia do “Olimpic Terrace”,
não é apenas acomodar o Comité
Olímpico como também viabi-lizar o espaço de modo a tornar
autónomas e sustentáveis todas as
entidades desportivas mediadas
pelo estado”, disse o Presidente
do Comité Olímpico de Moçam-bique, Marcelino Macome.
Em outro desenvolvimento, Ma-come referiu que a infra-estru-tura vai ajudar na formação téc-nica desportiva dos atletas, que
poderão através das melhorias
das instalações se sentirem mais
incentivados para alcançar mais e
melhores resultados.
O término da referida obra está
Nova casa do Comité Olímpico ganha ânimo
Por Nélia Jamaldine
previsto para dentro de 24 a 26
meses, e está a cargo da Olím-pico Imobiliária, S.A. que tem
como parceiro a Insitec Imobili-ária, uma firma do Grupo Insitec,
dirigido pelo jovem empresário
Celso Correia.
Por seu turno, o Administrador
da Olímpico Imobiliária, Victor
Magalhães, fez saber que esta
instituição compromomente-se a
entregar a obra no tempo regula-mentado.
Contudo, finda a obra, o “Olim-pic Terrace” será um edifício de
referência pela sua arquitectura
moderna, individualizada, mul-tifuncional, contemporânea, com
espaços nobres de qualidade em
termos técnicos, acrescentou Ma-galhães.
A nova casa do desporto olím-pico moçambicano será erguida
numa área de cerca de 30 mil
metros quadrados e constituirá a
promessa de um condomínio pre-mium para habitação na cidade
das acácias.
Savana 28-06-2013
EVENTOS EVENTOS
2
Por Zaqueu Massala
A
TVCABO, no âmbito
da sua responsabilidade
social integrada nas co-memorações do Dia da
criança Africana, ofereceu novos
serviços de Internt Banda Larga,
a Escola Primária Completa 16 de
Junho. A referida oferta de novos
serviços da Internet teve lugar nas
instalações daquele estabelecimen-to de ensino na cidade de Maputo.
De acordo com o respresentantes da
Tvcabo, Inácio Manguage, a oferta
tem por objectivo tornar diferente
o dia das crianças e dos professores
daquela instituição do ensino para
a melhoria da educação, bem como
avivar o seu sentimento de pertença
e para a potenciação das suas capa-cidades.
“Para nós é um orgulho equipar
mais uma escola e, ao mesmo tem-Tvcabo oferece banda larga a EPC 16 de Junho
po, estar a contribuir para o futuro
das nossas crianças e do nosso país.
Nós como empresa vamos continu-ar com esta política de responsabi-lidade social porque é um projecto
que engrandece a TVCABO”, su-blinhou.
Por seu turno, a directora adjunta
daquela escola, Matilde Chilonde,
disse que com a instalação dos ser-viços da Banda Larga, oferecidos
pela TVCABO, vão reforçar a me-lhoria da qualidade do ensino dos
alunos e dos professores.
“Esta é uma mais-valia para o
desenvolvimento académico dos
nossos alunos e professores, com
o novo serviço da Banda Larga, os
nossos alunos vão ter a oportuni-dade de se comunicar e pesquisar”,
sublinhou a dirigente.
A
Aglow, uma organiza-ção cristã que engloba
mais de duas mil mu-lheres de diversas con-gregações religiosas espalhadas
em um pouco por todo o país,
acaba de promover, um encon-tro de confraternizaçao para
crianças vivendo em situações de
vulnerabilidade.
Trata-se de um encontro que
juntou pouco mais de 150 crian-ças com idades que variam de
dois a 15 anos. Parte destes peti-zes perderam os seus pais devido
à Sida.
Aliás, segundo os dirigentes do
grupo, pouco mais da metade
destas crianças vivem com HIV--SIDA, e outras são responsáveis
pelos irmãos mais novos.
Para este grupo, a Aglow decidiu
oferecer um almoço, material
escolar e kits de brinquedos, em
homenagem a passagem do 1º
de Junho, dia da criança.
“Foi a única forma que a Aglow
encontrou para alegrar esta ca-mada que, por cusa da sua con-dição social, não pode celebrar o
Aglow ampara crianças
desfavorecidas
Por Eduardo Conzo
1º de Junho, tal como outras crian-ças”, explicou Quilita Benjamim,
secrétaria da organização ao nível
nacional.
A Aglow é uma organização de
carácter internacional com sede
nos Estados Unidos da América,
EUA, fundada há mais de 40 anos.
Em Moçambique, o movimento
estabeleceu-se em 1992. De lá a
esta parte, os integrantes têm vindo
a dedicar maior parte do seu tempo
em diversas actividades de carácter
social em benefício dos que mais
necessitam.
Com sede no bairro suburbano da
Mafalala, na cidade de Maputo,
diariamente, as cerca de duas mil
membros integrantes nesta organi-zação, todas elas do sexo feminino,
empenham-se em devolver o calor
e harmonia aos moçambicanos que
perderam a esperança de continuar
a lutar pela vida.
O grupo oferece refeições, vestuá-rio, material escolar e outros bens
aos necessitados, mas a oração é o
prato mais forte que ele tem par
dar.
O encontro promovido pela Aglow
envolveu crianças de Maxaquene,
um dos populosos bairros peri-féricos da capital. Esta não é a
primeira vez que este grupo be-neficia das acções da Aglow. No
último semestre do ano passa-do, a organização promoveu um
encontro do género que juntou
cerca de 100 crianças, também
vivendo em situação delicada.
Todavia, o grupo lamenta o fac-to de não poder continuar com
as actividades ao ritmo desejado.
É que segundo este, a falta do
apoio para suportar as despesas
da aquisição de alimentos e ou-tros bens materiais, mina os es-forços desenvolvidos no sentido
de apoiar os seus grupos alvos.
“Nós sempre contamos com o
apoio de pessoas singulares e
colectivas que com boa vontade
nos oferecem o pouco do que
têm. “são essas contribuições que
depois de colectar oferecemos
aos nossos alvos, só ultimamente
temos dificuldades em continuar
a apoiar as crianças porque os
nossos parceiros de boa vontade
demostram-se reticentes nas suas
acções”.
C
erca de cem filmes com
a duração de 60 a 90 mi-nutos estão a ser exibidos
desde esta quinta-feira a 7
de Julho próximo, na 4ª edição do
KUGOMA - Fórum de Cinema
de Curta-Metragem.
À semelhança dos anos anteriores,
as sessões acontecem ao ar livre
nos bairros periféricos da Cidade
de Maputo.
KUGOMA é um projecto de in-serção cultural que explora uma
série de exibições de cinema de
curta-metragem direccionado
para camadas sociais, com enfoque
nas comunidades dos bairros su-burbanos de Maputo com poucas
possibilidades de aceder às salas de
cinema.
Para a presente edição, as grandes
novidades são as programações
infanto-juvenis, com destaque
para a curta-metragem produzido
e realizado por Nildo Essá e o cine
-concerto de lançamento do livro
“Cadernos KUGOMA”.
“Os Pestinhas e o Ladrão de Brin-quedos” será o primeiro filme pro-duzido em Moçambique em 3-di-KUGOMA 2013 roda curta-metragem para crianças
Por Nélia Jamaldine
mensões (3D), apresentado pela
produtora nacional Mahla Filmes
e a ser estreado no KUGOMA.
Segundo a directora do KUGO-MA, Diana Manhiça, a escolha
de curtas-metragens viradas para
crianças é consequência da experi-ência vivida nas edições anteriores
em que se constatou que o público
que mais aderiu foi o infantil.
Entretanto, para além desta mos-tra anual de 10 dias, o KUGOMA
tem produzido algumas oficinas
durante o ano e está agora a elabo-rar o relatório da oficina “Prática
de Jornalismo Cultural para Te-levisão”, em parceria com a IREX
– instituição norte-americana que
trabalha para o fortalecimento dos
media, e a Escola de Comunica-ção e Artes da Universidade Edu-ardo Mondlane. Esta iniciativa
visa melhorar os métodos em uso,
testar as metodologias de aborda-gem, os meios técnicos e humanos,
como forma de produzir trabalhos
com maior qualidade.
Por seu turno, a representante da
IREX, Mercedes Sayagues, ex-plicou que a referida oficina é um
mecanismo pelo qual o jornalismo
e a cultura podem juntos compar-tilhar conhecimentos, pois para
reportar sobre a cultura é necessá-rio conhecer a mesma, desta feita
em forma de cinema.
KUGOMA 2013 traz também
um conjunto de oficinas teóricas
e praticas nas áreas de animação
e arquivos audiovisuais abertos ao
público, assim como mesas redon-das em torno da cultura cinema-tográfica.
As exibições de cinema da 4ª edi-ção do KUGOMA estão agenda-das para o Centro Cultural Franco
Moçambicano (CCFM), o Ins-tituto Nacional do Audiovisual e
Cinema (INAC), o Campinho do
Bairro da Mafalala e na Associa-ção Comunitária de Desenvolvi-mento do Chamanculo - (ASS-CODECHA).
Ilec Vilanculo
TVcabo equipa Escola Primária Completa 16 de Junho
oÀcina é um mecanismo pelo qual o jornalismo e a cultura podem
juntos compartilhar conhecimentos, disse representante da IRE;,
Mercedes Sa\agues,
Savana 28-06-2013
2 Savana 28-06-2013
Duas semanas depois de ter
sido assaltado nas ruas de
Maputo, o presidente da Re-pública, Armando Guebuza,
exonerou, na manhã de quarta-feira,
o chefe do Estado Maior General
das Forças Armadas de Defesa de
Moçambique (CEMGFA), o general Paulino Macaringue e para o seu
lugar nomeou Graça Chongo, um
operacional temido pelos seus pares,
e para já, uma indicação que as baio-netas se querem em prontidão com-bativa.
As mexidas nas Forças Armadas
acontecem numa altura em que se
vive um clima de alta tensão no cen-tro do país, com ataques atribuídos
a ex-guerrilheiros da Renamo, mas
ainda não reclamados pelo partido
liderado por Afonso Dhlakama.
Ao que apurámos, o assalto sofrido
por Macaringue nas ruas de Ma-puto, o caso do paiol de Savane e
as aparentes hesitações das FADM
na questão de Muxúnguè terão sido
determinantes para as mexidas feitas
pelo PR.
No discurso de tomada de posse de
Graça Chongo, nesta quinta-feira, o
Presidente da República, Armando
Guebuza, afirmou que as FADM
devem continuar empenhados no
cumprimento das múltiplas missões
que lhe são confiadas, entre as quais
defender, de forma intransigente, “o
nosso Povo muito especial”.
“Um País amante da paz e cultor do
diálogo para si próprio e para outros
Estados não pode ser confundido
com um País desarmado e indefeso.
O momento que vivemos reforça a
pertinência e a relevância desta afir-mação”, frisou Guebuza .
General da Renamo
Guebuza manteve Olímpio Cambo-na, no cargo de vice-chefe do Estado
Maior. Cambona é oficial superior
vindo da Renamo. Uma posição nou-tro sentido em relação a Cambona só
poderia dar ainda mais argumentos a
Afonso Dhlakama que, precisamente,
faz da marginalização dos seus ho-mens no exército e na polícia, uma
das questões de fundo nas negocia-ções com o Governo.
A indicação de Graça Chongo ve-rifica-se 19 meses depois deste ter
sido exonerado, pelo próprio chefe de
Estado, do cargo de Comandante do
Exército, cargo que ocupou de Ou-tubro de 2008 a Novembro de 2011.
O major general Graça Chongo é
um quadro sénior do MDN e é pro-veniente das forças governamentais,
que foram incorporadas no actual
figurino das FADM. Já ocupou vá-rias funções de chefia e direcção em
diferentes especialidades na corpo-ração. Chongo já foi comandante do
ramo do Exército das FADM; tendo
igualmente sido um operacional ao
nível de brigada durante a guerra civil
moçambicana.
Desta vez é nomeado para o mais im-portante posto na hierarquia militar,
assumindo o cargo num momento
conturbado no país, devido à tensão
política e a onda de ataques a viatu-Forças Armadas em tempo de guerra
ras, na EN1, no troço rio Save-Mu-xúnguè e a concentração de efectivos
militares em Gorongosa, ambas as
zonas em Sofala.
A indicação de Graça Chongo é vista
em alguns sectores castrenses como
fazendo parte de um plano visando
pôr em prática a operação de um as-salto das FADM ao reduto de Afon-so Dhlakama, acção a que Macarin-gue resistia.
Macaringue alegava que com os
acontecimentos de Muxúnguè, o
país não estava em presença de uma
agressão externa, daí que não se justi-ficava a intervenção das FADM.
“As circunstâncias de actuação das
FADM cabem ao PR”, clarificou
Macaringue, um dia antes da exone-ração.
Macaringue, que chegou a manter
uma relação conflituosa com Lagos
Lidimo, é um militar de academia,
que inclui uma passagem como do-cente na prestigiada Universidade
sul-africana de Witwatersrand. Li-dimo chegou a opor-se à nomeação
de Macaringue para o substituir nas
Forças Armadas, aparentemente por
o considerar um “desertor” que pre-feriu prosseguir os estudos superiores
em Londres, ao invés de se dedi-car na formação das novas FADM.
Na altura, a opção Graça Chongo
chegou a colocar-se, mas Guebuza,
depois de sentir o “peso demasiado”
de ter o operacional Lídimo como
CEMGFA, optou por um “general
de salão”, ao invés de um operacional
com o peso de Graça Chongo. Poli-ticamente, era também conveniente
ter um CEMGFA “apagado” para dar
visibilidade a Nyussi, um ministro da
Defesa civil proveniente do planalto
de Mueda, área muito preponderante
neste ministério.
É a quinta vez que Armando Gue-buza mexe na estrutura máxima das
Forças Armadas. A primeira mo-vimentação verificou-se em Março
de 2008 quando exonerou Lidimo
e Mateus Ngonhamo dos cargos do
Chefe e Vice-chefe do Estado Maior
para no seu lugar indicar Macaringue
e Cambona. No mesmo ano, em Ou-tubro, Guebuza mexeu no Comando
do Exército e da Força Aérea tendo
nomeado Graça Chongo e Luís Di-que respectivamente.
Em Abril de 2009, Guebuza exone-rou Tobias Dai do cargo do Ministro
da Defesa e no seu lugar indicou o
engenheiro Filipe Nyussi.
Em Novembro de 2011, Guebuza
volta mexer no Comando de Exér-cito exonerando Graças Chongo do
Comando do Exército para no seu
lugar colocar o Major General Eugé-nio Mussá.
Paulino José Macaringue dirigiu o
Estado Maior General das FADM
durante cinco anos, ou seja, um man-dato apenas, sendo que ficará na his-tória do exército moçambicano por
ser o primeiro chefe de Estado Maior
a ficar apenas um mandato.
Crise politico-militar
Embora alguns sectores militares
apontem a saída de Macaringue
como sendo normal já que terminou
o seu mandato há três meses, a ma-nutenção do seu adjunto, o general
Olímpio Cambona deixa dúvidas em
relação à exoneração do seu superior
hierárquico.
A forma tímida como Macaringue
encarou a actual crise é apontada
como tendo contribuido na decisão
do presidente em afastá-lo da lide-rança visto que, num momento de
agitação como este, é importante que
se injecte uma nova dinâmica nas
FADM.
Discriminação nas Forças
Armadas
Desde que Macaringue chegou a
chefe do Estado Maior tem subi-do o tom de vozes de dirigentes da
Renamo, maior partido da oposição,
queixando-se da discriminação no
seio das forças armadas.
Oficiais militares vindos da Renamo
dizem-se discriminados nas nomea-ções e promoções e paulatinamente
estão a ser expurgados das FADM.
Diz a Renamo que apesar do Acordo
Geral da Paz preconizar que nos as-pectos referentes às Forças Armadas,
cada um dos signatários do acordo
dever ser representado em 50% na
chefia do exército, entretanto o que
se verifica actualmente é que, depois
de 20 anos, dos 31 oficiais superiores
e generais nas FADM, 27 são origi-nários da Frelimo e apenas quatro da
Renamo, dos quais dois ocupam car-gos de chefia.
A partidarização das Forças Armadas
é uma das questões levantadas pela
Renamo no diálogo com o governo.
Assaltos
Os últimos meses do general Maca-ringue foram caracterizados por mo-mentos turbulentos de onde desta-cam-se dois assaltos, um ao paiol das
FADM, em Sofala e outro a ele pró-prio onde ficou sem viatura, armas,
telefones celulares e um computador.
Lembra-se que na madrugada do dia
17 de Junho, um grupo de indivíduos
desconhecidos, que a Frelimo alega
serem homens da Renamo, assaltou
o Paiol de Savane, distrito de Don-do, Província de Sofala onde roubou
vário material de guerra e matou sete
militares.
O assalto a uma das infra-estruturas
teoricamente das mais seguras do
exército criou um ambiente de des-conforto no seio das Forças de Defe-sa e Segurança aparecendo correntes
a classificar a direcção de Macaringue
de apática.
O assalto a um grande paiol, que por
sinal é o primeiro na história das For-ças Armadas manchou grandemente
a imagem de Macaringue que aca-bava de sofrer um assalto na cidade
de Maputo. O assalto e a morte dos
militares contrastam com o discurso
triunfalista e displicente com que os
media afectos ao regime vinham tra-tando o potencial bélico das forças
que potencialmente se possam opor
ao exército e à polícia. A FIR, o con-tingente operacional da polícia, foi
humilhado na Gorongosa ao sofrer
quase duas dezenas de feridos numa
fuga aparatosa dos blindados em que
seguiam, depois de terem ouvido
uma rajada de metralhadora por par-te da guarda presidencial de Afonso
Dhlakama.
Alguns generais das FADM classifi-caram o assalto ao general Macarin-gue como uma vergonha. Circulam
em Maputo as versões mais rocam-bolescas da forma como Macaringue
foi abandonado pelos assaltantes da
viatura. O general, complicando ain-da mais o cenário do assalto em que
esteve envolvido, apareceu a “clarifi-car” esta terça-feira que o roubo tinha
sido infligido ao cidadão Macaringue
e não ao CEMGFA.
“Um País amante da paz e cultor do diálogo para si próprio e para outros Estados não pode ser confundido com um País desarmado e indefeso.
2momento Tue YiYemos reforça a pertinrncia e a releYkncia desta aÀrmaçãoµ Armando GueEuza na tomada de posse de Graça CKongo.
Por Raul Senda
Fotos: Naita Ussene
P
ara o coronel general Her-mínio Morais, a mudança
no seio das Forças Armadas
ainda não tem nenhum sig-nificado no seio das reivindicações da
Renamo.
Segundo Morais, também conhecido
como comandante Bobo, a exigência
da Renamo no aspecto referente a
partidarização do exército passa pela
recondução de todos os oficiais supe-riores ora expurgados para reserva.
Para Hermínio Morais, a manuten-ção de Olimpo Cambora no cargo de
vice-chefe de Estado Maior e de Luís
Dique na Força Aérea não tem muita
relevância num exército onde mais de
90% de oficiais superiores são prove-“A mudança não tem
Quem é Graça
Chongo?
O
novo Chefe do Es-tado-Maior General
das Forças de Defe-sa de Moçambique
(FADM), Major general Graça
Tomás Chongo, tomou pos-se na tarde desta quinta-feira,
numa cerimónia onde foi igual-mente patenteado a General do
Exército.
Até ao momento da sua nome-ação, Graça Chongo desempe-nhava as funções de Inspector
da Forças Armadas de Defesa
de Moçambique.
Nascido em 29 de Setembro de
1954, no distrito de Guijá, Pro-víncia de Gaza, Chongo ingres-sou nas Forças Armadas em 23
de Junho de 1974 e pertence ao
ramo de Exército na especiali-dade Inter-Arma com forma-ção na Academia de Campo de
Vulstrel na ex-URSS.
Casado e pai de dois filhos,
no ramo civil, o novo homem
forte das FADM é licenciado
em Relações Internacionais
e Diplomacia pelo Instituto
Superior de Relações Interna-cionais (ISRI) e mestrando em
relações Internacionais e De-senvolvimento na especialidade
de Política Externa pela mesma
instituição de ensino superior
agora com sede em Zimpeto.
No passado, Chongo assumiu
cargos de Inspector Geral de
Defesa, Director Nacional da
Política de Defesa, Comandan-te do Ramo de Exército e Ins-pector das FADM.
Graça Chongo é o quinto Che-fe do Estado Maior General
das FADM desde a Indepen-dência Nacional sucedendo
ao Coronel-general Sebastião
Marcos Mabote (1975-1987),
Tenente-general António
Hama Thai (1987-1994), Ge-neral de Exército Lagos Hen-riques Lidimo (1995-2008) e
General de Exército Paulino
José Macaringue (2008-2013).
relevância para Renamo”
- Comandante %oEo
Graça Chongo Paulino Macaringue
nientes das antigas Forças Populares.
“Tendo terminado o mandato e de-pois de todas as coisas que se passa-ram com o chefe de Estado Maior, é
normal que o Comandante em Chefe
das Forças de Defesa e Segurança te-nha tomado aquela decisão. Não cons-titui surpresa. Quanto à manutenção
do vice, achamos que deriva do facto
de ter feito um bom trabalho”, disse
acrescentando que a decisão não pode
ser interpretada como início das refor-mas no seio do exército para respon-der às exigências da Renamo.
Morais fez questão em referir que o
seu partido continuará a lutar pela
justiça bem como pelo cumprimento
do AGP.
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3 Savana 28-06-2013
TEMA DA SEMANA
4 Savana 28-06-2013
Entre terror, medo, insegu-rança, ansiedade, coragem e
tristeza, vivem os transeun-tes da Estrada Nacional N1
(Save-Muxúnguè) e os residentes
de Muxúnguè, distrito de Chiba-bava, província de Sofala, região
que se ressente, há uma semana, de
ataques atribuídos à Renamo.
Efectivamente, o centro do país
vive um clima de alta tensão, devi-do a ataques atribuídos à Renamo,
mas ainda não reclamados pela for-mação política dirigida por Afonso
Dhlakama.
Há uma semana, o brigadeiro Jeró-nimo Malagueta, agora detido pela
Polícia, anunciou que a Renamo
iria impedir a circulação no centro
do país para alargar o perímetro
de segurança à volta do seu líder,
que se aquartelou em Satugira,
Gorongosa, antiga base central do
movimento. A Renamo protesta
contra a alegada intransigência de
Armando Guebuza, presidente da
República e da Frelimo, em relação
às reivindicações do partido.
7ensão ao ruEro
Esta segunda-feira, supostas forças
da guerrilha da Renamo voltaram à
ofensiva, cortando a tiros uma co-luna militar que escoltava viaturas.
Esta operação acontece depois do
ataque de sexta-feira no rio Ripem-be, incidindo exactamente contra
um autocarro da Etrago, perten-cente a um General na reserva e
antigo chefe da Força aérea.
Aliás, a Renamo acusa a Frelimo de
usar esta empresa para transportar
militares e armamento para a re-gião centro do país. Esta quarta--feira, um total de sete autocarros
da Etrago transportando militares
cruzou o rio Save em direcção a
Inchope.
Clima de medo
A zona mais perigosa parte do rio
do Ripembe e Zove, onde alega-das forças da Renamo atacaram
até ao momento sete viaturas, duas
das quais incendiadas e já fizeram
três mortes e vários feridos. Estes
ataques obrigaram o reforço, nesta
terça-feira, de militares e material
bélico (blindados e armamento pe-sado), na região, para “vasculhar” as
áreas atacadas.
7ensão ao ruEro no Centro do país
Muxúnguè: entre tiros e ananás
Por: AndrpCatueira em
Muxúnguè
Os supostos ex-guerrilheiros da
Renamo atacaram semana passada
cinco viaturas, duas das quais fo-ram incendiadas na região do rio
Ripembe, no distrito de Machanga,
resultando em mortes, incluindo de
um motorista carbonizado ao vo-lante da viatura, cujas ossadas conti-nuavam esta quarta-feira na cabine
da viatura. Vários feridos atingidos
dos quais dois graves “cravados de
balas na região da bacia” estão in-ternados agora no Hospital Central
da Beira.
Fogo posto na casa de
DKlaNama
Segundo apurou o SAVANA no
local, o “ataque” à casa de um dos
parentes de Afonso Dlhakama, na
vila de Muxúnguè, um dia antes
do anúncio, pela Renamo, da in-terdição de circulação rodoviária na
EN1 e ferroviária na linha de Sena,
terá precipitado os ataques de sexta
e segunda-feira naquela região.
Um fogo posto destruiu comple-tamente a casa de Afonso Sevene,
filho de um dos irmãos do líder
da Renamo, Afonso Dlhakama.
Este ataque levou a que mem-bros daquela formação política se
reunissem de novo na sua sede de
Muxúnguè, onde em Abril foram
detidos 15 deles.
Da casa, apenas se recuperou um
congelador e outros utensílios, o
que se supõe tenha “irritado os ex--guerrilheiros” do partido da opo-sição, que, no entanto, decidiram
cortar o trânsito na EN1.
“Ele já não estava lá dentro. Fugiu
depois que membros da Renamo
começaram a ser perseguidos de-pois do ataque de Abril. Há muitas
casas vazias aqui em Muxúnguè, até
a mansão, que os donos, membros
da Renamo, deixaram receando re-presálias. Queimaram a casa e isso
deixou nervosos aqueles membros
da Renamo”, disse ao SAVANA
um partidário da Renamo que pe-diu anonimato.
Actualmente quase todos os mem-bros da Renamo em Muxúnguè
refugiaram-se aos outros distritos
e províncias, estando as suas casas
abandonadas.
Escolta
O exército e a polícia, para garan-tir a segurança, condicionaram o
trânsito (interrompido das 17:00 às
05:00horas) e começaram a escoltar
em colunas as viaturas de Muxún-guè a Save e vice versa, num troço
de 106 quilómetros. Este percurso
dura no mínimo três horas de via-gem, situação que está a enervar os
utilizadores daquela estratégica via.
Após o segundo ataque atribuído
à Renamo, a estratégia passa pela
distribuição de militares e polícias
entre as viaturas escoltadas, para
garantir a segurança dos transeun-tes e prontidão combativa em caso
de necessidade.
Esta quarta-feira, por exemplo, a
coluna só partiu as 7:45 minutos
de Muxúnguè e regressou por vol-ta das 12:30, possibilitando apenas
duas viagens, ou seja, para quem
chega às 16:00 horas em Muxún-guè fica impedido de prosseguir
viagem.
Ainda para assegurar as viagens,
uma avioneta militar está a sobre-voar a “zona de tensão” desde esta
terça-feira, não só para reconhecer,
mas também para impedir que no-vas investidas aconteçam.
Prejuízos
A maioria dos automobilistas e
passageiros entrevistados pelo
SAVANA em Muxúnguè vê no
condicionamento de trânsito na
EN1(Muxúnguè-Save), um acu-mular de prejuízos financeiros que
se resumem no aumento de custos
imprevistos de alimentação e dor-mida. Apelaram ao fim das hostili-dades e diálogo frutífero, mas tam-bém pediram responsabilização do
Estado à Renamo pelas perdas.
Moisés Machava, um transporta-dor de viaturas, chegou a Muxún-guè às 16:00horas desta terça-feira,
para seguir viagem às 07:45 do dia
seguinte. Disse que a interdição de
circulação na EN1 tem um “peso
financeiro enorme e atrapalha as
contas”.
“É um atraso total, além de que
o patrão apenas disponibiliza di-nheiro para determinados dias de
viagem. Quando há situações im-previstas temos que gerir o pouco
que temos. Isso é chato”, lamentou
Moisés Machava, que fazia a liga-ção Nampula-Maputo.
Joaquim Leonardo, transportador
de mobiliário que chegou a Mu-xúnguè às 15:00 horas desta terça--feira, é também obrigado a per-noitar por causa da interdição de
circulação nocturna. Sem precisar
números, diz que os prejuízos são
enormes.
Em contacto com o SAVANA, Isa-que Abedine Torres, da TCO, que
seguia para remover os carros in-cendiados no ataque de sexta-feira,
lamentou a demora do processo,
sobretudo, pela interdição na circu-lação o que acarreta mais gastos do
que previstos.
“Saí de Tete para Beira e depois
para Muxúnguè, mas estamos aqui
travados para recuperar o camião
que foi incendiado. Então o valor
que nos foi dado não previa a de-mora, o que se reflecte nas condi-ções de vida a que teremos que nos
O clima é tenso na EN1, sobretudo, na zona do rio Ripembe
/ongas Àlas de cami}es aguardam escolta militar
Moiseis Machava
Atravessar o rio Ripempe é preciso escolta militar
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5 Savana 28-06-2013
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Lien Bauwens) or to Lien.Bauwens@fos-socsol.be
VAGA
V
ários estrangeiros que atra-vessam a região, sobretudo,
após a partida da escolta ar-riscam o troço sem nenhuma
protecção das autoridades, estando
entregues à sua sorte.
Esta quarta-feira, o SAVANA pre-senciou no rio Ripembe a passagem
de pelo menos nove viaturas, de três
grupos de estrangeiros, a maioria com
matrícula sul-africana, a fazer o troço
Muxúnguè-Save, sem terem esperado
pela escolta.
Quando questionados pela força es-tacionada no local, vários deles mos-traram-se à leste da tensão política do
país e das regras traçadas na circula-ção rodoviária naquele troço.
Independência sem população
Apelos à paz
“
Não a guerra. Há ne-cessidade de um en-tendimento e uma
compreensão, uma
questão de acerto, para po-dermos voltar a viver em
povo. Sabemos que Moçam-bique é único e a divisão não
constitui alegria”, apelou Ro-salina Clemente.
“A situação ainda não está
resolvida, então pedimos
ao governo para que rapi-damente possível resolva o
problema, antes que a guerra
se propague”, disse Salomão
Djedje.
A
Renamo terá ameaçado na
quarta-feira raptar a che-fe do posto administrati-vo de Muxúnguè, Pascoa
Mambara, por, alegadamente, estar
a coordenar a missão de reconheci-mento e desactivação da base mi-litar daquele partido, instalado em
Mangomanhe, a 15 quilómetros
de Muxúnguè, próximo o local do
último ataque. A ameaça feita por
via celular não foi confirmada e nem
desmentida pelo governo local, mas
este garante que um plano está a ser
engendrado pelo grupo dos ex-guer-rilheiros, para “parar a perseguição” a
que estão a ser alvo os membros e a
“vasculha da base”, onde se escondem
os homens que estão a metralhar
viaturas na região. Pascoa Mambara
havia denunciado semana passada
ameaças de morte pelo delegado po-lítico da Renamo baseado naquela
região, ora integrado no grupo de
ex-guerrilheiros concentrados na
sua base na zona de Mangomanhe,
a 15 quilómetros da sede do referi-do posto administrativo.
Ameaça de rapto
Estrangeiros arriscam
submeter”, referiu Isaque Torres.
Medo e alívio
Contudo, o clima de medo reinava
nas pessoas que se faziam a coluna
para atravessar a zona de perigo na
manhã desta quarta-feira, que só
respiravam de alívio quando con-cluíam o troço idos do Save.
“Há sangue a derramar na estrada,
vidas humanas inocentes a morre-rem e isso não nos dignifica”, disse
Isaque Torres, que confessou estar
com “coração na mão para fazer o
troço de sangue, sem saber se volta-mos, limitando-me a rezar a Deus”.
Em contacto com o SAVANA, Sa-lomão Djedje, da transportadora
TTI, que acabava de fazer o troço
Save-Muxúnguè, transmitiu a sen-sação de alívio, após momentos de
tensão.
“É uma sensação de alívio chegar
a Muxúnguè, depois de atravessar o
troço mais temido da actualidade.
Até digo graças a Deus ter conse-guido fazer este troço. Não se sabe
se pode haver outros casos a frente,
mas atravessámos com segurança
e escoltados a região dos ataques”,
disse Salomão Djedje.
Carro da FIR garante travessia no Rio Ripembe
As cerimónias da passagem dos 38
anos da Independência de Moçam-bique, celebrados esta terça-feira, em
Muxúnguè tiveram pouca participa-ção popular. Na cerimónia de depo-sição de uma coroa de flores na praça
local estavam apenas membros do
Governo, professores e enfermeiros,
e fortemente guarnecidos pela FIR.
Contudo, no período da noite a po-pulação festejou de forma eufórica a
data, nas barracas instaladas ao redor
da vila, cujo cartão de visita é cas-tanha de caju e ananás, largamente
vendido por todas as épocas do ano
ao longo da EN1.
Aulas encerradas
Segundo testemunhou o SAVANA
nas escolas ao longo do troço entre
Save e Muxúnguè, poucas escolas es-tão a funcionar.
Em Mbinde por exemplo, próximo
do rio Gorongosa, a única escola da
região está encerrada.
Já na vila de Muxúnguè, as aulas tem
estado timidamente a retomar à nor-malidade, continuando vários encar-regados a enviar os seus filhos para
zonas seguras
Farras e pelejas de militares
A situação mais (in)comum em assis-tir nas barracas de Muxúnguè, sobre-tudo, no período da noite são farras
de bebedeiras e lutas entre militares
e agentes da FIR, geralmente a civil
(outros ainda fardados) e armados,
que patrulham a vila.
Nesta terça-feira, um militar envol-veu-se num corpo a corpo, durante
uma bebedeira, em frente ao Restau-rante Friaes (Laurentino 2), com um
comerciante, vendedor de cabritos na
vila. Derrotado, o militar foi à busca
de reforço e retornou ao local para
forçar o comerciante a acompanhá-lo
à base, onde foi severamente espaca-do.
“É rotina isso (farras e agressões). Às
vezes lutam entre militares por causa
de mulheres, às vezes se insultam com
população e disparam provocando
pânico entre populares que acorrem
a estes locais de diversão nas noites”,
disse ao SAVANA, Randinho Estê-vão, residente local.
6 Savana 28-06-2013
SOCIEDADE
O
Presidente da República
pediu “paciência e compre-ensão” a todos os cidadãos
que aguardam notícias
sobre um consenso político nas
negociações entre o Governo e o
partido Renamo, justificando que
a aparente demora na produção
de avanços significativos deve-se
à “complexidade do diálogo”. Ar-mando Guebuza acresce que tal
complexidade do diálogo é ainda
agravada pelo facto da Renamo
utilizar o povo como seu escudo,
“ameaçando matar a população ci-vil”. Guebuza chamou à colação o
seu passado recente de negociador
da paz, afirmando que teve paciên-cia para permanecer dois anos em
Roma devido à complexidade do
diálogo político.
O Chefe do Estado falava esta
terça-feira na Praça dos Heróis
Moçambicanos, onde dirigiu as ce-rimónias centrais da passagem de
mais um aniversário da indepen-dência nacional, conquistada a 25
de Junho de 1975.
Os 38 anos da independência de
Moçambique foram celebrados
debaixo de tensão político-militar
que tem no troço Save – Muxún-guè da EN1 (Estrada Nacional N°
1) o epicentro de ataques a posições
militares e a civis.
Todas as intervenções públicas fei-tas a-propósito apelavam ao diálo-go como única via para a manuten-ção da paz, ao mesmo tempo que
repudiavam o sacrifício de vidas
humanas como expressão de dife-renças políticas.
Mas o Chefe do Estado minimi-zou a tensão político-militar que
já resultou em mortes e feridos, ao
afirmar que os ataques foram “in-cidentes” que não devem levar os
moçambicanos a pensar que o país
já não está em paz.
Guebuza qualificou os ataques de
“actos repugnantes e criminosos”,
ainda assim, reiterou que o Go-verno continua firme na sua de-terminação de, pela via de diálogo,
encontrar soluções para as questões
apresentadas pela Renamo.
Enquanto alguns familiares de
cidadãos mortos e outros feridos
nos ataques desesperam, o PR diz
que o que aconteceu ou continua
a acontecer no troço Save – Mu-xúnguè constitui “um teste à nos-sa determinação de continuarmos
unidos na construção do país e no
combate à pobreza. “É preciso que
nestes momentos de teste, o povo
demonstre a sua determinação e
acredite que é possível ultrapassar
estas situações e garantir a paz”,
disse, fazendo notar que nunca re-cusou um encontro com o líder da
Renamo, Afonso Dhlakama. “Ele é
que se escapa sempre”, acusou.
“Diálogo é um combate
difícil, mas única via para a
paz”, Joaquim Chissano
Em declarações ao SAVANA, o
antigo Chefe do Estado, Joaquim
Chissano, afirmou que sempre ha-verá acções que colocam em causa
a paz em Moçambique, pelo que é
crucial que todos os moçambicanos
se empenhem para a sua manuten-ção.
“Caso haja uma percepção de erros
ou de dificuldades, temos de juntar
as nossas inteligências, as nossas
mentes, para encontrar soluções
que nos permitam progredir, sem
destruir o que construímos, refor-çar as nossas relações de cidadãos
irmanados do Rovuma ao Maputo
com mais força”, disse Chissano.
O signatário do Acordo de Paz de
1992, em Roma, reconhece que a
busca da paz pela via do diálogo é
um combate difícil, na medida em
que uma pessoa que se sente ofen-dida a tendência é assaltar a outra
com palavras ou acções violentas.
“Mas quem sabe conter a sua ira,
raiva ou insatisfação pode encon-trar formas para a melhor solução
dos problemas que o afligem”.
“Muxúnguè não é termó-metro da prontidão das
FDS”, Paulino Macaringue
O cenário de guerra que se verifica
na região centro do país desde Abril
último, já resultou em dezenas de
mortes de agentes das Forças de
Juiz legaliza prisão de Malagueta
O
juiz da instrução do Tri-bunal Judicial do distrito
Municipal KaMpfumo
legalizou, na manhã desta
quarta-feira, a prisão do brigadei-ro Jerónimo Malagueta, chefe do
Departamento de Informação da
Renamo.
Malagueta foi detido, em circuns-tâncias pouco claras, na manhã
da última sexta-feira, dois dias
depois de ter dirigido uma con-ferência de imprensa onde referia
que a Renamo iria alargar o perí-metro de segurança das suas for-ças de Muxúnguè até ao rio Save
para proteger o líder da Renamo,
Afonso Dhlakama, que estava a
ser cercado pelas Forças de Inter-venção Rápida (FIR) e das Forças
Armadas de Defesa de Moçam-bique (FADM) no seu abrigo em
Satungira.
Na altura, Malagueta falou ainda
da interrupção da circulação de
comboios que transportam carvão
de Tete para o porto da Beira.
Coincidência ou não, o facto é que
dois dias depois do pronuncia-mento de Malagueta registaram--se vários ataques a viaturas ao
longo da estrada nacional número
1. Nesses ataques, pelo menos três
pessoas perderam a vida e duas
viaturas foram queimadas. Neste
momento, a circulação de pessoas
e bens no troço entre rio Save e
Muxúnguè é feita com o acompa-nhamento militar.
Nesta segunda-feira, as empresas
mineradoras anunciaram a parali-sação de transporte de carvão por
questões de segurança.
Após a legalização de prisão, Ma-lagueta foi transferido das celas
da esquadra do Porto de Maputo
onde se encontrava desde sexta--feira, para a Cadeia Central de
Maputo onde deverá aguardar
pelo julgamento.
No início, Jerónimo Malagueta
era indiciado da prática de três
tipos legais de crime nomeada-mente: interdição de circulação
de pessoas e bens, assassinatos e
incitação à violência.
Após o saneamento do juiz da
instrução, Malagueta viu quase
todos os crimes supridos pesando
sobre ele apenas o crime de inci-tação à violência.
O julgamento de Malagueta po-derá decorrer na próxima semana.
A Renamo queixa-se do facto de
a Polícia não permitir que o seu
membro tenha a acesso a contac-tos externos quer da família, ad-vogados e muitos dos seus colegas
do partido. (I.Z)
Chefe do Estado diz que diálogo é “complexo”
- Tensão político-militar domina celebração dos 38 anos da independência nacional
Por Emídio Beúla e
Argunaldo Nhampossa
Defesa e Segurança, contra apenas
uma baixa da Renamo. Trata-se de
uma situação que tem alimentado
muitas especulações sobre a pron-tidão das Forças de Defesa e Se-gurança, dado que em três ocasiões
foram atacados de surpresa.
Armando Guebuza, que também é
Comandante em Chefe das Forças
de Defesa e Segurança, entende
que dada a vastidão do território
nacional, é possível que não se te-nha o mesmo nível de prontidão
combativa em todos os locais e mo-mentos.
Entendimento contrário tem o an-tigo Chefe do Estado-Maior Ge-neral, Paulino Macaringue, exone-rado do cargo esta quarta-feira.
Para Macaringue, os ataques per-petrados por homens armados da
Renamo não estão em altura de
constituir um termómetro para
medir a prontidão combativa das
Forças de Defesa e Segurança e
nem se quer existe uma relação en-tre os incidentes de Muxúnguè e a
prontidão das forças.
“São incidentes do percurso que
podem acontecer dependendo da
situação, mas não podem ser usa-dos para descredibilizar o trabalho
que estas forças desenvolvem”, la-mentou.
O vice-ministro da Defesa Nacio-nal, Agostinho Mondlane, disse ao
SAVANA que o que se passa no
troço Save – Muxúnguè é um pro-blema localizado e que as Forças de
Defesa e Segurança estavam a tra-balhar no sentido de cumprir o seu
dever perante o Estado, designada-mente restaurar a livre circulação
de pessoas e bens num ambiente de
paz. “Estamos a trabalhar no sen-tido de a breve trecho resolvermos
esta situação”, prometeu Mondlane.
Igual promessa foi feita por Jorge
Khalau, Comandante-geral da Po-lícia, que também falava na Praça
dos Heróis Moçambicanos. “Esta-mos a controlar a situação e vamos
continuar a escoltar as colunas de
veículos até que isto termine”.
“Diálogo franco e honesto”,
Eduardo Mulémbuè
Já o deputado à Assembleia da Re-pública (já presidiu o órgão em três
legislaturas consecutivas) e mem-bro da Comissão Política da Freli-mo, Eduardo Mulémbuè, considera
que a condição para o consenso
político passa por um processo de
“mortificação”, onde cada uma das
partes em diálogo, nomeadamen-te o Governo e a Renamo, devem
saber perder. “Vejamos no diálogo
franco e honesto a única via para
que este povo volte a sentir que está
em paz”, apelou.
Para Alberto Chipande, veterano
da Luta de Libertação Nacional e
deputado à Assembleia da Repú-blica, a solução do actual diferendo
político que opõe o Governo do
maior partido na oposição passa
pelo Parlamento. É na Assembleia
da República, segundo Chipande,
onde a Renamo deve apresentar as
suas exigências para a deliberação
dos deputado.
Eduardo Mulémbuè
Paulino Macaringue
Joaquim Chissano
Ataques no troço Save - Muxúnguè são teste à nossa determinação
7 Savana 28-06-2013
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8 Savana 28-06-2013
INTERNACIONAL
A
Rio Tinto, segunda maior
mineradora mundial, po-derá vender a sua opera-ção na mina de Benga,
em Tete, estando em operação um
concurso interbancário para selec-cionar um consultor financeiro que
irá viabilizar o processo. Abordado
esta quinta-feira pelo SAVANA, o
escritório da Rio Tinto em Mapu-to diz que não comenta “rumores
Rio Tinto admite vender operação na Benga
de mercado ou especulações”.
No entanto, em Fevereiro passado,
a Rio Tinto enviou um executivo de
topo da empresa a Moçambique para
estudar a rentabilidade do projecto de
exploração de carvão em Benga, pro-víncia de Tete, após a empresa anun-ciar reduções de valor contabilístico de
activos na ordem de 10,5 mil milhões
de euros relativas ao país e ao grupo de
alumínio canadiano Alcan, adquirido
em 2007.
O Wall Street Journal refere na
edição desta quarta-feira que a
mineradora anglo-australiana,
com sede em Londres, está a ava-liar a possibilidade de venda total
ou parcial dos activos da unidade
moçambicana do grupo que opera
na área de extracção de carvão em
Moçambique.
-“Não comentamos rumores de mercado ou especulações”,
escritório da mineradora em Maputo.
Zuma tinha agendada uma visita a
Maputo Siphiwe Sibeko/Reuters
O Presidente da África do Sul,
Jacob Zuma, cancelou a viagem
a Moçambique, depois de ter vi-sitado Nelson Mandela, que está
hospitalizado desde o dia 8 com
uma infecção pulmonar. Segundo
um familiar, o ex-Presidente já não
consegue respirar por si próprio.
“Sim, ele está a usar uma máquina
para respirar”, admitiu à AFP,na
quarta-feira à noite, Napilisi Man-dela, meio-irmão de Nelson. “É
mau, mas nada podemos fazer”,
acrescentou o familiar.
De acordo com um comunicado da presidência sul-africana divulgado
pouco antes, o ícone da luta contra o apartheid “está ainda numa situação
crítica”. A nota refere que Zuma “foi informado pelos médicos, que estão a
fazer tudo o que podem para assegurar o bem-estar de Madiba [nome por
que Mandela é também conhecido]”.
O Presidente sul-africano tinha programada uma visita a Maputo, onde iria
participar numa cimeira sobre investimento em infra-estruturas na SADC.
Já nesta quinta-feira, uma das netas disse aos jornalistas concentrados à
porta do hospital que Mandela “está estável” e a sua filha mais velha asse-gurou que o pai se mantém consciente. “Não vou mentir, a situação não é
boa. Mas posso dizer que quando falamos com ele, ele reage e tenta abrir os
olhos. Ele continua connosco”, assegurou Makaziwe.
A África do Sul está aos poucos a preparar-se para a morte de Mandela,
que tem 94 anos. Relatos dão conta de que a família esteve reunida nesta
terça-feira para tomar decisões sobre o funeral, mas não conseguiu chegar a
uma conclusão. Em torno do Mediclinic Heart Hospital, em Pretória, con-centrou-se uma multidão da vez maior de jornalistas e muitos sul-africanos
continuam a acorrer ao local para acender velas, rezar, fazendo crescer uma
espécie de memorial, com cartazes e fotografias.
O estado de saúde de Mandela agravou-se no domingo e o internamento,
que dura há 18 dias, é o quarto desde Dezembro
É
a primeira visita pelo conti-nente desde que foi eleito Pre-sidente. Deslocação ensom-brada pela saúde de Mandela.
É uma viagem emblemática e que
África esperava desde que Bara-ck Obama foi eleito, em 2008, mas
que começa ensombrada pelo estado
crítico em que se encontra Nelson
Mandela. Nas três escalas, no Sene-gal, África do Sul e Tanzânia, o Pre-sidente norte-americano vai falar de
democracia e desenvolvimento, mas
chega ao continente com poucas ar-mas para contrariar a posição domi-nante conseguida nos últimos anos
pela China.
Muito mudou desde a breve visita
de Obama ao Gana, há quatro anos,
quando um continente inteiro bebeu
as palavras do primeiro Presidente
negro dos EUA: “O sangue de Áfri-ca corre nas minhas veias, a história
da minha família integra por igual
as tragédias e os triunfos da história
maior de África”, disse, numa home-nagem também ao pai, de nacionali-dade queniana. A euforia que acom-panhou essa breve visita esmoreceu
- África foi sendo relegada na agenda
de um Presidente ocupado com a cri-Obama em África
se económica, as Primaveras Árabes,
os assuntos internos - e dificilmente
se repetirá, apesar do entusiasmo dos
países que foram incluídos na primei-ra viagem de Obama pelo continente.
O Senegal é a primeira paragem de
Presidente norte-americano, com
uma visita à ilha de Gorée e aos edi-fícios onde os cativos africanos eram
mantidos à espera de serem manda-dos para a escravatura na América.
Uma visita simbólica, sublinhando
um pedaço comum da história dos
dois continentes, mas com a escolha
do Senegal a Casa Branca pretende
enviar outra mensagem aos africanos.
O país “é uma das raras ilhas de de-mocracia na África francófona face a
uma tormenta de golpes de Estado
e ditaduras e isso foi determinante”,
explicou um diplomata ouvido pela
Radio France Internationale.
África do Sul e Tanzânia são as eta-pas seguintes de um percurso durante
o qual se espera que Obama insista
na ideia forte que levou em 2009 ao
Gana, a de que os africanos “não pre-cisam de homens fortes, mas de insti-tuições fortes”.
A promessa de investimentos ame-ricanos no continente fará parte da
agenda, mas não se espera que Oba-ma apresente iniciativas com a di-mensão das que foram lançadas pelos
seus antecessores: Bill Clinton, que
visitou várias vezes o continente, fez
aprovar uma “lei sobre o crescimen-to de África”, eliminando as barrei-ras comerciais sobre mais de seis mil
produtos de 35 países africanos; Ge-orge W. Bush aproveitou uma deslo-cação em 2003 para lançar um plano
de cooperação na luta contra a sida,
recordou a France 24.
Com a crise no Ocidente, é da Chi-na que parte hoje grande parte do
investimento - em infra-estruturas,
mas também nos sectores das minas
e do petróleo - de que África preci-sa e que, desde 2009, faz de Pequim
o principal parceiro económico do
continente. Mas os EUA não querem
ficar de fora da corrida pelas oportu-nidades económicas e pelas matérias--primas africanas e a visita de Obama
pretende mostrar isso mesmo. “África
é um continente onde temos de estar
presentes e ficamos felizes de poder
enviar, no início deste segundo man-dato, uma mensagem muito forte do
profundo compromisso americano”,
disse à AFP Ben Rhodes, o conse-lheiro diplomático de Obama.
Todos os planos podem, no entanto,
desmoronar-se se surgirem más notí-cias de Pretória, onde o ex-Presidente
sul-africano está hospitalizado em
estado crítico. Mesmo que ele não
morra, a situação clínica de Mandela
ensombrará a passagem pela África
do Sul, onde Obama é esperado no
sábado para uma visita que incluiria
Robben Island, a ilha que foi prisão
do Nobel da Paz. O Governo sul--africano disse apenas que Obama
não deverá visitar Mandela - com
quem se encontrou uma única vez,
quando era ainda um jovem senador.
A ensombrar a visita também o de-sagrado do Quénia por não ter sido
incluído no périplo - uma decisão
que se deve ao facto de o recém-eleito
Presidente Uhuru Kenyatta ter sido
acusado de crimes contra a humani-dade pelo Tribunal Penal Internacio-nal por causa da violência étnica que
se seguiu às eleições de 2007 - e as
notícias sobre os custos da viagem
que, segundo o Washington Post, se
situam entre os 60 e os cem milhões
de dólares
(Público.pt)
O
jornalista recusou as acusa-ções e disse que homem é que
”insistiu” para participar no
directo, mas acabou por ser
despedido
Um jornalista está a causar polémica
em todo o mundo por ter feito um
directo numa das zonas da Índia mais
afectadas pelas cheias sentado nos
ombros de uma vítima local. Narayan
Pargaien é acusado de falta de pro-fissionalismo e de direitos humanos
e acabou por ser despedido pelo seu
acto. “O que ele fez foi muito desu-mano”, disse o responsável pelo canal
News Express, Nishant Chaturvedi.
“Não se pode subir aos ombros de al-guém para cobrir uma história. Des-pedimo-lo na terça-feira”, sublinhou.
“Ele enviou-nos o vídeo. Ficámos
chocados ao vê-lo sentado nos om-bros do pobre homem. Temos que ser
parte do povo, e não andar sobre ele”,
acrescentou Chaturvedi.
O jornalista, que tem 20 anos de ex-periência, já veio a público negar as
acusações dizendo que o indiano é
que insistiu para participar no direc-to porque “nunca tinha conhecido
ninguém tão importante” como o
repórter.
O vídeo foi partilhado no YouTube
no início deste mês e as críticas mul-tiplicaram-se com muitos a referirem
que a filmagem é “uma desgraça para
o jornalismo”.
Cheias na Índia
Repórter faz directo sentado nos ombros da vítima
Zuma cancela viagem
depois de visitar Mandela
-Filha assegura que ex-Presidente se mantém conscien-te, apesar de estar a respirar com ajuda de máquina.
9 Savana 28-06-2013
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10 Savana 28-06-2013
O
s poderes esqueceram os
sacrifícios da guerra pela
independência. Têm me-mória curta em relação à
guerra civil. Dezenas de milhares
de mortes, milhões de deslocados
e refugiados de guerra, fome, sofri-mentos, crise económica, destrui-ção de infra-estruturas, desarticula-ção dos tecidos sociais e familiares,
colapso no funcionamento da eco-nomia, etc., parece que não foram
suficientes para se aprender o valor
da paz. Não importa aqui referir as
motivações, das partes envolvidas
para o início e manutenção das
guerras.
Simulações manipulatórias de
intenções de negociações multi-plicaram-se nos últimos tempos.
Pode-se deduzir que nenhuma das
partes estava interessada em algum
acordo naquelas mesas de negocia-ções. As verdadeiras conversações
parecem terem outras agendas e
outros negociadores. Os assuntos
agendados para a mesa das conver-sações “oficiais”, não são a causa da
subida dos tons discursivos e epi-sódios de conflitualidade social e
armada.
O discurso patético e falso de Mo-çambique como um país de paz e
com estabilidade económica cai por
terra. As máscaras que pretendiam
legitimar políticas económicas er-radas de Bretton Woods seguidas
subservientemente por elites locais
mostram de forma crua as suas
faces: mais pobreza, maior depen-dência externa, agravamento das
desigualdades sociais, exclusão so-cial, crise alimentar, corrupção, sel-vajaria económica, perda de valores
éticos de coesão social, riqueza con-centrada, predadorismo de recursos
naturais, discursos ofensivos para
com os cidadãos por parte de mem-bros do governo. Concentração do
poder, perdas de democraticidade
e desinformação oficial militante-mente desenvergonhada.
O exemplo de um país de sucesso
de estabilidade em África desmo-rona-se. A PAZ sem paz parece
ter chegado ao fim. Fortes indícios
indicam o início de uma nova guer-ra. Acontecimentos de Nampula
e Muxúnguè, o ataque ao paiol de
Savane, na Estrada Nacional Nº1,
combates da Gorongosa, movi-mentações militares, incluindo, ao
que se diz, de forças externas, dis-cursos belicistas de ambas as par-tes, fundamentam o galopar para
um possível novo conflito armado.
No âmbito geral, multiplicam-se
manifestações de instabilidade so-cial com diferentes manifestações,
greves e discursos radicalizados. As
organizações da sociedade civil cla-mam por PAZ em paz que ambas
as partes não ouvem. A população
Da PAZ sem paz para a PAZ em paz.
O fim às máscaras
não quer a guerra. Sobre ela recairá
o fundamental dos sacrifícios: mor-tes, mais pobreza, fome, desloca-ções forçadas, acantonamentos de
refugiados e deslocados do conflito
etc.
Quais as motivações deste novo
eventual conflito? Sem dúvida, a
riqueza do país e a ambição das
elites pela acumulação, corrom-pendo-se. Não muito diferente dos
exemplos de uma África roubada,
também pelas elites locais, que tão
bem aplicam os ensinamentos do
capitalismo e fascismo colonial. Os
ideais de Amílcar Cabral, Eduar-do Mondlane, Kwame Nkrumah,
Moise Tshombe, Nelson Mandela,
Samora Machel, cada um com as
suas virtudes e defeitos, mas prin-cipalmente com os ideários de uma
África independente, justa e de-senvolvida, foram capturados por
elites minoritárias medíocres poli-ticamente, tecnicamente incompe-tentes e eticamente corruptas, que
assaltaram o poder para, em nome
do povos, dele satisfazerem os seus
mesquinhos interesses. A história
não os absolverá. A história será
feita pelas novas gerações. O en-gano acabará. O título de um texto
que circula na internet diz sensivel-mente: África deve libertar-se dos
seus libertadores.
Nada justifica a guerra. Nem de
quem a inicia com o primeiro tiro,
nem de quem não tem estatura de
Estado para evitar esse primeiro
tiro, nem dos que não foram ca-pazes de a evitar, não obstante os
fortes indícios dessa possibilidade.
Excepto se as partes encontrarem
imediatamente elementos de com-promisso por em cima de interesses
individuais, de grupos, de partidos
ou de caprichos e maus-feitios. Não
há discursos justificativos ou acusa-tórios que fundamentem alguma
guerra. E parece que se está nessa
retórica barata.
É preciso ter cuidado com os erros
de cálculo. Nada indica que, porque
não existam países para uma reta-guarda de logística ou de forneci-mento oficial de armamento, que
a guerra não possa acontecer. Há
múltiplos negócios de armamento
e os vizinhos nem sempre são o que
parecem ou, também nelas existem
forças não hegemónicas. Soluções
do tipo Savimbi não são replicáveis
em Moçambique. A Frelimo não é
o MPLA, o exército angolano não
é o moçambicano a Renamo não é
a Unita nem Dhlakama é Savimbi.
A sociedade moçambicana de 2013
não é a sociedade angolana dos
princípios deste século. O capital
internacional não parece tão certo
que Guebuza seja indefinidamen-te o parceiro de que necessitam. A
política e diplomacia internacional
possuem crescentes reservas relati-vamente ao poder de Maputo. Resta
saber até que ponto as multinacio-nais e os respectivos países poderão
influenciar (ou forçar) uma solução
imediata do iminente conflito. Não
é certo que o poder seja monolítico
e muito menos quando a sua repro-dução esteja em perigo. Existem
evidentes sinais da existência de
opiniões diferentes e não propria-mente apenas no que se poderia en-quadrar no contexto de pluralidade
democrática. Há diferenças ideoló-gicas, de políticas e da forma como
a governação actua. A sociedade de
hoje não é aquela de há uma déca-da. O país não é tão “robusto” como
a propaganda pretende demonstrar.
As recentes cheias, os seus efeitos e
a capacidade de resposta na repa-ração dos danos causados, a avaria
eléctrica na EDM, os cortes siste-máticos do transporte de energia de
Cahora Bassa, testam a fragilidade
da capacidade organizacional e das
instituições. O recenseamento para
as eleições revela debilidades orga-nizativas, excepto se forem propo-sitadas. Em resumo, são evidentes
as fortes fraquezas em que assenta
o tal crescimento robusto, a estabi-lidade económica e a paz em Mo-çambique.
Qualquer que seja a solução pon-tual, as soluções duradouras terão
de ser internas. E estas passam
necessariamente por alterações
profundas de políticas económi-cas e sociais, pela democratização
efectiva e o fim do autoritarismo
e da arrogância, pela governação
transparente e pelo combate efi-caz contra a corrupção, pelo fim da
promiscuidade entre política e ne-gócios, por uma melhor distribui-ção das oportunidades, por mais e
melhores serviços aos cidadãos, por
maior respeito pelos cidadãos e dos
direitos humanos.
O amanhã não deverá ser mais
idêntico ao passado. Mesmo que
desejavelmente não exista agrava-mento e prolongamento da situa-ção actual de conflito, muita coisa
deverá mudar. O primeiro seria o
João Mosca
governo. Uma remodelação pro-funda até ao nível das províncias e
distritos para uma governação de
unidade nacional com governantes
de reconhecido mérito, competên-cia e integridade ética e moral. A
despartidarização do Aparelho de
Estado e das forças de defesa e se-gurança. A realização de eleições
antecipadas. Só assim a paz sem
paz existente até há dias poderá ser
substituída por uma paz em paz.
A voz popular veiculada pelos ór-gãos de informação é sábia: “o país
é rico, eles não podem comer tudo
sozinho, é necessário distribuir o
bolo” e acrescenta a voz do povo: “o
governo tem de se sentar com a Re-namo e resolver a situação”. Agora,
quem fala ou escreve, não são os
apóstolos da desgraça, os anti pa-triotas, os distraídos e os que não
querem o desenvolvimento. Agora
é o tempo do governo mostrar ser
patriota, atento e revelar que quer
o desenvolvimento equitativo e que
beneficie o povo. Escrever mais
para quê?
11 Savana 28-06-2013
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12 Savana 28-06-2013
SOCIEDADE
T
al como as últimas duas ron-das negociais entre o Go-verno e a Renamo, a sétima,
realizada na última segunda--feira, terminou sem consensos en-tre as partes.
Nesta ronda, o problema não foi em
torno da entidade que deverá re-meter a proposta de revisão da Lei
Eleitoral à Assembleia da República
(AR). A Renamo já aceitou assumir
essa responsabilidade, mas a equi-pa do governo não aceitou adoptar
totalmente o documento proposto
pela sua contraparte.
De acordo com José Pacheco, Mi-nistro da Agricultura e chefe da de-legação do governo, os pontos apre-sentados pela delegação da Renamo
em torno da legislação eleitoral “são
claros, relevantes, pertinentes, opor-tunos e urgentes”.
Contudo, Pacheco sugere que dada
a sua natureza, e em observância ao
princípio da separação de poderes e
à Constituição da República, deve
ser a Renamo a submeter o docu-mento à Assembleia da República.
Pacheco refere que o facto de ter que
ser a Renamo a submeter a proposta
não impede que o Governo também
o possa fazer usando os canais que
tem para o efeito.
Segundo ele, na sétima ronda a de-legação da Renamo trazia na sua
agenda seis pontos. Destes, o Go-verno adoptou quatro e uma alínea
de um dos pontos.
Sendo que houve divergências quan-to ao segundo ponto que estabelece
que as partes acordaram em adoptar
os pontos sobre os princípios de le-gislação eleitoral apresentados pela
Renamo e submetê-los à AR para
serem transformados em lei.
O segundo ponto de discórdia diz
respeito à proposta da Renamo de
re-calendarização do actual ciclo
eleitoral.
No entender de Pacheco, a Renamo
pretende que no diálogo em curso
haja um comando para ordenar a
Assembleia da República a aceitar
tudo o que a sua delegação traz. Tal
não será possível, sublinhou Pache-co, devido à necessidade de obser-vância do princípio da separação de
poderes.
Acrescentou que dentro do mesmo
quadro, as questões relativas à reca-lindarização do ciclo eleitoral deve-rão ser apresentadas aos respectivos
órgãos eleitorais.
O chefe da delegação da Renamo,
Saimone Macuiane, diz que, dife-rentemente das anteriores vezes, a
sua equipa já assumiu a responsabi-lidade de remeter o documento ao
órgão legislativo. Mas antes de mais
deve haver um acordo político que
vincule as partes ao documento para
garantir o sucesso do trabalho.
Segundo Macuiane, o consenso
falhou quanto ao conteúdo da pro-posta a ser submetida à AR, porque
para se chegar a este ponto é preciso
que o documento seja adoptado na
totalidade pelas duas delegações e
se torne num produto daquelas ne-gociações.
Mais ainda destacou que a Renamo
pretende que este diálogo tenha um
resultado positivo que permita a re-alização de eleições livres, justas e
Diálogo Governo Renamo a passo de camaleão
Por Argunaldo Nhampossa
transparentes. Assim, tudo será fei-to para o alcance deste lema e não
vão avançar para os pontos subse-quentes da agenda antes de esgotar
o primeiro.
É preciso paciência
O Chefe de Estado Moçambicano,
Armando Guebuza, disse no âmbito
das comemorações dos 38 anos de
independência nacional, que é preci-so que o povo tenha paciência para
o alcance dos resultados nas nego-ciações entre as duas alas.
“Eu próprio estive dois anos em
Roma e tive paciência por isso tudo
o povo deve compreender que não
se está a tratar de alguém que age
como nós gostaríamos que agisse.
Age matando pessoas e população
civil, já devem imaginar como é
complexo negociar com pessoas que
têm este espírito”, disse Guebuza.
Acomodar a Renamo
O cientista político e docente unive-ristário, José Jaime Macuana, aponta
que o Governo está a fazer um jogo
político para queimar tempo, mas
no fim das contas vai ceder à pres-são e acomodar a Renamo nos actos
eleitorais tal como acontenceu com
a constituição da bancada parla-mentar do Movimento Democratí-co de Moçambique (MDM).
Na percepção Macuana, o diálogo
entre as duas delegações deve ter
como objectivo principal a acomo-dação da Renamo nos órgãos elei-torais e a resolução do diferendo em
torno das forças de defesa e segu-rança, facto que está a colocar o país
num clima de tensão.
O mesmo aponta que seria de la-mentar não ter este partido nos pró-ximos pleitos eleitorais, e o próprio
partido Frelimo não se sentiria con-fortável.
Macuana refere que não acha cor-recto que as duas equipas estejam a
debater assuntos de agenda nacio-nal, como é caso das questões eco-nómicas e despartidarização do Es-tado, pontos subsequentes ao pacote
eleitoral. Isto porque nos restantes
pontos a sociedade civil é também
parte interessada do assunto. Deste
modo, apela às duas delegações para
agendarem estes dois temas na revi-são da agenda 20-25, onde os assun-tos serão discutidos sem o espírito
partidário, por muito especialistas e
não apenas por dois grupos.
António Gaspar, também docente
universtário e especialista em ges-tão de conflitos, disse que é legítimo
que o povo exija resultados imedia-tos nas negociações, mas é preciso
notar que a demora dos mesmos e
sucessivos impasses visa com que o
conteúdo dos acordos rubricados
não deixe dúvidas.
Para Gaspar, qualquer acordo mal
redigido pode gerar problemas na
sua implementação, por isso tudo
deve ser discutido ao detalhe.
Mais ainda, esclareceu que, apesar
dos impasses que se verificam no
diálogo, é preciso notar que há ligei-ros avanços em cada encontro e não
podemos afirmar que o trabalho não
está a surtir efeitos desejados.
O mesmo referiu também que cons-titui um contrasenso por parte da
Renamo, em pretender negociar e
ao mesmo tempo recorrer ao uso
da força para imposição das suas
ideias. Nas negociações deve ha-ver um espírito de cedência mútua
e não imposição de tudo o quanto
uma delegação traz. Por isso apela
aos envolvidos para que tomem em
consideração estes aspectos, para o
alcance de resultados satisfatórios
que garantam a paz e estabilidade
no país.
N
o âmbito do diálogo
entre o Governo da
República de Moçam-bique e a Renamo sobre
os pontos constantes na agenda
do referido dialogo, foi até a
data debatido o primeiro pon-to relativo a Legislação Eleito-ral. Com efeito, movidos pelos
superiores interesses do Povo
moçambicano, nomeadamente a
manutenção da Paz, Justiça So-cial, Democracia e realização de
Eleições livres, justas e transpa-rentes, assim:
I. As partes chegaram a consen-so de que os pontos apresenta-dos pela Delegação da
RENAMO, relativamente a le-gislação eleitoral são relevantes,
pertinentes, oportunos
e urgentes.
Il. As partes acordam em adop-tar os pontos sobre os princípios
de Legislação Eleitoral apresen-tados pela Renamo e submetê--los à Assembleia da República
para serem transformados em
lei, devidamente articulado.
(Não consensual)
Ill. Para a execução do ponto 11,
as partes acordam:
a)Propor o seu agendamento
para a próxima sessão extraordi-nária da Assembleia da
República, no prazo de 10 dias a
contar da data de assinatura do
presente acordo.
b) Recalendarização do actual
ciclo eleitoral. (Não consensu-al)
IV. As partes acordam que a
actividade política ou partidá-ria não deve ser alvo de inter-ferência, intimidação ou coação
de espécie alguma, movida por
qualquer autoridade singular ou
colectiva.
V. As partes acordam que o Go-verno tendo registado os pontos
sobre os princípios de legislação
Pontos do pacote eleitoral em debate
eleitoral, apresentados pela Renamo,
compromete-se em trabalhar tec-nicamente nos fóruns apropriados,
sempre que, para o efeito, for soli-citado.
VI. Dada a sua natureza, as partes
acordam em remeter à Assembleia
da Republica para
efeitos de serem transformados em
lei, na seguinte ordem:
1. Princípios gerais:
a) Liberdade de imprensa e de aces-so aos meios de comunicação;
b) Liberdade de associação, expres-são e de propaganda política;
c) Não exigência do atestado de re-sidência nas candidaturas às elei-ções, por morada dos eleitores/
candidatos constar do cartão de
eleitor.
2. Comissão Nacional de Eleições:
a) Uma Comissão Nacional de
Eleições designada em respeito
ao princípio da PARIDADE
entre a Renamo e a Frelimo, sem
prejuízo do consenso alcançado
entre as bancadas da Frelimo e
do MDM;
b) Comissão Nacional de Eleições
em cujas sessões plenárias assis-tem, querendo, representantes ou
mandatários de partidos políti-cos;
c) Comissão Nacional de Eleições
com poder regulamentar apenas
no âmbito das competências
atribuídas pela lei;
d) Comissão Nacional de Eleições
impedida de exigir requisitos ou
documentos para além dos pre-vistos na lei;
e) Replicar o formato da CNE a
todos os seus órgãos de apoio,
designadamente Comissões de
Eleições Provinciais, Distritais
e de Cidade, com as necessárias
adaptações.
3. Secretariado Técnico de Admi-nistração Eleitoral:
a) STAE dirigido por um Direc-tor Geral e um Director Geral
Adjunto que superintende as
Direcções Nacionais, designados
por consenso entre a Renamo e a
Frelimo;
b) STAE onde o seu quadro de
pessoal para além dos recruta-dos mediante concurso público,
integra pessoal proveniente dos
partidos políticos e coligações
de partidos, com assentos na As-sembleia da República, designa-dos por PARIDADE;
c) Replicar o formato da alínea an-terior, ao STAE Provincial, Dis-trital ou de Cidade e no processo
de criação de brigadas de recen-seamento e nas mesas de votos.
4. Recenseamento Eleitoral:
a) Os locais de recenseamentos de-vem ser institucionalizados e fi-xos;
b) O cartão de eleitor deve servir de
prova plena de todos os elemen-tos nele contidos nomeadamen-te, a morada ou residência.
5. Campanha eleitoral:
R5 ,)# #éã)5 5*/ &# # 5 5 '-panha eleitoral fora do tempo da
antena a fim de salvaguardar o
princípio de igualdade entre os
concorrentes que apenas devem
usar o tempo de antena distribuí-do pelos órgãos eleitorais.
6. Assembleia de voto:
a) 50 Dias antes das eleições, có-pias dos cadernos eleitorais são
entregues, contra recibo, a todos
os concorrentes às eleições, com
o objectivo de imprimir maior
transparência à votação;
b) Membros da mesa de votação de-signados por paridade, de modo a
que em cada mesa de voto sejam
integrados cidadãos propostos
por partidos.
7. Fiscais/Delegados de candidatu-ra:
a) Os fiscais/delegados de candida-tura são indicados e credenciados
pelos partidos políticos;
b) Proibição de prender membros
da assembleia de voto, delegado
de candidatura ou fiscal de
qualquer partido político ou
coligação de partidos.
8. Apresentação de candidatura:
R5 -5 &#-. -5 5 ( # ./, -5 5
Deputado da Assembleia da
República, Membro das As-sembleias Provinciais e Mu-nicipais e para Presidente de
Município, devem ser recebi-das pela CNE, contra recibo
detalhado do que se recebe,
que não as poderá recusar,
devendo notificar os parti-dos/concorrentes às eleições
para suprir irregularidades de
qualquer natureza.
9. Votação:
R5 -5 & ! )-5 5 ( # ./, 5
devem ficar junto à mesa de
votação para melhor exercer
os seus direitos;
10. Boletins de voto:
R5 ã)5 *) '5 - ,5 *,) /4# )-5
em número superior ao dos
eleitores inscritos em cada
caderno eleitoral, com o ob-jectivo de evitar que os bole-tins que sobram possam ser
usados de forma ilícita;
11. Contagem de votos:
R5 5 )(. ! '5 5 */, ' (.)5
parcial dos votos são presen-ciados, em cada mesa, por re-presentantes dos concorren-tes às eleições, para conferir
maior transparência ao pro-cesso eleitoral;
12. Contencioso eleitoral:
a) O contencioso eleitoral passa
a ser dirimido pelos tribunais
eleitorais;
b) Introduz-se a figura de recon-tagem de votos com a finali-dade de resolver os conflitos
eleitorais, reverificando os
boletins de votos das mesas
cujos resultados forem postos
em causa ou duvidosos.
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Savana 28-06-2013
NO CENTRO D
U
m novo disco na forja,
agendado para o fim do
ano, foi o pretexto que o
SAVANA arranjou para
esta longa conversa com
o compositor José Mucavele, que já
não gravava desde 1996. Falámos de
muita coisa….
A infância….
Nasci no Chibuto em 1950 quinto
filho de uma família de nove irmãos.
O meu avô materno quando a minha
mãe estava grávida de três meses tra-çou-me o destino : este, minha Filha,
vai nascer rapaz e vai ser um rapaz
especial.
Apesar da profecia, a nossa infância
foi conturbada. Os meus irmãos mais
velhos levaram-me com eles quando
fugiram de casa para evitar os maus
tratos de uma madrasta, poderosa
curandeira. Refugiámo-nos no quar-tel português do Chibuto onde eu,
miúdo pequeno, já tocava gaita de
beiços “…até hoje ainda toco viras
numa gaita. Desafio qualquer um..”.
Aos 12 anos fui estudar para a Mis-são de Chibuto onde aprendi solfejo
e canto gregoriano com os padres
portugueses .Pouca gente sabe, mas
naquela época, a Igreja do Chibuto
tinha um conjunto de 12 sinos na
sua torre lateral, único em Moçambi-que. Tocavam-se num teclado. Aqui-lo fascinava-me.
Assim, tive a sorte de ter tido du-rante aquele período, uma educação
musical mais teórica, digamos, o que
me ajudou mesmo muito a tocar e
a entender as escalas daquela violas
de lata de quatro cordas e de outros
instrumentos tradicionais que se ou-viam.
Aliás, a maioria dos músicos deste
País, oriundos das zonas rurais, co-meçaram com as violas de lata.
L.Marques – a última década do
período colonial e a música começa
….
Foi em 1964 quando os padres qui-seram que eu continuasse os estudos
no Seminário. Já me apercebera que
vida do latim e da abstinência não
eram para mim (risos).Aí decidi ir
viver para Lourenço Marques. Fui
para casa de uns primos e arranjei o
meu primeiro trabalho como pintor
na EPEL, Empresa de Pinturas Pin-to Eliseu.
Ganhava 1000 escudos por mês,
nada mau naquele tempo. Aprendi
com bons Mestres as técnicas e lá
acabei encavalitado em andaimes a
fazer pinturas publicitárias nos pré-dios da cidade, coisa muito na moda
naqueles anos.
Pois…Os tais primos com quem eu
vivia tinham fundado um conjun-to Os Escravos e eu disse-lhes que
queria tocar com eles. Mas havia um
problema : a banda só precisava de
um trompetista .
Acontece que conheci o Marcelo,
trompetista dos Monstros e disse-lhe
que queria aprender a tocar trompe-te. O Marcelo, assim meio divertido
Novo CD de José Mucavele reinventa son
Por Nuno Quadros
Fotos: Naita Ussene
com o meu atrevimento, passou-me
as notas num caderno e emprestou--me um trompete durante um mês.
Com o dinheiro que já tinha juntado
das pinturas, acabei comprando um
trompete e com as luzes de solfejo
que adquirira na Missão, pouco tem-po depois a banda Os Escravos pôde
contar com um trompetista. Eu .
Nunca poderei esquecer a cara de
espanto do Marcelo, quando algum
tempo depois vai a um casamento e
me vê em palco a tocar um trompete
afinadinho com os Escravos. Até me
veio dar os parabéns.
A minha iniciação nos meios mu-sicais daquele tempo foi como
trompetista. Acabei solista em es-pectáculos semanais no Folclore, um
restaurante de luxo com música ao
vivo e que funcionava na antiga Pra-ça de Touros , naquela época.
No início de 70`s, o saudoso Rui
Cartaxana escreveu até na revista
Tempo, que eu era um dos melhores
trompetistas da era colonial. Fiquei
conhecido como o Zé do Trompete.
A viola
Durante todo esse período em que
participei nos espectáculos com os
Escravos, depois de ter aceite o desa-fio do Ricardo Barros para tocar no
Folclore, a solo, comecei a dedicar--me à viola de seis cordas, pratican-do cada vez mais, brincando com
as escalas mas sem grandes pressas
porque eu era fundamentalmente
um trompetista. Essa coisa de viola
e composição eram coisas íntimas,
minhas e que eu ia aperfeiçoando.
Sem pressas…
A PIDE : agarrem-me se pu-derem…
O culpado foi o Ivo Garrido ( risos).
Nessa altura, o Garrido era o pre-sidente da Associação de Estudantes
Universitários e aos fins-de-semana
organizavam-se grandes debates
estudantis e memoráveis sessões de
jazz e de blues ali no Self, como era
conhecida a residência universitária.
Como eu tocava com a banda Con-ceito, acabámos por passar a actuar
lá quase todas as semanas. Aquelas
noites no Self aos fins de semana
enchiam e os PIDES andavam por
lá, naturalmente…E foi numa des-sas rusgas em que vários estudantes
são presos que eu sei através de uma
namorada de um desses bufos, que
eles andavam à minha procura…
Não sabiam o meu nome. Eles que-riam mesmo era apanhar o tal Zé do
Trompete.
Nunca me agarraram. Graças à in-formação dessa amiga, apanhei uma
camioneta para a Beira, onde come-cei a tocar trompete numa famosa
banda local, Os Outros com o Ri-cardo Palma Pinto. Só que as malhas
apertavam-se cada vez mais e tive de
fugir de novo, desta vez, para Que-limane, mas uma semana mais tarde,
venho escondido num camião para
L.Marques e acabo por me refugiar
no Chókwè.
Um pouco de Nanchigwea, de
calaboiço e de estruturas que me
quiseram fumar
Isto passa-se por volta de 73. No
Chókwè, conheço o Paulo Zucula,
o actual ministro dos Transportes e
formámos um grupo. Um belo dia,
quando firmámos um contrato para
tocar no Xai-Xai, sou avisado por
amigos que a Pide estava à minha
espera e, foi então, que decidi ir para
a Tanzania, já em 1974, e acabo em
Nanchigwea, durante o período de
transição. Recebo formação e treino
militar e sou colocado no que é hoje
Ministério do Interior, como Co-mandante Nacional de 2ª Secção, o
equivalente a Comissário de Polícia.
Mas como devo ter feito algum co-mentário indevido, sei que passado
pouco tempo, fui preso e passei nove
meses detido juntamente com um
outro, o Comandante de Trânsito, o
Francisco Alberto, por ordens supe-riores, sem que até hoje tenha sabido
as razões que levaram à minha de-tenção. Mais, eu nunca fui desmobi-lizado ou despromovido nem recebo
salário desde então. Enfim…
Em 1976, sou solto e colocado na
província de Nampula, na Direcção
da Agricultura, e dou comigo a to-mar conta de uma empresa de algo-dão. Eu não percebia nada daquilo,
não recebia salário e como o que eu
queria era trabalhar na minha músi-ca e composição começo a tocar em
Nampula, aos fins-de-semana com
o Chico da Conceição. O Gover-nador, nesse tempo era o Américo
Fumo, manda-me chamar e prega--me uma repreensão, dizendo que eu
era um quadro superior da Frelimo,
um director da Agricultura e que não
podia andar a tocar pelos bares. Res-pondi-lhe que a cultura era uma das
armas da Revolução e que como não
tinha qualquer remuneração como
algodoeiro tinha que tocar para so-breviver. O Fumo ameaçou-me e
prometeu aplicar-me um correctivo,
só que, passados uns dias, o Vedor ,
então Director Nacional da Emi-gração me desafia para eu integrar a
comitiva de Moçambique que ia ao
XI Festival da Juventude em Cuba
em 1978…tudo tratado e saio de
Nampula e venho para Maputo sem
lhe dar nenhuma satisfação. Quando
o Fumo se pôs à minha procura já eu
estava em Havana.
De Cuba com amor e muitas ideias..
Quando volto de Cuba, vinha cheio
de projectos e inicio, por assim di-zer, a minha primeira pesquiza so-bre sons, valores e tradições deste
nosso tão rico universo multicultural,
que é Moçambique. Passo um lon-go período em Nampula a estudar
ritos de iniciação, seus contornos e
sonoridades ( o Governador já ou-tro, felizmente para mim, o Feliciano
Gundana e sua esposa deram-me o
seu total apoio) e, munido de um rico
espólio, venho propôr ao L.Bernardo
Honwana, Ministro da Cultura, a
criação de um centro Cultural/Et-nográfico em Maputo. O Honwana
respondeu-me que não havia fundos
mas incentivou-me a prosseguir e a
continuar o meu trabalho. A verdade
é que até hoje, os políticos deste País
continuam a ignorar a nossa Cultu-ra, em vias de extinção.
Mucavele Vani Tlimba Mikolo 1 –
Wazimbo Nwahuluana 0 –
Tal como o título da canção indica,
eu sentia-me a sufocar naquele tem-po. Não aguentava mais. Compus
Vani…em 1969, a minha primei-ra música, trabalhei a letra com o
Matias Xavier em Nachingwea em
74, para uma peça para a Frelimo,
chamada Resistência Vitória Popu-lar. Eram os tempos da militância
e de mensagem política. O Matias
Xavier tinha uma voz extraordiná-ria e cantava-a de forma superior,
melhor mesmo que Wazimbo, na
sua interpretação Nwahuluana.. O
Matias Xavier era o melhor cantor
que havia em Moçambique. Anos
mais tarde quando fundo o Grupo
RM, com Zeca Tcheco, Pedro Bene,
Alípio Cruz, Zé Guimarães, Sox ,
Wazimbo, esta minha música não foi
aceite e acabou por não ficar nenhum
“Os grandes compositores da nossa música eram o Feleciano Mucambe e Eusébio João
Tamele e muitos outros já desaperecidos. Esses sim, eram compositores e intérpretes”
Savana 28-06-2013 15
DO FURACÃO
noridades tradicionais de Moçambique
registo gravado. O conteúdo da letra,
atacando o colonialismo e a corrup-ção, era tão forte e actual que já feria
susceptibilidades do novo regime em
que se vivia. E acabou por não ser
gravada pelo Grupo RM.
Qual o meu espanto ao saber que o
Wazimbo quando foi gravar o seu
disco na Alemanha, nos Estúdios Pi-ranha, integrara a minha música no
trabalho com uma nova letra, agora
intitulada Nwaluana, e que, vendera
os direitos à Editora , que a reven-deu, por sua vez a Hollywood. Foi
assim que Vani Tlimba/Nwaluana
aparece na trilha sonora do filme de
Sean Penn, The Pledge, realizado em
2001 .Nunca recebi um Metical por
esse abuso.
Um dia, num programa de televisão
alguém questiona o Wazimbo so-bre se a canção seria ou não minha
e aquele responde que esse tal Mu-cavele tem manias, é um invejoso e
outras coisas mais….. Mas verdade
acabou por vir ao de cima. Foi na
TVM, numa edição do Moçambique
em Concerto, em que nos encontrá-mos frente a frente, o Wazimbo e eu.
E ele acabou por reconhecer, que a
música era minha. Está gravado isso.
Pronto e acabe-se aqui com essa his-tória de uma vez por todas.
Governantes e o nosso património
cultural
Interrogo-me muitas vezes sobre
apoios que tem hoje a cultura em
Moçambique...A cultura é a identi-dade de um Povo e como tal, eu acho
que deveria haver mais responsabili-dade dos governantes. A Frelimo de
Samora dizia que a nossa riqueza
cultural era uma das armas do suces-so no processo revolucionário mas
nós agora temos um classe política
incapaz, inculta, hipócrita e que só
pensa em enriquecer. Que não sabe,
não conhece e não se interessa pela
Cultura. Não se aprende nada nas
escolas, o nosso Ensino é uma lásti-ma, as televisões só passam lixo, e do
Ministério da Cultura, bem nem vale
a pena falar.
Há mais cultura que não a música/
Empresas e a mediocridade
Sim, claro. As artes plásticas do Ma-langatana e do Chissano. A arte da
escrita do Mia e da Chiziane. Pouco
mais vejo para além disto. Mas a in-dignação que trago no peito, sufoca--me (Vani Tlimba Mikolo) e porque
a minha área são os sons, e a música,
é sobre ela que quero falar.
E das grandes empresas que só
apoiam projectos medíocres e efé-meros. Indignar-me contra essa nova
música, inclassificável, que se ouve
por aí. Peguemos nas telefónicas, por
exemplo, são as que mais dinheiro
dispõem e só apoiam mediocridade
da dinastia Molwene, que é o que
eu chamo à música desses Zicos,
James, MCs, Stuarts e amigos. Não
vale nada. Proliferam esses director-zinhos, que se acham os donos do
mundo só porque se sentam em bons
gabinetes a receber salário vergonho-sos sem sequer conhecerem o País e
a sua riqueza Cultural. O novo neo--colonialismo no nosso Continente
está a ser feito pela via cultural. Mui-to subtilmente. Ele chega através dos
nossos órgãos de comunicação: rá-dios e televisão. Uma cultura impor-tada e que vai acabando aos poucos
com os nossos valores seculares.
A mediocridade vende ou não?
Esse é um dos problemas. Se esses
todos vivem à sombra dos gabinetes
das 1as Damas etc e depois são, na-turalmente, promovidos pelas rádios
e Tvs, como não haviam de vender??.
Só que tem vida efémera porque são
também rapidamente descartáveis.
Não se lembram do palhaço do MC
a queixar-se do Gebuza à imprensa
porque não tinha sido convidado
para não sei o quê? Coitado.
Nós estamos a matar a nossa cultura.
Vivemos numa sociedade degradada
e sem valores. A nossa identidade
musical é a música tradicional. Não
são os Dilons, nem os Xidimingua-nas, nem os Stuarts nem os palhaços
como os MC s, esses não são nada.
Tocam música ligeira e não repre-sentam em nada a cultura do nosso
Povo. São uns medíocres. Todos eles.
Os grandes compositores da nossa
música eram o Feliciano Mucambe
e Eusébio João Tamele e muitos ou-tros já desaparecidos, esses sim, eram
compositores e intérpretes. Hoje,
são plagiados por todos que agora
são considerados os reis da marra-benta, os reis disto e daquilo.. Não
são reis de nada. Eu próprio, apesar
de me considerar inserido também,
na música ligeira, tenho o cuidado
de introduzir instrumentos e esca-las de música tradicional do país. E
quando digo país, digo do Rovuma
ao Maputo. Em todas as músicas que
componho, procuro colaborar com
músicos e instrumentos que mais
ninguém utiliza.
Stuart?
Desse aí prefiro nem falar e ele sabe
porquê.
Queres ser mais preciso?
Ele sabe do que eu falo. Mas a ver-dade virá ao de cima. Não tem como.
Azagaia?
Rapaz atrevido, pena não ser músi-co. Quando atacas os políticos e eles
ficam com medo, eles tratam-te da
saúde. Ele que se cuide.
Mas se tivesses 20 anos, poderias ser
como ele?
Certamente, mas ele não é músico.
Os músicos neste País ?
O Hortêncio Langa. Grande Músico
e educador. Outros já desaparecidos
como o Eusébio João Tamele, para
mim o melhor compositor que al-guma vez pude ver e ouvir, de lon-ge melhor em todos os aspectos que
Fani Pfumo, o Feliciano Mucambe,
o Daniel Marivathe. Outras raras
excepções, são os Massukos, que são
os meus ídolos, os Eyuphuro e os
Timbila, sendo que estes perderam--se, na minha opinião. E, claro, to-dos os músicos tradicionais anóni-mos espalhados por este país fora,
exímios instrumentistas de timbila,
kanhembe, pankwe, xigovia, Xipen-dane, phiane, umbire, xitilhoti, xi-zhambe, xithembe,etc..O grande
António Fonseca, da Golo, é a pessoa
que melhores e mais raras gravações
tem destes instrumentos e de toda
esta riqueza sonora de Moçambique.
Espero bem, que um dia ele as possa
compartilhar connosco. Tem um es-pólio absolutamente extraordinário.
Zé Mucavele, um disco novo que
está aí mesmo a saír depois de Com-passos em 1996…
É verdade que desde 1996 que não
gravava. Foram muitos anos de es-tudo e pesquisa e de muitas portas
fechadas. Estava difícil mas graças ao
apoio do Rui Fonseca, ex PCA dos
CFM , do Osório Lucas do MPDC
e da Cornelder , este velho projecto,
vai tornar-se possível.
Nome?
Ainda…vão ser 13 canções originais
em que toco guitarra, percussão e
canto. Estou a gravar nos estúdios da
RM e , espero poder ir editá-lo no
exterior. Convidei muitos músicos
tradicionais para participarem neste
disco e logo que fique pronto, por
altura de Novembro, pretendo fazer
uma digressão nacional com todos
eles. E vai ser um conjunto de temas
com que cada moçambicano se vai
poder identificar. Estou certo.
Cantar em português?
Não canto em português porque não
domino a língua portuguesa. Não
consigo adaptar o português às mi-nhas escalas e os meus acordes. Falha
minha.
Como se diz aqui neste jornal, À
Hora do Fecho, Zé, uma frase para
finalizar esta conversa…
Eu só pretendo que este meu novo
trabalho seja um pequeno contributo
para consciencializar quem governa
da urgência de preservar a nossa raíz
cultural e que o exemplo do MPDC
possa estender-se a outras Empresas,
decididas a apoiar a Cultura moçam-bicana. Repito, Cultura moçambica-na. Sempre. Obrigado.
“Nós estamos a matar a nossa cultura. Vivemos numa sociedade degradada e sem valores”
“O novo neocolonialismo no nosso continete está ser feito pela via cultural”
16 Savana 28-06-2013
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Aos 21 de Junho de 2013, na sala de sessões da Associação
Comercial da Beira, reuniram-se a Autoridade Tributária
(AT), os representantes de Agentes transitários, Transpor-tadores, Operadores portuários, Despachantes aduaneiros
e Associação Comercial da Beira, cuja agenda foi a Gestão
dos trânsitos de mercadorias, com uso do sistema da Jane-la Única Electrónica, nos termos regulados pelo Diploma
Ministerial nº 307/2012, de 15 de Novembro, que aprova
DV QRUPDV H SULQFtSLRV HVSHFtÀFRV D VHUHP REVHUYDGRV QR
trânsito de mercadorias.
O encontro foi orientado pelo Exmo. Senhor Presidente da
Autoridade Tributária, Dr. Rosário Fernandes.
No encontro, em debate aberto e participativo, obtiveram--se os seguintes consensos:
A. No domínio de agilização do desembaraço aduaneiro
e facilitação do comércio:
i) Melhoria dos procedimentos aduaneiros, através da
DGRSomR GH PHFDQLVPRV GH VLPSOLÀFDomR H IDFLOLWDomR
nos limites permitidos por lei;
ii) Redução dos tempos de desembaraço, relativamente às
mercadorias, em geral, e trânsitos, em particular, como
forma de minimização dos custos operacionais dos
agentes económicos;
iii) Flexibilização do uso do Termo de Responsabilida-de por parte dos operadores económicos devidamente
registados;
iv) Constituição de um grupo de trabalho, durante as
próximas 48 horas, composto por representantes da
AT, agentes transitários, transportadores, operadores
portuários, despachantes aduaneiros e Associação co-mercial da Beira, que proporá, num período de 15 dias,
dentre outros aspectos:
$ UHYLVmR GD OLVWD GH DUWLJRV D TXH VH UHIHUH R DQH[R , GR
DM 307/12, de 15 de Novembro;
$YDOLDomR GH PHUFDGRULDV VXMHLWDV DR UHJLPH GH GLVSHQ-sa da prestação de garantia; e
2XWURV DVSHFWRV VXVFLWDGRV SHORV SDUWLFLSDQWHV GR HQ-contro.
B. No domínio da aplicação e Reforma legislativa:
i. Cumprimento integral da legislação em vigor aplicá-vel, nomeadamente no DM 307/12, de 15 de Novem-bro, bem como todos os instrumentos legais que regu-lamentam o desembaraço de mercadorias em trânsito,
enquanto não revistos e revogados;
LL 5HDSUHFLDomR GH WRGDV DV VLWXDo}HV LGHQWLÀFDGDV FRPR
constrangimentos à agilização de desembaraço, à faci-litação do comércio e à melhoria do ambiente de negó-cios, que importem emendas à legislação, para efeitos
de proposta de reforma legislativa;
iii. Flexibilização do uso do Termo de Responsabilida-de, por parte dos operadores económicos idóneos de-vidamente registados, sempre que o Termo de Respon-VDELOLGDGH VH DÀJXUDU FRPR RSomR QRV WHUPRV GR Q
do art. 18 do DM 307/2012, de 15 de Novembro, caso a
caso e;
iv. Aplicação textual dos termos dos nº 1 e 2 do artigo 37
do D M 307/2012, de 15 de Novembro, referentes às
disposições transitórias de desembaraço de trânsito
aduaneiros.
C. Sobre os operadores de comércio e trânsito em situa-ção de irregularidades e práticas ilícitas
i. Aplicação do modelo de boas práticas aduaneiras, em
alinhamento com os protocolos da Organização Mun-dial das Alfândegas (Convenção Revista de Kyoto) e da
Organização Mundial do Comércio, que privilegiam o
conceito de Operador Económico Autorizado (OEA);
ii. Desencorajamento do acesso às facilidades aduaneiras
GR &RPpUFLR ,QWHUQDFLRQDO DRV 2SHUDGRUHV GH WUkQVLWR
em situação de irregularidades e práticas ilícitas;
iii) Concessão aos operadores económicos leais, hones-tos e protagonistas do desenvolvimento económico so-FLDO GR 3DtV GH WRGDV iV IDFLOLGDGHV H ÁH[LELOLGDGHV GDV
Alfândegas no conceito do OEA, envolvendo actos de
&RPpUFLR ,QWHUQDFLRQDO HP SDUWLFXODU RV WUkQVLWRV DGX-aneiros.
D. Sobre os documentos anexos ao Comunicado Final
A acta da reunião da avaliação de 5 de Junho de 2013,
envolvendo as Alfândegas, a CTA, e os gestores dos três
principais portos em Moçambique (Maputo, Beira, Naca-la), bem como o DM 307/2012 de 15 de Novembro e res-SHFWLYRV DQH[RV , H ,, H R WH[WR GH &RPXQLFDGR GH ,PSUHQ-sa da AT de 07/06/13, fazem parte integrante do presente
Comunicado Final, estando disponíveis para consulta pe-los interessados, através das delegações provinciais da AT
de todo País e no portal da JUE (www.mcnet.co.mz)
Todos Juntos fazemos Moçambique
Beira, aos 21 de Junho de 2013
5(3Ô%/,&$ '( 02d$0%,48(
Ministério das Finanças
$8725,'$'( 75,%87É5,$ '( 02d$0%,48(
*DELQHWH GH &RPXQLFDomR H ,PDJHP
IMPLICAÇÕES DA JANELA ÚNICA ELECTRÓNICA NA GESTÃO DO
TRÂNSITO ADUANEIRO DE MERCADORIAS
COMUNICADO FINAL
17 Savana 28-06-2013
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18 Savana 28-06-2013
OPINIÃO
Cartoon EDITORIAL
Registado sob número 007/RRA/DNI/93
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KOK NAM
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editorsav@mediacoop.co.mz
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(incluindo via e–mail PDF)
*
*
Maputo-República de Moçambique
*
*
O
dia 25 de Junho, que este ano marcou o 38º aniversário da
independência nacional, deveria, em princípio, ter sido um
dia de festa, de celebração da unidade e de renovação da
confiança do povo moçambicano por um futuro melhor.
Mas não foi isso o que aconteceu. Para algumas famílias mo-çambicanas, esta data foi celebrada no meio de luto, e para a
maioria, com uma grave apreensão quanto ao futuro que nos es-pera. De facto, nunca os moçambicanos estiveram tão divididos
e incertos quanto ao seu futuro como o foram neste 25 de Junho.
Nos dias que antecederam a esta efeméride, esfumava-se toda a
esperança de uma nação reencontrada e renovada, com os olhos
postos num futuro de desenvolvimento e de prosperidade, que
nascera a 4 de Outubro de 1992, quando irmãos desavindos
decidiam lançar as armas ao chão e substituiam o rancôr pelo
abraço fraterno.
O Presidente da República minimiza este ambiente de apre-ensão, considerando-o um teste à nossa tenacidade como povo.
Mas para as famílias das nove pessoas mortas nos ataques de
Savane e de Muxúnguè, e dezenas de outras que as precede-ram, não se tratou de apenas um teste. Foi um teste pago com
o sangue dos seus entes queridos, prematuramente levados do
convívio familiar.
A intransigência, intolerância e o ódio voltaram a substituir-se à
racionalidade humana e ao espítrito de abertura que são ingre-dientes fundamentais para que num país prevaleça o ambiente
de paz, que por sua vez é essencial para o desenvolvimento eco-nómico.
De há algum tempo a esta parte, várias vozes levantaram-se para
advertir a quem as quisesse ouvir contra um certo comporta-mento político de exclusão, de intolerância e clientelismo, que
poderia conduzir Moçambique de novo a um clima de guerra.
Infelizmente, essas vozes foram ignoradas, ou, no pior dos casos,
hostilizadas, marginalizadas e rotuladas com uma série de epíte-tos que os caracterizavam como distraídos, tagarelas, apóstolos
da desgraça, etc.
Felizmente podemos identificar a origem do ambiente de ten-são política que se vive actualmente no país. Ele tem origem
na tendência de alguns de se apoderarem de todas as oportu-nidades económicas que o país oferece, de se auto-proclama-rem como sendo os únicos patriotas, e de recusarem partilhar
o poder político com outras forças de reconhecido significado
popular no nosso país, oblívios que estão, quanto ao facto de
que Moçambique é suficientemente grande para nele caberem
todos os moçambicanos.
Partilhar o poder não significa necessariamente a distribuição
de pastas governamentais entre um grupo de partidos políticos.
Partilha-se o poder com uma representação equitativa das várias
forças políticas nacionais na esfera pública; com a liberdade dos
funcionários públicos de se filiarem abertamente aos partidos
políticos em conformidade com as suas convicções ideológicas;
com a liberdade dos partidos políticos de operarem abertamente
em todo o território nacional sem constrangimentos de qual-quer espécie; com a liberdade dos cidadãos de se manifestarem
sem terem que temer quaisquer represálias. Em suma, com um
estado de independência que não se traduza na coartação das
liberdades individuais.
A verdadeira independência é aquela em que ninguém se pode
sentir obrigado a ter que acreditar que a sua condição como ser
humano poderá ter sido melhor durante o período da domina-ção colonial. Quando em jeito de desabafo, cidadãos chegam
à conclusão de que os líderes de hoje são piores que os colonos
do passado.
Podemos nos consolar na crença de que nem tudo está perdido;
de que os homens se podem redimir, e de que ainda há tempo
para uma reflexão séria e profunda, que nos possa desviar do
precipício. Mas esse tempo é agora!
Independência e liberdade
D
e visita de trabalho a al-guns municípios da África
Oriental sou bafejado por
quatro notícias que me pre-ocupam! Aliás, que preocupam a
qualquer moçambicano. Estamos a
falar do assalto ao Chefe do Estado
Maior das Forças Armadas (e con-sequente perda de um computador
e de três pistolas), a perseguição dos
médicos grevistas mesmo depois de
terem parado com a greve, o anún-cio de quase retorno à guerra pela
liderança da Renamo e a continu-ação das avarias propositadas no
recenseamento eleitoral.
A somar a estas inquietações e para
contrastar com a ‘Paz de Kigali’, re-cebo no meu celular a notícia do es-pancamento do meu colega e amigo,
Erias Lukwago, Presidente do Muni-cípio de Kampala à semelhança dos
espancamentos que o actual Primei-ro Ministro do Zimbabwe, Morgan
Tsvanguirai, recebeu há alguns anos.
Estas notícias, que parecem separa-das, parece terem algo em comum - A
escola política de Dar es Salam, onde
tanto Guebuza, Mugabe como Muse-veni beberam a ‘arte da violência’!
Há dois meses reportei neste blog
algo estranho - a realização de uma
conferência de governos locais da
Commonwealth em Kampala, sem
que Erias Lukwago, o Presidente do
Município de Kampala, a cidade an-fitriã, fosse convidado! Como é que
uma organização do calibre da Com-monwealth pode cometer uma ‘gaffe’
destas?
Para perceber os contornos desta
aberração visitei o meu colega, que
explicou em primeira mão o que es-tava a acontecer em Kampala e pelos
vistos não foram precisos mais de dois
meses para que a leitura do meu co-lega se consubstanciasse! Há duas se-manas, também em Kampala, Yoweri
Museveni mandou o seu filho, que é o
chefe das forças especiais, invadir dois
jornais de Kampala (O Monitor e Red
Pepper) mantendo-os encerrados por
mais de duas semanas, alegadamente
por terem publicado uma carta do seu
Chefe de inteligência que se encontra
foragido algures em Londres!
Em casa, noto que definitivamente
Armando Emílio Guebuza inspirado
nas tácticas de Museveni, que tam-bém não quer abdicar do poder (e tem
a sua esposa como ministra) e de Mu-gabe, não quer (também) abdicar do
poder! Para isso vem ensaiando várias
estratégias.
(1) Lançou a esposa no terreno para
testar a sua popularidade no intui-to de emular o modelo (Argentino)
Kisner (esqueceu-se que O Kisner
morreu logo depois da esposa tomar
posse);
(2) Projectou a milionária filha (Mu-seveni tem o seu irmão bem como o
filho bem posicionados na hierarquia
militar) e o testa de ferro no Comité
Central;
(3) Ensaiou um balão de oxigénio
que pomposamente chamou de ‘Re-visão da Constituição’, com o intuito
de tentar forçar um terceiro termo
ou então ensaiar um ‘Modelo Putin’
e para tal colocou Mulémbwè como
bode espiatório;
(4) ‘Provocou’ a Renamo em Muxún-guè;
(5) Mandou prender e espancar o
Secretário Geral da Renamo, com o
intuito de arranjar um pretexto para
uma possível reacção da Renamo que
o possibilitaria declarar um ‘Estado
de emergência’ e assim adiar quer as
autárquicas quer as parlamentares e
presidenciais;
(6) Ensaiou negociações para testar
a possibilidade de um acordo com a
Renamo para instituir um governo de
transição adiando assim sine die as
eleições;
(7) Infiltrou seus sequazes da ONP e
outros da securocracia na CNE e no
STAE;
(8) Nomeou governadores e ministros
de pé descalço e sem medula espinal;
(9) Acantonou no congresso de Pem-ba todos os que ousavam usar seus
cérebros... e;
(10) Expurgou a liderança da ala ju-venil do seu partido abrindo assim
caminho para a sua consagração vita-lícia no comando da Frelimo e quiçá
do país; O que nos preocupa nesta
sequência de eventos não é o ‘baru-lho dos maus’, incluindo Guebuza,
Paúnde, Pacheco e companhia, mas
o silêncio “dos bons” dentro (Mu-lémbwè, Comiche, Katupha, Gami-to, Jorge Rebelo) e fora da Frelimo, a
Sociedade Civil, os Bispos, os Sheiks,
os jornalistas, a Comunidade Interna-cional, os académicos e outros que em
qualquer sociedade sã deveriam no
mínimo, distanciar-se de tais práticas!
Parece que nos esquecemos todos de
que Hitler foi eleito democratica-mente e pouco a pouco foi construin-do um estado monstruoso que acabou
destruindo a Alemanha!
Não menosprezemos a capacida-de destruidora da Escola de Dar Es
Salam desde Guebuza, Museveni,
Mugabe, Zuma e companhia limita-da! Quando pessoas da ‘craveira’ de
Mazula fazem coro a estes atropelos
é porque de facto o doente está em
coma!... e como para bom entendedor
meia palavra basta, ficamos por aqui
lembrando o velho ditado: ‘diga-me
com quem andas que te direi quem
és’!
E mais não disse! Assante Sana!
*Blog de Manuel de Araújo (PRE-SIDENTE DA CÂMARA DE
QUELIMANE/MOÇAMBIQUE
(Membro Sénior do MDM)
De Guebuza a Museveni - os perigos da Escola de
Dar Es Salam para a Democratização de África
19 Savana 28-06-2013
OPINIÃO
carlosserra_maputo@yahoo.com
http://www.oficinadesociologia.blogspot.com
330
Meu ser original
Ivone Soares
O
que se está a passar no
país – espécie de pesa-delo escapado do baú
da guerra de 1976/1992
- coloca frente a frente duas li-nhas.
De um lado, a linha da solução
estatal pura, passando pela de-fesa intransigente das leis e das
regras vigentes nos órgãos de so-berania do país. Aqui estão em
jogo instituições e regras.
De outro lado, a linha da solução
política pura, passando por cima
As duas linhas
das leis e das regras vigentes.
Aqui estão em jogo pessoas jul-gadas providenciais.
Se o problema do Centro do país
se agrava e alastra, provavelmen-te a segunda linha vai prevalecer,
com alguma adaptação elegante
e jurídica da linha estatal para
não parecer que o reinado insti-tucional se perdeu.
Nesse sentido, não é de excluir a
hipótese de figuras de maior re-levo político se sentarem à mesa
das negociações.
E
stive analisando o Código
do Processo Penal (CPP)
e fi-lo tão somente porque
pretendia, dentre outras
coisas, ver as frases de ordem que
orientam os funcionários de justi-ça, os agentes policiais e/ou outras
autoridades a quem a lei confira a
competência de executar notifica-ções. No volumoso código, não as
encontrei, todavia, como me sen-tisse motivada à continuar o estu-do, assim procedi. E agora, o que
será que foi padronizado para que
o Captor, diga antes de «seques-trar»/ prender a pessoa a deter?
No CPP nada achei. Que não me
acusem de não ter auto-estima, de
apreciar o estrangeiro ou as coisas
do estrangeiro, tão menos de ser
anti-nacionalista, ou anti-patrióti-ca. Amo o meu país, Moçambique,
por isso luto para que seja uma
pátria aprazível para os nacionais
Você tem o direito de permanecer calado
e para os “vientes”.
Decidi deixar isso bem claro, por-que vou manifestar minha aprecia-ção pelo «protocolo» adoptado pelas
autoridades Americanas quando vão
prender qualquer cidadão. O agente
destacado para prender um suposto
criminoso, profere as seguintes
palavras:”Lieutenant Soares, LAPD.
You are under arrest.”
“You have the right to remain silent;
anything you say can and probably
will be used against you at your trial.
You have the right to have an attor-ney present during questioning. If
you cannot afford an attorney, one
will be appointed for you.”
“Do you undestand it?” Vejam: Pri-meiro o agente ou a agente policial
identifica-se, e dá a conhecer a força
policial a que pertence. Exemplifi-co: «Tenente Soares, Polícia de Los
Angeles.» O Captor, neste caso, Te-nente Soares continua: «Você está
preso. Você tem o direito de perma-necer calado; tudo o que você disser
pode ser usado contra si no tribunal.
Você tem direito a ter um Advoga-do durante o interrogatório. Se você
não puder pagar um advogado, um
defensor público lhe será indicado.»
Aí, já nas “malhas” das autoridades
policiais, sabendo dos seus direitos,
nos Estados Unidos da América,
esse cidadão é questionado se enten-deu os seus direitos. Curiosamente,
entre nós o costume é bem diferente.
Tornou-se comum, vermos pessoas
serem capturadas em casa, nos bares,
no local de serviço, na via pública, ou
onde quer que seja, e não serem in-formadas do porquê da sua detenção.
Esses capturados, de cidadãos livres,
repentinamente vêem-se num enre-do policial com contornos assusta-dores, agravado muitas vezes a situ-ações de incomunicabilidade com o
seu representante legal, advogado.
É deveras preocupante que cidadãos
sejam encarcerados, sem direito a
conferenciar com um advogado.
Talvez isso aconteça porque não se
prepara o cidadão para conhecer
os seus direitos, não há cultura de
disseminação de Leis nos curricula
secundários nacionais, o que dá azo
para as arbitrariedades cometidas
por alguns homens da Lei.
Imagine, sem que haja legalização
da sua prisão, sem sequer ter noção
do tipo de crime que lhe é imputa-do, se o estimado leitor, do dia para a
noite fosse conduzido para uma cela
minúscula, superlotada, e sem as mí-nimas condições higiénicas. Se fosse
impedido de conferenciar com um
advogado, honestamente falando:
qual seria o seu sentimento? Julgo
que seria de pânico...
Penso ser oportuno avançar-se para
a «educação jurídica» dos cidadãos
em termos básicos. Não estou a su-gerir que todos os moçambicanos se
tornem peritos em Direito, já o são
os advogados. Gostaria que fossem
criados spots publicitários a serem
disseminados nos órgãos de comu-nicação públicos e privados educan-do o cidadão sobre os seus direitos e
sobretudo os seus deveres.
O poder Legislativo e o Executivo
atravês do Ministério da Educa-ção podem, querendo, garantir que
as Leis sejam conhecidas. Isso é
importante porque o facto de um
cidadão ignorar a lei, não pode ser
aceite como justificativa em sede de
tribunal. Estando os cidadãos me-lhor informados sobre o que é lícito
ou não, eles estarão em condiçoes de
respeitá-las, disseminá-las ou negli-genciá-las, em sã consciência.
Por isso, os entendidos em matéria
de Direito deviam, sempre que pos-sível, ajudar aos menos esclarecidos
em JusABC disseminando informa-ção jurídica genérica.
*Comunicóloga, Deputada da As-sembleia da República pela Bancada
da Renamo
P
or razões bem compreen-síveis no jornalismo não
há feriados ou domingos
de se ficar em casa.
Todos os dias são úteis.
De resto, o que acontece nor-malmente, é que nos feriados,
os jornalistas trabalham mais do
que nos dias normais porque têm
que andar atrás dos discursos,
cerimónias, manifestações disto
e daquilo numa correria que faz
com que o dia não tenha 24 horas
mas sim 25.
Seja como for, e isto porque é um
direito conquistado. Na terça--feira desta semana, 25 de Junho
decidi “matar o dia”, levantei-me
relativamente tarde, cumpri o ri-tual de higiene pessoal, pequeno
almoço e saí de calções, camiseta
para ir até ao clube.
No clube cheguei por volta das
11:30 e já lá estava à mesa pouco
O meu 25 de Junho
pessoal que ainda resta da minha
geração.
Isto é, para cima dos 50 anos, como
disse alguém um pouco mais tarde.
Aqui nesta mesa já ninguém renova
o Bilhete de Identidade. Todos te-mos BIs vitalícios.
Posso dizer também que a própria
conversa era vitalícia.
O mote era a falta de cultura que
se manifesta de forma assombrosa
e assustadora entre os nossos ado-lescentes e jovens.
Um falava do facto de que, poucos,
mas muito poucos, entre os nossos
estudantes sejam do nível médio
ou universitário, sabem dizer quem
foi Ngungunhane, Maguiguana ou
Zixaxa para já não falar do próprio
Samora Machel.
Outros lembraram-se de que no
ano passado, foi se fazer uma repor-tagem naquela escola primária que
fica na Karl Marx que na verdade
são duas escolas uma com o
nome de 7 de Setembro e outra
com o nome de Filipe Samuel
Magaia.
É caricato mas a verdade é que
nenhum dos estudantes con-tactados pela rádio ou televisão
soube dizer o que se tinha pas-sado no dia 7 de Setembro e
menos a que 7 de Setembro e
de que ano se estava a fazer re-ferência.
De Filipe Samuel Magaia en-tão disseram as barbaridades
mais horríveis. Como dizia o
madeirense dono da taberna
onde apanhávamos as nossas sa-gradas bebedeiras nas noites de
sexta-feira, quando um de nós já
meio enevoado tentou provocar
perguntando-lhe se conhecia a
Rosa Luxemburgo. O madei-rense respondeu prontamente;
“foi minha vizinha na Madeira”.
C
hegado o final de um dia
com a sinfonia de uma
tempestade, tão tempestade
que até a luz se foi, desligou
a cidade. Tudo escuro, as luzes dos
carros iluminando os passos mo-lhados de quem tem de caminhar.
Chove, os carros e a chuva ao som
ritmado da tempestade entrosam--se com o som das buzinas.
Cheguei ao meu destino eram umas
18h ou 18.30h, um ecran gigante com
alta definição como nunca tinha visto,
e isto depois de nove andares a subir,
com a cidade desligada. A tempesta-de soa lá no fundo. Neste nono andar
consigo ver uma cidade de um lado e
do outro, uma cidade de contrastes.
Para trás vejo uma cidade de cimen-to, cheia de prédios abandonados pela
electricidade, e que se mexem ao rit-mo da tempestade. Para a frente, os
arredores, sem prédios, no meio de
árvores, escuro, como uma floresta sem
fim, uma timbila tocada pelos infinitos
raios da tempestade.
Lá em baixo, debrossando‐me sobre
o ecran, colocado na varanda, vejo as
luzes, brancas e vermelhas, iluminan-As últimas duas horas
Por Tiago Botelho
do uma rua cheia de carros. Vermelho
para lá e branco para cá, são os sentidos
do trânsito (penso comigo), o ritmo da
música, o contraste entre a rua cheia de
luz e os bairros vazios de electricidade.
Mas aqui e agora na confusão das lu-zes, já lá vão 30 minutos e continuo a
ver aquela carrinha, embaciada nos vi-dros, junto à palmeira, no mesmo sítio,
no meio de tantos outros.
Continua ali, marcando o ritmo do
baixo, que em surdina se expande su-bindo até aqui ao 9o andar, e fazen-do cócegas dentro dos meus ouvidos.
Aquele ritmo do coração do trânsito,
de muitos e muitos carros que em con-tinuação insistem em passar todos no
mesmo sítio.
O tempo acompanha a longa e con-tínua sinfonia que continua a acari-ciar este trânsito de final de dia, sem
electricidade em volta, mas molhados.
Chove sem parar, enquanto as luzes se
mantêm paradas, sempre paradas, uma
ou outra se mexe, mas pouco ou nada,
continuando no mesmo lugar, man-tendo a cadência.
Parece que tudo está concentrado
nesta rua. De vez em vez, a música
de fundo da tempestade marca o som
de vultos que caminham sob a chuva,
desmarcando o ritmo do swing. Este
swing de final de dia de verão, ao ritmo
do qual todos querem chegar a casa,
deixar o sol descansar, e amanhã acor-darem com o azul na janela.
20 Savana 28-06-2013
OPINIÃO
A TALHE DE FOICE
SACO AZUL |
Por Luís Guevane
Por Machado da Graça
N
a Bíblia, no Apocalipse, o apósto-lo João prevê a chegada de quatro
terríveis cavaleiros, causadores das
piores desgraças para o ser humano.
Trata-se da Fome, da Peste, da Guerra e da
Morte. E todos estes quatro cavaleiros, gra-ças a quem nos desgoverna, galopam, sem
freio, pelo território moçambicano na altura
em que se celebra o 38º. Aniversário da nossa
independência.
A Fome é representada pela enorme quanti-dade de crianças desnutridas no nosso país.
São cerca de metade de todas as crianças
existentes. O que é uma desgraça terrível se
tivermos em conta as consequências dessa
desnutrição na saúde e no aproveitamento
escolar das próximas gerações.
A Peste surge na forma das doenças mortí-feras que nos afligem: O SIDA, a malária,
a tuberculose e tantas outras. Quase todas
preveníveis e/ou tratáveis se forem atribuidos
meios para isso. Ainda recentemente a greve
dos médicos e outro pessoal da Saúde veio
pôr a nú a situação a que foi reduzido esse
sector primordial da vida nacional: Pessoal
mal pago, falta de medicamentos essenciais,
falta de equipamento médico, mau atendi-mento ao público...etc...etc...
A Guerra, de que, até recentemente, estáva-mos livres, regressou, tenebrosamente, ao
país, que tinha abandonado há duas décadas.
A principal estrada do país cortada e com
circulação condicionada a colunas com pro-tecção militar, os comboios de passageiros e
os da Rio Tinto, na Linha de Sena, paralisa-dos. Mortos e bens destruídos. Gastos pesa-díssimos com a tentativa de manter alguma
segurança. Tudo isso a pesar sobre o futuro
dos moçambicanos. E com o (infelizmente)
Chefe de Estado a dizer que são pequenos
episódios que não significam que o país não
está em paz!!!
E, por fim, a Morte, que resulta das
acções dos três restantes e de mais uma por-ção de razões ligadas à incompetência, à cor-rupção desenfreada e à captura das riquezas
Os quatro cavaleiros
do apocalipse
nacionais por uma pequena camada da elite
politico-económica.
E com esta cavalgada sinistra a
espezinhar a nossa terra, a pergunta é: o que
fazer?
E a resposta não é simples. Em muitos pa-íses a resposta seria: nas próximas eleições
não votes nestes, vota na oposição. Só que,
no nosso caso, o maior partido da oposição é
esse que anda, na estrada, a matar civis ino-centes e a queimar os seus carros. Não creio
que seja uma boa troca...
A outra hipótese é votar no MDM. Mas te-nho a sensação (oxalá me engane) que ainda
não têm máquina suficiente para ganhar o
Poder, em termos absolutos, mas já tem ca-pacidade para vitórias significativas, ao nível
autárquico. E, nas eleições gerais, espero que
consiga reduzir, significativamente, a maio-ria desta gente.
Só que isso não chega para acabar com o
problema. E aí uma possível solução teria de
vir do interior do próprio partido Frelimo.
Isto é, para impedir que o país continue a
ser conduzido para o abismo, e para impedir
que o próprio partido seja destruido, os fre-limistas teriam que se ver livres da sua actual
direcção.
Com Guebuza ao leme, adivinha-se o cho-que com um iceberg maior do que o que
afundou o Titanic.
Será que o partido Frelimo não pode, usan-do a experiência do que fez em vários muni-cípios, pressionar o cidadão Armando Gue-buza a demitir-se dos cargos que ocupa? A
voltar para casa e para os seus gordo$ pato$?
Creio qu o “maravilhoso povo moçambica-no” agradeceria. E que esses agradecimentos
poderiam, até, ter peso eleitoral.
PS – É bom que todos nos vamos recence-ar (eu já o fiz). E que pensemos seriamente
que, se não formos votar ou se votarmos em
branco, ou votos nulos, não vamos alterar
nada, a não ser em termos estatísticos. Os
que mandam irão continuar a mandar.
Pensa bem se é isso que queres...
O
diálogo não deve acomodar os
egoísmos inconfessáveis de uns
em prejuízo de todo um povo.
Pequenos episódios elevam a
consciência do cidadão para a necessida-de de um diálogo que não seja um simples
trocar de palavras mas que se transforme
num ganho político para o povo moçam-bicano. Há necessidade de se dialogar po-liticamente. Entretanto, tanto uns como
outros compatriotas devem antes perceber,
o significado profundo, o espírito de um
diálogo político, sob o risco de falharem
repedidamente.
O suposto diálogo entre o governo e o pesso-al de saúde é ou foi aquele que não deve ser
confundido como diálogo político. Inscreve--se naquilo que pode ser visto como exibição
Valorizar diálogos políticos profícuos.
de qualidade de governação. Por exemplo: a ex-pessão facial exibida pelo porta-voz da Comis-são dos Profissionais de Saúde Unidos (CPSU)
para anunciar a suposta “suspensão” da greve
do pessoal de saúde transparecia claramente
que havia sido produzida por forte intimidação.
Depois de dialogar com as autoridades, deu a
entender que ele havia corrido para a TVM para
anunciar publicamente a “capitulação” dos gre-vistas. Houve ali, provavelmente, um diálogo de
intimidação: um atreve-te e verás.
Nesse sentido, a utilização da televisão pública
para fins pouco claros abre espaço ou inspira
um novo (ou hibernado) debate sobre o papel
da imprensa pública em Moçambique, bem
como os condicionalismos da censura no (des)
tratamento e na (des)promoção da informação
pública. A censura defrauda os contribuintes
ao posicionar-se, conforme as suas vontades e
necessidades, como cega protectora do regime
político vigente. Assim, ao elevar-se crescen-temente a qualidade de governação do País
criam-se condições seguras para que não haja
preocupação na indução de censura na imprensa
pública (e privada). Num ambiente multiparti-dário e de liberdade de expressão e de informa-ção o eleitorado deve sentir e perceber que há
isenção e imparcialidade na imprensa pública,
independentemente desta ser, por tendência,
pró-governamental. Que continue a sê-la. Mas,
entretanto, respeite o ambiente multipartidário
e de Estado de Direito que o País abraçou.
Hoje, mais do que nunca, os nossos políticos,
religiosos, incluindo a sociedade civil, repetiram
e sublinharam vezes sem conta a palavra diá-logo. Entretanto, é preciso passarmos para um
novo estágio: aquele em que o diálogo político,
como tal, efectivamente produza resultados sa-tisfatórios. Entretanto, o diálogo não tem que
ser só entre os políticos, mas também entre
os profissionais dos vários sectores, como por
exemplo, profissionais da imprensa pública e
privada, da saúde pública e privada, profissio-nais da segurança do Estado, entre outros.
Cá entre nós: não podemos continuar a ser
formatados por diálogos improfícuos, aqueles
que não produzem resultados e nem lucros
satisfatórios. Por exemplo: sabia-se perfeita-mente que a sétima ronda negocial entre a
Renamo e a Frelimo (governo) nada produ-ziria de substancial, tal como as anteriores.
Algo tem que mudar. É que continuam a
traumatizar-nos com o Vosso tipo e quali-dade de diálogo! Os cozinheiros destes trau-matismos político-psicossociais devem rever
o tipo de diálogo que se pretende para este
País.
Q
uando os brasileiros querem dizer
que uma investigação não vai dar
em nada, dizem que “tudo acaba em
pizza”. Um dia depois de ter estado
na Praça Taksim, em Istambul, na semana
passada, um turco contou-me que os seus
compatriotas de todo o país estavam a en-comendar pizzas para as enviar para os ma-nifestantes. E que até receberam pizzas que
tinham sido encomendadas no Brasil.
Hoje é justamente esta a pergunta que está
na cabeça dos brasileiros - “Será que tudo
vai acabar em pizza?” - depois do recuo dos
municípios no aumento dos transportes e no
dia em que os jovens prometem levar às ruas
mais de um milhão de pessoas em todo o
país.
O movimento, que está a surpreender os
políticos, os media e analistas, tem algumas
características únicas. Não tem uma lide-rança. É pulverizado e contamina (no bom
sentido). É apartidário. Quando bandeiras
de partidos aparecem no meio dos protestos,
os manifestantes pedem que as retirem. Não
tem uma reivindicação única. A esta altura,
os vinte cêntimos do aumento de transportes
não são claramente a razão que leva os mi-lhares de manifestantes às ruas. O objectivo
não é derrubar o Governo. É pacífico, apesar
de a imprensa mostrar os actos de violência.
São isolados. É um movimento que nasceu
em rede, nas redes sociais, de uma geração
que não conhece o mundo sem Internet. E
não precisa da mediação de políticos nem
jornalistas. Fazem as próprias transmissões
em streaming em directo pela Internet (na
pós TV ).
Há muitas reivindicações nas ruas: contra
a corrupção, os serviços precários de saúde,
educação e transportes, a inflação, o alto
custo de vida, o investimento para fazer o
Mundial e os Jogos Olímpicos. Mas há ain-Será que “tudo vai acabar
em pizza”?
Por Simone Duarte
da, entre os cartazes dos manifestantes, os
contra a PEC 37 - pouco ou nada divulgado
fora do Brasil.
A PEC 37 é uma proposta de emenda cons-titucional ao artigo 37 que retira o poder de
investigação do Ministério Público. Entre
2010 e 2013, o Ministério Público foi res-ponsável por 15 mil acções penais, entre elas,
as de corrupção que envolvem políticos e a
polícia; casos mediáticos como o Mensalão
(que envolveu membros do Governo Lula)
ou o de Paulo Maluf, antigo governador e
presidente da câmara de São Paulo. A vo-tação da proposta que estava marcada para
o início da semana mas foi adiada a pedido
do Governo com receio de que aumentasse
ainda mais a indignação nas ruas.
No país do futebol é inédito que, em dia de
jogo da selecção, o povo vá para a rua pro-testar contra estádios caríssimos. Os jovens
mostram uma lucidez ímpar como vimos no
depoimento da jovem Clarissa Cogo, de 24
anos - os protestos “não vão mudar o país
para a semana que vem, nem para as próxi-mas eleições e, talvez, nem para os próximos
dez anos”. Mas “talvez clarifiquem na mente
da população brasileira o quanto ela é exclu-ída do sistema”.
Estou há 15 anos longe do Brasil e hoje,
confesso, despertei a pensar em pizzas. Na
brasileira e nas da Praça Taksim que em co-mum têm a frustração de uma nova classe
média que surge nestes países de economias
emergentes e que não está a ser atendida nas
suas elevadíssimas aspirações e sonhos. Con-tra os pessimistas que acham que um mo-vimento sem partido, sem liderança única,
jovem, pulverizado, que nasceu na Internet,
não tem pernas para andar, prefiro acreditar
nas palavras da Clarissa e numa geração que
é diferente de nós, mas que talvez encontre
um caminho para que nem “tudo acabe em
pizza”.
21 Savana 28-06-2013
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22 Savana 28-06-2013
DESPORTO
O
técnico principal do Gru-po Desportivo de Maputo,
Artur Semedo, afirmou
numa conversa com o SA-VANA que o nosso país não tem
nenhum projecto com bases bem
estruturadas no futebol tal como
acontece noutras partes do mun-do, sendo os maus resultados que
as selecções e clubes averbam uma
prova inequívoca desse estado de
coisas.
De acordo com Artur Semedo,
enquanto o país não tiver nenhum
projecto futebolístico com bases
bem estruturadas continuaremos
a sofrer derrotas atrás de derrotas,
O país não tem nenhum projecto no futebol
- aÀrma Artur Semedo, técnico do Desportivo de Maputo
Por =aqueu Massala
como aliás já virou moda.
“É preciso lembrar que desde a
independência nacional em 1975
Moçambique é um dos países que
nunca consegue reerguer-se no fu-tebol por falta de uma estrutura só-lida, e como consequência disso os
maus resultados estão à vista”.
“Enquanto não haver um projecto
no futebol moçambicano, sempre
vamos ter maus resultados e a res-ponsabilidade recai sempre para a
própria Federação Moçambicana
de Futebol”, entende Semedo.
Segundo aquele conceituado técni-co, é preciso que as pessoas saibam
promover o futebol moçambicano
como forma de ultrapassar os pés-simos resultados que nos perse-guem .
Questionado sobre o seu posicio-namento em relação as causas do
desaire dos Mambas e a demissão
de Gert Engels, Semedo disse que
a culpa não é do próprio seleccio-nador nacional, mas sim do pró-prio organismo que dirige o fute-bol, a federação moçambicana da
modalidade.
“Eu penso que não foi surpre-sa para ninguém, porque muitos
adeptos vinham lançando um olhar
crítico sobre o trabalho que era de-senvolvido pelo seleccionador, mas
não foi ele o culpado. O problema
é que nós não somos competitivos,
não temos bases estruturais, ou pi-lares básicos para uma boa compe-tição. E na falta destes elementos
torna-se difícil termos um bom
nível de futebol no país”.
Questionado se caso seja convida-do a treinar a selecção nacional os
“Mambas” aceitaria ou não, Artur
Semedo respondeu nos seguintes
modos: “enquanto não haver uma
boa base estrutural no futebol mo-çambicano não vou aceitar, só acei-to quando houver mudanças no
futebol, sem isso não vale a pena
aceitar o convite ”. referiu.
LMF sanciona mais
de 10 jogadores
A
mão dura da Liga Moçambicana de Futebol (LMF) ainda
se faz sentir com cada vez mais musculatura sendo que
mais de 10 jogadores foram penalizados com o pagamen-to de valores que variam dos 50 a 400 meticais por di-versas irregularidades. Muitas dessas penalizações referem-se à 13ª
jornada do Moçambola.
Do Ferroviário de Nampula, a LMF sancionou o jogador Araújo
Nascimento, com pena de um jogo de suspensão e multa de 400
meticais por ter lhe sido exibido o quinto cartão marelo, no jogo da
13ª jornada contra o Chingale.
Também do Chingale e para a retromencionada partida, a LMF
sancionou o atleta José Cumbe, com a pena de multa de 50 meticais
por ter lhe sido exibido, pela primeira vez, o cartão amarelo.
Enquanto isto, a António Chirinda, também do Chingale, coube-
lhe a multa de 100 meticais por ter lhe sido admoestado, pela segun-da vez, o cartão amarelo.
Outros jogadores do Chingale penalizados são: Stélio Teca, com
multa de 200 meticais por ter lhe sido exibido, pela terceira vez, o
cartão amarelo e Charly Ntombo (100 meticais) por ter lhe sido
exibido pela segunda vez o cartão amarelo.
Buana Aiupa, do Desportivo de Nacala, vai pagar 50 meticais pelo
facto de ter lhe sido exibido, pela primeira vez, o cartão amarelo na
partida da 13ª jornada contra o HCB.
Enquanto isto, Paulo Macamo, do Maxaquene, vai pagar uma multa
de 100 meticais por ter lhe sido exibido pela segunda vez o cartão
amarelo na partida da 11ª jornada contra o Ferroviário da Beira.
Do Têxtil do Púnguè foi sancionado o atleta Vando Conceição com
multa de 100 meticais por ter lhe sido exibido pela segunda vez o
cartão amarelo na partida referente à 13ª jornada contra o Estrela
Vermelha.
Outros atletas dos fabris da manga penalizados são: David Mpoya
e Lucas Melo com multa de 50 meticais em face de terem visto os
primeiros cartões amarelos na partida retromencionada.
Sorte diferente teve Costa Nobre , igualmente do Têxtil do Púnguè,
o qual foi sancionado com multa de 300 meticais pelo facto de ter
apanhado o quarto cartão amarelo.
Do Estrela Vermelha da Beira foi punido o atleta Sarmento Nam-burete, com um jogo de supensão e multa de 400 meticais, por ter
lhe sido exibido o quinto cartão amarelo na partida contra o Têxtil
do Púnguè.
A par disto, a LMF decidiu punir o Têxtil do Púnguè com a pena
de advertência e multa de 500 meticais por ausência do delegado da
equipa à reunião técnica. Outrossim, foi punida a mesma colectivi-dade com a pena de 100 meticais por ausência do capitão da equipa
ou seu representante.
Igualmente, uma outra multa, mas desta feita de 500 meticais foi
aplicada aos fabris da Manga por ausência do seu director da equipa
à reunião técnica no jogo contra o Estrela Vermelha da Beira.
P.Mubalo
O
Presidente da Federação
Moçambicana de Bas-quetebol, FMB, Francis-co Mabjaia, disse estarem
criadas as condições para o país
acolher o Afrobasquete agendado
para os dias 20 a 28 de Setembro
próximo.
De acordo com aquele dirigente,
neste momento decorrem os últi-mos retoques dos pavilhões de Ma-xaquene e Estrela Vermelha.
“Posso vos garantir que toda a má-quina já está pronta para o arran-que deste certame, o que falta neste
momento são os últimos acertos do
Pavilhão do Maxaquene”, frisou
Mabjaia.
A prova contará com a participa-ção de 12 selecções a saber, An-gola, Mali, Nigéria, Cabo Verde,
Costa do Marfim, Camarões, Qué-F
undado em Janeiro de 1949
como uma pessoa colectiva
de direito privado de carácter
desportivo, dotada de per-sonalidade jurídica, o Automóvel
e Touring Clube de Moçambique
(ATCM) acaba de lançar um mega
projecto de desenvolvimento do
autódromo, o qual passa pela re-qualificação da actual pista daquele
organismo .
Segundo António Marques, presi-dente daquele organismo, o projec-to está numa fase adiantada, sendo
que se está à espera da decisão da
Por : =aqueu Massala
“Criadas condições
para o Afrobaskete 2013”
-Francisco Mabjaia presidente da FMB.
nia, Zimbabwe, Egipto, Tunísia e
Moçambique. Aliás, na qualidade
de anfitrião o nosso país tem a es-pinhosa missão de vencer a prova
por forma a marcar presença no
Mundial da Turquia, a decorrer em
2014.
Entretanto, Nazir Salé, selecciona-dor nacional, acredita no potencial
das atletas. “Eu sei que vamos de-frontar grandes adversários, mas
não podemos ficar com medo, nós
também somos capazes de vencer o
campeonato como qualquer outro
interveniente”, sublinhou o selec-cionador.
O lançamento oficial do sorteio do
Campeonato Africano de Basque-tebol sénior feminino aconteceu
recentemente em Maputo.
Refira-se que esta será a terceira
vez que Moçambique acolherá o
certame em seniores femininos. A
primeira vez aconteceu em 1986 e
a segunda em 2003.
ATCM lança mega-projecto
do desenvolvimento do autódromo
assembleia municipal depois de
uma apreciação favorável do pró-prio município.
“O arranque das obras vai iniciar
este ano e o conselho municipal
deu - nos algumas recomendações
e estamos a trabalhar nesse assun-to”, afirmou António Marques.
Neste projecto estão salvaguarda-das questões ambientais.
Espera-se que caso as obras se
concretizem segundo o desenhado,
o ATCM possa ter pernas para an-dar sozinho deixando de depender
dos patrocinadores para a realiza-ção das suas inúmeras actividades.
Apurámos, ainda do arquitecto
Zamir Ismael, que a área da pista é
de mais de cinco quilómetros.
Entretanto, mesmo depois da
construção desta infra-estrutura,
o ATCM continuará a manter
vivas as razões da sua existência
consubstanciadas na promoção
do progresso do automobilismo e
desporto motorizado, para além de
contribuir para o desenvolvimen-to do turismo, através de excur-sões, caravanas e outras digressões
(tours).
ArtUr Semedo
Francisco Mabjaia
23 Savana 28-06-2013
DESPORTO
A
rranca neste sábado a
mini copa das confe-derações 2013, evento
organizado pela PROS-PORT e que vai juntar cerca de
oito escolas da cidade de Mapu-to. Os jogos serão realizados no
Centro de Luz da Philips inau-gurado recentemente na Escola
Secundária da Polana.
A Copa das Confederações colo-ca em campo crianças de escolas
públicas e bairros de Maputo, que
irão competir no escalão único de
masculinos sub 13, representando
os países que participam do even-to oficial.
O objectivo é promover o desen-volvimento não apenas do fute-bol, mas de um público que é o
futuro de qualquer nação em to-dos os domínios e em particular
no desporto.
Para além dos atletas provenien-tes de oito escolas, as competições
contarão também com a presença
especial de altas figuras dirigentes
do panorama desportivo nacional.
Sténor Lucas Tomo, organizador
do evento, disse que está a traba-lhar com vista a criar condições
para que tudo corra da melhor
forma.
“Queremos incentivar todas as
crianças e jovens ao espírito de
equipa e a importância da edu-cação, disseminando noções de
higiene como forma de melho-ria da saúde e, assim, formando
cidadãos num ambiente com
qualidade de vida”. Vão dispu-tar a copa das confederações as
seguintes equipas: Brasil: Bairro
de Chamanculo; Espanha: Es-cola Secundária da Polana; Itália:
Escolinha do Tico; Nigéria:
Bairro de Hulene; Japão: Bair-ro de Albazine; Haiti: Bairro da
Sommerschield; Uruguai: Bairro
de Mavalane; México: Bairro da
Polana Cimento; entre outras.
Vem aí
Mini-copa
Por: =aqueu Massala
A
empresa Água da Nama-acha assinou, com a Fe-deração Moçambicana de
Basquetebol, FMB, um
protocolo visando apoiar à orga-nização do Afrobaskete feminino,
agendado para capital do país, de
20 a 29 de Setembro.
Segundo o presidente da FMB,
Francisco Mabjaia, a empresa Água
da Namaacha é a primeira a ma-nifestar interesse em apoiar este
grande evento continental.
Na ocasião, o presidente da federa-ção solicitou a outras empresas para
Água da Namaacha apoia Afrobaskete
que seguissem o exemplo da Água
da Namaacha e se aproximassem
daquele organismo dando o seu
contributo para que este evento seja
sucesso.
Francisco Mabjaia referiu que o
basquetebol tem uma enorme tra-dição em Moçambique, sendo que
por várias vezes elevou bem alto as
cores da nossa bandeira.
Por seu turno, o director de ma-rketing da Sociedade de Águas de
Moçambique, Miguel Padrão, afir-mou que a Água da Namaacha pre-tende apoiar a FMB na organiza-ção deste evento e em todas as suas
acções que muito têm dignificado
Moçambique e colaborado para a
elevação do orgulho nacional.
Padrão disse ser uma grande hon-ra para a Água da Namaacha ter
a oportunidade de dar o seu con-tributo ao desporto moçambicano,
através da FMB e da selecção na-cional feminina, apoiando assim,
o desporto, a juventude e a mulher
moçambicana, digníssimo símbolo
das conquistas do país ao longo da
sua história.
Por: =aqueu Massala
24 Savana 28-06-2013
CULTURA
Por Abdul Sulemane
O
s monumentos e patri-mónio cultural nacional
encontram-se abandonados
e em estado avançado de
degradação por falta de manutenção.
“O Ministério da Cultura, dentro das
suas atribuições, pretende realizar um
Inventário Nacional do Património
Cultural, com vista à sua protecção e
conservação. Pretende-se, nesta fase,
identificar, sinalizar e proteger o Pa-trimónio Cultural Imóvel da Zona
Protegida da Baixa da Cidade de
Maputo, através da colocação de pla-cas, de acordo com a Resolução Nº.
12/2010 de 27 de Abril do Conselho
de Ministros, sobre a Política de Mo-numentos”, explica Armando Artur,
Ministro da Cultura. Acrescentando o
seguinte: “o trabalho de identificação
de edifícios e monumentos abrangidos
e protegidos por Lei e sua sinalização
continuará não só na Baixa, como
também noutras áreas da cidade de
Maputo, em geral. Este processo será
estendido ao património imóvel nas
outras áreas do país”.
Com o inventário já realizado foram
identificados cerca de três dezenas de
edifícios e monumentos de particular
interesse histórico. “Nesta primeira
fase, será identificado com placas um
conjunto de trinta (30) edifícios e
monumentos de particular interesse
histórico, ambiental ou arquitectóni-co, dezoito (18) dos quais constam
Cenários como estes precisam ser melhorados para o bem do interesse histórico e cultural
Preservação do património cultural e
ambiental distancia-se do desejado
dentro do perímetro da Baixa da Ci-dade de Maputo”, disse o Ministro da
Cultura.
O trabalho tem como objectivo pro-teger o património edificado e evitar
demolições e transformações signi-ficativas. “Pretende-se levar adiante
um processo que crie as condições
para uma melhor protecção do nosso
património edificado e permita evitar
demolições e transformações radicais
de imóveis protegidos pela Lei 10/88
de 22 de Dezembro, sobre Património
Cultural, por falta de conhecimento
dos intervenientes acerca do seu valor
patrimonial”, salienta.
Para fazer conhecer ao público sobre
o trabalho de protecção serão coloca-dos informações nos locais protegi-dos. “Para facilitar a sua divulgação ao
público serão também colocados no
perímetro da Baixa da cidade de Ma-puto quinze (15) painéis contendo o
mapa da área protegida e a localização
dos edifícios e monumentos conside-rados de particular interesse. Com a
mesma finalidade de divulgação e
didáctica, pretendemos, igualmente,
produzir folhetos contendo informa-ções essenciais sobre o património
edificado da Baixa de Maputo”, su-blinha.
Neste contexto, o trabalho de identifi-cação é realizado por várias entidades
e conta com apoio estrangeiro. “Este
trabalho está a ser conduzido com a
participação do Município da Cidade
de Maputo, da Faculdade de Arqui-tectura e Planeamento Físico da Uni-versidade Eduardo Mondlane, com a
assessoria do Arquitecto Gianfranco
Gandolfo, contando com o apoio da
Cooperação Espanhola”, finaliza.
D
e 1 a 3 de Julho decorrerá
em Maputo o Congresso de
Protecção dos Direitos dos
Artistas, uma organização
conjunta do Ministério da Cultura de
Moçambique e da fundação GDA –
Gestão dos Direitos dos Artistas. O
congresso, que reunirá no Hotel Afrin,
representantes de Moçambique, Por-tugal, Angola, Cabo Verde, São Tomé
e Príncipe e Brasil, discutirá a protec-ção dos direitos dos artistas, propos-tas para a elaboração de um quadro
legal comum relativo aos direitos dos
artistas, a economia criativa e as suas
oportunidades e o desenvolvimento
de sociedades de gestão dos direitos
do artista nos países participantes.
Estarão a representar Moçambique
no congresso a Companhia Nacional
de Canto e Dança, o Instituto Na-cional do Livro e do Disco, a Escola
Nacional de Música, representantes
do Ministério da Cultura e o cantor
Stewart Sukuma. No encontro serão
apresentadas várias palestras, com
destaque para a palestra sobre pi-rataria, proferida por Paulo Santos.
A
Sociedade Editorial Nd-jira, Lda e a SNV – Or-ganização Holandesa de
Desenvolvimento realizam
na próxima terça-feira, 02 de Julho,
às 18 horas, a sessão de apresenta-ção pública da obra Economia do
Turismo – como gerar empregos,
rendimentos e prosperidade em
Moçambique da autoria do inves-tigador Federico Vignati, no Ca-mões- Instituto de Cooperação e
da Língua.
A cerimónia será antecedida por
uma mesa redonda, com tema
“como gerar empregos, rendimen-tos e prosperidade em Moçam-bique” quer terá como oradores:
Quessanias Matsombe (Presiden-te da Federação Moçambicana
Livro sobre economia de turismo nas bancas
O
músico Neco No-vellas realiza diversos
concertos na capital
do país. No dia 27
de Junho vai actuar no Café
Bar Gil Vicente, 28 de Junho
no Jazz Spoon, 29 de Junho
no Bar & Bar e no dia 30 de
Junho no espaço Ambients
Bar. Para estes concertos o
artista conta com os présti-mos de Nene na viola baixo,
Stélio Mondlane na bateria,
Thapelo no piano eléctrico e
Samito Tembe na percussão.
Neco Novellas deslocou-se a
Europa para estudar música e
outros estilos musicais como
Jazz e world music. Neco foi
promovido em 1992 num
programa televisivo em Mo-çambique chamado Sabadão
e mais tarde foi gravar músi-cas na Rádio Moçambique e
TVM. Para além de ter for-mado sua banda musical em
sua casa na Matola-Fomento
, Neco foi também membro
fundador do grupo musical
Kapa Dech na Cidade de
Maputo.
Durante sua estadia na Eu-ropa, Neco formou uma
banda com a participação
Neco Novellas realiza
concertos na capital
dos seus irmãos Isildo Nove-la e Nello Novela e suas Ir-mãs Cidália Novela e Isabel
Novela e gravou dois Cd´s
(Mita Famba e Ku Khata)
que foram lançados a nível
da Europa, América e Ásia.
Neco Novellas participou em
vários concertos nos países
europeus e na América La-tina estando neste momento
a preparar-se para trazer sua
música de volta para casa.
Contando já com quatro
Cd´s gravados, este artista
vem a Maputo para promo-ver o seu mais recente tra-balho discográfico intitulado
Munthu-Somebody.
Neco Novellas vai também
tocar na África do Sul no
“Bass Newtown” organiza-do por Nathyvy rythms. O
intérprete de “Tchururriba“
realizou na Festa da Músi-ca o lançamento do seu CD,
onde se fez acompanhar por
Franco Paco na bateria, Hél-der Gonzaga na viola baixo,
Samito Tembe na percussão ,
Thapelo Motshegwe no pia-no, e Steven Kamperman no
saxofone. A.S
Protecção dos Direitos dos Artistas em debate
A
Escola Nacional de Música
(ENM) comemora este ano
30 anos desde a sua criação.
Para celebrar os trinta anos,
a ENM tem programadas diversas
actividades com destaque para o con-certo de Flauta (realizado em Maio
no Instituto Camões), concerto de
Canto que se realizou no dia 27 de
Junho, com a exposição, concertos e
Workshops na FACIM em Agosto,
concerto de Piano , no Centro Cultu-ral Franco Moçambicano, o concerto
de música e instrumentos tradicionais
no dia 1 de Outubro, no âmbito da
comemoração do Dia Internacional
da Música – e com o encerramento
em Novembro tambem no CCFM.
A nível do historial, importa dizer
que depois de vários anos de activida-de experimental, em Maio de 1991,
o Governo criou a Escola Nacional
de Música sob Diploma Ministerial
39/91 de 8 de Maio para a formação
e promoção do Ensino Artístico da
Música nos níveis básico e médio, e
apoiar a Formação de professores de
Educação Musical para o Sistema
Nacional de Educação (SNE) bem
como para outros cursos de especiali-zação e actualização profissional.
Desde 1983 até ao presente ano, a
Escola Nacional de Música, com
muita dedicação e empenho, contri-buiu para a formação de Fazedores
de Cultura com a missão de Formar,
Fazer, Criar, Cultivar, Viver e Ensinar
a música.
Em termos de formação, a ENM
graduou os primeiros alunos em
1992, e até 2012 foram formados 110
alunos dos quais alguns ainda apoiam
no crescimento da Escola. Há a des-tacar o artista Moreira Chonguiça,
Ivan Mazuze, Sónia Mocumbi, El-devina Materrula, Iracema Maiópue
entre outros que ainda que desliga-dos da Escola fazem muito para a
contribuição da cultura na defesa e
afirmação da Moçambicanidade e do
Desenvolvimento Artístico Cultural
Moçambicano.
Refira-se que o primeiro apoio que a
Instituição teve de um ex-aluno foi do
músico Moreira Chonguiça em 2006,
aquando do lançamento do seu 1º Al-bum. Encaminhou à Escola Nacional
de Música parte da receita resultante
da venda do álbum.
Em 2009, a Escola Nacional de Mú-sica homenageou Moreira Chonguiça
em reconhecimento do seu trabalho
e, em particular, da música moçambi-cana. Hoje, Moreira Chonguiça é um
exemplo na promoção e valorização da
cultura moçambicana, pelas várias acti-vidades e projectos concebidos por ele.
Para a Formação de uma Orquestra
Sinfónica em Moçambique, a ex-aluna
EldevinaMaterrula introduziu o Pro-jecto Xiquitsi na Escola Nacional de
Música e teve o seu arranque em Mar-ço, onde crianças de vários Bairros se
deslocam à Escola para receber aulas.
A.S
Escola Nacional de Música
comemora 30 anos
do Turismo - FEMOTUR), José
Augusto Psico ( PCA do Instituto
Nacional do Turismo - INATUR),
Noor Momade (Presidente da As-sociação de Agências de Viagens e
Turismo - AVITUM). O evento
contará com as presenças especiais
do Ministro do Turismo Carvalho
Muária e do edil da cidade de Ma-puto David Simango.
Economia do Turismo é uma
obra pioneira no sector do Turis-mo. A obra é composta por dois
módulos. O primeiro debruça-se
sobre Política e Desenvolvimento
do Turismo Sustentável e o segun-do sobre Marketing de Destinos
Turísticos. Este novo livro de Fe-derico Vignati apresenta vinte e
cinco estudos de casos e um forte
sentido didáctico, terminando cada
capítulo com exercícios e leituras
recomendadas, o que revitaliza e
marca o contacto com o leitor.
Federico Vignati é doutorado em
Economia Aplicada, na área de
Desenvolvimento Sustentável.
Exerce actualmente as funções de
assessor sénior da SNV. Com mais
de treze anos de experiência na
área da economia do turismo, tem
acumulado uma ampla experiência,
em diversos segmentos do sector,
contribuindo para a boa governa-ção e o desenvolvimento social e
económico de diversos países de
África, América Latina e Ásia. É
representante do Fundo de Turis-mo da Organização Mundial do
Turismo, desde 2010. A.S
De Angola estará presente Hélder
Domingos, do Brasil Victor Drum-mond, especialista em direitos auto-rais, de Cabo Verde Daniel Spínola,
presidente da Sociedade Cabo-ver-diana de Autores e de Portugal Vera
Castanheira, Miguel Carretas e Pedro
Wallenstein.
O encontro servirá igualmente para
promover aproximações entre as so-ciedades de gestão de direitos do
artista dos diferentes países e o apro-fundamento das relações no âmbito
das directrizes da CPLP. A.S
Dobra por aqui
SUPLEMENTO HUMORÍSTICO DO SAVANA Nº 1016 28 DE JUNHO DE 2013
SUPLEMENTO
2
3 Savana 28-06-2013 Savana 28-06-2013
27 Savana 28-06-2013
OPINIÃO
Fernando Manuel (texto)
Naita Ussene(Fotos)
e Naita Ussene (fotos)
N
o dia 24 de Junho, segunda-feira portanto, Naíta Ussene informou--me num tom de cumplicidade que no dia seguinte iria a Praça dos
Heróis para fazer fotografias históricas.
É certo que esta história tem nos sido madrasta, mas não podemos negar que
ela tem os seus fazedores.
Ele sabia certamente que no dia 25 de Junho, na Praça dos Heróis estariam
os dinossauros e fundadores da Frelimo que mal ou bem, andaram por aí nas
matas de Cabo Delgado, Niassa e Tete a fazer a guerra de guerrilha, meio
descalços, meios esfarrapados, a comer o pão que o diabo amaçou movidos
por máquinas que muitas vezes os ultrapassavam a eles próprios.
Tudo isso acabou.
E agora eles acham que merecem serem tratados com direitos que ultrapas-sam a linha do mínimo de lógica racional.
Porque na verdade ninguém é culpado de não ter podido ir a Nachingwea.
E isso também não pode ser motivo para nos impedir de ter acesso a crédi-tos facilitados no banco, ter direito a casa, a transporte bonificado, a bons
serviços de saúde e a um sistema educacional com qualidade.
Seja como for, o Naita conseguiu fazer na Praça dos Heróis aquilo que se
propunha fazer.
Fotografar os dinossauros da Frelimo.
Aí estão…
Marina e Raimundo Pachinuapa…
Alberto Chipande e Lucas Chomera…
Albino Maheche e André Mandjoro Nkuna…
Temos alguns que nem foram fundadores e nem estiveram nas matas, mas
tem o privilégio de serem filhos ou filhas desses homens ou mulheres: a
Ornila Machel é um desses casos. Na foto está ao lado do tio Josefate Machel.
Há também casos de homens que subiram sem propriamente terem ido a
luta armada e depois caem.
O general do exército, Paulino Macaringue, acaba de tropeçar e cair. Vamos
ver se a queda é definitiva.
Só o tempo poderá dizer.
Ele está ao lado de Miguel Chissano.
É caso para dizer como diz a sabedoria: o que conta não é quantas vezes a
gente cai, é quantas vezes a gente se levanta.
As vezes que a gente
se levanta…
IMAGEM DA SEMANA
À HORA DO FECHO
www.savana.co.mz
Savana 28-06-2013
EVENTOS EVENTOS
EVENTOS
Urgel Matula
A
FedEx Corporate aca-ba de anunciar a con-clusão da primeira
fase da operação para
a aquisição estratégica das em-presas dirigidas pelo seu actual
fornecedor de serviços, a Su-paswift, em Moçambique e em
quatro países da região austral
de África, nomeadamente, Ma-lawi, África do Sul, Suazilândia
e Zâmbia.
A companhia de transporte ex-presso com entregas em mais
de 220 países afirma igualmen-te que prossegue discussões no
sentido de adquirir as empresas
da Supaswift no Botswana e na
Namíbia, aquisições que funcio-narão sob a unidade de negócios
da FedEx Express.
“Uma vez concluída a aquisição,
FedEx anuncia aquisição de luxo
Por Nélia Jamaldine
a FedEx Express terá acesso
directo, nesses sete mercados, a
39 instalações e acolherá apro-ximadamente mil colaboradores
da Supaswift, que se juntarão ao
grupo de mais de 300 mil co-laboradores da FedEx em todo
o mundo”, sublinha Frederick
W. Smith, presidente e director
Executivo da FedEx Corporate.
A Supaswift iniciou a sua ac-tividade na África do Sul em
1990 e em 2005 fundiu-se com
a MyExpress Pty Ltd., que ofe-recia os serviços internacionais
da FedEx Express na África
Austral desde 1991.
Ao que apurámos, a integração
das empresas da Supaswift terá
início depois da transacção ter
sido concluída, prevendo-se que
fique realizada gradualmente ao
longo de vários meses.
D
ois anos após do lan-çamento da primei-ra pedra, o projecto
de contrução da nova
sede do Comité Olímpico de
Moçambique,“Olimpic Terrace”
foi oficialmente lançado nesta
segunda-feira em Maputo.
Trata-se de um empreendimento
multifuncional orçado em cerca
de USD 40 milhões, que irá abar-car para além da Sede do Comité
Olímpico, 126 apartamentos, ter-raços, piscina, ginásio, balneários
e um spa especializado em ba-nhos turcos.
“A ideia do “Olimpic Terrace”,
não é apenas acomodar o Comité
Olímpico como também viabi-lizar o espaço de modo a tornar
autónomas e sustentáveis todas as
entidades desportivas mediadas
pelo estado”, disse o Presidente
do Comité Olímpico de Moçam-bique, Marcelino Macome.
Em outro desenvolvimento, Ma-come referiu que a infra-estru-tura vai ajudar na formação téc-nica desportiva dos atletas, que
poderão através das melhorias
das instalações se sentirem mais
incentivados para alcançar mais e
melhores resultados.
O término da referida obra está
Nova casa do Comité Olímpico ganha ânimo
Por Nélia Jamaldine
previsto para dentro de 24 a 26
meses, e está a cargo da Olím-pico Imobiliária, S.A. que tem
como parceiro a Insitec Imobili-ária, uma firma do Grupo Insitec,
dirigido pelo jovem empresário
Celso Correia.
Por seu turno, o Administrador
da Olímpico Imobiliária, Victor
Magalhães, fez saber que esta
instituição compromomente-se a
entregar a obra no tempo regula-mentado.
Contudo, finda a obra, o “Olim-pic Terrace” será um edifício de
referência pela sua arquitectura
moderna, individualizada, mul-tifuncional, contemporânea, com
espaços nobres de qualidade em
termos técnicos, acrescentou Ma-galhães.
A nova casa do desporto olím-pico moçambicano será erguida
numa área de cerca de 30 mil
metros quadrados e constituirá a
promessa de um condomínio pre-mium para habitação na cidade
das acácias.
Savana 28-06-2013
EVENTOS EVENTOS
2
Por Zaqueu Massala
A
TVCABO, no âmbito
da sua responsabilidade
social integrada nas co-memorações do Dia da
criança Africana, ofereceu novos
serviços de Internt Banda Larga,
a Escola Primária Completa 16 de
Junho. A referida oferta de novos
serviços da Internet teve lugar nas
instalações daquele estabelecimen-to de ensino na cidade de Maputo.
De acordo com o respresentantes da
Tvcabo, Inácio Manguage, a oferta
tem por objectivo tornar diferente
o dia das crianças e dos professores
daquela instituição do ensino para
a melhoria da educação, bem como
avivar o seu sentimento de pertença
e para a potenciação das suas capa-cidades.
“Para nós é um orgulho equipar
mais uma escola e, ao mesmo tem-Tvcabo oferece banda larga a EPC 16 de Junho
po, estar a contribuir para o futuro
das nossas crianças e do nosso país.
Nós como empresa vamos continu-ar com esta política de responsabi-lidade social porque é um projecto
que engrandece a TVCABO”, su-blinhou.
Por seu turno, a directora adjunta
daquela escola, Matilde Chilonde,
disse que com a instalação dos ser-viços da Banda Larga, oferecidos
pela TVCABO, vão reforçar a me-lhoria da qualidade do ensino dos
alunos e dos professores.
“Esta é uma mais-valia para o
desenvolvimento académico dos
nossos alunos e professores, com
o novo serviço da Banda Larga, os
nossos alunos vão ter a oportuni-dade de se comunicar e pesquisar”,
sublinhou a dirigente.
A
Aglow, uma organiza-ção cristã que engloba
mais de duas mil mu-lheres de diversas con-gregações religiosas espalhadas
em um pouco por todo o país,
acaba de promover, um encon-tro de confraternizaçao para
crianças vivendo em situações de
vulnerabilidade.
Trata-se de um encontro que
juntou pouco mais de 150 crian-ças com idades que variam de
dois a 15 anos. Parte destes peti-zes perderam os seus pais devido
à Sida.
Aliás, segundo os dirigentes do
grupo, pouco mais da metade
destas crianças vivem com HIV--SIDA, e outras são responsáveis
pelos irmãos mais novos.
Para este grupo, a Aglow decidiu
oferecer um almoço, material
escolar e kits de brinquedos, em
homenagem a passagem do 1º
de Junho, dia da criança.
“Foi a única forma que a Aglow
encontrou para alegrar esta ca-mada que, por cusa da sua con-dição social, não pode celebrar o
Aglow ampara crianças
desfavorecidas
Por Eduardo Conzo
1º de Junho, tal como outras crian-ças”, explicou Quilita Benjamim,
secrétaria da organização ao nível
nacional.
A Aglow é uma organização de
carácter internacional com sede
nos Estados Unidos da América,
EUA, fundada há mais de 40 anos.
Em Moçambique, o movimento
estabeleceu-se em 1992. De lá a
esta parte, os integrantes têm vindo
a dedicar maior parte do seu tempo
em diversas actividades de carácter
social em benefício dos que mais
necessitam.
Com sede no bairro suburbano da
Mafalala, na cidade de Maputo,
diariamente, as cerca de duas mil
membros integrantes nesta organi-zação, todas elas do sexo feminino,
empenham-se em devolver o calor
e harmonia aos moçambicanos que
perderam a esperança de continuar
a lutar pela vida.
O grupo oferece refeições, vestuá-rio, material escolar e outros bens
aos necessitados, mas a oração é o
prato mais forte que ele tem par
dar.
O encontro promovido pela Aglow
envolveu crianças de Maxaquene,
um dos populosos bairros peri-féricos da capital. Esta não é a
primeira vez que este grupo be-neficia das acções da Aglow. No
último semestre do ano passa-do, a organização promoveu um
encontro do género que juntou
cerca de 100 crianças, também
vivendo em situação delicada.
Todavia, o grupo lamenta o fac-to de não poder continuar com
as actividades ao ritmo desejado.
É que segundo este, a falta do
apoio para suportar as despesas
da aquisição de alimentos e ou-tros bens materiais, mina os es-forços desenvolvidos no sentido
de apoiar os seus grupos alvos.
“Nós sempre contamos com o
apoio de pessoas singulares e
colectivas que com boa vontade
nos oferecem o pouco do que
têm. “são essas contribuições que
depois de colectar oferecemos
aos nossos alvos, só ultimamente
temos dificuldades em continuar
a apoiar as crianças porque os
nossos parceiros de boa vontade
demostram-se reticentes nas suas
acções”.
C
erca de cem filmes com
a duração de 60 a 90 mi-nutos estão a ser exibidos
desde esta quinta-feira a 7
de Julho próximo, na 4ª edição do
KUGOMA - Fórum de Cinema
de Curta-Metragem.
À semelhança dos anos anteriores,
as sessões acontecem ao ar livre
nos bairros periféricos da Cidade
de Maputo.
KUGOMA é um projecto de in-serção cultural que explora uma
série de exibições de cinema de
curta-metragem direccionado
para camadas sociais, com enfoque
nas comunidades dos bairros su-burbanos de Maputo com poucas
possibilidades de aceder às salas de
cinema.
Para a presente edição, as grandes
novidades são as programações
infanto-juvenis, com destaque
para a curta-metragem produzido
e realizado por Nildo Essá e o cine
-concerto de lançamento do livro
“Cadernos KUGOMA”.
“Os Pestinhas e o Ladrão de Brin-quedos” será o primeiro filme pro-duzido em Moçambique em 3-di-KUGOMA 2013 roda curta-metragem para crianças
Por Nélia Jamaldine
mensões (3D), apresentado pela
produtora nacional Mahla Filmes
e a ser estreado no KUGOMA.
Segundo a directora do KUGO-MA, Diana Manhiça, a escolha
de curtas-metragens viradas para
crianças é consequência da experi-ência vivida nas edições anteriores
em que se constatou que o público
que mais aderiu foi o infantil.
Entretanto, para além desta mos-tra anual de 10 dias, o KUGOMA
tem produzido algumas oficinas
durante o ano e está agora a elabo-rar o relatório da oficina “Prática
de Jornalismo Cultural para Te-levisão”, em parceria com a IREX
– instituição norte-americana que
trabalha para o fortalecimento dos
media, e a Escola de Comunica-ção e Artes da Universidade Edu-ardo Mondlane. Esta iniciativa
visa melhorar os métodos em uso,
testar as metodologias de aborda-gem, os meios técnicos e humanos,
como forma de produzir trabalhos
com maior qualidade.
Por seu turno, a representante da
IREX, Mercedes Sayagues, ex-plicou que a referida oficina é um
mecanismo pelo qual o jornalismo
e a cultura podem juntos compar-tilhar conhecimentos, pois para
reportar sobre a cultura é necessá-rio conhecer a mesma, desta feita
em forma de cinema.
KUGOMA 2013 traz também
um conjunto de oficinas teóricas
e praticas nas áreas de animação
e arquivos audiovisuais abertos ao
público, assim como mesas redon-das em torno da cultura cinema-tográfica.
As exibições de cinema da 4ª edi-ção do KUGOMA estão agenda-das para o Centro Cultural Franco
Moçambicano (CCFM), o Ins-tituto Nacional do Audiovisual e
Cinema (INAC), o Campinho do
Bairro da Mafalala e na Associa-ção Comunitária de Desenvolvi-mento do Chamanculo - (ASS-CODECHA).
Ilec Vilanculo
TVcabo equipa Escola Primária Completa 16 de Junho
oÀcina é um mecanismo pelo qual o jornalismo e a cultura podem
juntos compartilhar conhecimentos, disse representante da IRE;,
Mercedes Sa\agues,
Savana 28-06-2013
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