PIMO move outro processo-crime contra a FRELIMO
FILIMÃO SAVECA
Mais um processo-crime contra a FRELIMO instaurado pelo PIMO deverá ser entregue dentro de dias ao Tribunal Judicial Provincial de Nampula, desta feita contra quatro membros da formação que sustenta o actual Executivo moçambicano, acusados de agressão física a seis membros do partido de Yá-Qub Sibindy, dois dos quais com gravidade na cabeça e nos braços.
Nas palavras de Sibindy, Alberto Txuma é o advogado encarregue pelo PIMO de preparar o aludido processo crime “com exames médicos comprovativos do grau das feridas inflingidas pelos agressores contra membros do meu partido, em Nampula”.
Ajuntou que o mesmo jurado foi quem preparou o expediente daquela formação política extra parlamentar já remetido ao Conselho Constitucional (CC) sobre irregularidades cometidas igualmente
pelos membros do partido governamental um pouco por todo o país e, particularmente, nas regiões Centro e Norte de Moçambique.
Tais irregularidades consistiram na detenção de, pelo menos, seis militantes do PIMO que procediam à recolha de assinaturas para a formalização da candidatura do seu presidente às eleições presidenciais de 1 e 2 de Dezembro próximo, entretanto, já restituídos à liberdade graças à intervenção da Procuradoria Geral da República (PGR).
O processo-crime ora em preparação é o segundo depois do primeiro movido pelo PIMO contra o administrador do distrito de Montepuez e alguns membros da FRELIMO acusados de terem destruído
material de propaganda política que estava a ser distribuído pelos residentes daquela conturbada região da província de Cabo Delgado, durante a digressão de Sibindy em missão partidária.
Aquele político não precisou a identificação tanto dos agredidos, como dos agressores, sublinhando apenas que alguns deles são membros da PRM em serviço na província de Nampula. Não revelou igualmente o valor da indemnização requerida na queixa pela agressão física contra militantes da sua formação política, sustentando que caberá ao tribunal que irá julgar o caso decidir pela sua fixação.
CORREIO DA MANHÃ(Maputo) - 01.10.2004
EM TROCA DE LUGARES NO PARLAMENTO E GOVERNOS LOCAIS
FILIMÃO SAVECA
Em cartas datadas do mês de Agosto último e assinadas pelo seu secretário-geral, Viana Magalhães,
a RENAMO convidou algumas formações políticas extra-parlamentares a apoiarem aquele antigo movimento guerrilheiro moçambicano e seu candidato às presidenciais, Afonso Dhlakama, nas III eleições legislativas e presidenciais dos dias 1 e 2 de Dezembro próximo.
Em troca, a RENAMO aponta nas suas missivas que vai oferecer, por exemplo, ao Partido Independente
de Moçambique (PIMO) um lugar no Parlamento e às restantes formações políticas lugares de governação ao nível de determinados postos administrativos e localidades, segundo confidenciou
ao Correio da manhã fonte próxima do partido da perdiz.
Na missiva dirigida ao PIMO, a RENAMO convidou o seu líder, Yá-Qub Sibindy, a desistir de se candidatar ao cargo de Presidente da República, passando todos os seus recursos financeiros, humanos e materiais que iriam ser usados na sua campanha eleitoral a favor do candidato da perdiz àquele cargo, segundo igualmente a nossa fonte, esforço que frustrou, redondamente.
Contraproposta do PIMO
Em resposta, a formação dirigida por Sibindy avançou com uma contra-proposta exigindo que sejam oferecidos ao PIMO 12 lugares no Parlamento, três pastas ministeriais e igual número de cargos de governadores provinciais e uma dúzia de embaixadas.
“Por a contra-proposta conter coisas muito exageradas, a RENAMO pura e simplesmente não respondeu
ao PIMO”, avançou a fonte que temos vindo a citar, ajuntando que apenas prosseguiu com negociações
com outras formações políticas que não foram ambiciosas nas suas contra-propostas.
“Eles é que nos contactaram”.
Ouvido esta quarta-feira pelo Correio da manhã sobre o assunto, Viana Magalhães disse-nos que a iniciativa dos contactos foi dos extra-parlamentares, avançando que, como resultado do diálogo há
já uma coligação, denominada USAMO, liderada pelo antigo secretário geral da Associação dos Desmobilizados de Guerra (AMODEG), Júlio Nimuire, que já anunciou publicamente a intenção de apoiar a perdiz e o seu candidato e que, “dentro em breve, vai formalizar a sua adesão à RENAMO”, conforme
prometeu.
Quanto ao convite a Sibindy para desistir de se candidatar às presidenciais, Magalhães limitou-se a dizer que não comentava a informação, convidando-nos, em seguida, para aguardarmos pelos “próximos desenvolvimentos antes de 17 de Outubro”, dia do início das campanhas eleitorais para as legislativas
e presidenciais.
Sibindy confirmou os contactos, acrescentando que eles estão no ponto morto, alegadamente “porque a
RENAMO não é pelo diálogo, apenas só quer impor a nós os chamados partidos mais pequenos as suas
pretensões”.
Sibindy indicou, contudo, que o PIMO só poderá apoiar Dhlakama se este e Armando Guebuza (candidato da FRELIMO) forem apurados para a segunda volta.
Guebuza, Sibindy e Dhlakama já formalizaram as suas candidaturas para a corrida à Ponta Vermelha de Dezembro próximo.
SHOW-OFF" DE CHISSANO CUSTARÁ CARO AO PAÍS
Tudo porque cada cidade que recebe a visita do Chefe de Estado decreta tolerância de ponto alegadamente para permitir que as populações compareçam em massa nos comícios eleitoralistas que Chissano vai orientando por onde passa.
Alguns observadores dizem que esta sequência de tolerância de pontos, que serão onze no total, representará uma factura pesada para a economia do País sobretudo para as empresas de dimensão nacional.
MEDIAFAX - 30/09/04
Nini pede 5 biliões de meticais
Momad Satar, vulgo Nini, o mais novo dos irmãos Satar, preso na “BO” em conexão com os casos “BCM” e “Carlos Cardoso” remeteu, ontem, no Tribunal Supremo, tal como tinha anunciado há uma semana, o processo crime contra o procurador Geral da República, Joaquim Madeira, apurou o IMPARCIAL de uma
fonte segura daquela instituição o mais alto órgão judicial no país.
A entrada da queixa crime ao Tribunal Supremo é um procedimento especial devido à imunidade de que goza, na qualidade do procurador-geral da República, assegurou uma fonte do IMPARCIAL.
O jovem das quantias "irisórias"~já havia ameçado há aproximadamente uma semana, processar aquele magistrado do Ministério Público por calúnia, difamação e falsas declarações por este o ter acusado de corromper funcionários ligados aos tribunais de modo a facultar-lhe cópias de documentos existentes em processos judiciais em fase de segredo da justiça.
«Eu, Momad A.A. Satar, eu o Nini, irei processá-lo criminalmente por difamação e o farei sentar no
banco dos réus para que nos explique, a todos, com provas, a veracidade das suas calúnias», indica, na sua exposição dirigida recentemente a Joaquim Madeira.
Refira-se que no mesmo documento, Nini saiu em defesa do escrivão do Tribunal Judicial da Cidade de Maputo, um tal de Cossa, apontado pelo PGR como sendo a pessoa que teria feito chegar a Nini Satar cópias do processo autónomo do caso Carlos Cardoso, em que um dos principais réus é o primogénito
do PR, Nyimpine Chissano.
«...quero manifestar-lhe o meu repúdio pela forma vergonhosa e baixa como o Dr. Madeira, como PGR deste país, de forma insultuosa, totalmente fora de propósito e vergonhosa para o bom nome e prática de uma instituição como a PGR, vem para a praça pública insultar um pacato e possivelmente exemplar
funcionário do Estado, o escrivão do tribunal Sr. Cossa, afirmando publicamente que esse Sr Cossa era um desonesto e corrupto pois se vendera ao Nini Satar, a mim Momad A.A. Satar, entregando-me a troco de dinheiro, cópias de documentos existentes em processo!!», avançou.
Nini exigiu que Madeira investigasse, ao pormenor, com isenção e transparência, «a verdade sobre suas tão baixas suspeitas», e que, posteriormente e publicamente apresente desculpas ao escrivão Cossa e a ele, caso contrário avançará com processo contra o PGR.
No entanto, Nini, na referida exposição, não explicou como é que teria conseguido obter cópias do processo autónomo, incluindo o auto de perguntas de Candida Cossa, na procuradoria da cidade de Maputo, no qual aquela empresária fez declarações comprometedoras ao arguido principal - Nyimpine Chissano - acusando-o de a ter persuadido a mentir em tribunal quando fosse prestar declarações no mediático julgamento do caso Carlos Cardoso, realizado há aproximadamente dois anos, nas instalações
da "BO", na Machava.
Da Redacção - IMPARCIAL-01.10.2004
Crise leva população à prática de actos de desespero
A crise política, económica e social que afecta o Zimbabwe, está a levar a população à prática de actos de desespero, procurando refúgio em seitas religiosas e no suicídio, alerta uma reportagem quarta-feira
divulgada no “site” da BBCNews.
Segundo dados recolhidos pelo jornalista Michael Hartnack, que assina o texto, 90 por cento dos 11,8 milhões de habitantes do país vivem com menos de um dólar por dia, enquanto os economistas apontam para uma inflação de 600 por cento e uma taxa de desemprego na ordem dos 200 por cento. Números divulgados recentemente referem que mais de dois milhões de habitantes emigraram para a África do
Sul, nomeadamente pessoas com habilitações literárias e da classe média. Por seu turno, o Conselho Nacional para o Bem-Estar das Crianças estima que pelo menos cinco mil crianças vivem nas ruas de
Harare, capital do Zimbabué, enquanto a prostituição floresce com as mulheres a venderem o corpo por 14 cêntimos de um dólar, o preço do depósito de uma garrafa de refrigerante.
Em desespero, muitas pessoas estão a refugiar-se nas seitas religiosas como a Vapostori (Apóstolos), uma seita que mistura o cristianismo com a veneração dos antepassados.
A organização Samaritanos de Harare referiu, por seu lado, que muitas pessoas, incapazes de lidar com a situação de miséria em que vivem, optam por se suicidar.
«Nas áreas rurais as mulheres enforcam-se ou imolam-se juntamente com os filhos depois de se regarem com parafina», disse um consultor da Samaritanos de Harare, acrescentando que nas cidades é mais comum as pessoas matarem-se com veneno.
A situação no Zimbabwe agravou-se a partir de 2000, com a entrada em vigor da polémica lei de reforma agrária que levou o governo a confiscar as propriedades agrícolas aos agricultores brancos para as redistribuir por antigos combatentes da independência e membros do partido no poder.
O controverso programa, aliado à falta de chuvas, destruiu a produção agrícola do país afectando drasticamente a economia.
Actualmente, o Zimbabué carece de alimentos, combustíveis e de uma moeda forte.
Segundo as Nações Unidas, este ano o país só vai produzir metade dos alimentos que precisa.
IN LUSA -IMPARCIAL - 01.10.2004
Cinco anos do executivo de Chissano(9)
MINISTRO DOS TRANSPORTE E COMUNICAÇÕES
Tomaz Augusto Salomão, nota 3
Questões prévias: sabemos que Tomás Salomão foi premiado com o cargo que, actualmente exerce, pelo facto de defender os interesses da ala actualmente dominante no partido com sede na Rua Pereira do Lago.
Estamos a falar da ala guebuziana que está, em visível conflito com a ala chissaniana.
Mesmo de “favor”, Salomão tem se saído, razoavelmente, bem. Há um maior número de moçambicanos que se comunica entre si. Claro que, a nossa taxa de tele-densidade continua ao nível dos pobres que somos mas, assistem–se esforços no sentido de podermos a partir de Marracuene dizer para Chimoio que a nossa porca pariu cinco leitões. É a comunicar que a nação se entende. Só não nos comunicamos
quando o telemóvel está no bate chapa para mudar a pintura. Ou quando os larápios lembram –se que têm poder sobre os moçambicanos trabalhadores. Mas isso é problema de Manhenje. E, também , quando vem ao de cima o nível de pobreza de muitos moçambicanos. O custo de oportunidade está
entre o telefone, móvel por vezes, e o pão necessário todos os dias.
Bom, continuam dúvidas sobre para quem foram os ganhos da entrada em cena da VODACOM. Tudo leva a crer que um “príncipe de sucesso” abocanhou se o negócio. Neste assunto, Tomás Salomão comportou como parte interessada. Terá recebido comissões?
Há um esforço de colocar em funcionamento as linhas férreas do país. Não por vontade do ministro mas dos credores que um dia querem cobrar o dinheiro que emprestaram.
As mãos de Salomão continuam molhadas pelo sangue de Tenga. O que aconteceu, em Tenga, foi o espelhar de reais serviços que os Caminhos de Ferro de Moçambique ( CFM) prestam. É só uma questão de viajar de combóio e estaremos perante o país real. Também vivemos num país em que alguns querem governar Tenga a partir de Nova Iorque. Apesar do que foi dito, Tomás Salomão fica com a nota 3. Também temos que variar. Por vezes, é preciso variar nas notas da nossa escala de 0 A 10
IMPARCIAL - 01.10.2004
Aumenta azáfama entre candidatos às eleições presidenciais no país
Quando faltam duas semanas para o início da campanha eleitoral, aumenta a azáfama entre os partidos, coligações e os candidatos que irão disputar as terceiras eleições gerais marcadas para os dias 1 e 2 de Dezembro próximo no país.
JOSÉ CHITULA
Depois de Armando Guebuza (Frelimo), Yacub Sibindy (PIMO) e Afonso Dhlakama (Renamo-União Eleitoral), ontem foi a vez de Joaquim Nhota do Padelimo a apresentar a sua candidatura às eleições presidenciais ao Conselho Constitucional.
Com o registo de Nhota que se apresentou ao CC com 20 mil assinaturas, subiu para 4 o número de candidatos que até este momento manifestaram formalmente a intenção de se candidatar às eleições presidenciais de 2004. A Lei Eleitoral impõe o mínimo de 10 mil assinaturas para qualquer cidadão que
preencha os requisitos para se candidatar à presidência da República. Sem grande expressão política, o Padelimo é dos partidos emergentes sem assento na Assembleia da República e que resulta à semelhança de muitos outros do novo xadrez político implantado em Moçambique.
Espera-se que o número de candidatos às presidenciais aumente tendo em conta que líderes de outras formações políticas, como Raul Domingos, do Partido Para a Paz, Democracia e Desenvolvimento (PDD), Carlos Reis, da Frente Unida para a Mudança e Boa Governação (MGB) já manifestaram publicamente a intenção de se candidatar à “Ponta Vermelha”.
Raul Domingos regista-se hoje?
De fonte ligada ao PDD, o IMPARCIAL teve a indicação de que, em princípio, Raul Domingos iria apresentar hoje (sextafeira) a sua candidatura ao Conselho Constitucional, tudo dependendo do encontro da cúpula daquela organização que estava reunida até ao final da tarde. O prazo limite de apresentação das candidaturas ao Conselho Constitucional termina amanhã, sábado, dia 2 de Outubro de 2004, enquanto que o registo para as eleições legislativas se prolonga até ao proximo dia 7 de
Outubro.
Enquanto oficialmente não começa a campanha eleitoral cujo início está marcado para o próximo dia 17 de Outubro, no terreno os concorrentes às eleições vão ensaiando as suas máquinas eleitorais procurando conquistar o eleitorado.
Frelimo e Guebuza prevelegiados na TVM
No meio desta maratona, o partido Frelimo e o seu candidato presidencial Armando Guebuza têm-se aproveitado principalmente dos meios de comunicação controlados pelo Estado, como a Televisão de Moçambique e Rádio Moçambique para se destacar em termos de propaganda política. Ainda não está
claro se os moçambicanos no estrangeiro vão ou não poder participar na votação de 1 e 2 de Dezembro tendo em conta que o processo de recenseamento eleitoral na diáspora foi um auntêntico “fiasco”. Dos 300 mil eleitores que estavam previstos para serem inscritas no estrangeiro, pouco mais de 30 mil
pessoas teriam sido escritas num processo marcado por uma acentuada desorganização e que envolveu cerca de 400 mil dólares norte americanos. Espera-se que estas eleições sejam as mais disputadas de sempre.
IMPARCIAL - 01.10.2004
29/09/2004
Os ridículos
Refinaldo Chilengue
Parte substancial do poder vigente em Moçambique pode ser legitimamente acusada de tudo. Mas injusto seria se alguém lhe apontasse o dedo acusando-a de nada fazer para inspirar, de forma permanente, os articulistas, cronistas, comentadores, analistas, críticos e humoristas.
Em Moçambique, hoje, poderá faltar tudo, ou quase, mas entre a má-fé, o drama e a comédia, é um fartote de acontecimentos de maior originalidade.
Haverá, por exemplo, algum país mais onde deputados ou a tal candidatos que não saibam ao menos entoar o respectivo Hino Nacional?
E depois se dizem abnegados à causa nacional.
E se entrarmos para os que se dizem militantes ferrenhos do partido governamental, a FRELIMO.
Haverá mesmo justificação para ignorar a data de nascimento do fundador da pátria (Cm 1922)? Seus
interesseiros e oportunistas!
O poder político parece estar a descer abaixo da caricatura.
Consta que no século passado circulou, algures, um jornal chamado Os Ridículos, uma publicação basicamente de humor. Muitos ilustres que hoje nos (des)governam ou andam acocorrados à cuca de uma oportunidade para tal, de modo a se aviarem pelos recursos nacionais públicos, seriam, se o tal periódico circulasse hoje, figuras frequentes e de referência obrigatória.
É a vitória do gangsterismo militante! Alinhar para mamar e não por convicção, muito menos com interesse de conhecer a causa ou os percursores do projecto que supostamente abraça.
CORREIO DA MANHÃ(Maputo) - 30.09.2004
Sérgio Vieira “despedido”!
Charles Baptista
Sérgio Vieira, deputado da Assembleia da República pela bancada da FRELIMO, círculo de Tete, acaba de ser “humilhado” ao desconseguir ser escolhido para mais um mandato para ter a possibilidade de continuar a insultar e escarnecer a Oposição a partir do Parlamento. Dentro dos próximos cinco anos, já não poderá insultar ou lançar piadas a partir da Assembleia da República. Sérgio Vieira esqueceu-se que deveria dedicar mais tempo ao GPZ e não andar a levantar tumultos e confusões porque Moçambique pertence ao seu povo e não a um partido ou a um punhado de iluminarias.
Os seus camaradas preteriram-no por não terem visto nenhuma relevância nos seus préstimos como
parlamentar. Havíamos ficado deveras satisfeitos quando Sérgio Vieira anunciou que renunciaria ao seu
mandato para se dedicar mais ao desenvolvimento do Vale do Zambeze. Foi um mero exercício de propaganda, continuou no Maputo a curtir as noites de luzes, a refrescar-se da brisa marítima das barreiras da Costa do Sol, onde se alojam, preguiçosamente, os novos ricos-elites político-económicas, um paraíso.
O povo não gostou e agora exige contas, negando-lhe mais um mandato.
A não eleição de alguns dinossauros pelas bases dos seus partidos era previsível, caso se abrisse uma
oportunidade para os militantes expressarem as suas frustrações em relação as políticas falhadas. Os políticos perdem muito tempo em Maputo, a passear, a consumir whiskies envelhecidos, longe do povo que dizem representar. Muitos dos “representantes do povo” são desconhecidos mesmo nos bairros onde
moram, não conhecem a realidade dos seus círculos eleitorais. O povo não deve continuar a ser burlado
por indivíduos que só querem resolver os seus problemas estomacais.
Sérgio Vieira perdeu uma oportunidade de continuar a demonstrar que ainda podia fazer melhor. Agora,
todos sabem que Sérgio Vieira foi chumbado pelos seus camaradas por terem nele perdido confiança.
Sérgio Vieira sempre se julgou ser o depositário da verdade última. Esqueceu-se que a humildade tem
sido o forte dos intelectuais, quis ser um vendaval.
Doravante, tudo que disser como vontade do povo será objecto de desconfiança. Uma voz arrogante e
soberba acaba de sair do nobre ringue parlamentar e nos próximos cinco anos não enxovalhará os “bandidos”.
A não-eleição de Sérgio Vieira e de outros políticos de visibilidade reconhecida, nomeadamente, Leonardo Simão, Castigo Langa, Aurélio Zilhão, Orlando Candua e dos demais nomes sonantes, é um sério aviso de que não basta saber falar bem nos fóruns internacionais, manter uma coluna nos jornais e proclamar bandidos a uns como forma de tentar justificar a incompetência de alguns governantes. O povo quer mudanças sérias, profundas. Para alcançar a sua felicidade, o povo está pronto a descartar-se de políticos e governantes mentirosos. Numa eleição livre e transparente, muitos dos actuais parlamentares, de ambas as bancadas, perderiam os seus lugares.
CORREIO DA MANHÃ(Maputo) - 30.09.2004
«O Estado deve assumir o seu papel»
O director de campanha da Renamo-União Eleitoral, Eduardo Namburete, defendeu que as instituições do Estado devem assumir o seu papel e evitar que sirvam de focos de tensão entre os cidadãos.
Eduardo Namburete fez este reparo quando há dias falava em Maputo durante o debate sobre o “Ambiente Eleitoral em Moçambique” promovido pelo Observatório Eleitoral.
Para o chefe de campanha da “perdiz”, «as instituições do Estado devem assumir o seu papel. O governo é o gestor dos interesses do Estado e não é dono do Estado», referiu Eduardo Namuburete em alusão ao que amiúde tem acontecido em Moçambique onde o partido do Governo/Frelimo mistura tudo confundindo o papel de cada um.
«As instituições do Estado estão para servir a todos. Há focos de tensões quando as instituições do Estado são usadas para servir interesses particulares», sustestou Namburete.
Eduardo Namuberete é uma das figuras da praça que recentemente assumiu a liderança da campanha eleitoral da Renamo e na sequência desse seu envolvimento com a Oposição encabeçada por Afonso Dhlakama, foi afastado das funções que ocupava no Gabinete do Reitor da Universidade Eduardo Mondlane, Brazão Mazula.
Durante a sua intervenção, Namburete, falando em nome da “perdiz”, disse que aquela coligação compromete-se a respeitar as instituições do Estado e religiosas. Lançou também um apelo à comunicação social para que sirva de instrumento de promoção da paz e não de conflitos.
Comunicação social promove violência
Esta posição foi também partilhada pela presidente da Liga dos Direitos Humanos (LDH), Alice Mabota, que chegou mesmo a acusar alguma imprensa escrita e a TVM de estar a incitar a violência no país.
«Transforma discursos pacíficos em violentos», disse Alice Mabota, defendendo ser necessário que se chame à consciência a imprensa, para que assuma um papel mais pacófico.
Servindo-se de exemplos registados tanto em 1999 como no ano passado na Cidade da Beira durante as eleições autárquicas, a líder da LDH, questionou a credibilidade da Comissão Nacional de Eleições, por ter levado bastante tempo para anunciar os resultados que deram vitória eleitoral à coligação Renamo-
União Eleitoral e ao seu candidato Deviz Simango no Município da Beira.
«A CNE será transparente e indepedente? Para anunciar os resultados de 99, o presidente da CNE disse que tinha dificuldades de anunciar. Penso que o papel da CNE é determinante para a aceitação dos resultados eleitorais» defendeu Alice Mabota.
Ainda a propósito do funcionamento da Comissão Nacional de Eleições, o presidente do Partido Trabalhista, Miguel Mabote, é de opinião que aquele órgão devia deixar de ser partidarizado.
«Deve-se despartidarizar os órgãos eleitorais. Há uma mistura à volta de vários assuntos» defendeu Mabote, cujo partido vai apenas concorrer para as eleições legislativas.
O seminário sobre o “Ambiente Eleitoral em Moçambique” reuniu entre vários políticos, representantes das ONG’s, diplomatas, académicos, representantes da sociedade civil e líderes de várias confissões
religiosas.
JC
IMPARCIAL - 30.09.2004
Cinco anos do executivo de Chissano(8)
Alcido Eduardo Nguenha, nota (0,8)
Alguns colegas chamam-lhe de Alcido, o Nguenha. Na minha língua materna “nguenha” significa crocodilo, o tal jacaré de que falava Samora Machel. Será Alcido Nguenha um crocodilo para a Educação em Moçambique?
Sem dúvidas, houve um alargamento da rede escolar moçambicana. Não se pode negar que há um esforço de dar acesso à escola formal a um maior número de habitantes do território moçambicano. Mas nesse processo era suposto que a mão do Ministério da Educação fosse a mais larga. Lamentavelmente, Nguenha e os seus pares andam a reboque dos doadores. Senão, teriam legitimidade de discutir o tipo de escola melhor em Chicualacuala, mas impossível de construir em Nangade. O processo de construção de escola é por demais, polémico. Empresas de construção nascidas nas barracas, ganham concursos
para construção de uma escola. E, assistimos a construção de escolas piores do que as que funcionam debaixo do cajueiro. São escolas em casa para o professor e com risco de ruir nas próximas chuvas. Que o diga Felício Zacarias.
Aparentemente, os livros do ensino primário são grátis. Mas porque a capacidade das instituições afins ao Ministério dirigida pelo Nguenha, Alcido, são nulas. Os pais dos alunos são obrigados a comprar os mesmos livros “grátis” no “ mercado negro”. Pensamos que esse ponto deve constar do “crocodilar” da
nossa educação. Mas há mais. Temos de denunciar tentativas de nos obrigar a promover Alcido Nguenha. Não lembramos, por uma questão elegância, a quem lhe quis promovido da “polémica das bolsas”. Quando um ministro da Educação prefere ter os seus familiares, a soldo do estado, a estudarem fora do país é porque não tem capacidade de dar melhor educação aos seu compatriotas. Dizer mais?
O ministro da Educação merece, pelo desempenho, a nota 0, 8. Parabéns aos que se beneficiaram das suas bolsas. Nós outros, ficamos à espera de bolsas atribuídas com justiça. Talvez, depois das eleições de Dezembro.
Quem sabe ?
CM
IMPARCIAL - 30.09.2004
Dhlakama reconhece que a Frelimo «fez alguma coisa»
Num pronunciamento algo supreendente e reconciliatório, o líder da "perdiz" e candidato à Presidência da República, Afonso Dhlakama, reconheceu, ontem, que o partido Frelimo fez alguma coisa assinalável para o país apesar da má governação que demostrou durante os trinta anos que se manteve no poder
JOSÉ CHITULA
Afonso Dhlakama, defendeu que não há um Governo no mundo que consegue cumprir 100% do seu programa dando a entender que existem programas que podem não ser cumpridos por motivos diversos.
«Não é porque o presidente Chissano não foi bom, ele fez o que fez. Tenho dito que nunca houve nenhum Governo do mundo que tenha cumprido o seu programa a 100%. Não estou a dizer que estou a favor da Frelimo, mas como da Oposição observamos os erros, a corrupção, má governação, mas alguma coisa a Frelimo fez. Não é o motivo que vai fazer com que as pessoas votem em mim no partido. É que a Frelimo está no poder há 30 anos; mesmo uma música boa, as pessoas cansam-se, por isso as prespectivas são boas» afirmou Afonso Dhlakama momentos após a entrega de documentos com vista à formalização da sua candidatura as eleições presidenciais de 1 e 2 de Dezembro próximo junto ao Conselho Constitucional (CC)
Dhlakama poupa Chissano
Falando a jornalistas que acorreram aos escritórios do Conselho Constitucional, o líder da Oposição poupou críticas ao actual chefe de Estado moçambicano, Joaquim Chissano, que está no final do
seu mandato e a percorrer o país em despedida do povo por ter decidido não concorrer para um terceiro mandato nas eleições que se avizinham.
A uma questão colocada pelo IMPARCIAL, a propósito de informações que dão conta que Chissano estaria a se aproveitar da sua despedida para pro-mover a imagem de Armando Guebuza, Dhlakama considerou normal que o presidente da República se justifique junto das populações sobre o seu desempenho e que «o povo saiba escolher a pessoa que vai seguir os seus passos ou irá fazer aquilo que a Frelimo não conseguiu fazer durante 30 anos».
Disse também não estar preocupado com as movimentações dos dirigentes da Frelimo pelo país, considerando que não será o único a percorrer os 128 distritos de todas as províncias de Moçambique.
«Terei que escolher distritos estratégicos. Neste momento muitos quadros nossos estão a fazer trabalhos no terreno».
Pronto a aceitar qualquer resultado
Ainda no “briefing” que concedeu à imprensa, o candidato presidencial da coligação Renamo-União Eleitoral, disse esperar que as eleições decorram num ambiente são e transparente. «Não interessa quem vai poder ganhar. Se ganhar o Guebuza, e não roubar, serei o primeiro a dar-lhe os parabéns. Gostaria que ele e a Frelimo fizessem o mesmo e não viessem com discursos do passado, da luta da indepedência», referiu Afonso Dhlakama insurgindo-se contra o que a Frelimo tem estado a propagar alegando que é dona de Moçambique.
«O país é do povo, não é da Frelimo, não é da Renamo, não é do Chissano, não é do Dhlakama nem do Guebuza», defendeu Dhlakama.
Jornalistas no caminho certo
Aquele político, que se apresentou no CC acompanhado da sua esposa, Rosália Dhlakama, e de destacados quadros da coligação Renamo-União Eleitoral, não deixou de enaltecer o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido pela comunicação social, reconhecendo que alguns jornalistas enfrentam
dificuldades no exercício da sua profissão.
«Às vezes criticamos e vocês não não têm culpa. Existem os grandes que dão ordens, mas quero encorajá-los que estão no caminho certo», assegurou o líder da “perdiz”.
Refira-se que Afonso Dhlakama apresentou uma lista de 58.001 proponentes para a sua candidatura em assinaturas segundo Dhlakama, recolhidas em todas as províncias do país incluindo Maputo-Cidade. A lei exige o mínimo de 10 mil assinaturas para se proceder à inscrição no CC. Até este momento já remeteram a sua candidatura ao Conselho Constitucional, 3 concorrentes, nomeadamente Armando Guebuza, pela Frelimo, e Yacub Sibindy pelo PIMO, incluinto Dhlakama, num processo cujo prazo termina no próximo dia 2 de Outubro de 2004 (sábado).
IMPARCIAL - 30.09.2004
Canadianos querem Anibalzinho em Moçambique
(Maputo) O jornal canadiano, «The Star», baseado na cidade de Toronto, num artigo assinado pelos jornalistas Michelle Shephard e Nicholas Keung, trás as últimas sobre o famigerado mecânico do Alto-Maé, Aníbal António dos Santos Júnior, vulgarmente conhecido por Anibalzinho ou simplesmente o mecânico do Alto-Maé. De acordo com o «The Star», o Moçambicano condenado, líder de esquadrão de morte, fugiu para Toronto. Neste país, Anibalzinho pediu o estatuto de refugiado, tendo assim disparado a polémica entre os dois países, nomeadmente, Cananá e Moçambique.
Segundo a publicação canadiana, Aníbal dos Santos foi condenado como líder do esquadrão da morte que assassinou o jornalista Carlos Cardoso a 22 de Novembro de 2000 e foi sentenciado a 28 anos de prisão maior. Depois de escapar da prisão dita de alta segurança, onde cumpria a sua sentença em Maputo, Moçambique, Dos Santos viajou para o Canadá em Maio último, acrescentando que foi ele detido no Aeroporto Internacional Pearson e imediatamente levado sob custódia policial.
Os agentes canadianos nunca afirmaram que Dos Santos se encontra detido, mas o seu antigo advogado, confirmou numa entrevista ao «The Star» que, ele de 33 anos de idade, solicitou o pedido de asilo, baseando-se em que, foi erradamente condenado em Moçambique, frisa o «The Star».
Na semana passada, Anibalzinho compareceu numa audiência de detidos à procura de fiança, processo a que tem que se submeter de trinta em trinta dias, enquanto estiver detido na cadeia de máxima Segurança Lindsay, Ontário.
Este pedido de asilo do Anibalzinho revoltou um grupo de canadianos, muitos com ligações e interesses em Moçambique, através da Ajuda Humanitária, que agora lutam para trazer o caso de Dos Santos ao Público.
Os casos de cidadãos que pedem asilos no Canadá, são quase atendidos em privado, alegadamente para proteger os direitos dos solicitantes, mas os pedidos para uma audição aberta, foram concedidos em raras ocasiões, sob alegações de que, caso a audiência seja tornanda pública, a evidência iria pôr em causa a justeza do caso.
Numa carta dirigida ao Conselho de Imigração para Refugiados, solicitando para o caso dos Santos ser aberto, 37 requerentes canadianos escreveram a petição: "irá ser um capítulo lamentável na história da imigração canadense se, ao condenado assassino do maior defensor dos direitos humanos e liberdades de imprensa(Carlos Cardoso), for concedido o estatuto de asilado no Canadá por ter usado os regulamentos de imigração liberais e humanos de que tanto nos orgulhamos".
"A questão é todos nós apoiarmos o processo de refugiados que vêem ao Canadá. E esta situação desvaloriza este orgulho", disse um dos 37 requerentes, Greg Keast, um engenheiro do Toronto que passou 7 anos de voluntariado em Moçambique, acrescentando que "ele é um assassino condenado, num julgamento aberto" e todo o custo tenta tirar vantagem do nossos sistema judicial que é liberal.
Keast considerou os julgamento de 2002 onde dos Santos e 5 outros homens foram condenados na morte do jornalista Carlos Cardoso, como sendo "o julgamento moçambicano do século", frisando que a sua história é seguida de perto lá.
Disseratando sobre o papel do mecânico do Anto-Maé, o «The Star», diz que a sua fuga para o Canadá não é a primeira. Uma vez, o homem, mais conhecido em Moçambique como "Anibalzinho", consegue sair da cadeia, alimentando suspeitas de ligações ao alto poder neste caso.
No dia 1 de Setembro 2002, dois meses antes do seu julgamento do CASO CARDOSO, dos Santos conseguiu fugir, mas foi mais tarde perseguido e apanhado na África do Sul. Condenado à revelia, ele foi recambiado para cumprir a sua pena, pensa da qual, Anibalznho está presentemente a recorrer da sentença proferida pelo Juíz Augusto Paulino.
O «The Star», cita o jornalista anglo-lusófono, Paul Fauvet, co-autor da polémica biografia de Carlos Cardoso, como tendo dito que "as pessoas aqui estão muito zangadas. Zangadas porque pela segunda vez ele foi deixado fugir. Nós queremos saber como é que ele chegou ao Canadá. Quem é
que está ajudá-lo e como é que ele conseguiu o passaporte" .
Sobre a morte do Jornalista Cardoso, o «The Star» observa que há muitas questões sem resposta a este respeito. Algumas destas questões, estão dirigidas aos poderes mais elevados em Moçambique. Quando Cardoso foi morto, ele estava a investigar o desfalque de 14 milhões de dólares americanos no Banco Comercial de Moçambique, provando ligações com o Partido Frelimo no Poder.
E mais, enfatiza o jornal canadiano que, em Junho passado, num julgamento de sete horas que foi transmitido ao vivo em Moçambique, sete pessoas foram condenadas no esquema da fraude bancária. Mas ainda há suspeitas pendentes sobre o possível envolvimento de Nyimpine Chissano, filho do Presidente da República, Joaquim Chissano, acrescentando que em ambos esquemas de fraude bancária e no assassinato do Carlos Cardoso a investigação continua, e que Dos Santos, pode ser uma testemunha chave, implicando o filho do Presidente.
Munyonzwe Hamalengwa, um advogado da Emigração que por duas vezes representou Anibalzinho nas audições de detenção este verão, confirmou que "o seu antigo cliente solicitou um pedido de asilo no Canadá, baseado em que ele, estaria a enfrentar uma perseguição pelo Governo moçambicano. É um mistério. Como é que alguém consegue
escapar numa prisão de máxima segurança por duas vezes; e de qualquer maneira, consegue deixar o país com o passaporte válido, sem ser questionado por quaisquer autoridades", e em jeito de desabafo, "você não escapa de uma prisão dessas assim".
O Advogado Hamalengwa disse que Dos Santos tinha passaportes válidos de Moçambique e Portugal quando foi capturado em Pearson em Maio passado, mas não é conhecido se ele tem ou não a dupla nacionalidade.
Hamalengwa chamou Anibalzinho de um soldado de baixo nível no complôt do assasinato, acrescentando que fazendo-o regresssar a Moçambique iria pôr a sua vida em perigo, escrve a publicação «The Star».
Não há nenhum Acordo Oficial de Extradição assinado entre Canadá e Moçambique, mas António Rodrigues, Primeiro Secretário da Embaixada moçambicana em Washington, é citado no jornal como tendo dito semana passada que o seu Governo submeteu um pedido para a extradição de Dos Santos através de canais canadianos apropriados.
Anibalznho não respondeu a um pedido para uma entrevista em custódia.
Por outro lado, a viúva de Carlos Cardoso, a advogada Nina Berg, é citada a dizer ser uma triste ironia que Dos Santos esteja a solicitar o asilo no Canadá, depois de ela e o seu marido terem dedicado tanto das suas carreiras as solicitações dos refugiados em Moçambique.
"Para mim, e para a família, a coisa mais importante é que ele cumpra a sua pena por aquilo que ele fez. Eu penso que não há nenhuma dúvida que ele fez parte do assassinato... ele organizou o esquadrão que matou Carlos Carlos ", disse Nina Berg numa entrevista telefónica a partir de Moçambique.
De acordo com a viúva do jornalista Carlos Cardoso, "irá surpreender-me se o Canadá lhe conceder o estatuto de asilado. Se eles o fizerem, eu penso que será absolutamente chocante. Ele foi sentenciado pelo pior tipo de assassinato, sendo contratado para matar alguém".
Nina Berg descreveu Carlos Cardoso como um homem incansável e combatente em defesa dos pobres, e a sua morte, deixou um espaço vazio no jornalismo investigativo em Moçambique. (Tradução não oficial)
VERTICAL - 29.09.2004
Recordista mundial vive numa
Veja em
http://www.jornaldosdesportos.com/reportagem/reportagens.htm
ACHEGA A FÁTIMA MENDONÇA
Coluna TRIBUNA por João Craveirinha
E na Quarta 22 Setembro 04… no vertical - vt
Coluna DIALOGANDO
por João CRAVEIRINHA
1ª Parte
JOSÉ CRAVEIRINHA – POEMAS DA PRISÃO
ACHEGA A FÁTIMA MENDONÇA(1/2)
Redde Caesari Quae Sunt Caesaris Et Quae Sunt Dei DEO (Mateus, XXII, 21)
AD… REM (À coisa – Ao assunto em causa responder com precisão)
Caro pai pequeno tiZé Poeta da família de desportistas, escribas e pintores.
Antes de mais desculpa-me e aos leitores também pelos latinismos “carregados” no texto de hoje. Mas a César o que é de César e a Deus o que Lhe pertence.
Pois é, depois de um hiato eis – me de novo a Dialogar contigo meu tio-pai pequeno – baba medógo. O assunto em epígrafe tem a ver com alguns dados inseridos no teu / nosso livro que sabes muito bem o quanto não poderia ficar silencioso pois por várias vezes falamos desse assunto e te dei AD… REM sobre o “outro lado” dos eventos em relação ao teu “exílio” fugaz na Suazilândia. Já sei que não tens paciência em ouvir rodeios ou floreados na linguagem mas perdoa, aprendi contigo.
Sem crise. Se faz favor, ouve então o que escrevi em achega ao trabalho exaustivo da nossa incansável Fátima. Vou então directo ao assunto – Ad…Rem –, página 11, L. 8 do livro Poemas da Prisão: - …”Tu não fazes ideia das coisas que eu tive de aceitar que logicamente a malta descarregou sobre mim por eu estar ausente”…É uma mensagem a ti atribuída e dirigida ao Luís Bernardo Honwana referente ao período de Dezembro 1964 a Janeiro 1965.
De facto o falecido poeta Rui Nogar, herói de nosso tempo e único fugitivo da Cadeia Central da PIDE, confirmou este dado ao cronista desta coluna. Apesar destes elementos o teu advogado e amigo me confidenciaria que “o seu tio estava cheio de medo” (1996). Mais adiante no livro dos Poemas da Prisão –, (L. 19) existem várias incorrecções: …” sobre a possibilidade de Marcelino dos Santos ter estado preparado para o ir retirar da Suazilândia, num avião Dakota, revelação que, parece tê-lo impressionado pela frequência com que nas cartas a ela se refere”… (Eu sei que no fundo nunca acreditaste nisso). Só quem não faz a mínima ideia de como a FRELIMO funcionava poderia ingenuamente acreditar. Nunca a direcção de uma organização de guerrilha autorizaria a um dos seus chefes, secretário-geral ou de relações exteriores –, e muito menos a um não operacional militar como Marcelino dos Santos –, a expor-se a ser capturado numa zona de alto risco em missão de resgate a um elemento fosse ele quem fosse. Segundo afirmações ao autor deste texto, de dirigentes da luta entre eles o Dr. Eduardo Mondlane, Julho 1967, “Lussaca”, Zâmbia –, a FRELIMO, estudava a hipótese de um avião fretado ir à Suazilândia via Tanzânia (1964/65), através do apoio da A.I. – Amnistia Internacional (Londres), e no maior anonimato possível. O nome sonante, do Poeta José Craveirinha, na Literatura Internacional sensibilizara a A.I. (O avião [depois de Tanzânia, Zâmbia], teria de atravessar a Rodésia e a África do Sul aliados de Portugal). Na Suazilândia, não só resgatariam José Craveirinha como refugiado, mas também o resto dos exilados entre os quais, Armando Guebuza e Aurélio Manave. Era esse o plano. Mas a impaciência e precipitação de José Craveirinha fez o plano do avião ser abandonado. Os seus camaradas que ficaram, enfrentando inúmeras dificuldades lograram chegar a Tanzânia, via terrestre. José Craveirinha (JC) eventualmente não teria chance em viajar por terra. Seria detectado e capturado. Além de mestiço era por demais conhecido pelas Polícias políticas da África do Sul e Rodésia, colaboradoras, da PIDE portuguesa, na “santa aliança” da hegemonia euro – branca em África. Para alcançar a Zâmbia, J.C., teria sempre de atravessar a África do Sul e a Rodésia terras de “apartheides” –, um mulato no meio de negros daria nas vistas.
Além de José Craveirinha, um ou outro elemento “regressou” sendo presos à chegada a Moçambique. Eram tempos sem visão política da linha dura da Segurança interna colonial portuguesa. (CONTINUA na próxima semana 29 Set.) …Interrupção nesta sexta – feira 24 Set. – devido ao Tema do DIALOGANDO – A Propósito de Chai e o 25 de Setembro 1964 ou… Onda de Ressentimento Colonial?
2ª parte…
Publicado no Jornal Correio da Manhã, Cm, 28 .09.04 terça
Jornal vertical 29 Setembro 04 quarta, censura o texto e não o publica por pressões externas alegando repetição do Cm apesar de o Vt haver feito na semana anterior e não ser a primeira vez… publicar ex aequo …
Cm 28 .09.04 terça
TRIBUNA
por João CRAVEIRINHA
joaocraveirinha@yahoo.com.br
POEMAS DA PRISÃO – JOSÉ CRAVEIRINHA
ACHEGA A FÁTIMA MENDONÇA (2/2)
Redde Caesari Quae Sunt Caesaris
Et Quae Sunt Dei DEO (Mateus, XXII, 21)
AD REM (À coisa – Ao assunto em causa responder com precisão)
Caro baba medógo – pai pequeno tiZé poeta da família de desportistas, escribas e pintores…
…Continuando da edição anterior da minha coluna…para terminar ouve então por favor o que escrevi em achega ao trabalho exaustivo da nossa incansável Fátima na arrumação de teus poemas.
Vou então directo ao assunto – Ad Rem –, Mais adiante no livro Poemas da Prisão – L. 23 (segundo compilação de Fátima Mendonça) –, (José Craveirinha) …”Tendo regressado da Suazilândia por pressão de João Craveirinha (sénior), seu irmão, e sido imediatamente detido depois de o Eng. Homero Branco, director do jornal A Voz de Moçambique, de que Craveirinha era colaborador, ter acreditado nas garantias da PIDE de que o poeta não seria preso se regressasse, [segundo informação do Dr. Adrião Rodrigues] ” (seu advogado) …. Vamos por partes: - Nunca, jamais, o irmão mais velho do poeta – JOÃO CRAVEIRINHA – ou qualquer outro membro familiar o pressionaria para se entregar – não se tratava de um simples regresso mas de pactuar com a PIDE…O irmão JOÃO, funcionário superior da Fazenda (Finanças) e especialista em Contribuição e Impostos, RECEBE da Suazilândia, UM TELEGRAMA DESESPERADO do irmão poeta – JOSÉ … para este contactar o governo colonial pois queria voltar – estava num beco sem saída, cansado e arrependido do passo que dera. Obviamente a PIDE interceptou o telegrama antes de chegar às mãos do irmão. Mais uma vez, João Craveirinha, vai em socorro do irmão e “cede à sua pressão” (do irmão José). Com o telegrama deste contacta as autoridades portuguesas do Governo-geral e é encaminhado à PIDE que promete mundos e fundos – é essa a função de qualquer Polícia para capturar dissidentes. A PIDE destaca o seu agente Valy Mamede (misto maometano) e viatura Volkswagen acompanhando a comitiva familiar para “o trazer de volta” a seu pedido (Janeiro / Fevereiro 1965). José Craveirinha não era uma criança para ser pressionado, aliás, se houve pressão foi da parte da esposa Maria (Grande Mãe Coragem), para o marido não se entregar, não “regressar”. Segundo confidências tio – sobrinho …na realidade para além da …” paz de cadáver”…não lhe satisfazer sendo ele “um homem de movimento”… a desmotivação começa com… “a desorganização que encontrou no seio dos “fugitivos” e a falta mínima de condições (!?) na Suazilândia –”. Outra razão seria por ter a cabeça a “prémio” pela PIDE e a preocupação pelos filhos e mulher que deixara desamparados. Muita pressão junta. O Comissário inglês da Polícia em Mbabane (Suazilândia), não lhe promete segurança mas alerta para a possibilidade de rapto por três fulanos vindos da África do Sul – dois (brancos) portugueses e um chinês num Volkswagen. De facto uma situação “rocambolesca” desde o princípio. Quem o transporta para a Suazilândia (Dezembro 1964), é o agente da PIDE – Floreano (mestiço), acompanhando até à fronteira da Namaacha e recolhendo-o após a travessia do poeta debaixo do arame farpado num sítio previamente estudado. Anos mais tarde soube-se que a PIDE tinha tudo planeado. Da Suazilândia com saudades da família o poeta regressa de novo a Lourenço Marques com o auxílio de Floreano. No mesmo dia regressa à Suazilândia (fim do ano 1964). Por descoordenação das forças de segurança da PIDE e da Polícia Militar, alertada com “ordem para matar”, José Craveirinha escapa abraçado à sua pasta (negra), contendo poemas. Entra na Suazilândia pela 2ª segunda vez. O plano era para o abater na fronteira da Namaacha com a Suazilândia. Em Junho/Julho 1972, estes relatos seriam confirmados na vila Algarve, sede da PIDE – DGS, pelo inspector Álvaro da Costa Fernandes, responsável da contra subversão “terrorista” em Moçambique. Era director – geral António Vaz mais tarde reformado em Oeiras – Portugal.
Segundo ainda a PIDE com a prisão e condenação do poeta José Craveirinha em 1965, a linha dura portuguesa civil e militar tinha de facto… “transformado erradamente, o poeta em vítima e herói”…(citação). Aspecto que a PIDE corrigiria no “regresso” de Quénia, do sobrinho João, em Junho de 1972. Debaixo de residência fixa por um mês na casa dos pais no Bairro da Coop, sem prisão ou julgamento seria “reabilitado” na sociedade colonial. Mas isso é outra história. (FIM)
28/09/2004
Ottawa's refugee mess
Prime Minister Paul Martin should be asking some questions.
The case of Anibal dos Santos is one to make even staunch advocates of a generous refugee process cringe.
Dos Santos was found guilty of killing journalist Carlos Cardoso in 2000. He got 28 years. He escaped jail and turned up in May at Pearson International Airport. He filed a refugee claim saying he was wrongfully convicted, is appealing and would face persecution if sent home. Months later, his case drags on. Why?
When dos Santos escaped custody before his trial in 2002 and fled to South Africa, they promptly sent him back. Does Canada's Immigration Refugee Board have reason to offer asylum now that he has been convicted? And how long will this case take? There's reason to wonder.
Convicted Palestinian terrorist Mahmoud Mohammad Issa Mohammad has been here since 1988, fighting deportation. He's now arguing he should stay because he needs medicare.
And Holocaust denier Ernst Zundel, expelled from the United States last year, has spent 18 months fighting deportation.
Other notorious undesirables, ordered deported, have tied up the courts with appeals, or are missing.
Martin should order his officials to identify prominent cases, and to deal with them quickly to prevent the system from falling into total disrepute.
Canada is a nation of immigrants, and sheer self-interest dictates that we welcome many more, including more refugees. But we need a system that weeds out bogus claims fast, and which expeditiously deports those deemed unwelcome here.
Canada "finalized" more than 42,000 refugee claims last year, accepting just under 18,000. But there is a backlog of 40,000 cases. And it takes 14 months on average to get a decision. That is too long.
And there is more. There was a big 36,000-person gap last year between the number of removal orders issued and the confirmed removals.
Dubious claims clogging the courts. Deportation orders not executed. And thousands of lost tracks.
Canadians deserve much better.
TORONTO STAR - 28.09.2004
Dhlakama formaliza sua candidatura
Afonso Marceta Macacho Dhlakama formaliza hoje no Conselho Constitucional a sua candidatura para as eleições presidenciais projectadas para princípios de Dezembro próximo.
Dhlakama, que concorre pela coligação Renamo-UE será o terceiro pretendente à Ponta Vermelha que se regista naquele órgão, depois de Armando Emílio Guebuza, pela Frelimo e Yaqub Sibindy, pelo partido Independente de Moçambique.
Outros candidatos poderão formalizar as suas intenções no CC, num processo que termina no próximo dia 2 de Outubro, como são os casos de Raul Domingos, pelo Partido para o Desenvolvimento Democrático e o cómico Neves Serrano, que ontem, mesmo, num fórum que debatia questões ligadas ao
ambiente eleitoral, anunciou a sua intenção de entrar na corrida para a substituição de Joaquim Chissano, na Presidência da República.
Oficialmente, a campanha eleitoral, arranca no país, no próximo dia 17 de Outubro, dia comemorativo
para a Renamo-UE, que assinala a passagem do 25ª aniversário da morte de André Matade Matsangaíssa, o primeiro líder da Resistência Nacional Moçambicana, que perdeu a vida na ex-Vila Paiva de Gorongosa, Sofala, em 1979, numa confrontação entre a guerrilha da Renamo e as extintas FAM/FPLM.
Desde então, as rédeas daquela organização estiveram nas mãos de Afonso Dhlakama, subscritor do Acordo Geral de Paz, em 1992 juntamente com Joaquim Chissano pela parte do executivo moçambicano.
Dois anos depois do AGP, Dhlakama entrou num embate eleitoral com Chissano, cuja vitória, oficialmente foi atribuída ao candidato da "maçaroca e tambor". Em 1999, o líder da "perdiz" volta a concorrer, num processo eleitoral polémico que foi desaguar no Tribunal Supremo, com os magistrados daquele órgão a confirmar a vitória de Chissano, com uma diferença de votos de 200 mil, mas com milhares de outros ignorados alegando-se vícios insanáveis.
Também no presente ano, o embate eleitoral( o terceiro na história de Moçambique), promete ser quente, pelo menos nas presidenciais, atendendo às precauções dos concorrentes, que muitos deles já se colocaram no terreno muito antes do início da campanha eleitoral. JF
IMPARCIAL - 29.09.2004
«O país tem líderes com nível para evitar erros»
O Arcebispo da Igreja Católica na Beira, Dom Jaime Pedro Gonçalves, defendeu que os líderes políticos moçambicanos têm nível suficiente para evitar que se cometam erros que põem em causa a paz e o
desenvolvimento da democracia no país.
Falando ontem em Maputo à margem do seminário sobre o “Ambiente Eleitoral em Moçambique”, Dom Jaime citou como exemplo, o problema da repressão política que se faz sentir no país e que no seu entender é um problema elementar que poderia ser resolvido por via do diálogo entre os diferentes actores da vida política nacional.
«Não podemos estagnar e dizer que não temos esperanças. Quero acreditar que os líderes políticos moçambicanos tem nível para evitar esse tipo de erros como a repressão política que é uma coisa elementar» disse o Arcebispo da Beira num contacto com a imprensa.
Dom Jaime falou também da Paz que o país desfruta ha 12 anos tendo realçado que nos últimos 2 anos registam-se alguns constrangimentos que perigam o processo de pacificação no país. «Nos últimos
dois anos, há uma sensibilidade de problemas que devem ser resolvidos », disse Dom Jaime
em alusão à alegada existência de homens armados no país e que de certa forma, tal informação poderá pertubar o ambiente preparatório das eleições.
Na óptica daquele clérigo, a situação torna-se mais grave quando se apresenta uma solução de violência porque, «o ambiente fica turvo, há derramamento de sangue, cultiva-se o ódio e repressão política. Estas, são situações que não consolidam a paz. Penso que não é humilhante para ninguém discutir esses
problemas, porque toda a solução foi acordada com o Acordo Geral de Paz» referiu.
Dom Jaime, reafirmou que se não houver diálogo entre os moçambicanos, receia que a situação de Inhaminga se possa alastrar para outros cantos do país, como Marínguè, onde tamém existem os chamados “homens armados da Renamo”. «É provável que a situação de Inhaminga possa acontecer em Marínguè. Não percebemos o que queriam os homens que foram disparar em Inhaminga. A informação que tenho é que eles continuam lá e a perseguir os membros da Renamo nos arredores da vila de Inhaminga» denunciou o Arcebispo da Beira.
O antigo mediador do processo de paz moçambicano reiterou que a Paz não pode ser desenvolvida com disparos de armas sob o risco de se imputar crimes que não serão justificados.
Entretanto, vários participantes no seminário sobre o “Ambiente Eleitoral em Moçambique”, convergiram num aspecto: que ainda existem focos de tensão no país, principalmente nesta fase em que se aproximam as eleições.
Um dos aspectos preocupantes foi colocado pelo líder do PIMO, Yacub Sibindy que é igualmente um dos candidatos à presidência da República, referindo-se à situação de instabilidade que se vive nas províncias do Norte do país, sobretudo em Cabo Delgado.
«O que se está a passar no Norte, é que existe uma total intimidação. As pessoas têm medo de se identificar com outros partidos políticos» acusou Yacub Sibindy.
JOSÉ CHITULA
IMPARCIAL - 29.09.2004
Cinco anos do executivo de Chissano(7)
Joel Matias Libombo, nota 0,2
A imagem de marca do ministro da Juventude e Desportos é um sorriso permanente. Sem cinismo, somos obrigados a acreditar que Joel Libombo sorri da sua capacidade de levar o desporto moçambicano ao fundo do poço e, de ignorar os reais problemas da juventude moçambicana. Custa acreditar que Libombo cursou desporto e, que um dia foi jovem. Nunca antes tinha sido investido tanto dinheiro no desporto. Os resultados não aparecem e o ministro do pelouro sorri. Em algumas federações
assistem-se a problemas graves que exigem a intervenção do ministro e seus pares.
Joel Libombo limita-se a sorrir como se no seu sorriso houvesse soluções. Sem soluções, o Ministério da Juventude e Desportos limitase a ser um mero espectador da decadência do desporto moçambicano. Por vezes, aparecem umas taças para Libombo erguer e sorrir.
Mas porque o desporto não se faz dos sorrisos do ministro, muitos choram perante a inacção de um indivíduo que prometeu inverter o cenário do desporto moçambicano. Até inverteu mas, para pior.
No capítulo de juventude, pouco mais do que os referenciados sorrisos, um seminário aqui e outro ali foram a marca dominante. Joel Libombo ignora ao máximo os problemas da juventude do seu país. Faz parte do clube dos que acreditam que o problema dos jovens moçambicanos resume-se ao rentável, HIV /SIDA. Aliás, não merece elogios um ministro que faz campanha contra o Conselho Nacional
da Juventude. Simplesmente, um ministro para esquecer. Para não desmoralizar os jovens de
amanhã, todos nós, que assistimos à actuação de Libombo, temos obrigação de nunca lhes dizer que o Ministério da Juventude e Desportos um dia foi dirigido pelo « Senhor dos Sorisos.
Pelo que foi dito e, pelo que ficou por dizer, Joel Libombo fica com a nota 0,2. E já vai com sorte porque o seu sorriso é pranto dos moçambicanos de bom-senso.
CELSO MANGUANA
IMPARCIAL - 29.09.2004
27/09/2004
Assassin pleads for refuge
KATHERINE MUICK
Anibal dos Santos, sentenced to 28 years in the slaying of a Mozambican journalist, was arrested at Pearson airport in May.
Convicted Mozambican death-squad leader fled to Toronto
Claim for status in Canada sparks outrage in two countries
MICHELLE SHEPHARD AND NICHOLAS KEUNG
STAFF REPORTERS
A convicted assassin who led the death squad that killed Mozambique's top investigative journalist is seeking refuge in Canada, sparking outrage in the African country that has been gripped by his story for almost four years.
Anibal dos Santos was convicted as the leader of a death squad that executed journalist Carlos Cardoso on Nov. 22, 2000, and sentenced to 28 years. After escaping the high-security prison where he was serving his sentence in Maputo, Mozambique, dos Santos fled to Toronto this May.
He was arrested at Pearson International Airport and immediately taken into custody.
Canadian officials have never stated that dos Santos is being held here, but his former lawyer confirmed in an interview with the Star the 33-year-old has made a refugee claim on the grounds he was wrongly convicted in Mozambique.
Last week, dos Santos appeared at a detention review hearing to seek bail, something he is required to undergo every 30 days while being held in a maximum-security prison in Lindsay, Ont.
His refugee claim has enraged a group of Canadians, many with ties to Mozambique through relief work, who are now fighting to make dos Santos' case public.
Refugee cases are almost always heard in private to protect the rights of the claimant, but applications to open the hearings have been granted on rare occasions if it's determined making the evidence public would not jeopardize safety or the fairness of the case.
In a letter to the Immigration Refugee Board requesting the dos Santos case be opened, 37 Canadian applicants wrote: "It would be a sorry chapter in the history of Canadian immigration if the convicted killer of Mozambique's greatest defender of human rights and press freedom were to be granted refugee status in Canada by using the liberal and humane immigration regulations of which we are so justly proud."
"The thing is, we all support the process of refugees coming to Canada and this devalues that," says one of the 37 applicants, Greg Keast, a Toronto engineer who spent seven years volunteering in Mozambique.
"He's a convicted murderer, convicted in an open trial, ... trying to take advantage of our liberal system."
Keast called the 2002 trial where dos Santos and five other men were convicted in Cardoso's death Mozambique's "trial of the century" and said his story is closely followed there.
His escape to Canada is not the first time the man, better known in Mozambique as "Anibalzinho," has broken out of jail, fuelling suspicion about high-powered connections to his case.
On Sept. 1, 2002, two months before his trial, dos Santos managed to escape, but he was later tracked down in South Africa. Convicted in absentia, he was returned to serve his sentence. Dos Santos is currently appealing his case.
"People here are very angry. Angry that for a second time he was allowed to escape and we want to know how he got to Canada, who is helping him, how he got a passport," Paul Fauvet, a Mozambique journalist and co-author of a biography of Cardoso, said in a telephone interview.
"There are lots of unanswered questions about this."
Some of those questions are directed at the highest powers in Mozambique. When Cardoso was killed, he was investigating the siphoning of $14 million (U.S.) from the state-run Commercial Bank of Mozambique and probing connections with the country's ruling Frelimo party.
This June, in a seven-hour judgment that was broadcast live in Mozambique, seven people were convicted in the banking fraud scheme. But suspicion still hangs over the possible involvement of Nyimpine Chissano, son of President Joaquim Chissano, in both the bank scheme and the ordering of Cardoso's murder, and the investigation continues. Dos Santos could be a key witness implicating the president's son.
Munyonzwe Hamalengwa, an immigration lawyer who twice represented dos Santos at detention hearings this summer, confirmed his former client has made a refugee claim in Canada on the grounds that he'd face persecution by the Mozambique government.
"It's a mystery how someone could escape from a maximum security jail twice just like that and managed to leave the country with a valid passport, (without) any colluding from any authorities," Hamalengwa said in an interview. "You just don't escape from those prisons like that."
Hamalengwa said dos Santos had valid passports from both Mozambique and Portugal when he was apprehended at Pearson in May, but it's not known whether he had dual citizenship.
Hamalengwa called dos Santos a "low-level foot soldier" in the murder plot and said returning him to Mozambique would put his life at risk.
There is no official extradition agreement between Canada and Mozambique. But Antonio Rodrigues, first secretary at Mozambique's embassy in Washington, said last week his country's government had submitted a request for dos Santos' extradition "through the appropriate Canadian channels."
Dos Santos did not respond to a request for an interview in custody.
For Cardoso's widow, lawyer Nina Berg, it's a sad irony that dos Santos is applying as a refugee after she and her husband had devoted so much of their careers to the plight of refugees in Mozambique.
"For me, and the family, the most important thing is that he serves his sentence for what he did. I don't think there is any doubt that he was part of this assassination. ... He organized the squad that killed Carlos," Berg said in a telephone interview from Mozambique.
"It would surprise me if Canada would grant him refugee status and if they do I think it's absolutely appalling. He is sentenced for the worst kind of murder, being contracted to kill somebody."
She described her husband as a tireless fighter for the poor and said his death had left a gaping hole in investigative journalism in Mozambique.
DESPEDIDA COM SABOR A NOSTALGIA
De acordo com o programa oficial divulgado, Joaquim Chissano deverá passar apenas 24 horas em cada província numa movimentação que o levará a visitar sucessivamente Cabo Delgado até Maputo-Cidade. Atendendo o longíquo período que permaneceu como presidente da República, desde 1986, parece legítimo que o PR se curve perante este povo que há cerca de 30 anos vem sendo “pastado” pela Frelimo, partido ainda dominado por Chissano.
Se durante este tempo todo que o chefe de Estado permaneceu no poder , tornou-se “carismático” ou famoso como se propala por aí, não se percebe por que motivos o país numa situação de fragilidade
em quase todos os sentidos (económico, social e político) seja forçado a parar com tolerâncias de ponto para acompanhar a despedida de alguém que nem sequer foi capaz de convencer sobre as razões
que o levam a abandonar o poder.
É sabido que legalmente poderia concorrer para mais um mandato presidencial, mas não o fará mesmo tendo a consciência que o partido que dirige vai “derrapando” em termos de imagem perante um povo inquieto com cenários tristes que marcam o quotidiano dos moçambicanos condenados nesta época “Chissanista”, a viver sem segurança e a pactuar com um regime corrupto, e que provavelmente
terá nestes derradeiros anos beneficiado uma punhado de (Cont. da pág. 2)indivíduos acorrentados
à Frelimo. Esperamos que este périplo não sirva de pretexto para relançar a campanha do “arriscado” candidato do partido do “tambor e da maçaroca”, Armando Guebuza que aos poucos vai assumindo ilegalmente as funções de chefe de Estado sem que para tal tenha passado por um processo de votação
como mandam as regras de um verdadeiro Estado democrático.
Se há que realmente premiar Joaquim Chissano por seu desempenho nestes 18 anos em que se manteve na liderança do país, não seria exagero afirmar que soube com muita “pinta” dividir os moçambicanos de acordo com as suas conveniências políticas e colocar os interesses do partido Frelimo acima do povo moçambicano. São vários exemplos que ilustram essas tendências de Joaquim Chissano que gabando-se de ter governado um país democrático nem sequer foi capaz de mexer uma única palha no seu executivo perante os sucessivos escândalos que abalaram o país nestes últimos anos e, para citar
alguns aponta-se o massacre de Montepuez, assassinato do jornalista Carlos Cardoso, do antigo PCA do Banco Austral, Siba Siba Macuácuà e de vários outros moçambicanos anónimos, para não falar dos desfalques bancários que terão contribuido para deixar o país na banca rota. O presidente da República vai se despedindo sim senhor como um bom “Maria” que de forma impecável soube implementar a sua
política que se tornou famosa neste Moçambique onde «o cabrito come onde está amarrado ». Que os “cabritos amarrados” à Frelimo engordem cada vez mais na época reformista do presidente que se prepara para arrumar as malas e voltar a casa.
Mesmo com os pecados que carrega aos ombros, diga-se de passagem que Joaquim Chissano teve algum mérito por aceitar sentar-se à mesma mesa com os chamados “bandidos armados” e assinar o Acordo Geral de Paz que pós fim à guerra civil de 16 anos opondo o Governo moçambicano e a Resistência Nacional Moçambicana, RENAMO, que hoje representa a maior e principal força da Oposição
política em Moçambique.
JOSÉ CHITULA
IMPARCIAL - 28.09.2004
Cinco anos do executivo de Chissano(6)
John William Kachamila, nota 1
O ministro para a Coordenação da Acção Ambiental, Jonh Kachamila, pode se orgulhar de ter nascido para ser ministro. Muda de pastas mas nunca deixa de ser ministro. Nos últimos cinco anos caiu-lhe nas mãos o Ministério da Coordenação da Acção Ambiental. Em momento em que o debate á volta das questões ambientais está no topo das agendas dos Estados, era de esperar maior protagonismo de Kachamila e seus pares.
O ministro tem passado despercebido, sinal de que o ministério pouco tem feito para além dos habituais seminários, workshop,s e outro tipo de reuniões onde se empata dinheiro que podia ser melhor aplicado.
Enquanto isso, as actividades viradas para a defesa e conservação do meio ambiente continuam por fazer. Basta ver os verdadeiros atentados ao meio- ambiente protagonizados por turistas estrangeiros um pouco por todo o país. Para espanto total, apesar das constantes denúncias, a inspecção ambiental mantém-se inoperacional mesmo empoleirada nos últimos modelos four by four. Refira-se que a defesa e conservação do meio ambiente tem se safado, em Moçambique graças ao dinamismo da algumas organizações da sociedade civil.
Aliás, John Kachamila e seus pares andam a reboque das organizações da sociedade civil. Tornou-se redundante falar de casos de erosão em muitas praias nacionais mas, de quem é pago para lutar contra tal fenómeno só se ouvem poucos tugidos e alguns mugidos. As indústrias poluidoras mal se dão ao luxo de respeitar os padrões internacionalmente exigidos. Também, sabem que ninguém lhes há-de exigir ou penalizar pela infracção. Têm consciência de que o Ministério da Coordenação da Acção Ambiental está adormecido. Tal como o ministro.
E tempo para acordar já escasseia.
Por tudo que foi dito, para o ministro da Coordenação da Acção Social fica a nota 1 na nossa escala de 0 a 10.
Nota: O Governo que sair das eleições de 1 e 2 de Dezembro podia, muito bem, denominar o ministério ora dirigido por Kachamila simplesmente por , Ministério do Ambiente.
CELSO MANGUANA
IMPARCIAL - 28.09.2004
Razões da ausência de Dhlakama
NO ESTÁDIO DA MACHAVA
Razões da ausência de Dhlakama
Enquanto o executivo de Chissano continuar a priorizar questões partidárias, a liderança da Renamo
vai primar pela ausência nas celebrações dos feriados históricos, assim justificou Fernando Mazanga, porta-voz da “perdiz”, a ausência de Afonso Dhlakama, presidente da Renamo, no Estádio da Machava, local que acolheu no último sábado a cerimónia central que assinalou a passagem do 40º aniversário do início da Luta de Libertação Nacional. Segundo Mazanga, Dhlakama é um líder político que conta com mais de 50 por cento do eleitorado, que ganhou (1999) em seis províncias alguma das quais mais populosas e ricas de Moçambique, dai que não pode estar em eventos daquele género apenas para bater
palmas.
DA REDACÇÃO - IMPARCIAL - 28.09.2004
26/09/2004
África em piores condições
Segundo ele, esta situação deve-se ao facto de alguma elite política do continente perseguir um projecto de extorquias aos recursos locais, depositando os seus ganhos em bancos suíços, em vez de os investir nos seus próprios países.
Durante a palestra, o mesmo Moeletsi Mbeki disse ainda que África está a entrar numa fase de queda livre e que os seus povos enfrentarão piores condições de vida em comparação com o período da colonização estrangeira.
"Enquanto os colonialistas desenvolveram o continente através da introdução de várias culturas e construção de cidades e estradas, a nova liderança do continente caracteriza-se pelo desvio de capitais, à medida que as elites vão enchendo seus bolsos, acabam por depositar os seus ganhos em bancos estrangeiros", observou, citando como exemplos Sani Abacha da Nigéria e Mobutu do ex-Zaire.
Outras citações:
"Enquanto a China salvou durante os últimos 20 anos 400 mil habitantes da pobreza absoluta, a Nigéria colocou mais de 90 milhões abaixo da linha de pobreza".
"O cidadão africano comum é mais pobre agora do que no período de colonização".
Ainda para Moeletsi Mbeki, a África do Sul deveria intervir no Zimbabwe, retirando o seu apoio a Harare, apoiando a democracia e não tolerando o uso da violência, tortura e manipulação de eleições.
NOTICIAS - 25.09.2004
“BUFOS” PREOCUPADOS COM SEU ENDEREÇO ELECTRÓNICO
A cela do jovem das quantias “irrisórias”, no caso Carlos Cardoso, foi “visitada” na última quinta-feira por uma equipa do Ministério do Interior, que passou a “pente fino” com o objectivo de localizar o equipamento informático que permite a Momad Assif Satar, vulgo Nini, a estar em “on line”, segundo o endereço electrónico constante na sua última carta aberta dirigida ao PGR, Joaquim Madeira.
De acordo com as nossas fontes, a busca foi infrutífera. Uma fonte da família Satar assegurou ao IMPARCIAL que o endereço electrónico de Nini existe há mais de cinco anos, sendo, portanto, absurdo que só agora, que ele tornou público, haja interesse de localizar o equipamento informático que, eventualmente, pode não estar com ele.
Aliás, com o avanço de tecnologia, mesmo o telefone celular é bastante suficiente para se estar em “on line”. Nini é um dos réus do caso “Carlos Cardoso” que insiste com a tese de que os autores morais no assassinato do ex-editor do Metical continuam fora das celas, persistindo com as acusações de que o primogénito do PR, Nyimpine Chissano, é um dos prováveis implicados. Sustenta as suas acusações com as declarações tetubiantes de Nyimpine, na sessão de julgamento do caso “Carlos Cardoso”, na tenda da “BO” em 2002, a questão dos cheques, passados pelo primogénito de Chissano cujo valor facial (no global) rondava a mais de um bilião de meticais que teriam sido usados para pagar os autores materiais do crime (executantes) e, sobretudo, a “confissão” de Cândida Cossa, na procuradoria da cidade de Maputo, de que teria sido coagida pelo “empresário de sucesso” - segundo o seu pai - a mentir numa sessão de julgamento de modo a favorecer o filho do PR.
Nini trava uma batalha aberta com o PGR, insinuando, não raras vezes, que a instituição liderada por Joaquim Madeira manifesta a falta de vontade de levar avante o processo autónomo, aberto há mais de dois anos, no caso “Carlos Cardoso” em que Nyimpine Chissano é um dos principais arguidos.
DA REDACÇÃO - IMPARCIAL - 27.09.2004
O filho devorado de uma revolução
A poucos meses das presidenciais de Dezembro que escolherão o sucessor de Joaquim Chissano, o livro Uria Simango - Um Homem, Uma Causa (Edições Novafrica) poderá transformar-se num tema de campanha, tendo em conta o perfil de quem disputa o Palácio da Ponta Vermelha: Armando Guebuza, um histórico da Frelimo que está ligado a um dos períodos mais ferozes da repressão pós-independência; e Afonso Dhlakama, líder da Renamo e que acabou, de alguma forma, por herdar o património político daquilo que o reverendo Uria Simango representou.
Mesmo que observadores insistam em recordar que a Renamo também possui telhados de vidro em matéria de direitos humanos. Significativo, no entanto, é o silêncio protagonizado pela Frelimo perante a investigação de Barnabé Lucas Ncomo.
Com excepção de Sérgio Vieira, também ele identificado com os «anos de chumbo» moçambicanos, ninguém se pronunciou num sinal claro do embaraço que o tema ainda suscita.
Até porque Uria Simango não era uma pessoa qualquer: fundador da Frelimo, em 1962, foi vicepresidente com Eduardo Mondlane até 1969, e membro do triunvirato que lhe sucedeu - com Marcelino dos Santos e Samora Machel -, na sequência de um assassinato que ainda hoje está
por esclarecer.
Expulso da Frelimo, com a ascensão de Samora Machel, Uria Simango refugiar-se-ia no Cairo entre
1970 e 1974, altura em que regressa a Moçambique para tentar participar no processo que conduziu o país à independência. Só lá permaneceu entre Junho e Novembro, tendo sido obrigado a exilar-se de novo. Para trás ficaram a mulher, que viria a ser presa pouco depois com a conivência da polícia portuguesa, e os três filhos: Lutero, Deviz e Maúca. (O primeiro é hoje deputado da Renamo, o segundo foi eleito para a presidência da Câmara da Beira pelo mesmo partido e o terceiro morreria no início deste ano, em Portugal).
Atraído a uma armadilha no início de 1975, Uria Simango acabaria por ser entregue pelo Malawi à Frelimo que o levou depois para a Tanzânia, antes de o transferir, em Novembro de 1975, para o
tristemente célebre Campo de M’Telela, instalado em plena província do Niassa. Onde Sérgio Vieira
viria a ser governador, em 1983.
É aqui que o livro de Barnabé Lucas Ncomo se torna verdadeiramente interessante, tentando explicar o que aconteceu depois. Sem ser conclusivo, fornece pistas e testemunhos (a maioria dos quais ainda hoje se refugia no anonimato), que permitem indiciar que Uria Simango foi executado entre 1977 e 1978, à semelhança do que sucedeu com outros antigos dirigentes (e posteriormente dissidentes) da Frelimo. Como Paulo Gumane, Raúl Casal Ribeiro, Lázaro Nkanvandame e Mateus Gwengere, aos quais se juntou Joana Simeão.
É certo que Ncomo admite ainda hipótese de Uria Simango ter sido executado entre 1977 e 1980, invocando testemunhos e depoimentos contraditórios.
Mas uma outra testemunha ouvida por Ncomo - Manuel Pereira, que esteve preso em M’telela e chegou a conhecer Celina, mulher de Uria, igualmente executada - aponta para 1977 ou 78, uma versão que é subscrita por Lutero Simango, em declarações ao DN. «Ele esteve preso no Niassa, entre 1977 e 80, e diz que, nessa altura, só viu a minha mãe. Nunca chegou a ver, ou a conhecer, o meu pai».
Fuzilado ou queimado vivo, segundo as versões contempladas no livro e que reflectem 15 anos de
investigações, o que não parece suscitar grandes dúvidas é a motivação que levou Maputo a ordenar
essas execuções, algo que a Frelimo só veio a admitir, e apenas parcialmente, já no início dos anos
90: o receio de que Uria Simango (e Gumane, Casal Ribeiro, Nkanvandame e Gwengere) pudesse
juntar-se à Renamo, que então ensaiava os primeiros passos da sua guerrilha, dando-lhe a legitimidade e até a representatividade que André Matsangaíssa (o antecessor de Dhlakama) não possuía.
ARMANDO RAFAEL, IN "DN"(JORNAL LUSO), 26.09.2004
IMPARCIAL - 27.09.204
COMÍCIO DO “ 25 DE SETEMBRO” - Estudantes coagidos a participar
Vários estudantes contactados pelo IMPARCIAL mostraram-se desapontados pelo facto de, as direcções das respectivas escolas terem recorrido a « métodos baixos » para que eles estivessem presente nas cerimónias centrais da comemoração do 40º aniversário do início da Luta Armada que tiveram lugar no Estádio da Machava.
Segundo disse, ao nosso jornal, na condição de anonimato, um grupo de estudantes da Escola Comercial de Maputo, a participação no supracitado acontecimento era de carácter obrigatório.
Disseram as nossas fontes que a direcção informou que o dia 25 de Setembro, Sábado, seria considerado um dia lectivo normal e os faltosos seriam penalizados da mesma forma que se faz a um estudante que não se apresenta ás aulas.contuido, os estudantes acreditam que a posição da direcção da escola violou, de forma grave, os seus direitos.« Não se pode obrigar-nos a participar de um programa que não consta do plano pedagógico », disseram os estudantes visivelmente revoltados.
A revolta dos estudantes é maior pelo facto de a direcção da escola não lhes ter providenciado lanches como havia prometido. Segundo eles, muitos foram os estudantes que abandonaram o Estádio da Machava, antes do fim da cerimónia, incapazes de resistir à fome que os atormentava.
O cenário não foi diferente na Escola Josina Machel onde, a contra-gosto, estudantes que foram obrigados a participar das cerimónias centrais do 40º aniversário do início da Luta Armada.
Em contacto com o IMPARCIAL, um estudante do referido estabelecimento de ensino disse, na óbvia condição de anonimatio, que apesar de respeitar o significado da data não estava nos seus planos ir ao vale do infulene.« Não tive escolha, ou ia ou seria penalizado».
Comentário
Não se justifica o recurso a métodos pidescos só para ter o Estádio da Machava cheio. Parece que anda aí gente com saudade do leviatânico monopartidarismo. Gente com saudades de passar por cima das liberdades de outrém. Gente que continua a acreditar que a democracia é apanágio das sociedades ocidentais. CM
IMPARCIAL - 27.09.2004
Alberto Chipande conta como foi o ataque ao Chai
http://www.macua.org/temp/chaichipande.html
25 de Setembro - Dia das Forças Armadas
Comemorou-se ontem o 25 de Setembro. Foi há 40 anos que um punhado de homens iniciou a luta armada que conduziu à libertação e independência da potência colonizadora, cerca de 11 anos depois.
As cerimónias principais realizaram-se no Estádio da Machava, presididas por Joaquim Chissano e com cerca de 30 mil pessoas nas bancadas.
Mais tarde houve deposição de flores no monumento da Praça dos Heróis.
Países africanos não olham a quem quer de facto ajudar
O ministro brasileiro dos Negócios Estrangeiros, Celso Amorim, explica que, do ponto de vista de Brasília, as "negociações devem decorrer individualmente com cada um dos estados-membros da CPLP", desde logo porque este organismo "não é um grupo económico".
O primeiro-ministro de Cabo Verde, José Maria Neves, gostava de ver Portugal mais empenhado, mas reconhece que o seu país não pode esperar mais. Cita, a propósito, que os casinos são uma grande aposta e que "o mais certo é serem investidores não lusófonos a avançar, estando bem encaminhadas as negociações com Macau".
Também Xanana Gusmão acredita que Portugal poderia fazer mais, talvez . Crê, contudo, que por o petróleo "ser o grande motor do desenvolvimento de Timor-Leste, serão outros países a dar o seu contributo".
O caso de Angola é um bom exemplo da cooperação portuguesa, e até mesmo da CPLP. Todavia, para o presidente Eduardo dos Santos, "terá de ser a comunidade internacional a dar um decisivo contributo para erradicar a pobreza, a fome, o analfabetismo, as doenças e o subdesenvolvimento". Aqui o Brasil ganha terreno, porque tem uma política económica e social que se encaixa nas carências deste país.
O petróleo é igualmente importante para São Tomé e Príncipe onde, como reconhece o presidente Fradique de Menezes, os norte-americanos somam pontos "por conjugarem o investimento no sector com apoios paralelos em matéria de segurança do país". De novo, embora de forma ainda ténue, o Brasil poderá vir a dar um forte apoio a esta indústria.
Quanto a Moçambique, Joaquim Chissano defende uma forte adaptação "dos exemplos externos à realidade africana". Assumindo o bom momento das relações em o Brasil, Chissano mostra-se disposto a não esquecer todos os que querem ajudar, mesmo que sejam países pertencentes à Comunidade Britânica.
JORNAL DE NOTÍCIAS - 25.09.2004
25/09/2004
Albano Silva desafia procuradoria
O Jornal Savana (24.09.04), diz que Abano Silva, afirmou que não existia a possibilidade legal da Procuradoria Geral da República (PGR), local onde ele diz haver constantemente, fuga de informação, mover contra si um processo crime por causa de acusações infundadas. Albano Silva é também acusado de ter subornado o inspector da Polícia de Investigação Criminal (PIC), Tomaz Chitambo com 12 milhões de meticais. Albano afirmou estar agastado com a situação e pretender manifestar publicamente, a não existência de qualquer possibilidade legal da PGR mover-lhe um processo-crime por causa dessas acusações infundadas. Em resposta a pergunta sobre a razão da emissão de um cheque de 12 milhões a favor do inspector da PIC, afirmou ter emitido o cheque para a equipe que estava a trabalhar no processo e que era constituída por 5 pessoas, e que era para dar boas festas a equipe. Acrescentou não ter feito apenas com aquela equipe como também a muitos magistrados, incluindo a própria Isabel Rupia.
Sobre o alegado suborno a Ramaya, Albano Silva afirma que Ramaya nunca falou-lhe sobre o advogado que administrador que pretendia acusar.
ZOL - 25.04.2004
Timor Passou de Moda
PÚBLICO - 19 de Setembro de 2004
Timor passou de moda. Ouvi-o dizer em Dili, em Julho. Voltei a ouvi-lo dizer em Lisboa, em Agosto. Passou? Se calhar passou! E porque não passaria? O processo correu relativamente bem. A ONU está a desmontar a tenda. O que Portugal tem a fazer é desmontar também a sua. Até porque "aquilo" não interessa a ninguém, dizem. E só dá despesa, dizem. E é dinheiro deitado à rua, dizem. E é muito longe, dizem. E há outras prioridades, dizem. E o interesse nacional não passa por lá, dizem. E dá muita despesa, repetem. E é dinheiro deitado à rua, repetem. E se calhar até têm razão... Mas dói-me! Dói-me porque os timorenses pedem muito pouco. Pedem a língua e quem a ensine. Só isso. Mas esse "só" para eles é imenso. É "só" a diferença entre a vida e a morte. Se voltarem ao bahasa são absorvidos pela Indonésia. Se passarem ao inglês são absorvidos pela Austrália. Só sobrevivem em português. Por isso o adoptaram. Por isso pedem professores portugueses. Eu ouvi o Primeiro-Ministro pedir professores portugueses. E o Ministro da Educação pedir o mesmo. E a Vice-Ministra da Educação também. E o Vice-Ministro da Defesa. E vários Deputados. E o Reitor da Universidade Nacional de Timor-Leste (UNTiL). E vários professores timorenses da dita Universidade. E os meus alunos de Engenharia Informática. E os de Engenharia Electrotécnica. E alunos de outros cursos e outros professores. E pais de alunos. E pessoas que encontrava aqui e ali. Em Dili e nas montanhas. E um homem a quem, na zona de Ermera, perguntámos o caminho para umas certas lagoas. E com quem acabámos por ficar à conversa bem mais de uma hora. A propósito de um nicho com um Santo António de Lisboa que estava naquela bifurcação de caminhos. Tinha data de 1987 o nicho. Feito em pleno período indonésio. Uma "questão de identidade" explicou o homem. Num português impecável. Os indonésios não nos deixavam falar português mas respeitavam a religião. E um antigo enfermeiro que, estando nós a visitar o Cemitério de Santa Cruz, nos veio explicar o que devia ser mais que muito manifesto que não percebíamos. Que aquela estranhíssima campa era uma vala comum. Onde tinham sido enterrados os corpos das vítimas dos massacres de Agosto de 1975. Os da UDT e os da FRETILIN. Tudo à mistura. E que ninguém sabia exactamente quem lá estava enterrado. Mas que aquela era, em Dili, a campa dos desaparecidos em Agosto de 1975. E que todos os que tinham tido familiares desaparecidos nessa época ali vinham pôr flores e velas. E que vinham todos. Os da UDT, os da FRETILIN, os da APODETI, os de coisa nenhuma. Tudo à mistura. Que se os mortos estavam à mistura não havia razão nenhuma para que os vivos o não estivessem também. E perguntado sobre o que estava ele a fazer no cemitério lá nos disse que estava a fazer o funeral de um filho. E mais disse que queria mandar um recado para Portugal. Eu sou escuro e o senhor é claro. Mas somos o mesmo povo. Veja os nomes nas campas. São nomes portugueses. E eram. Os mais antigos que vi com datas de mil oitocentos e pouco. Somos o mesmo povo, disse. Mandem mais professores. Do que mais precisamos é de professores. Os indonésios fizeram-nos muito mal. Não nos deixavam falar português. A juventude quase não sabe falar português. E isso é muito mau. Digam lá em Portugal que mandem professores. Do que mais necessitamos é de professores. Este foi o recado. O homem estava a enterrar um filho. Nós estávamos a olhar para uma campa estranhíssima. Aproximadamente quadrada. Para aí com uns dois metros e meio de lado. Coberta por uma placa escura. Preta. Preto de queimado. Ao meio uma cruz com uns dois metros altura. Preta. Também de queimado. A placa coalhada de velas e de pétalas de flores. Velas acesas e pétalas frescas. Só fazia lembrar uma coisa hindu. Mas não podia ser. A nossa perplexidade deveria ver-se, ouvir-se, cheirar-se. E o homem largou o funeral do filho e veio explicar-nos o que aquilo era. E como tinha sido em 1975. E que o coronel médico não queria sair do hospital. Que não queria abandonar os doentes e os feridos. Que não queria ir para Ataúro. Que teve de ser levado debaixo de prisão. Disse o nome do médico mas eu não fixei. Aliás disse imensos nomes. De pessoas e de lugares. Bem mais que duas dezenas. Que a este tinha acontecido isto, tinha fugido para ali e tinha sido morto acolá. Que àquele tinha acontecido aquilo, tinha fugido para tal sítio e tinha sido morto naqueloutro. Histórias umas a seguir às outras. Todas muito semelhantes. Só diferiam no desfecho. Havia as do tipo "nome, fugiu para, morreu em" e as do tipo "nome, fugiu para, conseguiu escapar". Ele estava entre os que tinham conseguido escapar. Com uma perna partida e um tiro no peito. Mostrou a cicatriz. No fim daquilo tudo ficaram os corpos. Nas casas, nos quintais, nas ruas, nos campos, nas ribeiras. Corpos por todo o lado. A apodrecerem e a serem comidos pelos cães e pelos porcos. E que depois os tinham recolhido a todos. Ou ao que deles restava. E que os tinham enterrado a todos. Ali. Tudo à mistura. E que agora lá iam aqueles a quem tinha desaparecido algum familiar nessa altura. Iam ali. Porque ali estavam todos. Tudo à mistura. E que se os mortos estavam à mistura os vivos também podiam estar. E que tinha um recado para Portugal. E que o recado era que mandassem professores. E agora dizem-me que Timor passou de moda e que mandar professores é muito caro. Quanto custa mandar um professor para Timor? Cem contos mês? Quinhentos contos mês? Mil contos mês? Cem parece-me claramente pouco. Mil parece-me claramente muito. Vou raciocinar na base dos quinhentos. Quinhentos por mês dá sete mil por ano. Por professor. Se forem cem professores dá setecentos mil contos por ano. Se forem mil professores dá sete milhões de contos por ano. Trinta e cinco milhões de euros. É muito dinheiro? Para mim é! Nunca na vida vi sete milhões de contos. Nem trinta e cinco milhões de euros. Nem espero vir a ver. Assustava-me! E para o Estado? Será que para o Estado trinta e cinco milhões de euros é muito dinheiro? Será que Portugal não tem capacidade financeira para pôr em Timor mil professores por ano? Durante, por exemplo, dez anos? Tem? Não tem? Não sei. Mil professores chegam? É pouco? É muito? Não sei. Dez anos chegam? É pouco? É muito? Não sei. Mas uma coisa sei! Deram-me um recado. Um recado que, parece-me, não é de uma, de duas, de três pessoas. Um recado que, parece-me, é de todo um povo. E o recado é "Mandem professores."
Professor FUP/UNTiL nos Quartos Bimestres de 2002/03 e 2003/04
Vendo bem as coisas..., é difícil acreditar que estejamos vivos hoje!
Os frascos de remédios ou as garrafas de refrigerantes não tinham nenhum tipo e tampinha especial... que vinham embaladas sem instrução de uso...
Bebíamos da torneira e nem se conhecia água engarrafada! Que horror!!!!
A andávamos de bicicleta sem usar nenhum tipo de protecção e passávamos as tardes a construir carrinhos de rolamentos. Atirávamo-nos ladeira abaixo e esquecíamo-nos que não tínhamos travões até que uma qualquer calçada ou árvore nos deparasse no trajecto...
Depois de muitos acidentes de percurso, aprendíamos a resolver o problema …SOZINHOS....!!!!!
Nas férias, saíamos de casa de manhã e brincávamos o dia todo; os nossos pais às vezes não sabiam exactamente onde estávamos, mas sabiam que não estávamos em perigo.
Não existiam telemóveis! Incrível!!!!!!!!
Quantas nódoas negras, braços partidos, dentes arrancados com o embate de quedas...
Lembram-se destes incidentes? Janelas quebradas, jardins destruídos, as bolas que caíam no terreno do vizinho...
Haviam brigas e, às vezes, muitos olhos negros. E mesmo feridos e chorosos tudo passava depressa; na maioria das vezes, nem mesmo os nossos pais descobriam...
Comíamos doces, pão com muita manteiga... E ninguém era obeso... No máximo, era-se um gordinho saudável... Dividia-se uma garrafa de sumo, refrigerante ou até uma cerveja às escondidas, entre três ou quatro petizes e ninguém morreu por causa de doenças infecciosas!
Não existia a Playstation, nem a Nintendo... Não havia TV por cabo, nem vídeo, nem computador, nem Internet... Tínhamos, simplesmente, amigos!
Andava-se de bicicleta ou a pé. Íamos a casa de amigos, tocávamos a campainha, entrávamos e conversávamos.... Sozinhos, num mundo frio e cruel!! Sem nenhum controle! Como sobrevivemos ???
Inventávamos jogos ... com pedras, feijões ou cartas...Brincávamos com pequenos monstros: lesmas, caramujos, e outros animaizinhos, mesmo se nossos pais nos dissessem para não fazermos isso!
Alguns estudantes não eram tão inteligentes quanto os outros e tiveram que refazer parte do Liceu. Que horror! Não se mudavam as notas e ninguém passava de ano, mesmo não passando... Os professores eram insuportáveis! Não davam abébias
Os maiores problemas na escola eram: chegar atrasado, mastigar pastilhas na aula ou mandar bilhetinhos gozando com a professora.
Correr demais no recreio ou faltar à aula só para ficar a jogar à bola no campo...
As nossas iniciativas eram 'nossas', mas as consequências também!
Ninguém se escondia atrás do outro... os nossos pais estavam sempre do lado da Lei quando transgredíamos as regras!
Se nos portávamos mal, os nossos pais colocavam-nos de castigo e incrivelmente, nenhum deles foi preso por isso! Sabíamos que quando os pais diziam 'NÃO', era 'NÃO'.
Recebíamos brinquedos no Natal ou no aniversário e não de todas as vezes que íamos ao supermercado... Os nossos pais nos davam presentes por amor, nunca por culpa... Por incrível que pareça, as nossas vidas não se arruinaram por não ganharmos tudo o que gostaríamos, que queríamos...
Esta geração produziu muitos inventores, artistas, amantes do risco e óptimos 'inventores' de soluções. Nos últimos 50 anos, houve uma desmedida explosão de inovações e tendências...
Tínhamos liberdade, sucessos, algumas vezes problemas e desilusões, mas tínhamos muitas responsabilidades... E não é que aprendemos a resolver tudo?... e sozinhos...
Se é um destes sobreviventes.... PARABÉNS!!!!!!!!
Da net... Anónimo
Eleição de candidatos a deputados na Frelimo e Renamo - Tombo de embondeiros ou rebelião das bases?
A Frelimo e a Renamo já elegeram os seus potenciais deputados à Assembleia da República para a próxima legislatura.
Ainda não são conhecidos todos os nomes dos candidatos a parlamentares pelos partidos bipolarizadores da cena política nacional. Porém, dados preliminares indicam um fenómeno que se pode traduzir na seguinte questão dúplice: tombo de embondeiros ou rebelião das bases?
Sérgio Vieira (Tete), decano deputado da Assembleia da República, desde os tempos do chamado centralismo democrático, e Ossufo Quitine (Nampula), chefe da bancada da Renamo-UE na actual legislatura, constituem os nomes sonantes rejeitados pelas bases nos seus círculos eleitorais, nas internas das duas forças visando o escrutínio de Dezembro.
Também não deixa de surpreender a rejeição do chefe da diplomacia moçambicana, Leonardo Simão, e do ministro dos Recursos Minerais e Energia, Castigo Langa, ambos em Gaza.
E a eleição de Hélder Muteia (Zambézia), ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural, e de Mário Sevene (Inhambane), Ministro do Trabalho, para potenciais parlamentares da Frelimo, o que diz da possibilidade de continuaresm no Governo?
Outro grande tombo na simpatia das bases foi de Ana Rita Sithole, que, em Inhambane, encabeçou a lista do `n´goma e maçaroca´ nas legislativas de 99, mas, desta vez, foi relegada para os suplentes. Em Sofala, na eleição de 22 candidatos, a surpresa na Frelimo foi a exclusão do parlamentar em exercício Jaime Massesse, passando a suplente.
Nas subidas, surpreende a eleição de Edmundo Galiza Matos Júnior (província de Maputo), que se vem destacando como radialista e apresentador de televisão nos serviços públicos e ainda como organizador/apresentador de eventos juvenis, do mediático ex-director da PIC, António Jorge Frangoulis (Maputo), ambos na Frelimo, e do jovevem pesquisador Manuel de Araújo (Zambézia), na Renamo...
fonte: SAVANA - 24.09.2004
24/09/2004
APELIDO NAS RAÇAS OU RAÇAS NOS APELIDOS? UM DEBATE SOBRE A MOÇAMBICANIDADE NOS APELIDOS
Decidi dar uma pequena contribuição a estes debates trazendo à baila questões ligadas representação social da mocambicanidade através de nomes ou seja de apelidos. Achei pertinente fazer isso porque penso que muito se tem dito entre nós moçambicanos que “este tem nome de branco, aquele tem nome de monhé e esse tem nome africano” e assim por diante, sem nos interrogarmos sobre o que está em causa e as consequências emocionais desses discursos.
Antes disso gostaria de me colocar uma questão pertinente? Porque as identidades são importantes? Parece uma questão muito simples. Mas não o é. E importante porque todos nós procuramos amparo nalguma colectividade para nos sentirmos parte integrante dela e assim sentirmos legitimamente integrados. Sentimos confortável quando ancorados num barco de identidades. Mas será que as identidades só se resumem ao simples facto de pertencer à uma determinada colectividade? Não, penso que a questão de identidade é muito mais séria do que isso. É uma questão vital, porque mexe com a própria vida das pessoas, no sentido de que mexe com as suas crenças, gostos, etc. Toca-os profundamente, principalmente quando acreditam que pertencem à alguma colectividade e depois descobrem ao fim ao cabo que não são aceites de igual modo nessa comunidade. Ora vejamos se nascemos da mesma mãe, isto é, da mesma nação, da mesma pátria, pese embora os nossos pais tenham-nos dado designações diferentes de acordo com as suas preferência, gostos, influências, somos de igual modo compatriotas, quer dentro ou fora deste espaço.
Só para ver meus caros compatriotas que não só as regiões, as raças, as etnias são categorias usadas para traçar fronteiras entre o ‘‘nós’’ e os “outros” mas também os apelidos. Como isso acontece? Se prestarmos atenção aos nossos apelidos notaremos que existem apelidos de várias origens: africana, portuguesa, asiática, e por ai em diante. Dentro destes apelidos quais é que podem ser considerados moçambicanos de verdade? Ou seja pelo apelido somos todos moçambicanos ou não? Eis a questão que certos sectores da sociedade, vão me desculpar pelo tom anónimo, tentam dar resposta partindo das representações, isto é, imagens daquilo que pensam e acreditam ser um verdadeiro africano, e no caso particular à partir de um simples nome de família. Os apelidos de origem africana são vistos à partir destes como tendo raízes, isto é, são originais, originais no sentido de possuir características daquilo que consideram cultura africana, tradição africana derivados das línguas nacionais, isto é, locais, os restantes são vistos como não tendo raízes neste Moçambique, alheios à nós, frutos da alienação colonial destes desenraizados. Se por acaso, pegarmos em num grupo de moçambicanos, residente na cidade de Maputo e perguntarmos os seus apelidos? As respostas vão variar entre Manhiça, Gonçalves, Rafael, Langa, Matsinhe, Mohamed, Chin etc. Efectivamente estes apelidos tem uma origem que não pode ser ignorado: uns podem ser ou melhor são de origem africana ( Manhiça, Langa, Matsinhe por exemplo) europeia ( Gonçalves, Rafael) e asiática ( Mohamed, Chin). O que os torna problemático são as possíveis associações destes com a cor da pele, ou seja com as raças e o consequente estranhamento daqueles que não apresentam características próprias daqueles que as possuem. Ou seja os apelidos não só têm língua como também têm cores, tem raças. E as pessoas que levam estes apelidos também devem ser parecidos com eles. Os apelidos considerados originais, de raiz, africanos de facto são vistos como sendo legítimos para pessoas de raça negra, porque o negro é que é africano de facto. Os apelidos portugueses são considerados como acidentais para pessoas de raça negra, normal para pessoas de pigmentação mais ou menos clara, digamos descendentes de portugueses. Mas a partir do momento que o são normais para estas pessoas, são vistas não como moçambicanos mas como portugueses. Os apelidos de origem árabes são vistos às vezes como originais se por exemplo se tratar de um indivíduo de raça negra da região nordeste do país. Esta é a aparente contradição porque estes apelidos desta região são de origem árabe -persa.
O problema desses apelidos não é o facto das pessoas saberem apenas que um determinado apelido tem esta e aquela origem mais de traçar fronteiras de identidade entre “os nossos” e “os deles”. Senão vejamos o caso por exemplo de apelido de origem portuguesa, para uma pessoa de raça branca, digamos que para um leigo faz sentido que este tenha esse apelido porque é branco, logo como é branco e o apelido de origem portuguesa, não é moçambicano, pertence mais as bandas da ocidental praia lusitana, isto é, do ponto de vista dos apelidos. Ao contrário para um individuo de raça negra com um nome de origem portuguesa, aí que é problemático. Vão dizer por exemplo que tens de procurar as suas raízes porque isto não próprio de um africano, estas perdido. Se for um apelido de origem asiática dirão que este não é moçambicano, é monhé, paquistanês, árabe, indiano, china, sobretudo se estamos perante à uma pessoa de pigmentação clara.
Depois de me ter debruçado sobre as representações de um grupo cujo a mocambicanidade lhes é rejeitada devido aos seus nomes de família que carregam nos seus documentos, resta-me falar sobre àqueles que se orgulham de serem africanos originais e por conseguinte moçambicanos de raiz pelos simples facto de se chamarem por exemplo por Mabjaias, Matsinhes, Tembes, Langas, Mazulas, etc. Estes respiram de alívio, respiram um ar de originalidade, de ter os pés bem assentes em Moçambique, por conseguinte em Africa. Quando numa aula de sociologia da família sugere-se por exemplo que se faça um estudo sobre a sociologia dos apelidos em Moçambique, não está-se senão a referir e quase exclusivamente a estes apelidos.
Ora com esta constatação pretendo mostrar que, ligar certos apelidos à uma eventual mocambicanidade é mostrar uma certa ignorância quanto aos processos históricos da sua constituição. Moçambique infelizmente ou felizmente sofreu muitas influências de outros povos em todos sentidos: estiveram aqui primeiro os árabes e indianos, por isso não me perguntam donde vem a maioria dos apelidos da gente da região costeira de Moçambique. Logo o argumento de originalidade e de raiz africana não faz sentido apelar aqui. Mesmo porque por pensar que são originais de África em nenhum momento se pós em causa a mocambicanidade destes povos. Talvez porque os seus apelidos diluiriam -se, digamos assim, africanizaram-se como foi os casos das capulanas, das bananas etc. Mas tarde passaram os portugueses e deixaram uma forte influência no que concerne aos apelidos sobretudo na região do vale do Zambeze. Aqui nesta região os apelidos dominantes são de origem portuguesa, e é aí onde está uma das contradições do ser moçambicano. Como é possível um empregado de raça negra, rural que mal fala português se chamar António dos Santos Pinto? Eis a negação da influência colonial portuguesa, na constituição dos apelidos dos actuais moçambicanos. Mesmo que isto tenha sido fruto de uma civilização/assimilação da cultura portuguesa forçada que fomos submetidos no período colonial, não deixa de constituir parte integrante na constituição do nosso.
Devido à estas influencias exteriores não é possível fazer apelos à raízes e originalidades nos apelidos para legitimar que sou ou não moçambicano, porque a mocambicanidade neste sentido é resultante deste embate de originalidades portuguesas, africanas, asiáticas cujo resultado disso é o desaparecimento de uma única originalidade legítima e constituição de uma pluralidade de originalidades legítimas e a constituição de uma mocambicanidade legítima para todos. Assim não sobra nenhum moçambicano que ora é português, paquistanês, chinês ou indiano, apesar da compreensão destes apelidos fazerem sempre apelo as suas influências. Não pretendo negar que a maioria de moçambicanos é de origem “bantu-africana”, mas mostrar que a moçambicanidade é feita destes e daqueles, pese embora estes últimos sejam a minoria. Do mesmo jeito que a língua portuguesa tornou-se moçambicana, os seus apelidos não devem ser vistos como se fossem estranhos porque não é possível apagar ou recusar a história e consequentemente as influências do passado. As influencias são parte integrante da constituição do nosso presente e não necessariamente uma forma de encontrar estranhos dentro de nós. Os apelidos dos brasileiros por exemplo são de origem portuguesa, italiana, espanhola e alemã e francesa, mas nenhum desses brasileiros consideram-se português, italiano, espanhol, alemão, ou francês, nem se quer procuram encontrar não brasileiro pelo apelido, ou mesmo pela raça. A maioria dos apelidos dos angolanos são de origem portuguesa mas nunca acompanhei caso de estranhamento e da busca daqueles que são originais porque poderia –se pensar assim: se nós chamamos-nos assim como os portugueses então não somos angolanos. Se herdarmos a língua porque não poderia acontecer com os apelidos - não falo de nomes porque estes, nem sequer põem em causa mocambicanidades, são pacíficos. Ora se pudéssemos escolher entre apelidos considerados originais e apelidos dos outros quem sabe com plena consciência daquilo que é nosso, e da necessidade de valorizarmos, poderíamos escolher os originais, mas como disse Marx, os homens fazem a história, mas não fazem como querem mas fazem sobre circunstâncias legadas por um passado histórico. Mas poderíamos agora que sabemos que estes apelidos não são nossos escolher ou mudar de apelidos. Mas quem foi que vos disse que a mudança de uma identidade construída à décadas pode mudar da noite para o dia? O indivíduo não é tão livre como diria um Sartre, ele faz parte de um conjunto de instituições que lhe colocam opções ao mesmo tempo sanções.
Tentei ao longo destes parágrafos não ir ao fundo ou esclarecer os conceitos de mocambicanidade e apelido mas deixar um apelo a uma outra dimensão da clivagem identitária em Moçambique, para além da etnia, região, raça, que afecta sobretudo as bases da construção na nação moçambicana.
Por: Francisco de Carvalho
ESPECIAL – 25 de Setembro 1964
por João CRAVEIRINHA
joaocraveirinha@yahoo.com.br
A Propósito de Chai ou Onda de Ressentimento Colonial?
Much Ado About Nothing – Tanto Tumulto por Nada (peça de William Shakespeare, Poeta e dramaturgo inglês – 1564/1616)
Ultimamente em Moçambique e em certos meios portugueses em Portugal (obviamente) e no mundo, tem surgido o questionar da veracidade do início da luta armada de Libertação Nacional em 25
Setembro 1964 como que a retirar toda a legitimidade Histórica da efeméride. A questão nos moldes em que tem sido abordada torna-se perigosa em termos de identidade nacional sobretudo para as
gerações das crianças moçambicanas futuros adultos da Nação.
Todos sabem que os americanos apoiaram o colonialismo português dentro da perspectiva do combate ao dito “terrorismo” africano. Por tal se torna insuspeita qualquer análise militar americana quando esta confirma o ataque a CHAI. As Forças Armadas americanas através da sua espionagem militar estavam informadas pelo próprio exército português do que se passava no terreno…” Atentamente a D.I.A – Defense Intelligence Agency – a contra inteligência militar norte – americana (e o G.R.U – contra inteligência militar soviética dos russos) …acompanhavam os movimentos de libertação africanos devido à movimentação de armamento de guerra para Tanzânia e Zâmbia. São as ligações perigosas dos tempos da guerra-fria (quente)!”…in DOSSIER (5) TOUPEIRAS NA FRELIMO; A PIDE, A CIA, O MI 6, O KGB – crónica publicada em 2003/2004, de autoria de João Craveirinha.
No texto de hoje temos uma fonte insuspeita de um analista militar – o Major Lance S. Young da USAF (Força Aérea norte - americana) no seu estudo “Mozambique's Sixteen-Year Bloody Civil War - CSC 1991”-, Os Dezasseis Anos da Sangrenta Guerra Civil de Moçambique (em inglês americano): …”On 25 September 1964, FRELIMO solders, with logistical assistance from the surrounding population, attacked the administrative post at Chai in Cabo Delgado Province. This raid marked the beginning of the armed struggle against the colonial regime. FRELIMO militants were able to evade pursuit and surveillance by employing classic guerrilla tactics: ambushing patrols, sabotaging communication”… (5:84)”… - AUTHOR Major Lance S. Young, USAF - CSC 1991, (link)…
…http://www.globalsecurity.org/military/library/report/1991/YLS.htm
Tradução livre: (Em 25 Setembro 1964, soldados da FRELIMO, com assistência logística da população vizinha, atacaram o posto administrativo de Chai na Província de Cabo Delgado. O ataque marcou o início da luta armada contra o regime colonial. Os militantes da FRELIMO foram capazes de levar a cabo acções de reconhecimento, perseguição, evasão, empregando tácticas de guerrilha clássica: emboscando patrulhas, sabotando comunicações)
… Mais adiante: …” and making hit-and-run attacks against colonial outposts before rapidly fading into accessible backwater areas”... (e efectuando ataques de bate-foge contra os postos avançados coloniais e rapidamente desaparecendo por entre as terras acessíveis em água) … Mais adiante o “military report” enfatiza que: -
…”At the war's outset, FRELIMO had little hope for a military victory; its hope lay in a war of attrition to compel a negotiated independence from Lisbon. The goal of FRELIMO was to make the war so costly that eventually Portugal would withdrawl, a goal made difficult by loans from the United States and West Germany and arms from NATO to Portugal.(4: 187)”…
Tradução: (No princípio da guerra, A FRELIMO tinha pouca esperança numa vitória militar; a sua esperança residia numa guerra de desgaste compelindo Lisboa a negociações para a independência.
O objectivo da FRELIMO era o de tornar a guerra tão dispendiosa forçando eventualmente Portugal a retirar-se, um objectivo difícil de atingir devido aos empréstimos [financeiros] dos Estados Unidos e da
Alemanha [Federal] e em armas através da OTAN a Portugal). O relatório realça o facto de apesar de não ter havido derrota militar, os custos muito elevados financeiros e em vidas, custaria a guerra a
Lisboa. …” But the expense in blood and treasure, notmilitary defeat, cost Lisbon the war; its army was never destroyed on the battlefield, although some of its officers were converted to FRELIMO's revolutionary social goals for Portugal.(4:187&188)”…e termina afirmando que o exército [português] nunca foi derrotado no terreno, no entanto, alguns de seus oficiais convertem os objectivos da revolução social da FRELIMO para Portugal”...(fim de tradução).
Num “saite” foi encontrado este texto proveniente de um ex – soldado colonial indígena de Portugal, utilizando o pseudónimo de Salimo… (refere-se a artigo na Internet que questiona a versão oficial do 25 Setembro 1964 em CHAI e do relatório do ARPAC) … Excertos sem correcção do português …”Alô malta. Este artigo é oportuníssimo. A mim não me surpreende nada, absolutamente nada. Aliás, não surpreende a ninguém, sobretudo a quem esteve a prestar serviço militar nas zonas de guerra ou guerrilha, como lhe queiram chamar.
Por acaso estive na zona de Macomia, Salima, Muaguide, etc., etc., junto à Serra Mapé, quando fui militar. Fui operacional e sei do que falo, fazia em média 3 operações por mês e várias picagens
(detectação de minas) por mês. (Por pura coincidência, no próximo dia 04 vai haver, em Évora, [Portugal] um encontro dos militares que estiveram em Muaguide). A Frelimo, militarmente, não era grande coisa, não fossem as minas (....) A Frelimo, militarmente, tendo em conta os apoios dos Russos e Chineses (incluindo homens e mulheres no território) e a boa qualidade deequipamento militar que possuía, além de conhecerem muitíssimo melhor o "terreno que pisavam" e da habituação do clima, tinha por obrigação de ter feito
muito mais do que fez. A meu ver, respeitando opinião contrária, a Frelimo como força militar era umZERO. Não havia militar que se aproveitasse, a começar pelos generais da Frelimo e a acabar nos
guerrilheiros. Se em 1964no tal ataque que a Frelimo diz ter morto "meio-mundo" e que afinal, segundo o relato de quem lá esteve, mesmo que com a idade de 8 anos, não morreu ninguém e que só houve uma rajada e a fuga, … Salimo” (?!)… (Tanto disparate! SEM
COMENTÁRIOS! FIM).
VERTICAL-24.09.2004
23/09/2004
Será que a verdade do 25 de Setembro de 1964 será reconhecida em 2004?
O polícia veio e estacionou à porta da casa do chefe de posto, sentado numa cadeira. Era branco. Eu aproximei-me do polícia para o atacar. O meu tiro era o sinal para os outros camaradas atacarem. O ataque teve lugar às 21 horas. Quando ouviu os tiros, o chefe de posto abriu a porta e saiu — foi morto por um tiro. Para além dele seis outros portugueses foram mortos no primeiro ataque. A explicação dada pelas autoridades portuguesas foi «morte por acidente». Retirámos. No dia seguinte fomos perseguidos por algumas tropas — mas nesse momento já estávamos longe e não nos encontraram (').
(1) Mondlane, Eduardo, The struggle for Mozambique, p.15"
Ou será que repetirá o que em 2003 afirmou à BBC inglesa:
Alberto Chipande, hoje general na reserva, foi o autor do disparo que marcou o início da luta pela independência.
CHIPANDE: ... o primeiro grupo que entrou em Cabo Delgado, 1964, para iniciar a luta na província de Cabo Delgado.
Ao mesmo tempo, foi o meu grupo que tinha essa missão de ir atacar Porto Amélia, mas como as condições não foram favoráveis, calhou que no dia 25 de Setembro eu fizesse o combate em Chai. Eu fui o comandante. Precisamente pelas 20 horas do dia 25 de Setembro de 1964.
BBC: General, quantos elementos faziam parte do seu grupo?
CHIPANDE: Nesse dia, quando atacámos, nós éramos um grupo de 12 pessoas que atacámos o Posto de Chai.
BBC: Estão todos vivos?
CHIPANDE: Alguns estão vivos e alguns já faleceram durante o tempo da luta armada e outros após a independência.
BBC: Depois de terem atacado o Posto de Chai, como é que foi a retirada? O que é que aconteceu depois?
CHIPANDE: Quando eu disparei o primeiro tiro que atingiu ao sentinela que estava ali atrás, que guarnecia a casa do chefe do posto, os meus colegas, um dos meus colegas abriu fogo directamente para o chefe de posto que caiu logo em frente. E começámos então o ataque. Depois do ataque, que durou aproximadamente uns minutos, eu dei o sinal de recuo e todos recuámos. Não perdemos nenhum do nosso lado, nem ferido, e ao mesmo tempo não perdemos nenhum material.
Ou será que seguirá o que a comissão da ARPAC “descobriu”:
Ensina-nos a História da Frelimo que no desencadeamento da Luta Armada de Libertação Nacional, na noite do dia 25 de Setembro de 1964, foram mortas, pelo menos, duas pessoas, nomeadamente o Chefe do Posto Administrativo Colonial de Chai e o sentinela que guarnecia a residência do Chefe do Posto.
Alberto Joaquim Chipande, o autor do primeiro tiro dado no Chai naquela noite, tem vindo a afirmar e a reafirmar o que os livros da Frelimo ensinam sobre as consequências do primeiro tiro rumo à libertação.
Porém, hoje, quarenta anos depois, tudo indica que essa história do primeiro tiro não está lá muito bem contada, ou, pelo menos, não parece haver consenso sobre as consequências desse primeiro tiro, a julgar pela recente pesquisa levada a cabo pelo ARPAC (Arquivo de Património Cultural), instituição do Estado subordinada ao Ministério da Cultura.
De acordo com essa pesquisa, baseada em 35 entrevistas a pessoas “idosas e nativas de Chai” durante o ataque dos guerrilheiros da Frente de Libertação de Moçambique “nenhuma pessoa foi morta”.
“Uma semana depois do ataque, houve sim, uma morte. Tratou-se do cunhado do Chefe do Posto que, quando regressava do rio Messalo à busca de água de viatura, caiu numa emboscada” , refere o documento do ARPAC citado pela última edição do jornal “Horizonte”publicado na cidade de Pemba.
Em relação a esta morte posso acrescentar e esclarecer:
O Chefe do Posto à data do ataque chamava-se Felgueiras e estava com a família lá. Na hora do ataque não estava no posto pois tinha ido ao Messalo com 2 polícias e varios cipais. Só ficou no posto um polícia branco e vários cipais. Também lá moravam funcionários do posto, o Pinheiro e o Brandão, mais a família Alves. O enfermeiro chamava-se Tivane. O Cozinheiro era o Amade.
O Felgueiras pediu ao Governador para sair e foi temporariamente substituí-lo o Dias de Macomia. Talvez uma semana depois foi o Fonseca lá colocado que levou a mulher. Vindo de Portugal estava com eles o cunhado deste que foi quem, não uma semana, mas cerca de 3 semanas depois, foi morto quando passava junto ao Rio Messalo vindo do Monte Oliveiras. Vinham 3 pessoas no Jeep e ele ia no meio. As outras duas nada apanharam e ele levou um tiro entre os olhos, vindo a falecer já depois de evacuado.
Assim não foi o cunhado do Chefe do Posto da altura que foi morto, mas o cunhado do que o veio substituir.
Fernando Gil
Nota: Visite http://www.macua.org/chai25092003.htm
Televisão de Moçambique privilegia candidato da Frelimo
O Director do Gabinete Eleitoral da Renamo-União Eleitoral, Eduardo Namburete insurgiu-se contra o trabalho que nos últimos tempos tem sido desenvolvido pela televisão pública moçambicana que no
seu entender privilegia apenas o candidato do partido no poder.
Namburete sustenta que, a TVM que é controlada pelo Estado, trata «uns como filhos e outros como enteados», numa clara alusão a descriminação a que estão sendo alvo os candidatos da Oposição naquele órgão de comunicação público.
Nesta parte final da entrevista que concedeu ao IMPARCIAL, o chefe de campanha da “perdiz” considera que o candidato do partido no poder Armando Guebuza, é pouco conhecido e tem um passado não dignificante, sendo por isso que não constitui grande ameaça a Afonso Dhlakama nas eleições que se avizinham.
P: De certeza acompanhou a sondagem recentemente divulgada pelo ISPU, qual é o comentário que faz?
R: Olha é um pouco difícil comentar o trabalho dos outros, particularmente quando se trata de pesquisas de opinião ou sondagem, como quisermos chamar, porque as pesquisas valem o que valem, depende muito dos objectivos que foram traçados; para esta pesquisa em particular, não tenho muita informação
que possa dar subsídios ao meu comentário ou análise; a única coisa que sei são os números que o ISPU
apresentou, mas para fazer uma análise bem formulada, é preciso conhecer em que circunstâncias o estudo foi feito, quem são as pessoas que foram fazer a pesquisa, qual é a formação dessas pessoas que
dirigiram esta pesquisa, como é que escolheram os locais onde foram feitas as pesquisas, e como é que as pessoas que respondiam ao inquérito eram escolhidas e tudo isso, para podermos chegar então à conclusão de se, de facto, este estudo é fiável ou não é fiável.
Penso que são informações necessárias para se fazer um julgamento, uma análise profunda sobre o estudo. Mas olhando muito por alto, fazendo uma análise comparativa, um estudo dessa natureza que
poderíamos considerar de estudo de tendência a longo prazo; olhando o percurso dos últimos processos eleitorais, tenho muitas dificuldades em considerar este estudo como sério; é um estudo que mostra resultados completamente deslocados de tudo o que tem sido pesquisa que se faz neste país, portanto esse deve ser o primeiro estudo desde que começou o processo eleitoral e que trás números dessa natureza, mas para uma análise científica eu precisaria de ter mais informações sobre este estudo do
ISPU.
P:O que a Renamo pensa do recenseamento eleitoral noestrangeiro?
R: Olha, nós temos sido acusados de sermos maus interpretadores da lei, em outras palavras, tentam nos chamar de ignorantes. Nós fomos os primeiros a alertar aos órgãos eleitorais, quando foi do recenseamento dentro do país.
Chamámos a atenção que os passos que estavam a ser dados, não iriam produzir os efeitos desejados; disseram-nos que não eramos competentes para dar aquele tipo de conselhos, e o resultado foi o que foi visto. Agora com o recenseamento no estrangeiro, nós alertámos, também, aos órgãos eleitorais para que as coisas fossem feitas dentro dos passos que são necessários para se chegar à conclusão se existem ou não condições para que esse processo fosse levado avante; os órgãos eleitorais recusaram o
nosso comentário e avançou-se para o terreno. Chegados ao terreno, perceberam que não havia condições de se fazer o recenseamento no exterior nos moldes em que queriam; como se não bastasse,
expandiram o raio de acção das embaixadas nesses locais, que a nosso ver é uma transgressão da soberania desses países onde o processo está a ser desenvolvido.
Moçambique tem soberania dentro do quintal da embaixada ou do consulado, mas o que está a acontecer hoje, é que os órgãos eleitorais, estão a fazer o recenseamento fora dos quintais das embaixadas contrariando inclusive a própria lei eleitoral que diz que o recenseamento no exterior deve ocorrer nas embaixadas, quer dizer que é naquelas 4 linhas que cercam as embaixadas. Há poucos dias,
o porta-voz da CNE, apareceu a dizer que as pessoas da Renamo têm dificuldades de interpretar as leis, porque a jurisdição de uma embaixada é como se fosse a jurisdição do Tribunal de Sofala, ele fez esta comparação dizendo que a jurisdição do Tribunal de Sofala é de toda a província de Sofala, o que quer dizer que a jurisdição da Embaixada de Moçambique em Joanesburgo, seria de toda a cidade de Joanesburgo.
Está errado. Nós temos aqui no país várias embaixadas, como é o caso da Embaixada dos EUA ou da Noruega. Eles não tem jurisdição de outro lado da estrada das embaixadas, a jurisdição deles é só nas
4 linhas onde eles funcionam.
Mas o nosso jurista, o porta-voz da CNE diz que nós é que somos malucos, que somos ignorantes e que eles é que sabem, por isso é que estão a fazer o recenseamento fora das embaixadas contrariando tudo o que são leis, quer a nossa lei eleitoral e eu acho também o espírito de soberania de outros países. Os números que estamos a receber estão a provar claramente que o recenseamento no exterior está
sendo um fracasso. Estimava-se o número de 300 mil, mas por aquilo que estamos a ouvir se calhar nem metade desse número se vai recensear no exterior.
A minha avaliação desse processo é que mais uma vez a teimosia dos órgãos eleitorais está sendo posta a nú.
Acesso desigualaos órgãos de informação
P: Nas condições em que está o país, acha que haverá possibilidade de realização de eleições livres e justas?
R: Até agora não temos grandes problemas nas eleições. Algo tem acontecido que é o problema do acesso desigual aos órgãos de comunicação do Estado. Isto por si já coloca uma desvantagem para os
partidos da Oposição. O que nós sabemos e nos apercebemos é que a televisão pública principalmente, ela privilegia apenas o candidato do partido no poder, os outros da Oposição têm muito pouco espaço nos órgãos públicos.
Isto para uma democracia é muito mau. É preciso que as pessoas entrem no jogo em pé de igualdade; neste caso o Estado trata uns como filhos e outros como enteados. Estou a falar concretamente da nossa
televisão pública(TVM) em termos do processo em si, de votação e essas coisas todas, se não ocorrerem de novo os episódios que aconteceram durante o recenseamento: espancamentos, as ameaças, as prisões arbitrárias, os incendiamentos das casas dos nossos delegados nas províncias
e nos distritos, nós acreditamos que até agora existem condições para as eleições se realizarem de forma livre e justa porque a actual lei, permite algum nível de controlo do processo eleitoral, mas teremos de esperar para ver se de facto este clima e estas questões que foram levantadas poderão ser ultrapassadas ou não.
Registo de Dhlakama
P: Para quando á que está previsto o registo da Renamo- UE e do seu candidato?
R: Tenho dito às pessoas que me questionam sobre este aspecto que os prazos não estão esgotados, estamos dentro dos prazos e até à proxima semana o nosso candidato vai apresentar a sua candidatura e também dentro dos prazos previstos na lei vamos apresentar as listas dos nossos deputados candidatos à Assembleia da República.
A convicção é de ganhar
P: Qual é a convicção que o candidato da Renamo tem, considerando que desta vez vai concorrer com uma outra figura da Frelimo, já não é Joaquim Chissano. Acredita que Afonso Dhlakama e a Renamo-UE estão em condições de ganhar estas eleições?
R: A minha convicção é de que, se já com o líder carismático como era o presidente Chissano, líder famoso ou conhecido pelas massas pela sua qualidade de ser presidente da República durante muito tempo, desde 1986, a diferença entre o candidato da Renamo era mínima de tal modo que em algumas vezes foi preciso recorrer à fraude, caso específico de 1999; não seria muita ingenuidade nossa se afirmássemos que o candidato do partido desta vez é uma pessoa muito pouco conhecida, uma pessoa com um passado não muito dignificante; respeitam-lo, não vamos dormir e dizer que ele não tem chances, mas temos convicção de que vamos ganhar.
A campanha do candidato da Renamo-União Eleitoral é um movimento do povo, é um movimento da juventude é um movimento de todos os moçambicanos que há muito tempo choram por uma mudança; e parece ter chegado o momento de pisarmos a terra prometida; o povo já sofreu bastante e esta é a alternativa e este é o momento para mudarmos Moçambique.
JOSÉ CHITULA - IMPARCIAL - 24.09.2004
Cinco anos do executivo de Chissano(5)
O ministério foi criado por pressão dos antigos combatentes agastados com o seu lugar subalterno num país que ajudaram a parir. Foi recebido, pelos antigos combatentes, como uma espécie de panaceia. Mas o tempo encarregou-se de frustrar os sorrisos de esperança de quem investiu a juventude lutando pela pátria. Hama Thai, ridicularizou-se porque não conseguiu satisfazer as promessas que havia feito ao antigos combatentes da classe plebeia. Muitos foram os antigos combatentes que remeteram projectos, acreditando que António Hama Thai e seu pares facilitariam os respectivos financiamentos.
Qual quê? Muitos antigos libertados da pátria continuam a minguar, só consolados pela nipa.
Os seus filhos mal conseguem acesso a escolas condignas. Enquanto isso, uma falange de antigos combatentes ostenta riqueza a olhos vistos e de forma escandalosa.
Um deles gaba-se de ter enriquecido criando patos num cenário em que a pensão dos antigos combatentes mal chega para comprar um pato mensalmente. Sem margens de dúvidas, os antigos combatentes são um campo fértil para quem deseja estudar o fenómeno de luta de classes na sociedade moçambicana.
De um lado, uma maioria que chora pelo pão que não tem e merece e, de outro, uma minoria que tem pães em demasia. Hama Thai não tem sabido comportar-se como antigo combatente.
Aliás, somos da opinião de que o Ministério dos Antigos Combatentes devia ser extinto. Nem que seja só pelo facto de não estar a cumprir com os objectivos que nortearam a sua criação.
Mas porque estamos em vésperas do 25 de Setembro, o ministro Hama Thai fica com a nota 1. Só por isso. Porque de facto merecia menos. Que o digam os seus camaradas de armas que esta semana marcharam por algumas artérias de Maputo a exigir justiça.
(Só para facilitar a compreensão, a nossa escala vai de 0 a 10).
CM - IMPARCIAL - 24.09.2004
22/09/2004
Guebuza “tramado” em Maputo
dia que passa, o eleitorado de Maputo-Cidade, uma das zonas do Sul do país tida como “bastião” do partido no poder.
Nesta semana que se está a iniciar, assiste-se na capital moçambicana a mais um episódio envolvendo agentes da Polícia Camarária declarando uma “guerra sem quartel” aos chamados vendedores de esquina.
Não faz muito tempo que o Conselho Municipal da Cidade de Maputo ainda sob gestão do partido do “tambor e da maçaroca”, lançou um apelo aos vendedores de esquina para que abandonassem
os locais que ocupam e fossem desenvolver as suas actividades em locais apropriados, que são os mercados que funcionam na cidade.
Há muitos anos que o Conselho Municipal tem lançado sem sucessos este tipo de operações coercivas contra os vendedores de esquina que teimam em continuar a vender os seus produtos na via pública.
O que não deixa de ser curioso nestas “investidas” da Polícia Camarária, é o facto de, numa dada época do ano tolerar que os vendedores desenvolvam livremente os seus negócios, chegando por vezes a cobrar taxas por aquele tipo de actividade comercial, e noutras épocas, pautar por uma perseguição
que culmina com a confiscação de seus produtos e nalguns casos, detenções daqueles vendedores que
ousam resistir à operação que é acompanhada por agentes da Polícia da República de Moçambique (PRM).
Para muitos dos vendedores de esquina, o que está acontecer no Município de Maputo, é reflexo da corrupção que tomou conta do Governo da Frelimo, pois uma boa parte deles questiona as razões que levam o CMCM a cobrar taxas aos vendedores de esquina sabendo que aquele tipo de negócios
é ilegal.
Outros duvidam que os produtos confiscados nestas operações, sejam mesmo entregues à Acção Social e chegam a afirmar que a mercadoria recolhida tem servido para “aliviar” a já precária situação social de alguns agentes envolvidos nestas operações contra os vendedores de esquina.
Perante o olhar revoltoso de muitos vendedores de esquina que dizem ter abraçado o negócio por uma questão de sobrevivênvia, ontem numa das artérias de Maputo, os desabafos não se fizeram esperar e enquanto a Polícia Camarária “escorraçava” os vendedores, alguns destes, entre murmúrios diziam abertamente que “só estão a tramar o Guebuza”, numa clara alusão que o candidato presidencial pelo partido Frelimo, a cerca de dois meses das eleições começa a ser reprovado por aquele grupo alvo que representa um número significativo de eleitores ao nível da Cidade de Maputo.
JOSÉ CHITULA
IMPARCIAL - 21.09.2004
Cinco anos do executivo de Chissano(2)
Virgínia Matabele, nota (1)
Em momento em que os movimentos feministas assumem visível protagonismo, esperava-se muito mais de Virgínia Matabele. A sua estratégia de promoção da mulher numa sociedade em que predomina o modelo ando-crático tem sido, sem margens de dúvidas, visivelmente fraca. A lógica de seminários não tem surtido efeitos. Aliás, neste capítulo, diga-se em abono da verdade, Matabele e seus pares perdem de longe com as várias organizações da sociedade civil verdadeiramente empenhadas em lutar para
que a mulher se liberte do papel subalterno a que está votada.
No que concerne á Acção Social, o ministério de Matabele simplesmente baldou-se. Neste capítulo pouco se conhece do campo de acção do MMCAS. O suposto apoio à população vulnerável, tornou-se um meio de enriquecimento de quem devia velar pela melhoria da qualidade de vida dos mais carenciados. O Instituto de Acção Social, INAS, é palco de espectaculares episódios de corrupção desde a sede até às delegações provinciais. Sobre os reportados casos de corrupção no INAS a ministra não tugiu nem mugiu. Quem cala consente, diz um ditado da idade da humanidade.
Espectacular é a forma como o MMCAS está ausente de campos que se acredita estarem dentro do seu raio de acção. A título de exemplo, não se justifica que o combate à toxicodependência não conste da agenda ministerial de Virgínia Matabele. Também, seria pedir demais a quem acredita que o referido combate esgota-se, resgatando um familiar directo das malhas da droga.
Mas por uma questão de cavalheirismo, Virgínia Matabele fica com a nota 1. Só por uma questão de cavalheirismo. Porque, de facto, merece muito menos. CM
IMPARCIAL - 21.09.2004
Se Samora Machel fosse vivo...
Uma falange, não minúscula, de moçambicanos acredita que caso Samora Machel continuasse vivo a sua sorte seria outra.
O poder político não ficou alheio ao resgate: a pré-campanha de Armando Guebuza tem se apoiado muito nos emblemáticos discursos do primeiro Presidente do Partido Frelimo.
Mais duas semanas e haverá pompa e muita circunstância pelos 71 anos que Samora Machel comemoraria se fosse vivo. A pompa virá do lado mais suspeito. Dos que se beneficiaram, sem dúvidas, da sua morte. Dos que desvirtuaram os seu ideais e supostamente, criando patos tornaram-se os Rockefellers domésticos. Há quem diga que frangos rendem mais do que patos. Mas, isso é outra história. Foi em 19 de Outubro de 1986 que tudo se tornou turvo para uma certa falange de moçambicanos. Outros acordaram os seus apetites burgueses que estavam adormecidos. O “Nós
somos soldados do povo marchando em frente na luta contra a burguesia”, foi atirado para as gavetas da história. Também o refrão virou-se contra os seus mais dedicados cantores.
Mas se Samora Machel fosse vivo que Moçambique teríamos?
O resgate da figura de Samora Machel tem sido feito com alguns cortes em relação à realidade da sua chancelaria. Tenta-se vender às novas gerações uma imagem demasiado romantizada dos anos do Machelismo.
É uma espécie de filme censurado. Os realizadores, cortam, no filme, os tempos do carapau e repolho, do pão ausente, da guia de marcha, das chambocadas públicas, dos fuzilamentos em hasta pública, dos campos de reeducação, da detenção dos que pensavam diferente dos “libertadores”.
No filme oficial não consta que o regime dirigido por Samora Machel fuzilou, em pleno estado de direito, extrajudicialmente.
Melhor, não se quer que os jovens de hoje saibam que “DEMOCRACIA” era um conceito ausente nos tempos da “outra senhora”.
É preciso que se saiba que, com Machel, vivíamos numa ditadura. O partido único governava o amor e determinava as horas em que os casais deviam fazer sexo.
Mas é preciso resgatar Samora Machel no que ele tinha de bom. Na sua vontade de visionar um Moçambique justo, onde a burguesia fosse uma classe a combater. É preciso resgatar sem enganar
aos mais jovens.
CELSO MANGUANA
PS: Este texto é dedicado á Aurora Bila, ao João Paulo Ndava, ao Fenias Tovela, a Yolanda Boca, ao
Cláudio Manhiça, ao Dambuza Chissano, a Eunice Jorge, a Eunice Jethá e ao Roberto Tivane, meus
“camaradas” da “ Continuadores da Revolução”.
A revolução continua.
IMPARCIAL - 21.09.2004
A Universalidade de uma Opinião
A universalidade de uma opinião, tomada seriamente, não constitui nem uma prova, nem um fundamento provável, da sua exactidão. Aqueles que a afirmam devem considerar que: 1) o distanciamento no tempo rouba a força comprobatória dessa universalidade; caso contrário, precisariam de evocar todos os antigos equívocos que alguma vez foram universalmente considerados verdade: por exemplo, estabelecer o sistema ptolemaico ou o catolicismo em todos os países protestantes; 2) o distanciamento no espaço tem o mesmo efeito: caso contrário, a universalidade de opinião entre os que confessam o budismo, o cristianismo e o islamismo os constrangerá.
O que então se chama de opinião geral é, a bem da verdade, a opinião de duas ou três pessoas; e disso nos convenceríamos se pudéssemos testemunhar como se forma tal opinião universalmente válida.
Acharíamos então que foram duas ou três pessoas a supor ou apresentar e a afirmar num primeiro momento, e que alguém teve a bondade de julgar que elas teriam verificado realmente a fundo tais colocações: o preconceito de que estes seriam suficientemente capazes induziu, em princípio, alguns a aceitar a mesma opinião: nestes, por sua vez, acreditaram muitos outros, aos quais a própria indolência aconselhou: melhor acreditar logo do que fazer controles trabalhosos.
Desse modo, dia após dia cresceu o número de tais adeptos indolentes e crédulos: pois, uma vez que a opinião já contava com uma boa quantidade de vozes do seu lado, os que se seguiram o atribuíram ao facto de que ela só podia ter conquistado tais votos graças à consistência dos seus fundamentos. Os que ainda restaram foram constrangidos a concordar com o que já era considerado válido por todos, a fim de não serem considerados cabeças irrequietas que se rebelam contra opiniões universalmente aceitas, nem garotos intrometidos que querem ser mais inteligentes do que o mundo inteiro.
A essa altura, o consenso tornou-se uma obrigação. A partir de então, os poucos que têm capacidade de julgar precisam calar, e os que podem falar são aqueles completamente incapazes de ter opinião e julgamento próprios, são o mero eco da opinião alheia: contudo, são também defensores tanto mais zelosos e intransigentes dela. Pois, naquele que pensa de outro modo, odeiam menos a opinião diferente que ele professa do que o atrevimento de querer julgar por conta própria, experiência que eles mesmos nunca fazem e da qual, no seu íntimo, têm consciência. Em suma, muitos poucos sabem pensar, mas todos querem ter opiniões: o que mais lhes resta a não ser, em vez de criá-las por conta própria, aceitá-las totalmente prontas de outros? Uma vez que assim sucede, quanto poderá valer a voz de cem milhões de pessoas? Tanto quanto um facto histórico que se encontra em cem historiadores, mas que depois se comprova ter sido transcrito por todos, um após outro, motivo pelo qual, no fim de contas, tudo reflui ao depoimento de um único homem.
Arthur Schopenhauer, in 'A Arte de Ter Razão'
NINI AMEAÇA PROCESSAR JOAQUIM MADEIRA
No mesmo documento, Nini Satar defende o escrivão do Tribunal Judicial da Cidade de Maputo, Cossa, acusado recentemente pelo procurador-geral da República de ter sido a pessoa que teria feito chegar a Nini as cópias do processo autónomo do caso Carlos Cardoso, em que um dos principais réus é Nyimpine Chissano.
IMPARCIAL, 22/09/04
ÍNDIA CONCEDE LINHA DE CRÉDITO NA ORDEM DOS 20 MILHÕES DE DOLARES EUA
O montante, de acordo com um comunicado do Alto Comissariado de Moçambique na Índia ontem recebido pela AIM, deverá ser aplicado para projectos de apoio aos pequenos camponeses e na produção e aproveitamento integral do coco na província central da Zambézia. Outros projectos contemplados com o crédito indiano são os de construção de furos de água e respectivas bombas manuais, na Zambézia e Nampula e ainda a electrificação da alta Zambézia.
Para o efeito, um Acordo nesse sentido foi assinado em Mumbai (India), no passado dia 10 de Setembro corrente, pelo Alto Comissário de Moçambique naquele país asiático, Carlos Agostinho do Rosário, em nome do Governo Moçambicano, e por R. M. V. Raman, Director Executivo do "Export-Import Bank of India", em nome do Governo da Índia.
AIM 22/09/04
ECONOMIA MOÇAMBICANA EM RECESSÃO
A pesquisa, financiada pelo Banco Mundial (BIRD) e que contou com a contribuição de desta-cados economistas, como por exemplo Apolinário Panguene e Cardoso Muendane, indica que existem fortes sinais de que a indústria moçambicana está na fase de estagnação e começa a regredir,
acrescentando que, na composição sectorial do Produto Interno Bruto (PIB), os serviços é que têm um maior peso, o mesmo acontecendo em relação à indústria alimentar, bebidas e tabaco.
Salienta ainda que as indústrias de engenharia, matérias-primas industriais, insumos agrícolas e peças sobressalentes representam menos de sete porcento do produto industrial, enquanto que a agro-industrialização e pesca são “insignificantes”.
No entender daqueles especialistas, subsistem ainda indicadores micro-económicos que condicionam o crescimento das pequenas e médias empresas, não obstante o foco da política do Governo em estabilizar os indicadores macro-económicos. Acrescentam que o crescimento do PIB, a estabiliza-ção monetária e o crescimento do investimento privado não podem ser considerados como indicadores suficientes e adequados na avaliação do desempenho da economia moçambicana.
CORREIO DA MANHA 22/09/04
MOCAMBIQUE E PORTUGAL DISCUTEM DIVIDA DA HCB
Uma fonte do governo moçambicano, sem precisar números, disse que as conversações havidas Sexta-feira, em Maputo, centraram-se no apuramento de uma dívida razoável e ao estabelecimento de um novo quadro para a reversão do empreendimento. Depois se seguirá o estabelecimento de um sindicato financeiro que será encarregue pela liquidação da dívida.
NOTICIAS, 22/09/04
PT ENTREGA CANDIDATURAS PARA DEPUTADOS DA AR
Assim, o Partido Trabalhista entregou, formalmente, a documentação atinente ao processo de 500 candidatos a deputados efectivos e respectivos suplentes, aguardando neste momento pela verificação da regularidade da mesma.
NOTICIAS, 22/09/04
MISSAO PARLAMENTAR DA R-UE TRABALHA EM INHAMINGA
Eduardo Elias, que faz parte da comissão da Assembleia da República (AR) para os assuntos jurídicos, direitos humanos e legalidade apelou a toda a população que fugiu de Inhaminga na sequência dos confrontos de 18 de Julho passado (entre a Policia de Intervenção Rápida e homens armados da Renamo) para retornar à vila com garantia de tranquilidade.
A fonte disse que a missão parlamentar por ele encabeçada tem estado a trabalhar com as autoridades com vista a reposição do clima de paz, harmonia e confiança em Inhaminga, referindo-se aos encontros que teve com o Governador provincial, Comandante Provincial da Policia da República de Moçambique (PRM) e com o Administrador distrital de Cheringoma, onde disse ter recebido garantias de tranquilidade em Inhaminga.
AIM 22/09/04
MULEMBWE DIZ TER DESISTIDO DE CONCORRER PARA O CARGO DE SG DA FRELIMO PELA SOBREVIVENCIA DO PARTIDO
A desistência de Mulembwe, de acordo com o semanário “Demos” de hoje, aparentemente criou na província do Niassa um certo descontentamento da população que queria que este candidato quebrasse a tradição reinante na presidência da Frelimo e do país que, até então esteve sob liderança de individuos da zona sul.
DEMOS, 22/09/04
69 comentários:
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