- 18 Novembro 2012
- Opinião
Luanda – As reacções desencontradas em Portugal a um simples editorial deste jornal são prova da hipersensibilidade que atravessa hoje as elites portuguesas e mostram que há muita gente desactualizada em relação à nova realidade angolana. Isso acontece por culpa da imprensa portuguesa, que é refractária ao contraditório e à igualdade de tratamento em tudo o que diz respeito a Angola e aos outros países africanos de língua portuguesa, porque pensa que é uma ex-potência colonial igual à França e se pode portar como tal, criando agora os “Angolagate à Portuguesa”, depois do grande fracasso do processo de Paris.
Fonte: JA
Alguns jornalistas portugueses foram culpados do prolongamento da guerra em Angola e são hoje responsáveis da profunda crise que se verifica na sociedade portuguesa. Em Portugal a liberdade de imprensa é ditada por uma intrincada teia de grupos de poder ligados a grandes meios financeiros ilegítimos.
E essa é a razão por que a guerra pelo assalto aos únicos órgãos públicos de imprensa que ainda resistem, a Lusa e a RTP, é tão acirrada. Em todos os grupos privados, a começar pelo “Impresa”, de Pinto Balsemão, a liberdade de imprensa apenas existe na medida dos interesses políticos ou comerciais.
É neste quadro de tragédia que se deve entender a dificuldade da imprensa portuguesa em informar com verdade a situação em Angola. Até porque todos os jornalistas que garantiam uma igualdade de tratamento foram, na última década, afastados das redacções, no quadro de uma brilhante operação silenciosa.
Agora, ou as notícias sobre Angola respeitam a lógica dos “lóbis” que imperam na SIC, na RTP, na TVI, ou nada passa. Essa “cultura” anti-angolana passou mesmo pela colocação de “pivots” em pontos estratégicos para que nada escape aos mentores do negócio. É por isso que nas televisões e jornais portugueses surgem sempre as mesmas notícias, repetidas até à exaustão, sobre a corrupção em Angola. E assim se explica por que razão a imprensa portuguesa em bloco alinhou com o boicote à cobertura das eleições gerais em Angola.
A imprensa portuguesa simplesmente não enviou jornalistas. Pura coincidência? Não, houve uma acção coordenada e instruções superiores – aqui sim – para travar o envio de jornalistas, porque o objectivo era omitir que em Angola se caminha para uma das mais sólidas democracias do mundo.
Mas o mais grave é que a imprensa portuguesa faz o mesmo com o seu próprio país. Se a comunicação social portuguesa foi largamente responsável pela prolongada guerra que vivemos em Angola depois da Independência Nacional, a grave crise económica e social que hoje se vive em Portugal é igualmente da responsabilidade de jornalistas sem ética e das elites que os instrumentalizam. Todos juntos esconderam o que se estava a passar. Por isso não é de admirar que juízes de instrução façam dos jornalistas agentes provocadores ou que os órgãos de comunicação social se transformem em tribunais de última instância.
Não é de espantar que qualquer Primeiro-Ministro anuncie medidas para a saída do país da crise e no minuto seguinte lhe caia em cima um exército de jornalistas, comentadores e analistas, em canais sustentados com dinheiro dos contribuintes portugueses e europeus, com novos fatos e diferentes penteados, a rebentar com as medidas propostas, sem deixar pedra sobre pedra, e transmitindo para o exterior a ideia de que Portugal se tornou, tal como a Guiné-Bissau agora e Angola durante a guerra, num país ingovernável.
Enquanto não se libertar dos poderosos grupos ilegítimos que o querem sufocar, o jornalismo português está condenado a ser uma arma de arremesso contra a democracia. Mas não apenas em Portugal. Os PALOP também estão na mira das máfias políticas e económicas que dominam os grandes grupos de comunicação social portugueses.
As elites portuguesas chegam ao ridículo de acusar políticos angolanos de estarem há muitos anos no poder. Mas esquecem-se que em Portugal, nos últimos 38 anos, têm sido sempre as mesmas caras a agarrarem-se ao osso do poder, alguns até vindos do tempo do fascismo.
O império mediático de Murdoch, sabemos agora, foi construído em cima de crimes graves. Os impérios mediáticos portugueses não precisam de fazer escutas ilegais. Têm no Ministério Público e na Polícia Judiciária alguém a trabalhar para eles, numa aliança que torna sectores do jornalismo português armas contra os valores da democracia e as liberdades individuais. Desta vez usaram essa arma contra governantes angolanos, e foi apenas contra isso que este jornal se insurgiu.
Ninguém pode aceitar que os titulares da investigação e acção penal em Portugal alimentem a comunicação social com “notícias” destinadas unicamente a pôr em causa a honra e o bom-nome de cidadãos, sejam eles quem forem. Os governantes angolanos foram vítimas, novamente, dessa prática. E a violação do segredo de justiça foi confirmada exactamente por quem tinha o dever de impedi-la. Nós não aceitamos este comportamento, ditado pela inveja e a vingança.
As elites portuguesas estão muito mal informadas sobre Angola, e isso é culpa da sua imprensa. O Jornal de Angola deixou há muito de ser o único diário angolano. Há outros, inclusive gratuitos. Este jornal é independente e a opinião nele expressa é livre. Não estamos prisioneiros de redes mafiosas nem somos instrumentalizados por ninguém. O poder político legitimado pelo voto popular respeita a nossa independência.
Convido até os senhores Luís Fazenda e Pacheco Pereira a virem a Luanda ver como se faz cada edição do Jornal de Angola. Até lhes dou o privilégio de elaborarem o plano de edição. Vão perceber que este é um espaço de liberdade como já poucos existem no mundo.
Fonte: JA
Alguns jornalistas portugueses foram culpados do prolongamento da guerra em Angola e são hoje responsáveis da profunda crise que se verifica na sociedade portuguesa. Em Portugal a liberdade de imprensa é ditada por uma intrincada teia de grupos de poder ligados a grandes meios financeiros ilegítimos.
E essa é a razão por que a guerra pelo assalto aos únicos órgãos públicos de imprensa que ainda resistem, a Lusa e a RTP, é tão acirrada. Em todos os grupos privados, a começar pelo “Impresa”, de Pinto Balsemão, a liberdade de imprensa apenas existe na medida dos interesses políticos ou comerciais.
É neste quadro de tragédia que se deve entender a dificuldade da imprensa portuguesa em informar com verdade a situação em Angola. Até porque todos os jornalistas que garantiam uma igualdade de tratamento foram, na última década, afastados das redacções, no quadro de uma brilhante operação silenciosa.
Agora, ou as notícias sobre Angola respeitam a lógica dos “lóbis” que imperam na SIC, na RTP, na TVI, ou nada passa. Essa “cultura” anti-angolana passou mesmo pela colocação de “pivots” em pontos estratégicos para que nada escape aos mentores do negócio. É por isso que nas televisões e jornais portugueses surgem sempre as mesmas notícias, repetidas até à exaustão, sobre a corrupção em Angola. E assim se explica por que razão a imprensa portuguesa em bloco alinhou com o boicote à cobertura das eleições gerais em Angola.
A imprensa portuguesa simplesmente não enviou jornalistas. Pura coincidência? Não, houve uma acção coordenada e instruções superiores – aqui sim – para travar o envio de jornalistas, porque o objectivo era omitir que em Angola se caminha para uma das mais sólidas democracias do mundo.
Mas o mais grave é que a imprensa portuguesa faz o mesmo com o seu próprio país. Se a comunicação social portuguesa foi largamente responsável pela prolongada guerra que vivemos em Angola depois da Independência Nacional, a grave crise económica e social que hoje se vive em Portugal é igualmente da responsabilidade de jornalistas sem ética e das elites que os instrumentalizam. Todos juntos esconderam o que se estava a passar. Por isso não é de admirar que juízes de instrução façam dos jornalistas agentes provocadores ou que os órgãos de comunicação social se transformem em tribunais de última instância.
Não é de espantar que qualquer Primeiro-Ministro anuncie medidas para a saída do país da crise e no minuto seguinte lhe caia em cima um exército de jornalistas, comentadores e analistas, em canais sustentados com dinheiro dos contribuintes portugueses e europeus, com novos fatos e diferentes penteados, a rebentar com as medidas propostas, sem deixar pedra sobre pedra, e transmitindo para o exterior a ideia de que Portugal se tornou, tal como a Guiné-Bissau agora e Angola durante a guerra, num país ingovernável.
Enquanto não se libertar dos poderosos grupos ilegítimos que o querem sufocar, o jornalismo português está condenado a ser uma arma de arremesso contra a democracia. Mas não apenas em Portugal. Os PALOP também estão na mira das máfias políticas e económicas que dominam os grandes grupos de comunicação social portugueses.
As elites portuguesas chegam ao ridículo de acusar políticos angolanos de estarem há muitos anos no poder. Mas esquecem-se que em Portugal, nos últimos 38 anos, têm sido sempre as mesmas caras a agarrarem-se ao osso do poder, alguns até vindos do tempo do fascismo.
O império mediático de Murdoch, sabemos agora, foi construído em cima de crimes graves. Os impérios mediáticos portugueses não precisam de fazer escutas ilegais. Têm no Ministério Público e na Polícia Judiciária alguém a trabalhar para eles, numa aliança que torna sectores do jornalismo português armas contra os valores da democracia e as liberdades individuais. Desta vez usaram essa arma contra governantes angolanos, e foi apenas contra isso que este jornal se insurgiu.
Ninguém pode aceitar que os titulares da investigação e acção penal em Portugal alimentem a comunicação social com “notícias” destinadas unicamente a pôr em causa a honra e o bom-nome de cidadãos, sejam eles quem forem. Os governantes angolanos foram vítimas, novamente, dessa prática. E a violação do segredo de justiça foi confirmada exactamente por quem tinha o dever de impedi-la. Nós não aceitamos este comportamento, ditado pela inveja e a vingança.
As elites portuguesas estão muito mal informadas sobre Angola, e isso é culpa da sua imprensa. O Jornal de Angola deixou há muito de ser o único diário angolano. Há outros, inclusive gratuitos. Este jornal é independente e a opinião nele expressa é livre. Não estamos prisioneiros de redes mafiosas nem somos instrumentalizados por ninguém. O poder político legitimado pelo voto popular respeita a nossa independência.
Convido até os senhores Luís Fazenda e Pacheco Pereira a virem a Luanda ver como se faz cada edição do Jornal de Angola. Até lhes dou o privilégio de elaborarem o plano de edição. Vão perceber que este é um espaço de liberdade como já poucos existem no mundo.
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