2.11.2012, 16:00
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RIA
Novosti
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O redator-chefe do periódico polaco Rzeczpospolita, Tomasz Wróblewski, abandonou o posto após ter sido publicado um artigo onde se dizia que, no meio de escombros do avião presidencial caído nos arredores de Smolensk, haviam sido encontrados sinais de explosivos.
A hipótese terá sido afastada pelo Ministério Público da Polônia,
enquanto que a publicação causou grande polêmica e múltiplas repercussões na
opinião pública do país.
O trágico acidente ocorrido há dois anos ao avião do presidente
Lech Kaczynski parece não deixar em sossego algumas pessoas. Claro que tais
catástrofes não são frequentes, mas se mantêm na memória por muito tempo. A
queda do Tu-154 com o dirigente máximo polaco a bordo, passou a ser uma moeda de
troco num jogo político duvidoso. O líder da oposição, Jaroslaw Kaczynski, irmão
do presidente morto na sequência do acidente, lançou veementes críticas ao
governo, tendo-o acusado de "embuste colossal" e insistido em demissão imediata
do Gabinete de Ministros.
Segundo reagiu o primeiro-ministro, Donald Tusk, "é inadmissível
que o líder da oposição, baseando-se em especulações postas a circular na
imprensa, faça tais revelações", tanto mais que na noite do mesmo dia o jornal
divulgou um desmentido. Todavia, o mecanismo provocatório está lançado, a
sociedade fica consternada e os procuradores polacos dirigem queixas à parte
russa. Depois, os peritos polacos apontaram a necessidade de voltar a
inspecionar o avião na zona do desastre. Um novo exame dos fragmentos, como era
de esperar, não deu resultados esperados.
No entanto, a situação não mudou para melhor, tendo sido escolhido
um cenário desfavorável, considera Edmund Klich, membro da comissão de
investigação da tragédia.
"Acho horrível esta situação e nem posso imaginar como é que uma
catástrofe aérea de tal porte pode ter provocado a confrontação e tais ânimos
agressivos na sociedade polaca. É um assunto puramente político. Como sou perito
em matéria de aeronáutica, este "espaço" não é meu. Enquanto isso, o país está à
beira de cisão, tendo agora pouca importância a atividade de novas comissões de
inquérito: 36% dos polacos acreditam em atentado premeditado e apenas 4% confiam
em resultados da investigação oficial."
A oposição tem declinado quaisquer dados objetivos que não se
enquadrem na sua versão de atentado cometido contra o presidente Lech Kaczynski.
Mas o jogo se realiza no plano emocional, o que carece de lógica. Por isso, o
irmão do ex-presidente não poupa epítetos, criticando o governo que, segundo
alega, "há já 30 meses que esconde a verdade sobre um crime hediondo". É assim
que ele qualifica a trágica coincidência de circunstâncias que levou à queda do
avião polaco nas cercanias da cidade russa de Smolensk. Com isso, a oposição não
se cansa de ressaltar que o acidente se deu sob o pano de fundo da aguda
confrontação política entre Tusk e Kaczynski.
No afã de tirar desforra, a oposição comete falhas e erros
crassos, sendo o artigo em causa precário também do ponto de vista técnico,
opina a respeito Yuri Solozobov, diretor da seção de projetos internacionais
junto do Instituto da Estratégia Nacional, contatado pela emissora Voz da
Rússia.
"A substância explosiva que foi supostamente identificada nos
destroços é muito estranha. A nitroglicerina que explode mediante um toque
ligeiro, para não falar de turbulências típicas durante o voo, e o TNT foram
descobertos muito tempo após a meticulosa investigação levada a cabo por
especialistas de ambos os países. A hipótese sobre o atentado bombista vem a
lume na altura em que as relações russo-polacas tendem a normalizar-se."
Todavia, seria prematuro pôr um ponto final nessa história. Serão
necessários seis meses para a Procuradoria Militar polaca poder esclarecer se o
explosivo foi ou não foi colocado no avião presidencial. Talvez as suas
conclusões lancem luz sobre o acontecido e mudem a mentalidade dos autores da
teoria da conspiração. Ao menos, por algum tempo.
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