domingo, 21 de abril de 2013

Autoridades querem saber se atentados de Boston tiveram ajuda externa

 

Autoridades querem saber se atentados de Boston tiveram ajuda externa
legenda da imagemDjokhar Tsarnaev (à direita na foto) é a peça central para deslindar as razões do atentado e a existência de ligações a terceiros

As autoridades policiais norte-americanas viraram este sábado as suas investigações para o percurso extremista dos irmãos Tsarnaev na expetativa de interrogarem a breve trecho o jovem Djokhar capturado sexta-feira gravemente ferido e internado numa unidade hospitalar.

Ultrapassado o período de terror e angústia de quatro dias que demorou a morte de um dos autores dos atentados de Boston durante a fase final da maratona local e a captura do segundo, chegou o momento de responder às perguntas que toda a gente faz.

Para desgosto das autoridades, o jovem sobrevivente, dado o seu estado físico após sofrer graves ferimentos certamente obtidos na troca de tiros que encetou juntamente com o seu irmão com os polícias que os tentavam encurralar, não pôde até ao momento ser interrogado e consequentemente ajudar a esclarecer algumas dúvidas ainda existentes.

De acordo com informações libertadas pelas forças policiais responsáveis pela operação de "caça ao homem" desencadeada em Boston, o jovem terá ficado ferido no pescoço e na perna e perdeu muito sangue, pelo que o seu estado é considerado grave.

Para conseguir obter o máximo de informações possíveis, as autoridades norte-americanas poderiam num primeiro momento invocar “a exceção de segurança nacional” para evitar que o jovem pudesse invocar a advertência de “Miranda” que lhe daria direito a reservar-se ao silêncio e a não prestar declarações que o pudessem incriminar, bem como a ser assistido por advogado durante os interrogatórios.

“Agora que o suspeito está detido, a última coisa que queremos é que ele se reserve ao silêncio. É absolutamente vital que ele seja interrogado para tirar daí conclusões”, afirmam em comunicado os senadores republicanos John McCain e Lindsay Graham.

Na madrugada deste sábado (em Lisboa) o Presidente Barack Obama prometia aos norte-americanos que as autoridades policiais e judiciais tudo fariam para descobrir a verdadeira motivação e as razões do atentado que provocou três mortos e mais de uma centena e meia de feridos , alguns dos quais se encontram em estado considerado grave.

Os dois senadores republicanos exigem que ao jovem agora detido seja atribuído o estatuto de “inimigo combatente” apesar de este ster adquirido a nacionalidade norte-americana o ano passado. O estatuto requerido entre outros, pelo antigo candidato derrotado à Presidência dos Estados Unidos seria semelhante ao dos detidos na base militar norte-americana em Cuba de Guantanamo.

Ao contrário de algumas notícias que surgiram entretanto na comunicação social a polícia encarregue das investigações declarou que o jovem tchetcheno naturalizado norte-americano era a única pessoa procurada até ao momento.
Muçulmanos fervorososBarack Obama, dirigindo-se aos norte-americanos pela televisão afirmava na sexta-feira à noite (hora local) que “muitas respostas ficavam ainda por dar”.

“Como planificaram e executaram os atentados? Receberam ajuda de alguém?” são algumas das perguntas que segundo Obama urge responder. Em relação à ajuda é importante saber para além de determinar se ela existiu, saber a sua proveniência, nomeadamente, determinar se houve alguma ajuda estrangeira e se a houve, de que origem.

Os dois irmãos a quem são atribuídos os atentados, viviam em Cambridge há alguns anos após terem imigrado para o país no ano de 2003.

Se Tamerlan afirmava não “ter nenhum amigo”, pelo contrário, o seu irmão Djokhar parecia totalmente integrado. Descritos pelo pai, Anzor Tsarnaev, que vive em Makhatchkla, capital do Daguistão, como “muçulmanos fervorosos” são defendidos energicamente pelo progenitor que acusa mesmo as autoridades norte-americanas de “terem armadilhado” os seus filhos.

Também o Presidente Tchetcheno, República do Caucaso russo maioritariamente muçulmana, descarta responsabilidades ao afirmar que os jovens “não viveram na Tchetchenia. “Viveram e estudaram nos Estados Unidos (…) É necessário encontrar as raízes do mal na América” afirmou.

O mais velho dos irmãos já tinha sido interrogado pel FBI em 2011 “a pedido de um governo estrangeiro” que a comunicação social nomeadamente o The New York Times afirma ser a Rússia. Na sua pagina youtube, o jovem tinha acrescentado vários vídeos favoritos nas categorias de “Islão” e “Terrorismo”.
Tamerlan esteve no Daguistão em 2012
O inquérito então conduzido em relação ao irmão mais velho teve na base “uma denúncia de que ele seria partidário do radicalismo islamista e um fervoroso crente que mudara radicalmente quando se preparava para deixar os Estados Unidos para se dirigir a uma região do país (que solicitara o inquérito ao FBI) com o objetivo de se juntar a grupos radicais não identificados, de acordo com um comunicado oficial da polícia federal.

Este inquérito não conduziu o FBI a nenhuma conclusão de que o jovem estivesse envolvido em “qualquer atividade terrorista”.

O pai confirma em entrevista ao Wall Street Journal que Tamerlan o visitou no Daguistão entre janeiro e julho de 2012. Anzor Tsarnaev diz mesmo que os dois se deslocar à Tchétchénia onde visitaram outros parentes.

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