terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

Eu sou português!

Opinião

Eu sou português!

Acima de tudo, André Ventura manifesta uma postura política oportunista que não devia deixar ninguém sossegado, sobretudo aqueles que hoje se sentem protegidos por ele. Da mesma forma que lhe convém instrumentalizar a opinião popular contra as minorias raciais pode-lhe interessar fazer o mesmo contra “Alentejanos”, “Minhotos”, “comunistas”, “Portugueses na diáspora”.
É uma sensação estranha emitir uma opinião algo divergente sobre um assunto que constitui uma espécie de standard para vários amigos com os quais estou plenamente de acordo. Corro, com isso, o risco não só de comprometer o excelente trabalho cívico de consciencialização que eles fazem, como também de parecer dar alento a pessoas que me parecem pôr em causa os fundamentos éticos que viabilizam a democracia portuguesa. Mas é assim, eu acho que no fundo somos todos racistas. Há racistas bons, nós portanto, e racistas maus, os outros. Nós, os bons, reconhecemos tacitamente a validade da categoria racial pela forma como a usamos para exigir que a existência de humanos mais escuros que outros não constitua razão, nem justificação, para que sejam tratados de forma injusta. Os maus, pelo contrário, partem do princípio de que essa existência constitui razão mais do que suficiente para que o tratamento seja diferente.
Nós, os bons, vivemos um paradoxo doloroso que consiste em reafirmar justamente o que queremos fazer desaparecer da cabeça das pessoas como forma de, um dia, prescindirmos dessa coisa em prol duma vida decente. A resistência que os maus opõem tranca-nos nesse paradoxo e faz de nós reféns do nosso apurado sentido de civismo. Quanto mais insistimos em apelidar os maus de (mais) racistas, mais perdemos o controlo sobre a narrativa porque eles podem, sem vergonha na cara, usar o nosso ponto de partida, que consiste na ideia de que do ponto de vista biológico a ideia de raça não faz absolutamente nenhum sentido, para nos dizerem que “somos todos humanos”. Nós sabemos, e eles também sabem, que todos sabemos que eles sabem que estão a perverter o sentido do que nós dizemos. A nossa preocupação é com a justificação do trato diferenciado, enquanto a deles é com a melhor maneira de ocultar a vileza cívica da sua postura.
É essencialmente a mesma coisa quando uma pessoa de pele clara, e normalmente sensata, reage ao nosso discurso anti-racista com recurso à ideia de que ela também seria vítima de racismo em África ou em meios dominados por pessoas de pele escura. Essa pessoa também sabe que nós sabemos que ela sabe que todos sabemos que não estamos a falar da mesma coisa. Ela refere-se ao tratamento que recebe dos escuros, muitas vezes em circunstâncias em que essa pessoa foi colocada no lugar onde se encontra por toda uma estrutura histórica de privilégios, a qual, por vezes, reduz drasticamente o mérito que essa pessoa possa ter tido para alcançar essa posição. A pessoa de pele clara não tem culpa por ter beneficiado disso – e há também pessoas de pele clara que pouco benefício tiram duma história viciada a seu favor –, mas o argumento dos racistas bons é justamente esse. Nós não temos nenhuma obsessão especial com a “raça”. Nós insurgimo-nos contra as condições estruturais que ditam a sorte de alguns por conta da instrumentalização ideológica de aparentes diferenças.
O que acontece aqui, na verdade, é que somos todos vítimas dum processo de racialização, daí a importância do conceito “sujeitos racializados” empregue por alguns. O que essa racialização faz não é necessariamente reafirmar a raça, mas sim usá-la para perverter a nossa humanidade que é real. Portanto, a nossa luta não é necessariamente contra quem acha que a existência de diferenças raciais justifica que os mais escuros ou os mais claros sejam tratados de forma diferente, mas sim contra quem acha que essa diferenciação seria compatível com o sentido de humanidade que a ordem política portuguesa promove e protege. Dito doutro modo, nós somos os defensores do que de mais nobre existe nesta ordem política e estamos perante os seus inimigos. Os “portugueses” somos nós, não eles. 
Quando um deputado diz que uma colega deputada devia regressar “às origens”, ele não está apenas a ser (mau) racista. Ele está a revelar a distância que o separa dos valores democráticos (assim como, pelo recurso à falácia do ataque à pessoa, a incapacidade de discutir) e, acima de tudo, ele manifesta uma postura política oportunista que não devia deixar ninguém sossegado, sobretudo aqueles que hoje se sentem protegidos por esse deputado. Da mesma forma que hoje convém ao deputado instrumentalizar a opinião popular contra as minorias raciais, vai-lhe interessar (potencialmente), um dia, fazer o mesmo recurso contra “Alentejanos”, “Minhotos”, “comunistas”, “Portugueses na diáspora”, etc. Essa é a história da demagogia por todo o lado. É, para usar uma imagem empregue uma vez por um Presidente americano, como urinar nas próprias calças. Num primeiro momento é bem quentinho, mas depois esfria e incomoda. 
Há aqui um problema intelectual bicudo. Nós, os bons racistas, somos intelectualmente profundos. O “sujeito racializado” para nós é uma metáfora dolorosa sobre o que ainda falta fazer para que o fundamento normativo que dá substância à ordem política portuguesa entre em sintonia consigo próprio. O mau racista, esse, não tem imaginação. Toma as coisas ao pé da letra e faz uso da “raça” para articular todos os preconceitos que o desqualificam como membro da sociedade política por a ela ser nocivo. Curiosamente, não é por causa dele e de gente da sua laia que Portugal é, apesar de tudo, aquilo que o país de bom tem, mas sim apesar dele e de gente da sua laia. Quando insistimos em chamar a esta gente de racista proporcionamos a ela uma excelente cobertura para ocultar o seu ténue compromisso com a humanidade. 
Então, um agente policial ou de segurança maltrata um afro-descendente e nós reagimos dizendo que ele é racista. Tudo bem. Mas antes de ser racista é um mau agente policial, é um brutamontes, é, nos termos de algumas leis, um criminoso. E se ele diz que age assim porque os “negros” merecem, então ele é pior do que isso. É um imbecil. Não existe nenhum sistema moral que sancione a brutalidade contra aquele que é tido como sendo diferente e continue incólume do ponto de vista ético. Esse sistema desumaniza-se automaticamente. E os bons racistas são pela humanização. Na verdade, não há bons racistas e maus racistas. Há pessoas com sentido cívico apurado, portanto, portugueses de verdade. E há pessoas que não aceitam os valores que definem Portugal, portanto, súbditos das suas paixões. São imbecis. Não sabem quão grande é a humanidade. Porque acredito que Portugal é, pelo fundamento normativo posto a descoberto por todos aqueles que lutam contra a racialização, a humanidade, sou também português. Bom, até certo ponto! 


  1. O meu comentario humanista e agregador não foi aprovado. Falava sobre pragmatismo e desmistificação como meio para darmos à proxima geração a oportunidade de fazer diferente. E de acabar realmente com o racismo. Em vez de por os sentimentos ao serviço da memória. Mas não foi aprovado. Tambem congratulava fortemente o autor. Mas não chegou. É triste.
  2. Em toda esta discussão há um problema subjacente: a confusão entre racismo e xenofobia. Como um leitor escreveu antes, racismo -- e creio ser esta a definição comumemte aceite -- implica a ideia de que 1) existem "raças" e, 2) de que uma (ou várias) é superior às outras. Por outro lado, xenofobia, como a etimologia indica, é o sentimento de "afastamento" relativo ao "outro", sendo este, por qualquer ou quaisquer razões, percebido como diferente. Muita da argumentação aqui apresentada remete para a xenofobia e quase nunca para racismo. Estarei a malhar em ferro frio?
  3. O autor traz elementos interessantes à discussão, mas eu queria saber a opinião dele e dos activistas anti-racistas, de todas as cores, quanto ao racismo a que já assisti de negros relativamente a outros negros. Por isso, concordo, (quase) todos nós somos racistas, a seu modo.
  4. Achei interessante anteriores entrevistas do autor em que ele usa o mesmo método, que parece desconcertante por se apresentar inicialmente inócuo e também inovador, para cativar o leitor ou ouvinte e para promover a discussão sobre assuntos e temas de África, lembro-me por exemplo (se não estou a confundir o autor) sobre a corrupção, sobre as ajudas ao desenvolvimento, etc, sumarizando claro na tentativa de levar a água ao seu moinho. Achei interessante o método, e mesmo com piada. Também neste ensaio sobre o racismo acho que é interessante e tem piada, mas aqui aparece mais como um truque do que como um método, convergindo de forma superiormente planeada, afinal para o habitual: o avivar, o atear, o incendiar.
    1. Piada? Planeada? Para incendiar? Assim, sem explicitar?
  5. Apreciei o belíssimo texto de Elísio Macamo e a sua afirmação de portugalidade. Perante a baixeza de muitos dos argumentos que as desprezam, por vezes receio que as pessoas de cor que se sentem portuguesas se desliguem desse vínculo que nos une a todos. Esperemos que tal não venha a ser o caso.
  6. Isto começa a ser interessante. Tão interessante como os debates na AR. Já saímos do debate na generalidade, para o debate na especialidade. Promissora mascarada.
  7. Cont. Estas declarações racistas nunca mereceram a condenação dos seus pares africanos, nem daqueles que escrevem habitualmente sobre o racismo. Exceptuo Mandela…
  8. Todas as formas de racismo devem ser condenadas, quer sejam praticadas por brancos, quer por negros: umas não justificam outras! O autor desconhece ou tenta branquear o racismo negro, invocando a “estrutura histórica de privilégios” ,que se reconhece terem existido, mas que hoje estão fora de questão. Ele sabe que nós sabemos que estamos a falar da mesma coisa. Comportamentos actuais de dirigentes africanos têm que ser tidos em consideração. Sem querer ser “racista bom” há condutas que não podem ser toleradas e devem ser denunciadas sejam elas praticadas por André Ventura , ou por Armando Guebuza, Julius Malema Mugabe..etc. Este último, teve a coragem de assumir o seu racismo visceral “ The white man is our real enemy.The white man is not indigenous to Africa.” (cont)
  9. Elísio Macano, é simplesmente uma honra partilhar a nossa nacionalidade consigo. O que escreve é de uma lógica cristalina, simples mas abundante bom senso e profundamente cívico. O meu sincero obrigado.
  10. Prof. Elísio Macamo há aqui comentadores que não entenderam o título da crónica. Que grande confusão o senhor arranjou.
  11. A censura .ataca outra vez...e falavam do Salazar. .....nunca Portugal será como a América.... tirem a ideia disso.... Europa dos europeus .
    1. Quem se queixa que os seus comentários são rejeitados, quase sempre são comentaristas que não leram as normas de publicação e pensam que estão no Sol ou Correio da Manhã.
  12. texto notável, por vezes até notável demais, ao pôr o dedo no paradoxo nuclear - o anúncio radioso da plena igualdade num mundo de cavada diferença branqueia (sem jogo de palavras) o racismo, enquanto q porém apontar essa diferença é, igualmente, repor o racismo, de modo q não parece haver escapatória e todas as posições estão de antemão armadilhadas, mesmo pelo 'bom' racismo. Mas toda a minha questão situa-se a montante desse dialelo: a q corresponde esta súbita instalação de uma 'evidência' q se tornou obsessivamente quotidiana - a uma realidade igualmente quotidiana e obsediante, ou a um discourse ideológico q se auto-alimenta e gera os seus próprios fenómenos, numa cadeia perversamente cíclica de reacção? A minha reserva não vai para este discurso, mas para a sua 'natural evidência'.
    1. Zé Manel mas que texto, estou sem palavras. Quando puderes manda-me o que escreve-te sobre aquele artista que colou com fita adesiva uma banana numa parede. Aposto que é igualmente sublime.
    2. a vantagem do adesivo é que evita escorregar. (Se isto fosse um koan, alguém teria comido a banana).
  13. Ao recentrar o foco nas estruturas - ao invés das posições e opiniões pontuais - Macamo dá a melhor contribuição que já li neste jornal para o debate. Este é um texto profundo e difícil, e daí que os comentários que lhe sejam feitos têm que o ser também. Por isso as análises simplistas, as falsas equivalências ou as totalizações absurdas farão pouco para desacreditar este contributo.
  14. Esta frase resume tudo: "Há pessoas com sentido cívico apurado, portanto, portugueses de verdade.". O problema é que as pessoas com baixo sentido cívico já não se agrupam quase exclusivamente na Ext.Dir. para estarem também o esquerdismo pseudo-anti-racista. A imbecilidade bipolar alimentando-se uma à outra. De um lado rebaixam-se uns pela cor da pele, e do outro justifica-se todos os seus males com o racismo numa vitimização por vezes real, mas exagerada e manipuladora muitas outras, enjeitando culpas próprias. De resto, para mim quem faz bem a Portugal é português. Farto de corruptos e vigaros de 100ª geração Tuga ando eu tal, com do choro das vítimas profissionais. A maior riqueza de um país é o seu povo, e tendo Portugal sido grande ao englobar tanta diversidade devia de a aproveitar.
    1. Nesta concordo consigo. Começando pelo seu fim, claro que a riqueza de Portugal são os Portugueses, variados e diversos, e é óbvio que Portugal é feito de variedade e diversidade e o que deveria ser o desígnio comum seria a convergência para os interesses nacionais. Infelizmente o que se observa é a imbecilidade bipolar alimentando-se uma à outra, sobretudo liderada por indivíduos que vivem de mexer e remexer, incentivando e alimentando, ateando ou inflamando o conflito e a bipolarização. São ou bombeiros incendiários ou incendiários bombeiros. Vivem disso, e querem mais.
  15. (...) Nós somos todos racistas, somos todos machistas, ou feministas, simplesmente porque somos diferentes. A maldade e a bondade não pode ser para aqui chamada. A questão está em que, mesmo que sejamos diferentes, temos que aceitar a diferença, e acima de tudo fazer da diferença uma realidade. Se dizemos que as mulheres conduzem mal, generalizamos, esquecemos que também os homens fazem isso, (...), estamos a ser machistas... mas só se nos servirmos disso como arma de arremesso... O mesmo para o racismo, eu até posso estranhar a cor da pele de alguém, mas não posso descriminar uma pessoa por isso, nem posso de forma generalista rotula-lo(la) porque p.ex. vi uma pessoa de cor a roubar... O que o nosso "amigo" do Chega está a fazer é tentar capitalizar a insegurança e a frustação de alguns
  16. Caro Professor Elísio Macamo, Professor de Sociologia, gere com brio o Centro de Estudos Africanos na Uni de Basel, é um Português de alma cheia em terras helvéticas que merece, pelo seu excelente desempenho, o reconhecimento da sociedade suíça, da qual a comunidade portuguesa faz parte. Saudações cordiais de Zurique. Parabéns pelo excelente texto. Permita-me discordar da definição de racismo. Não, não somos todos racistas. Racismo é crer que existem pessoas ou povos que são superiores / inferiores a outros devido a características biológicas ou culturais. Esta é para mim a definição de racismo e não há outra. O Professor é tão português como eu e vice-versa, aliás, ou somos, ou não somos, não há meio termo. A maior riqueza de Portugal é a diversidade, o amor pelo País o denominador comum.
    1. Cara Ceratioidei, creio ter compreendido o que o autor entende por (bons) racistas: são os que querem que as pessoas de cor sejam bem tratadas, sem qualquer discriminação. Eu próprio digo por vezes a brincar à minha esposa, que é africana, (mas a coisa é séria), que sou racista, num bom sentido do termo, ainda nunca ouvido em nenhum lado (a não ser agora escrito pelo Professor Elísio Macamo), ou seja, num sentido favorável ao bem-estar total das pessoas de cor, não desfavorável. Poderá ser uma nova aceção, e positiva, de um horrendo termo ancestral. Por que não?
  17. Sou negro, nasci português (Província Ultramarina portuguesa de Moçambique , cresci moçambicano. Tive toda minha formação Superior em Portugal , sobretudo na FCSH-UNL. Na licenciatura fui colega de muitos brancos, um deles creio que se chamar Hugo, um dos condenados na morte de negro Monteiro no bairro. Foi interessante vê-lo na TV a acenar com discursos de supremacia racial. Enquanto colegas ele só teve minha companhia visto que outros brancos não lhe dirigiam a palavra. Metia pena. Mas eu também não sabia que ele estivera envolvido. Mas o importante neste meu percurso, é ter feito a primária (anos 80) e secundário em Moçambique com indianos,goeses,brancos, mulatos e negros, tudo em harmonia. Hugo estudou na FSCH e ia na carrinha das prisões. Eu e o Matusse, outro negro, demo-nos mal lá
  18. Es tão português como eu sou africano. Ser-se alguma coisa implica ter nascido nela e incorporar toda uma ancestralidade cultural. Não basta dizer. O teu país de origem lutou e bem pela independência, seria de bom tom ajudares o mesmo a prosperar em vez de vires para a terra do colonizador renegar as tuas origens.
    1. Esse discurso, caro Pedro Abreu, é estranho. A Constituição Portuguesa define quem é português. Ser português é uma nacionalidade, ser africano não o é. Ser-se alguma coisa implica ter o direito, perante a lei, de se ser essa coisa, usando as suas palavras. E é como portuguesa com raízes ancestrais em Portugal que lhe digo, que em nada me revejo na sua interpretação da ancestralidade cultural. Não é de bom tom tratar desconhecidos por tu, nem ser mal educado porque sim, por exemplo. A cultura portuguesa é um bem precioso. O Professor Macamo é um exemplo que orgulha o País. Mas como muitos outros, recebe somente no estrangeiro o reconhecimento que a Terra Pátria teima em ignorar. Não faz mal. Cada um comporta-se de acordo com a sua ética. Por isso Portugal continua a ser grande.
    2. Apreciei imenso o texto do autor e concordo plenamente com o teor da reação de Ceratioidei. O comentário de PA é intragável.
  19. Uma coisa é ter passaporte português, outra coisa é ser mesmo português de passaporte, corpo e alma. Infelizmente muitos portugueses de passaporte amam tanto este povo, esta terra, esta cultura, esta história, estas tradições como amam a morte. Foi um crime de lesa pátria atribuir documentos a muita dessa gente. Nem os deviam ter deixado pisa o solo português
    1. Caro João, por certo concordará que sempre existiram -- e existirão -- portugueses nados e criados no país e que não são patriotas.Embora talvez lhe seja dificil acreditar que outros, daqueles que você designa por "portugueses de passaporte", possam ser "mais portugueses que os nascidos cá". Como se soi dizer, há de tudo como na botica. O que importa não é o estatuto legal mas o que está na cabeça, no coração e nos actos de cada um. Saudações.
    2. Quanto ao amor, como o mede e sendo racista logo não se dando com pretos, como o quantifica? Tendo um terço dos portugueses fugido daqui, foi por ódio não? O crime de lesa pátria que refere é o que permitir ao pais sobreviver visto os portugueses abandonarem a pátria em busca de pátrias que lhes permitam mais dignidade de vida assim como os imigrantes somente querem documentos para poderem ir para o local para onde os portugueses fogem do seu próprio pais. Mais lhe digo, exactamente por os portuguêses fugirem do seu pais é que se torna necessário importar tanto imigrante a fim de manter o pais a funcionar e poder pagar-se a pensão e reforma dos teus pais. Os documentos que falas não são dados aos imigrantes africanos exactamente para que eles também não possam fugir do pais.
    3. jestevespereira, quando um angolano é leal ou respeita Portugal ficamos contentes; quando não é, achamos natural. Quando um português é leal, achamos normal; quando não é achamo-lo de alguma forma desleal ou traidor. Essa diferença de expectativa indica logo que um é mais português que o outro.
  20. "São imbecis". Prof. Macamo, o senhor tem toda a razão: são imbecis. Ponto. Não vale a pena argumentar na base de "racismo" ("bom" ou"mau"). Vale a pena argumentar exactamente nessa base: a extrema pobreza da argumentação. Deslocando o foco da alegada diferenciação "rácica" para o plano cultural (a imbecilidade não é, quanto a mim, estrictamente individual) talvez a sua (e minha) luta tenha mais e melhor base de êxito. Saudações da Pérola do Índico.
  21. Se o caro comentador for viver para o Japão e adquirir cidadania, ou mesmo se lá nascer e disser que é japonês, o que acha que os japoneses diriam? Ser-se natural de um país é muito mais que um desejo, um cartão do cidadão. É nascer-se numa cultura que remonta a centenas ou mesmo milhares de anos. Pertencer-se a um grupo de pessoas que criaram uma língua comum, um modo de vida comum, uma história comum e lutaram e morreram por isso.

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