"É difícil falar de reconciliação quando ainda estão vivas as feridas causadas durante tantos anos de discórdias”
Por Lawe Laweki
Embora não se saiba o que foi abordado durante a reunião de “portas fechadas” entre o Papa Francisco e o presidente de Moçambique em 5 de agosto de 2019, o Sumo Pontífice enviou uma mensagem clara aos líderes da FRELIMO. No seu primeiro discurso no Palácio Presidencial, “Ponta Vermelha”, o Santo Padre enfatizou que o “melhor caminho” a seguir para o povo moçambicano que há muitos anos conheceu “sofrimento, luto e aflição” era a reconciliação.
O Papa Francisco também falou da necessidade de as autoridades moçambicanas não abandonarem uma parte da sociedade moçambicana na periferia: “Não podemos perder de vista que, ‘sem igualdade de oportunidades, as várias formas de agressão e de guerra encontrarão um terreno fértil que, mais cedo ou mais tarde, há de provocar a explosão. Quando a sociedade – local, nacional ou mundial – abandona na periferia uma parte de si mesma, não há programas políticos, nem forças da ordem ou serviços secretos que possam garantir indefinidamente a tranquilidade’. ”
Continuando, o Santo Padre disse: “não cesseis os esforços enquanto houver crianças e adolescentes sem educação, famílias sem teto, trabalhadores sem trabalho, camponeses sem terra”.
Na sua homilia, durante uma missa campal no Estádio de Zimpeto, no último dia da sua visita à Moçambique, o Papa Francisco novamente apelou às autoridades moçambicanas para buscarem a cura de feridas e se envolverem numa reconciliação genuína: “Não se pode falar duma reconciliação quando ainda estão vivas as feridas causadas durante tantos anos de discórdias”.
Em resposta ao apelo do Papa Francisco, o Presidente da República, Sua Excelência Filipe Jacinto Nyusi, disse que o seu governo continuará a envidar esforços para promover a reconciliação nacional: “O país continuará a fazer esforços para a reconciliação nacional [...] O primeiro a pedir desculpa é o mais valente e o primeiro a perdoar é o mais forte. ”
AS “FERIDAS VIVAS” DE QUE REFERIU O SANTO PADRE
Haverá um processo de paz real em Moçambique quando o governo da FRELIMO embarcar num jogo político sério, procurando realmente buscar a cura dessas “feridas vivas” e trabalhar em direção à reconciliação genuína.
Haverá um processo de paz real em Moçambique quando os problemas forem resolvidos de baixo para cima, conforme o padre sul-africano Michael Lapsley explicou eloquentemente no seu discurso durante o lançamento do livro “Mateus Pinho Gwenjere: Um Pai Revolucionário” em Maputo no dia 29 de Agosto de 2019:
“A questão que todos nós precisamos de ter em conta em todos os contextos, é como o passado nos afectou e nos infectou. A tentação é procurar enterrar e esquecer o passado, o que nunca funcionou em nenhum lugar do mundo. A evidência que existe é que as feridas não cicatrizadas do passado voltam a afectar-nos, seja como indivíduos, comunidades ou nações. ”
As “feridas vivas” referidas pelo Papa Francisco incluem as questões mal resolvidas durante a guerra de libertação nacional, que culminaram com o sequestro, detenção, e execução, sem julgamento apropriado, de vários líderes nacionalistas logo após a independência de Moçambique. Incluem ainda os abusos cometidos nos chamados “campos de reeducação”, onde muitas pessoas foram enterradas e queimadas vivas. Incluem igualmente os vários abusos dos direitos humanos cometidos durante as Guerras Fratricidas, a partir de 1976 até a presente data..
Frelimo lança torneio de futebol “Filipe Nyusi obreiro da paz” na província de Maputo
O cabeça-de-lista da Frelimo, ao nível da província de Maputo, Júlio Parruque procedeu hoje ao lançamento do torneio “Filipe Nyusi obreiro da paz” no bairro T3. Já António Muchanga, cabeça-de-lista da Renamo, optou pelo contacto interpessoal na busca de votos no bairro Mateque.
Foi no desporto que o cabeça-de-lista da Frelimo em Maputo quis capitalizar o seu pedido de voto. No bairro T 3, procedeu ao lançamento de um torneio de futebol que visa, em parte, homenagear o candidato presidencial da Frelimo, Filipe Nyusi.
Já o cabeça-de-lista da Renamo escolheu o bairro Matequene, concretamente no mercado local, para o seu trabalho de campanha.
Refira-se que neste nono dia da campanha eleitoral, o MDM reservou o domingo para descansar.
Refira-se que neste nono dia da campanha eleitoral, o MDM reservou o domingo para descansar.
O PAÍS – 09.09.2019
NOTA: Será que Filipe Nyusi fez a “paz” consigo mesmo? A Renamo não conta para a PAZ? Isto já passa as marcas do aceitável e razoável. Mas não admira pois até já foi “deus” para o Sr. Silva.
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE
Posted on 09/09/2019 at 11:25 in Eleições 2019 Gerais, Política - Partidos | Permalink | Comments (2)
CEO do banco russo VTB emite ultimato a Moçambique com discurso racista
O chefe do segundo maior credor da Rússia, o VTB, lançou um ultimato a "nossos amigos negros de Moçambique", numa discussão recente sobre o crédito de 535 milhões de USD concedido para a MAM (Mozambique Asset Management), uma das famigeradas empresas do calote de 2.2 bilhões de USD.
"Se os nossos colegas, em Moçambique, não tomarem medidas para acelerar esse processo, teremos que declarar, até ao final do ano, que o país entrou em 'default", disse Andrei Kostin, CEO do banco VTB, falando a repórteres no Fórum Económico Oriental, em Vladívostok, na quarta-feira. "Eu espero que nossos amigos negros, em Moçambique, ouçam isto".
Kostin, um ex-diplomata, tem um histórico de uso de linguagem controversa. Pediu desculpas, no ano passado, ao chamar Boris Johnson, que deixou o cargo de secretário de Relações Exteriores do Reino Unido há dois meses, de "freak, em comentários para estudantes de uma universidade que prepara jovens russos para o serviço diplomático. Em Novembro, ele comparou os regulamentos do banco central a um cancro da próstata.
O serviço de imprensa do VTB disse que, ao usar a palavra "negro", Kostin não quis ser ofensivo nas suas observações, feitas em russo. "O chefe do VTB não tinha intenção de ofender ninguém. Deve-se entender a palavra 'negro' como 'amigo'"; este demonstra atitude amigável e baseada em confiança para com o parceiro. Em russo, a palavra 'negro' para descendentes de África tem nenhuma conotação negativa e interpretá-la de qualquer outra maneira é de maneira alguma precisa", considera o serviço de imprensa do banco russo.
A maioria dos russos não veria problema com a declaração de Kostin porque não usou uma linguagem ofensiva, de acordo com Alexander Verkhovsky, chefe do crime de ódio, na organização de monitoria Sova Center. Racismo e discriminação por motivos étnicos é um problema arraigado na Rússia, disse ele.
Os comentários de Kostin chegam num momento em que Kremlin está ansioso em expandir sua presença em África, e Putin sediará uma Rússia-África, Cúpula co-presidida pelo presidente egípcio Abdel Fattah el-Sisi, no próximo mês, na cidade de Sochi, no Mar Negro.
A estatal VTB está ajudando a liderar o processo, tornando África um dos seus mercados internacionais prioritários, depois que foi forçado a reduzir seus negócios na Europa diante de sanções imposta após a Rússia anexar a Crimeia da Ucrânia, em 2014.
Moçambique procurou reestruturar cerca de 2 mil milhões de USD de crédito, inclusive da VTB, desde 2016, quando o governo admitiu ter contratado a maior parte deles sem notificar o Fundo Monetário Internacional como era obrigado.
A nação africana está tentando cancelar uma garantia do governo em um crédito organizado pelo Credit Suisse Group AG, citando alegações de suborno e propinas. O credor suíço negou qualquer transgressão. (Blomberg)
Posted on 09/09/2019 at 11:12 in Dívidas ocultas e outras, Economia - Transportes - Obras Públicas - Comunicações, Justiça - Polícia - Tribunais, Política - Partidos | Permalink | Comments (0)
08/09/2019
Emilia Moiane, Directora do Gabinfo a infringir a lei
Posted on 08/09/2019 at 23:25 in Eleições 2019 Gerais, Justiça - Polícia - Tribunais, Política - Partidos | Permalink | Comments (0)
DOCUMENTÁRIO-Fronteiras de Sangue 1986(video)
Um filme-documentário, com cerca de 1H30M, sobre o esforço pela paz na África Austral, dirigido por Mario Borgneth, da Kanemo Production and Comunication Ltd e realizado entre 1985 e 1986. O texto é de António Souto e Leite de Vasconcelos e as entrevistas conduzidas por Mota Lopes.
NOTA:
-Em primeiro lugar, ao amigo que me fez chegar este filme, o meu muito obrigado. Depois peço que reflitam na diferença entre o que foi dito na época e o que hoje se passa. Como então se falava e o que hoje dizem e praticam.
-O vídeo tem duas ou três curtas falhas. É deixar seguir.
NOTA:
-Em primeiro lugar, ao amigo que me fez chegar este filme, o meu muito obrigado. Depois peço que reflitam na diferença entre o que foi dito na época e o que hoje se passa. Como então se falava e o que hoje dizem e praticam.
-O vídeo tem duas ou três curtas falhas. É deixar seguir.
Posted on 08/09/2019 at 23:12 in Documentários vídeo, História, Morte Samora Machel - 19.10.1986, África - SADC | Permalink | Comments (1)
Procuradoria de Moçambique insiste na extradição de Manuel Chang e acusa EUA de não cooperarem no caso
A Procuradora-Geral de Moçambique Beatriz Buchili acusou as autoridades judiciais americanas de não cooperarem nas investigações do caso das dívidas escondidas e requereu mais uma vez que o antigo ministro das finanças, Manuel Chang seja extraditado da Áfric ado Sul para Moçambique.
A pouco mais de um mês de uma audiência do Tribunal Supremo de Johannesburg para decidir sobre a extradição, Buchili interpôs um recurso junto daquele tribunal afirmando que Chang deve ser extraditado para Moçambique porque “as infracções penais causaram efeitos devastadores na economia de Moçambique”.
“Por isso, é importante para Moçambique processar este caso com sucesso para demonstrar o seu compromisso, competência e capacidade no combate à corrupção", disse a procurador no documento revelado em primeira mão pelo Centro de Integridade Pública de Moçambique, CIP.
“Afirmo que Moçambique tem a capacidade para processar Chang e seus co-autores. As instituições judiciais do Ministério Público são, efectivamente, utilizadas por organizações da sociedade civil. As organizações da sociedade civil confiam nas instituições judiciais e promotoras de Moçambique”, acrescenta o recurso.
A procurador disse que os Estados Unidos tinham solicitado informações sobre o caso a Moçambique acrescentando que a procuradoria moçambicana “forneceu as informações que pôde, mas eles nunca forneceram informações satisfatórias do que estávamos a solicitar”.
Posted on 08/09/2019 at 21:18 in Dívidas ocultas e outras, Economia - Transportes - Obras Públicas - Comunicações, Justiça - Polícia - Tribunais, Política - Partidos | Permalink | Comments (0)
Zimbabueanos divididos no primeiro dia de luto por Robert Mugabe
Zimbabueanos iniciaram luto nacional a Robert Mugabe neste sábado (07.09) divididos sobre o legado do ex-líder do país. Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, dirigiu mensagem de condolências pela morte de Mugabe.
Zimbabueanos iniciaram o primeiro dia de luto nacional ao seu ex-líder, Robert Mugabe, neste sábado (07.09) divididos sobre o legado do herói da guerrilha que se tornou o déspota que governou o país por 37 anos. Bandeiras podiam ser vistas erguidas apenas a meio mastro na capital, Harare, enquanto no comércio as lojas permaneceram abertas e as pessoas continuavam suas tarefas diárias normalmente.
O Presidente do Zimbabué, Emmerson Mnangagwa, declarou o seu antecessor, Robert Mugabe, que morreu nesta sexta-feira (06.09), como "herói nacional" - o maior reconhecimento a título póstumo no país da África Austral. Num anúncio feito ao país, Mnangagwa referiu que o Zimbabué irá cumprir um período de luto até ao funeral de Mugabe, sem especificar quando decorrerá.
Em Harare, poucos apoiadores de Mugabe podiam ser vistos nas ruas, mas vestiam roupas com o emblema do ex-líder, em homenagem a sua morte. "É claro que ele falhou em alguns aspetos, mas no lado da educação ele se saiu muito bem. Nunca conseguiremos outro Presidente como Mugabe", disse Vivian Jena, uma apoiante.
Se alguns zimbabueanos saudaram Mugabe como um "ícone revolucionário", para outros o seu nome evocou apenas "destruição" e "sofrimento". "Ele destruiu este país. Agora ele se foi e não temos mais nada no país por causa dele ", disse Ozias Mupeti, de 55 anos.
"Não estamos de luto, por que deveríamos estar de luto se já estamos a sofrer?", acrescentou Mupeti. "Veja a minha situação, a vender pedaços de gengibre nas ruas na minha idade. Com a minha idade, eu deveria ser um empregador", desabafou.
Alomorfias da Paz: seus contornos até a actual crise políticomilitar em Moçambique 2016 por Dércio Tsandzana
RESUMO
Na presente comunicação procuro através de uma perspectiva histórica abordar os caminhos
trilhados por Moçambique para o alcance da Paz, uma vez que o país é assolado neste
momento por uma crise político-militar. Concretamente, procuro fazer uma radiografia de
alguns momentos marcantes que contribuíram para a crise que se vive em Moçambique.
Destaca-se ao longo do texto a existência de dois actores cruciais que continuam a ser as
peças-chave para o alcance da paz, nomeadamente a Frelimo (Governo do dia) e a Renamo
(maior partido da oposição). Ademais, o artigo procura mostrar as questões que imperam para
que o país não esteja ainda em paz, levantando-se a hipótese de que o país regrediu no
processo da preservação da Paz devido ao clima de desconfiança mútua que se vive entre os
actores acima referidos, bem como a existência de altos níveis de desigualdade (partilha das
riquezas e bens sociais), consubstanciado pelas fragilidades verificadas no processo da
descentralização do país. De igual forma, o texto vai enunciar e estudar as condições do
diálogo para a resolução do problema que se pretende discutir.
Na presente comunicação procuro através de uma perspectiva histórica abordar os caminhos
trilhados por Moçambique para o alcance da Paz, uma vez que o país é assolado neste
momento por uma crise político-militar. Concretamente, procuro fazer uma radiografia de
alguns momentos marcantes que contribuíram para a crise que se vive em Moçambique.
Destaca-se ao longo do texto a existência de dois actores cruciais que continuam a ser as
peças-chave para o alcance da paz, nomeadamente a Frelimo (Governo do dia) e a Renamo
(maior partido da oposição). Ademais, o artigo procura mostrar as questões que imperam para
que o país não esteja ainda em paz, levantando-se a hipótese de que o país regrediu no
processo da preservação da Paz devido ao clima de desconfiança mútua que se vive entre os
actores acima referidos, bem como a existência de altos níveis de desigualdade (partilha das
riquezas e bens sociais), consubstanciado pelas fragilidades verificadas no processo da
descentralização do país. De igual forma, o texto vai enunciar e estudar as condições do
diálogo para a resolução do problema que se pretende discutir.
Posted on 08/09/2019 at 11:18 in Letras e artes - Cultura e Ciência, Opinião, Política - Partidos | Permalink | Comments (0)
Eleições Gerais 2019 - Boletim Sobre o Processo Político em Moçambique Número 46- 08 de Setembro de 2019
Doze pessoas morreram na primeira semana de campanha eleitoral, sendo 10 vítimas de acidentes de viação e 2 vítimas de violência com motivações políticas. No igual período, 18 pessoas contraíram ferimentos graves e 11 ferimentos ligeiros. No total foram confirmadas detenções de 33 pessoas devido à vandalização de material de propaganda eleitoral e por envolvimento em actos de violência. Este é o balanço desde o início da campanha a 31 de Agosto até 6 de Setembro, segundo registos do Boletim.
No que se refere às mortes, a província de Manica lidera com 6 óbitos em campanha, todas causadas por acidentes de viação. O último dos casos aconteceu no dia 6 de Setembro no distrito de Gondola, quando uma camioneta que transportava simpatizantes da Frelimo capotou ao tentar contornar uma curva. Três ocupantes perderam a vida no local, dois foram evacuados para o Centro de Saúde da localidade Muda Serração, onde um veio a sucumbir.
O segundo caso aconteceu no mesmo dia, no distrito de Macate onde um jovem perdeu a vida e outro ficou gravemente ferido. Outro caso sucedeu no primeiro dia da campanha eleitoral, quando um cidadão perdeu a vida e outro ficou ferido após um choque entre duas bicicletas no distrito de Sussundenga. Na hora do sucedido as vítimas seguiam a caravana da Frelimo.
Leia aqui Download Eleicoes-Gerais_46-08-09-19
Posted on 08/09/2019 at 10:52 in Eleições 2019 Gerais, Justiça - Polícia - Tribunais, Política - Partidos | Permalink | Comments (0)
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