Monday, September 23, 2019

Radicalização Islâmica no Norte de Moçambique O Caso de Mocímboa da Praia Saide Habibe, Salvador Forquilha e João Pereira

Radicalização Islâmica no Norte de Moçambique O Caso de Mocímboa da Praia Saide Habibe, Salvador Forquilha e João Pereira Cadernos IESE N.º 17 “Cadernos IESE” Edição do Conselho Científico do IESE A Colecção “Cadernos IESE” publica artigos de investigadores permanentes e associados do IESE no quadro geral dos projectos de investigação do Instituto. Esta colecção substitui as anteriores Colecções de Working Papers e Discussion Papers do IESE, que foram descontinuadas a partir de 2010. As opiniões expressas através dos artigos publicados nesta Colecção são da responsabilidade dos seus autores e não reflectem nenhuma posição formal e institucional do IESE sobre os temas tratados. Os Cadernos IESE podem ser descarregados gratuitamente em versão electrónica a partir do endereço www.iese.ac.mz. “Cadernos IESE” Edited by IESE’s Scientific Council The Collection “Cadernos IESE” publishes papers written by IESE’s permanent and associated researchers, and which report on issues that fall within the broad umbrella of IESE’s research programme. This colleetion replaces the previous two collections, Working Papers and Discussion Papers, which have been discontinued from 2010. The individual authors of each paper published as “Cadernos IESE” bear full responsibility for the content of their papers, which may not represent IESE’s opinion on the matter. “Cadernos IESE” can be downloaded in electronic format, free of charge, from IESE’s website www.iese.ac.mz. Radicalização Islâmica no Norte de Moçambique O Caso de Mocímboa da Praia Saide Habibe, Salvador Forquilha e João Pereira Cadernos IESE nº17/2019 Saide Habibe: Licenciado em Direito e Teologia Islâmica pela Universidade Internacional de África-Khartoum-Sudão. Salvador Forquilha: Doutor em Ciência Política pela Universidade de Bordeaux, França. É director do Instituto de Estudos Sociais e Económicos (IESE) e docente no Departamento de Ciência Política e Administração Pública da Universidade Eduardo Mondlane. A sua pesquisa focaliza-se nas dinâmicas da construção do Estado. João Pereira: Doutor em Ciência Política pela Universidade de Cape Town, África do Sul. É director da Fundação Mecanismo de Apoio à Sociedade Civil (MASC) e Professor Auxiliar no Departamento de Ciência Política e Administração Pública da Universidade Eduardo Mondlane. É investigador associado do IESE. Setembro 2019 Agradecimentos A pesquisa na origem deste relatório não teria sido possível sem a colaboração e o contributo de camponeses, pescadores, vendedores informais, líderes religiosos, alguns elementos das Forças de Defesa e Segurança (FDS), funcionários da administração local e das organizações da sociedade civil que vivem e trabalham nos distritos de Mocímboa da Praia, Macomia, Chiure, Montepuez e Pemba, na província de Cabo Delgado, e Memba, Nacala- -Porto, Nacala-a-Velha e Ilha de Moçambique, na província de Nampula. A todos eles vai o nosso profundo agradecimento. Agradecemos, igualmente, a Luís de Brito, Michel Cahen, Eric Morier-Genoud, Sérgio Chichava e Crescêncio Pereira por terem lido e comentado criticamente as primeiras versões deste relatório de pesquisa. Evidentemente, quaisquer erros e eventuais imprecisões ao longo do texto são da nossa inteira responsabilidade, na qualidade de autores do estudo. Título: Radicalização Islâmica no Norte de Moçambique. O Caso de Mocímboa da Praia Autores: Saide Habibe, Salvador Forquilha e João Pereira Copyright © IESE, 2019 Instituto de Estudos Sociais e Económicos (IESE) Av. do Zimbabwe 1214 Maputo, Moçambique Telefone: + 258 21486043| Fax: + 258 21485973 Email: iese@iese.ac.mz Website: www.iese.ac.mz Proibida a reprodução total ou parcial desta publicação para fins comerciais. Execução Gráfica: Fundação MASC Impressão e Acabamentos: Minerva Print Tiragem: 300 exemplares ISBN 978-989-8464-43-9 Número de registo: 9992/RLINICC/2019 6 Cadernos IESE n.º17 | 2019 Introdução Numa altura em que Moçambique ainda estava num longo processo negocial com vista a pôr termo ao conflito decorrente dos resultados eleitorais das eleições gerais de 2014, o país foi surpreendido, a 5 de Outubro de 2017, com notícias de um ataque armado às instituições do Estado na vila-sede de Mocímboa da Praia, província de Cabo Delgado. Perpetrado por um grupo desconhecido, com reivindicações da prática de um Islão radical, este ataque armado era um fenómeno novo no processo político moçambicano e trazia uma série de questões não só do ponto de vista da natureza do grupo e suas motivações, como também no que se refere às implicações políticas, sociais e económicas do próprio fenómeno para o país. Apesar de vários órgãos de comunicação social nacionais e estrangeiros terem dedicado atenção ao fenómeno, desde o primeiro ataque, a informação disponível sobre o assunto ainda continua escassa. Tem sido cada vez mais difícil, por parte de jornalistas e pesquisadores, o acesso aos locais assolados pelos ataques. Aliás, desde o início dos ataques armados em Outubro de 2017, foram detidos, pelo menos, seis jornalistas: três estrangeiros e um moçambicano, em 2018, e dois moçambicanos, em 2019 (DW, 2019). Além disso, foram instaurados seis processos-crimes contra indivíduos suspeitos de estar ligados aos ataques. Dois desses processos, com cerca de 221 arguidos, foram concluídos pelo Tribunal Judicial da Província de Cabo Delgado, tendo resultado em 57 condenados a penas de prisão, que variam de 16 a 40 anos. Os restantes quatro processos, visando 50 arguidos, ainda não foram concluídos (Achá, 2019). Entretanto, a situação na região, particularmente na zona norte da província de Cabo Delgado, continua tensa. Com efeito, contrariamente ao discurso governamental, que sublinha a ideia da acalmia e do controlo sobre a situação, a realidade mostra que os episódios de ataques continuam com alguma regularidade, causando medo e clima de terror, particularmente nas aldeias afastadas dos centros urbanos e vilas. Neste contexto, pesquisadores do Instituto de Estudos Sociais e Económicos (IESE) e da Fundação Mecanismo de Apoio à Sociedade Civil (Fundação MASC) desenvolveram uma pesquisa exploratória com o objectivo de analisar a natureza e os factores explicativos da violência com incidência, inicialmente, em Mocímboa da Praia e, mais tarde, em outros distritos circunvizinhos. Este relatório de pesquisa resulta do trabalho de campo desenvolvido entre os meses de Saide Habibe, Salvador Forquilha e João Pereira | 7 Radicalização Islâmica no Norte de Moçambique O Caso de Mocímboa da Praia Novembro de 2017 e Fevereiro de 20181 . Nesta fase, a pesquisa procurou centrar as atenções, essencialmente, para as origens do grupo, a sua natureza, mecanismos de financiamento e reprodução. Concretamente, a pesquisa procurou recolher e analisar informação à volta das seguintes questões: • Como surgiu o grupo armado que perpetra ataques em Mocímboa da Praia? • Qual é a sua base social? • Quais são as suas motivações? • O que leva uma parte da juventude a aliar-se ao grupo? • Quais são os mecanismos de recrutamento? • Como o grupo está estruturado e como ele opera a nível local? • Que tipo de treinamento recebe? • Quem treina os seus membros? • Será que o grupo tem alguma base ideológica? • De onde vem o financiamento? • Como as comunidades locais e suas lideranças reagem às investidas do grupo? • Existe algum tipo de ligação entre o grupo e grupos islâmicos radicais de Al- -Shabaab da Somália e do Quénia? A pesquisa exploratória foi concebida como parte importante de um programa de investigação na sua fase inicial no IESE, intitulado “Estado, violência e desafios de desenvolvimento em Cabo Delgado”. Além disso, esta pesquisa exploratória visava trazer subsídios para alimentar o futuro plano estratégico da Fundação MASC, com enfoque na prevenção da radicalização da juventude na zona norte de Moçambique. Neste contexto, algumas das questões colocadas na fase exploratória da pesquisa serão retomadas e aprofundadas no programa de investigação acima mencionado. Metodologia Radicalização é um conceito relativamente recente nas ciências sociais e a sua definição não é consensual. Por isso, o conceito tem sido objecto de muita controvérsia (Neumann, 2013). Uma vasta literatura produzida nos últimos anos sobre o fenómeno da radicalização mostra não só a complexidade do debate, mas também uma certa imprecisão do conceito 1 Posteriormente, ao longo do ano de 2019, houve três visitas de seguimento à província de Cabo Delgado, nomeadamente uma em Fevereiro, outra em Março e outra ainda em Abril. 8 Cadernos IESE n.º17 | 2019 (Githens-Mazer, 2012; Sageman, 2004; Neumann, 2013; Borum, 2011; Wiktorowicz, 2006; Moghadam, 2005; Mandel, 2009). Com efeito, como Githens-Mazer (2012) sublinha, o conceito de radicalização tem sido usado para dar conta de uma diversidade de situações, desde formas de populismo, passando por actos revolucionários de contestação de um poder político em declínio, até à intensificação de orientações e comportamentos políticos existentes, geralmente marcada por uma mudança de actividades pacíficas para extremismo violento (Githens-Mazer, 2012, p. 557). De acordo com Neumann (2013), o debate sobre radicalização estruturou-se sobretudo à volta de duas posições. Por um lado, a posição que define a radicalização colocando a enfase em “crenças extremistas” – radicalização cognitiva – e, por outro lado, a posição que sublinha comportamento extremista – radicalização comportamental (Neumann, 2013: 873). Githens-Mazer (2012) considera que uma das fraquezas das pesquisas sobre radicalização consiste na ausência de trabalhos empíricos que possibilitem a elaboração de uma definição explícita do conceito. No entanto, essas pesquisas podem ser divididas em três grupos, em função da maneira como se olha para o fenómeno da radicalização. O primeiro grupo olha para a radicalização em termos de processo. Nesse sentido, a radicalização é vista, por um lado, como um conjunto de etapas através das quais um indivíduo se torna terrorista e, por outro, como mudança de crenças e comportamentos que propiciam a aceitação do uso da violência. O segundo grupo de pesquisas olha para o fenómeno da radicalização como causação, ou seja, procura entender as causas possíveis que explicam as razões da radicalização de um indivíduo. Além disso, vista em termos de causação, a radicalização é também tida como um instrumento que visa trazer mudanças numa sociedade, como forma de reagir a um status quo ou a uma governação pobre. O terceiro grupo é constituído por pesquisas que definem o conceito de radicalização em termos negativos, ou seja, ela não pode ser necessariamente assimilada ao terrorismo ou violência (Githens-Mazer: 2012, p. 558). Nesta pesquisa exploratória, embora nos interesse olhar para a radicalização em termos de processo, a nossa atenção está focalizada nas suas causas e, portanto, assumimos uma abordagem de radicalização em termos de causação. No nosso entender, isso vai permitir apreender melhor e explicar não só as razões que levam um grupo a usar a religião para introduzir mudanças numa sociedade de uma forma violenta como também as causas que conduziram ao surgimento do grupo que actua no norte de Cabo Delgado, que, em nome de um Islão radical, ataca instituições do Estado e população civil. É esta a abordagem que estrutura as nossas perguntas de pesquisa. A pesquisa consistiu na revisão da literatura sobre política e religião, com destaque para os movimentos radicais islâmicos. Com vista a se ter um melhor entendimento do fenómeno Saide Habibe, Salvador Forquilha e João Pereira | 9 Radicalização Islâmica no Norte de Moçambique O Caso de Mocímboa da Praia a partir dos actores locais, foi realizado um trabalho de campo nas províncias de Cabo Delgado e Nampula com a duração de três semanas e meia entre Novembro de 2017 e Fevereiro de 2018. Durante esse período foram feitas três viagens ao terreno. Com a duração de uma semana e meia, a primeira viagem teve lugar em Novembro de 2017, um mês e meio depois do primeiro ataque a Mocímboa da Praia. Nesta deslocação, a equipa de pesquisa visitou sucessivamente os distritos de Mocímboa da Praia, Macomia, Chiúre, Montepuez e cidade de Pemba, tendo as entrevistas semi-estruturadas abrangido diferentes grupos de actores, nomeadamente: • Líderes religiosos que conheciam não só alguns membros influentes do grupo, como também alguns jovens locais, que se juntaram ao grupo. Em Mocímboa da Praia, a equipa de pesquisa entrevistou igualmente alguns líderes religiosos que tinham denunciado o grupo junto da administração local, em 2016; • Pais cujos filhos juntaram-se ao grupo; • Lideranças locais das organizações da sociedade civil; • Funcionários da administração local e alguns elementos das Forças de Defesa e Segurança, particularmente, no distrito de Mocímboa da Praia; • Vendedores informais. A segunda viagem teve lugar em Dezembro de 2017. Com a duração de uma semana, esta viagem permitiu que a equipa de pesquisa visitasse os distritos costeiros da província de Nampula, nomeadamente Memba, Nacala-Porto, Nacala-a-Velha e Ilha de Moçambique, com a finalidade de perceber se havia alguma eventual ramificação do fenómeno para fora da província de Cabo Delgado. A terceira viagem ao terreno aconteceu em Fevereiro de 2018 e teve a duração de uma semana. Nesta deslocação a equipa de pesquisa regressou a Mocímboa da Praia e cidade de Pemba com a finalidade de esclarecer e aprofundar questões recolhidas nas viagens anteriores. Para complementar a informação recolhida através das entrevistas semi-estruturadas, foram organizadas discussões em grupos focais, particularmente, com alguns habitantes locais na vila sede do distrito de Mocímboa da Praia, além de visita a duas mesquitas destruídas e um suposto campo de treinos do grupo no posto administrativo de Mucojo, distrito de Macomia. 10 Cadernos IESE n.º17 | 2019 A informação recolhida durante o trabalho de campo permitiu reconstituir trajectórias de vida de algumas figuras, que, de acordo com relatos locais, foram personagens-chave na actuação do grupo, pelo menos nos meses que precederam o ataque armado de 5 de Outubro de 2017. Com vista a proteger os informantes, todas as fontes de informação entrevistadas e participantes nas discussões em grupos focais estão anonimizadas2 . Um movimento jihadista em Moçambique? Elementos para a compreensão das origens do grupo Quando a notícia do ataque armado de Mocímboa da Praia começou a correr o mundo, no início de Outubro de 2017, em muitos canais televisivos, jornais e debates nas redes sociais havia uma série de perguntas sobre as razões dos ataques e, sobretudo, a identidade e origens do grupo que os protagonizou. Com efeito, na maior parte dos casos, as perguntas comuns eram: “De onde vem esse grupo de Mocímboa da Praia? Trata-se mesmo de um grupo fundamentalista islâmico? Existe fundamentalismo islâmico em Moçambique? Não se trata de elementos da Renamo disfarçados de fundamentalistas islâmicos?3 ” De acordo com as entrevistas e discussões em grupos focais efectuadas durante a pesquisa, o grupo que atacou instituições do Estado na vila de Mocímboa da Praia, a 5 de Outubro de 2017, surge na zona norte de Cabo Delgado, primeiro, como um grupo religioso e, em finais de 2015, passou a incorporar células militares. O grupo é denominado Al-Shabaab4 não só pelas comunidades locais mas também pelos seus próprios membros. As suas acções correspondem ao fundamentalismo religioso de combate à influência ocidental e de implantação radical da lei islâmica – a sharia e o combate aos inimigos do Islão. O nome Al- -Shabaab significa “juventude” em árabe. De acordo com as entrevistas e discussões em grupos focais, o grupo de Mocímboa da Praia tem ligações com as redes do Harakat Al- -Shabaab al-Mujahedeen, ou somente Al Shabaab, que é um grupo jihadista de origem so2 Todas as entrevistas e discussões em grupos focais foram conduzidas em língua portuguesa. 3 Este tipo de interpretação resulta do facto de o maior conflito, consubstanciado na contestação ao Estado ter sido, até então, liderado pela Renamo. 4 O termo Al-Shabaab é usado em Mocímboa da Praia por analogia ao grupo Al-Shabaab que opera na Somália e no Quénia, constituído nos anos 1990 como uma ala militarizada da União dos Tribunais Islâmicos (UTI). No caso da Somália, nessa altura, o grupo era uma força constituída por poucos elementos, mas efectiva na concretização das suas missões, com líderes dedicados a jihad. Alguns desses líderes tinham experiência de actuação no Afeganistão. A sua ala militarizada foi constituída inicialmente por antigos elementos da AIAI (Al Itihaad al Islamiya), uma organização islâmica somali formada na década de 1980 por um grupo de somalis wahhabis educados no Médio Oriente que lutavam contra o governo do ditador Mohamed Siad Barre. Para uma análise mais detalhada sobre a origem do grupo Al-Shabaab na Somália, ver: Menkhaus (2007a; 2007b); Menkhaus (2008). Saide Habibe, Salvador Forquilha e João Pereira | 11 Radicalização Islâmica no Norte de Moçambique O Caso de Mocímboa da Praia mali que opera principalmente na Somália e no Quénia. Segundo as lideranças religiosas islâmicas locais, inicialmente, o grupo era conhecido pela designação Ahlu Sunnah Wal-Jamâa, o que significa, traduzido do árabe, “adeptos da tradição profética e da congregação”. Na realidade, no Islão, esta designação refere-se a qualquer muçulmano, no sentido de que é chamado a seguir a tradição do profeta Muhammad. Na perspectiva do grupo, as comunidades de Mocímboa da Praia não estavam a seguir a tradição do Profeta. Daí o facto de o grupo querer apropriar-se da designação Ahlu Sunnah Wal-Jamâa para se destacar das comunidades locais, que supostamente praticavam um Islão “degradado”. Todavia, para as lideranças religiosas e as comunidades islâmicas locais o grupo é que pregava e praticava um Islão “degradado” e fora da linha do profeta Muhammad. No início, os integrantes do grupo eram maioritariamente jovens de Mocímboa da Praia. De acordo com as entrevistas efectuadas, os seus líderes tinham ligações com certos círculos religiosos e militares, nomeadamente células de grupos fundamentalistas islâmicos da Tanzânia, Quénia, Somália e região dos Grandes Lagos5 . Alguns elementos do grupo tinham ligações indirectas com líderes espirituais da Arábia Saudita, Líbia, Sudão e Argélia, essencialmente através de vídeos ou de pessoas que tinham estudado nesses países graças a bolsas de estudos financiadas por homens de negócios locais e estrangeiros (particularmente madeireiros e garimpeiros ilegais) provenientes da Tanzânia, Somália e da região dos Grandes Lagos. Em Moçambique, uma parte desses jovens está concentrada na zona norte e outra na cidade de Maputo.6 É importante referir que, nesses países, alguns professores desses jovens também tinham sido formados no estrangeiro, particularmente nas monarquias do Golfo Pérsico, onde estiveram em contacto com círculos fundamentalistas. A este respeito um dos líderes islâmicos em Pemba mencionou o seguinte: “(…) Os nossos jovens foram desviados pelos seus professores que estudaram fora….Esses professores interpretam o Alcorão completamente diferente daquilo que ensinamos nas nossas madrassas… Alguns deles são salafistas e outros wabbitas…O salafismo e wabbismo são correntes teológicas muito perigosas… Não se pode ensinar a estes jovens o salafismo e nem o wabbismo…. Nem devemos trazer estes professores que estiveram em contacto com os salafistas para Cabo 5 É importante referir que Mocímboa da Praia fica na rota da migração que tem origem precisamente na Somália e entra em Moçambique atravessando o Rovuma, para depois sair para a África do Sul pela fronteira de Ressano Garcia. Nesta fronteira, os migrantes usam documentação falsa, geralmente comprada a nível local, para sair de Moçambique. Refira-se que na região norte de Moçambique existem duas mesquitas que são conhecidas por acolher população migrante, geralmente de origem somali. 6 Na cidade de Maputo esses jovens não frequentam mesquitas específicas e muitos deles não estão enquadrados no mercado de emprego. 12 Cadernos IESE n.º17 | 2019 Delgado e nem mandar os nossos filhos ver os seus vídeos.”7 Para se diferenciar de outros crentes muçulmanos, os elementos do grupo dos Al-Shabaab de Mocímboa da Praia procuraram construir uma identidade própria, com algumas características particulares: usavam uma indumentária própria, com destaque para turbantes brancos, amarrados à volta da cabeça; envergavam batas e calças curtas de cor preta, que se estendiam um pouco abaixo dos joelhos; a maior parte deles tinha cabelos rapados e barba grande; não levavam os seus filhos às escolas formais, simplesmente às escolas corânicas (madrassas) por eles construídas; sempre andavam munidos de armas brancas (como facas e catanas) para simbolizar a jihad8 ; incitavam à violência e desrespeito pelas lideranças comunitárias, particularmente os Álimos, a quem chamavam “káfir”9 ; e não aceitavam dialogar com estruturas governamentais nem com outros grupos diferentes do seu. Além disso, nas suas famílias era obrigatório assistir a vídeos dos discursos do clérigo queniano Aboud Rogo10, que pregava um Islão radical. As suas mulheres eram obrigadas a cobrir todo o corpo e a tapar a cara com burcas. Para os habitantes locais, a presença do grupo dos Al-Shabaab em Mocímboa da Praia fazia-se sentir cada vez mais à medida que o tempo foi passando. No dizer de um dos entrevistados: “(...) Foi logo depois de se instalarem aqui em Mocímboa que começámos a notar a diferença: eles traziam consigo armas brancas, ameaçavam os nossos líderes religiosos e todos aqueles que mostrassem alguma oposição às suas ideias. (…) eles ameaçavam de morte. (…) não se baseavam no que diz o Alcorão”11. Os primeiros momentos da presença do grupo em Mocímboa da Praia (antes de 2015) foram marcados pela confrontação entre os elementos do grupo e as lideranças religiosas locais. Na sequência dessa confrontação, o grupo foi expulso das mesquitas locais e começou 7 Entrevista com B. M., líder islâmico em Pemba, Pemba, 4 de Fevereiro de 2018. 8 A palavra jihad vem do termo árabe jahd, que significa “lutar, se esforçar ou se empenhar”. Jihad é um conceito central para a religião muçulmana e, em seu contexto islâmico, tem dois significados primários: a luta pela melhoria pessoal sob as normas doutrinárias do islamismo e a luta pela melhoria da humanidade, por meio da difusão da influência do Islão e do profeta Maomé. A jihad é usada pelos muçulmanos extremistas para justificar acções terroristas contra populações consideradas infiéis, por não seguirem os mesmos princípios religiosos. No ocidente, a jihad é comumente chamada guerra santa e, por esse motivo, os militantes do Estado Islâmico (EI) são chamados de jihadistas. 9 Káfir é um termo árabe que significa incrédulo, descrente, ou aquele que «tapa» ou esconde a verdade. O termo alude a uma pessoa que rejeita ou descrê em Allah (Deus).  10 Aboud Rogo foi um extremista islâmico acusado de providenciar financiamento à milícia Al-Shabaab na Somália. Foi abatido a tiro no Quénia e a sua morte provocou violência e protestos protagonizados por centenas de manifestantes. Rogo estava em listas negras de sanções dos EUA e da ONU por supostamente apoiar os militantes Al-Shabaab da Somália. 11 Entrevista com C. S., habitante de Mocímboa da Praia, Mocímboa da Praia, 7 de Fevereiro de 2018. Saide Habibe, Salvador Forquilha e João Pereira | 13 Radicalização Islâmica no Norte de Moçambique O Caso de Mocímboa da Praia a reunir-se num edifício inacabado, transformado em mesquita, que recebeu o nome de Masjid Mussa. A transformação deste edifício numa mesquita contou com a contribuição monetária e mão-de-obra dos membros do grupo. Além disso, o grupo reunia-se também no quintal de um dos seus membros, conhecido por Mussa Sabão. Como o governo local reagiu à presença do grupo? Em geral, face a muitas queixas das autoridades religiosas locais sobre a existência de um grupo com tendências radicais que agitava as mesquitas, o governo local (nos distritos abrangidos) teve uma abordagem diferenciada. Enquanto em Chiúre e Montepuez os governos distritais reagiram de uma forma contundente em relação ao grupo, originando a fuga dos seus elementos para distritos vizinhos, em Mocímboa da Praia e Macomia, as autoridades reagiram dizendo que se tratava de um problema interno das mesquitas e, por conseguinte, cabia às lideranças religiosas encontrar a solução para o problema12. Quem eram os actores chave do grupo? O sucesso e a consolidação de um grupo desta natureza dependem em grande medida das suas lideranças. De acordo com as entrevistas e discussões em grupos focais realizadas durante o trabalho de campo, a liderança do grupo era constituída por actores nacionais e estrangeiros. Com base em fontes locais, nas linhas a seguir procuramos reconstituir o perfil dos principais actores do grupo. Por razões metodológicas, ao longo do texto, os nomes dos actores aparecem identificados pelas letras iniciais. Um nome frequentemente mencionado nas entrevistas foi O. B. De acordo com fontes locais, O. B. era natural de Mocímboa da Praia e estudou em algumas madrassas locais antes de partir para a Tanzânia, onde esteve em contacto com círculos de seguidores do salafismo. O. B. era bom falante de línguas locais, árabe e kiswahili. Entre 2013 e 2014, ele teria criado um pequeno grupo de jovens que passou a reunir-se na sua casa visando penetrar nas mesquitas locais. O seu objectivo era mudar a maneira como as lideranças religiosas dessas mesquitas interpretavam o Alcorão. A este propósito, um membro da comunidade de Nanduadua referiu: 12 As entrevistas e discussões em grupos focais mostraram que em Mocímboa da Praia a atitude do Governo distrital para com o grupo se explicava pelo facto de parte dos elementos do grupo terem convivido com os oficiais da administração local. Por exemplo, de acordo com as fontes locais, uma das esposas de um dos líderes do grupo era funcionária da administração local. Além disso, alguns dos funcionários da administração local e da polícia, caso não tivessem dinheiro na hora, obtinham produtos de primeira necessidade nas bancas e lojas pertencentes aos líderes do grupo dos Al-Shabaab e pagavam no final do mês. 14 Cadernos IESE n.º17 | 2019 “O. B. e seus seguidores passaram por várias mesquitas e em todas elas procuraram criar distúrbios. Chegaram a insultar os Álimos e os anciãos chamando-os káfir. A sua forma de interpretar o Alcorão era completamente diferente daquilo que é prática no Islão. Muitos de nós começámos a questionar e eles respondiam que nós não somos muçulmanos… somos káfir e devíamos deixar de rezar naquela mesquita (…). Quando apanhavam um Mwalimu perguntavam porquê trabalhava com o Governo e não seguia a Lei islâmica, porquê se transformar num agente do Estado, em vez de ser servidor do Islão… Durante as orações, eles reuniam-se nas varandas das mesquitas e começavam a rezar à sua maneira... O Sr. O. B. é que trouxe problemas [radicalismo] aqui em Mocímboa, mas o Governo não sabia (…)”13 Devido à sua forma de actuar, O. B. e seus seguidores foram impedidos pelas lideranças religiosas de frequentar as mesquitas locais. Após a sua expulsão, O. B. e seus fiéis seguidores, maioritariamente jovens de classes sociais desfavorecidas e muitos deles sem uma educação formal, passaram a rezar na casa de um dos seus membros e em círculos muito fechados. De acordo com as nossas entrevistas, para o ataque às instituições do Estado em Mocímboa da Praia a 5 de Outubro de 2017, O. B. contou com o apoio logístico e financeiro de A. A. M.; N. A.; N.; A. S.; H. M.; S. M.; A. S. M.; entre outros. Quem eram estes personagens? A. A. M., comerciante com diferentes tipos de negócios em Mocímboa da Praia e Tanzânia, era originário da aldeia de Malinde, em Mocímboa da Praia. Ele era considerado pela população como o líder do grupo dos Al-Shabaab e financeiro do grupo. De acordo com fontes locais, o pai de A. A. M. – A. M. – foi um Mwalimu14 e líder carismático na zona de Malinde, em Mocímboa da Praia, onde possuía uma mesquita e madrassa, frequentadas por jovens de Malinde. Sobre A. A. M., um dos entrevistados disse: “(…). Antes de Outubro [2017], o Sr. A. A. M. desapareceu durante duas semanas. Quando voltou, ele retirou os filhos de Mocímboa...não sei para onde. Os que conversavam com ele [Sr. A. A. M.] diziam que ele tinha levado os filhos para ir estudar fora. O certo é que na madrugada do dia 05 [de Outubro de 2017] aconteceu o ataque... e nunca mais voltámos a ver Sr. A. A. M. ... só sabemos que os seus negócios continuam aqui em Mocímboa. Ele alugou as suas lojas aos somalianos e nigerianos. Não se ouve mais falar dele. Mas temos prova que ele está vivo! Ele foi visto na zona dos bandidos [na zona sob controlo dos Al-Shabaab] (…)15 N. A. era originário do bairro Nanduandua. Homem de pequenos negócios no mercado 13 Entrevista com F.I, habitante de Mocímboa da Praia, Mocímboa da Praia, 8 de Fevereiro de 2018. 14 Mwalimu significa professor, em kiswahili. Nas comunidades rurais, os Mwalimu têm um grande prestigio e são muito influentes. 15 Entrevista com R. A., habitante de Mocímboa da Praia, Mocímboa da Praia, 07 de Fevereiro de 2018. Saide Habibe, Salvador Forquilha e João Pereira | 15 Radicalização Islâmica no Norte de Moçambique O Caso de Mocímboa da Praia informal na vila de Mocímboa da Praia, N. A. era localmente conhecido como um dos comandantes militares do grupo dos Al-Shabaab e antes do ataque do dia 5 de Outubro de 2017, ele e os seus homens teriam participado activamente na distribuição de armas para diferentes células do grupo dos Al-Shabaab no distrito de Mocímboa da Praia. N.16, originário de Milamba, na zona do aeródromo de Mocímboa da Praia, tinha negócios no mercado informal. Tal como N. A., N. fazia parte da chefia militar do grupo dos Al-Shabaab de Mocímboa da Praia e terá participado na logística do ataque ao comando distrital de Mocímboa da Praia no dia 5 de Outubro de 2017. A. S. possuía pequenos negócios no mercado informal. Além disso, era proprietário de barcos a vela e a motor. Originário do bairro Pamunda, A. S., assim como A. A. M., acima mencionado, estavam ligados à área financeira do grupo. Ele alimentava os esquemas de pequenos empréstimos aos jovens para que estes começassem os seus pequenos negócios, não só no mercado informal local como também no estrangeiro, com destaque para a Tanzânia. H. M., jovem Tanzaniano, tinha ligações com os círculos radicais de Al-Shabaab na Tanzânia, Quénia e Somália. H. M. era um comerciante local com negócios no sector informal, transferência de dinheiro, comércio de pedras preciosas e tinha grande influência nos meandros da liderança do grupo dos Al-Shabaab de Mocímboa da Praia. Foi uma das pessoas que estiveram por detrás do treinamento militar e religioso dos jovens que aderiram ao grupo. Localmente, H. M. era mais conhecido por “Grande Comandante” ou por “Chefe Hassan”. Ele fazia contactos com os líderes espirituais radicais na Tanzânia e a distribuição de material audiovisual dos líderes islâmicos radicais tais como Aboud Rogo, o clérigo muçulmano queniano que se destacou pelo grande poder de oratória, discurso fervoroso e forte poder de mobilização. S. M., comerciante local com certo poder financeiro, tinha um controlo sobre o transporte marítimo que fazia a ligação entre Mocímboa da Praia e Tanzânia. Ajudou financeiramente muitos jovens de Mocímboa da Praia a iniciarem os seus próprios pequenos negócios. A. S. M., comerciante local com ligações comerciais à Tanzânia. Como S. M. e A. A. M., acima mencionados, A. S. M. apoiava igualmente os jovens locais no início dos seus pequenos negócios. 16 Com base na informação recolhida, não nos foi possível obter o apelido de N. Todavia, fontes locais mencionaram que se tratava de uma das pessoas chave nas operações militares do grupo. Mantinha contactos com elementos estrangeiros do grupo. 16 Cadernos IESE n.º17 | 2019 Para além dos actores locais, o grupo contava com o contributo fundamental dos líderes espirituais oriundos da Tanzânia, tais como o sheik A. A. e o sheik A. S. Falando sobre estes sheiks tanzanianos, um membro da comunidade muçulmana do bairro de Nanduadua sublinhou: “(…) historicamente, os sheiks tanzânianos têm uma grande aceitação no seio da comunidade muçulmana aqui na zona norte, particularmente em Mocímboa da Praia (…) O sheik A. A. e o sheik A. S. e ainda o sheik Hassan, quando chegaram a Mocímboa logo tiveram uma grande aceitação dos jovens muçulmanos... Alguns desses jovens são negociantes nos mercados informais, outros camponeses, carpinteiros, pescadores ou desempregados e sem escolarização (…) A maior parte destes jovens não fala português… fala línguas locais e o kiswahili (…) Estes sheiks tinham um discurso fervoroso e contundente contra antigas lideranças religiosas locais e contra o Estado (…) Nas suas palestras eles tocavam os problemas dos jovens, tais como o desemprego e a falta de condições de vida e perguntavam por que é que eles [jovens] estavam na miséria quando Allah deu tanta riqueza a Mocímboa da Praia? (...)”17 Como era feito o recrutamento? Uma das questões que a nossa pesquisa exploratória procurou entender foi o recrutamento dos membros do grupo. Como é que ele ocorreu? Como é que os jovens chegaram a integrar o grupo? Em Mocímboa da Praia, o grupo dos Al-Shabaab focalizou os seus esforços de recrutamento tanto a nível local/nacional como também no estrangeiro, nomeadamente na Tanzânia ou ainda na região dos Grandes Lagos. De acordo com as nossas fontes, internamente, depois do ataque de 5 de Outubro de 2017, uma parte importante dos recrutas vinha dos distritos costeiros das províncias de Cabo Delgado e Nampula, nomeadamente Mocímboa da Praia, Macomia, Memba, Nacala-a-Velha e Nacala-Porto. Muitos desses recrutas juntaram-se ao grupo sob promessas de pagamento de valores monetários, emprego e, em alguns casos, bolsas de estudo no estrangeiro. As entrevistas e discussões em grupos focais realizadas no âmbito desta pesquisa mostram que o grupo dos Al-Shabaab de Mocímboa da Praia tinha montado uma rede diversificada de recrutamento constituída por laços de casamentos, redes informais de amigos, madrassas, mesquitas, negócios nos mercados informais e algumas associações informais de base 17 Entrevista com F.R.M., carpinteiro, Mocímboa da Praia, 21 de Novembro de 2017. Saide Habibe, Salvador Forquilha e João Pereira | 17 Radicalização Islâmica no Norte de Moçambique O Caso de Mocímboa da Praia comunitária de jovens muçulmanos. Nas linhas a seguir descrevemos a maneira como alguns destes elementos viabilizaram a rede de recrutamento. Laços de casamento As estratégias de casamento constituíam um dos instrumentos mais eficazes na implantação do grupo. Com efeito, de acordo com as entrevistas, os elementos que se fixaram em Mocímboa da Praia, idos da Tanzânia, Quénia ou de outros países conseguiram obter a protecção das famílias locais via laços de casamento. Quando chegassem, casavam-se com as mulheres locais e recebiam dos sogros espaços para a construção das suas habitações, muitas vezes no mesmo quintal onde moravam os sogros. Dado o seu poder económico-financeiro, esses elementos acabavam por se tornar uma importante fonte de sustento dessas famílias e, em troca, recebiam protecção. Neste contexto, os casamentos contribuíram também para a radicalização da parte dos membros dessas famílias, na medida em que começaram a frequentar os espaços de culto do grupo. Redes informais de amigos As redes informais de amigos foram fundamentais para o processo de recrutamento de jovens para se juntarem ao grupo dos Al-Shabaab. Essas redes proporcionavam incentivos à mobilização política, na medida em que passar o tempo com amigos podia servir para aumentar a propensão a participar em “projectos” voltados para temas colectivos. Mas quando existisse uma certa resistência nos grupos de amigos, os jovens recrutadores paravam de se confrontar com os que pensavam diferente. Muitas vezes, tentavam doutrinar a família e o círculo de amizades; quando isso não funcionasse deixavam de lado a tolerância e passavam a ter uma visão de mundo única. Um dos nossos entrevistados conta como os seus amigos deixaram de falar consigo: “Eu tinha cinco amigos e estávamos sempre juntos, mas de repente eles começaram a ter umas atitudes estranhas comigo… a toda a hora discutíamos sobre a religião e a necessidade de mudar a maneira de rezar nas nossas mesquitas. Como tínhamos posições diferentes eles deixaram de falar comigo e mais tarde começaram a conviver com pessoas que tinham a mesma forma de pensar e em círculos muito fechados…Depois descobri que faziam parte dos Al-shabaab”18. Na realidade, o uso de redes informais de amigos ou baseadas em laços de parentesco 18 Entrevista com A. K. M., vendedor informal, Mocímboa da Praia, 22 de Novembro de 2017. 18 Cadernos IESE n.º17 | 2019 como um mecanismo de recrutamento, por parte do grupo dos Al-Shabaab de Mocímboa da Praia, não constitui nada de novo. Aliás, a literatura sobre acção colectiva está cheia de exemplos dessa natureza e mostra o quão importante são as redes informais e grupos de amigos no âmbito de recrutamento de indivíduos para participar numa acção colectiva, seja ela de carácter social, político ou religioso (Della Porta & Diani, 2006). Madrassas À semelhança do que acontece em relação às mesquitas, o Estado local não tem a noção do número exacto das madrassas existentes em Mocímboa da Praia. Apesar de não oferecerem uma educação formal, num contexto onde o sistema de educação e serviços públicos em geral são deficientes19, particularmente nas zonas mais remotas de Mocímboa da Praia, as famílias mais pobres vêm recorrendo às madrassas20 ou escolas corânicas, que alimentam e abrigam crianças e, no caso das madrassas do grupo dos Al-Shabaab, difundem uma forma de Islão mais militante do que o tradicional no país. Durante anos, as crianças aprendem de cor cada verso do Alcorão, até se tornarem “hafiz” – alguém que memorizou todo o livro sagrado. Quase todas as escolas corânicas espalhadas pelo distrito de Mocímboa da Praia, inclusive as da vila-sede, estavam num ambiente de muita pobreza, onde a vida subsidiada nas madrassas, particularmente as do grupo dos Al-Shabaab, na zona de Nanduadua, constituía uma alternativa para os filhos de famílias numerosas.  Além do estudo do Alcorão, as madrassas geridas pelo grupo dos Al-Shabaab também projectavam vídeos do sheik Aboud Rogo. Segundo fontes locais, os vídeos de propaganda do sheik Rogo eram debatidos nas madrassas e difundidos pela rede social WhatsApp. O grupo dos Al-Shabaab distribuía também pen drives com cânticos jihadistas e vídeos de propaganda que mostravam supostas operações militares do grupo, para além de imagens que mostravam como os muçulmanos são perseguidos pelo mundo. Nestas imagens, o grupo procurava interpelar os jovens no sentido de se juntarem à causa da jihad. 21 As mensagens 19 De acordo com Silva et al (2016), onde o Estado é frágil na provisão de serviços ou no controlo do território, grupos extremistas conseguem consolidar a sua presença. Por exemplo, o Estado somali não conseguiu consolidar-se, tendo sofrido diversas intervenções ao longo da história, sendo extremamente dependente do apoio internacional. A homogeneidade da Somália dá a falsa impressão de que ela seria uma nação facilmente governável. No entanto, a vulnerabilidade governamental exacerbada pelo secular regime de clãs, a facilidade para obter armamento, a pobreza crónica, o apoio externo de grupos extremistas, dentre outros factores, favoreceram a consolidação do grupo Al-Shabaab. Para uma análise mais detalhada sobre a falência do Estado e movimentos islâmicos radicais ver Silva, Y. et al (2016). 20 Em geral, as madrassas são mantidas por donativos dos fiéis e pelos alunos internos. 21 É importante referir que em finais de 2017 circulou um vídeo de propaganda (provavelmente o único até então) com apelos à jihad. Durante o trabalho de campo para esta pesquisa explortória em Mocímboa da Praia quisemos saber dos nossos entrevistados se reconheciam os personagens do referido vídeo. Para a nossa surpresa, sem excepção, todos os nossos entrevistados disseram reconhecer o jovem que, empunhando uma arma e com a cara semi-coberta, apelava Saide Habibe, Salvador Forquilha e João Pereira | 19 Radicalização Islâmica no Norte de Moçambique O Caso de Mocímboa da Praia que o grupo dos Al-Shabaab fazia passar, muitas vezes servindo-se de códigos visuais que agradam ao público jovem (fotografias, filmes e videojogos), falavam de uma luta por ideais: “defender os mais fracos; opor-se aos mais fortes; ajudar as populações necessitadas”. É importante referir que não há uma uniformização dos curricula das madrassas, não só em Mocímboa da Praia como também no resto do país, facto que as torna locais férteis para a penetração de ideologias religiosas de cunho radical. Por exemplo, nos locais de culto e madrassas do grupo dos Al-Shabaab, ensinava-se que “em Meca não há peregrinação... se quiserem fazer peregrinação vão à Somália. Indo à Somália para a peregrinação Allah vai vos dar o paraíso”22. Internet e redes sociais O crescente acesso à internet, associado à disseminação da telefonia celular, tem mudado a forma como as pessoas interagem e como acedem à informação e participam na política. As redes sociais são uma maneira extremamente importante para a transmissão de uma mensagem a um público-alvo. Tweets e postagens no Facebook transmitem emoções ao leitor. Assim como outros grupos extremistas, o grupo dos Al-Shaabab de Mocímboa da Praia também usava redes sociais como o Facebook, Twitter, WhatsApp e vídeos para recrutar combatentes. Estes meios também eram usados para disseminar informações sobre as actividades do grupo e comunicação. A divulgação de vídeos tinha em vista influenciar crenças e sentimentos que favorecessem o recrutamento. A maioria destes vídeos continha mensagens em kiswahili e árabe de forma a passar a informação a potenciais recrutas que falam estas línguas. Nos vídeos transmitidos, as mensagens tinham um conteúdo claramente jihadista. Os vídeos mais circulados pelas diferentes células do grupo dos Al-Shabaab na zona norte são do sheik Aboud Rogo Mohammed, mais conhecido pela população local como Aboud Rogo. Que mensagens Aboud Rogo passa nos seus vídeos? Nos seus discursos, ele usa a “teoria do complot”. Convence os mais novos de que vivem num mundo corrupto, rodeados de pessoas que lhes mentem constantemente e levando-os a desconfiar de tudo e de todos, fazendo-os sentir-se “especiais”.  Os extremistas violentos aproveitam o facto de os jovens encontrarem-se num período em que questionam a vida e a própria identidade para os convencer de que são “seres superiores”. O que sentem – dizem-lhes – é um “apelo divino” aos jovens de Mocímboa da Praia e de Moçambique para que se juntassem ao grupo. 22 Entrevista com S.M, líder religioso local, Mocímboa da Praia, 23 de Novembro de 2017. 20 Cadernos IESE n.º17 | 2019 para ajudarem a criar um mundo melhor. Com discursos deste tipo, os Al-Shabaab conseguiram que jovens de Mocímboa da Praia e do norte de Moçambique começassem a isolar-se do mundo em que viviam e a aderir ao grupo. Os pais e Álimos das mesquitas e a escola perderam autoridade sobre esses jovens, pois passaram a ser vistos pelos recrutas como “impuros”, transmissores de uma mensagem que alimenta a mediocridade.  Assim, em pouco tempo, o grupo dos Al-Shabaab conheceu um relativo crescimento em Mocímboa da Praia, o que permitiu que passassem de um pequeno grupo de “agitadores” nas mesquitas locais de mais ou menos 50 indivíduos para uma “força armada” de cerca de 300 pessoas, de acordo com fontes locais. Este grupo teve a capacidade para atacar o Estado e semear pânico nas comunidades locais, forçando o Governo central a enviar tropas para o terreno com vista a combatê-lo. Que factores podem explicar a expansão das acções armadas do grupo para fora do distrito de Mocímboa da Praia? No nosso entender há, pelo menos, três factores. O primeiro factor diz respeito à mudança da situação militar na zona. Depois de as Forças de Defesa e Segurança (FDS) terem sido vítimas de ataques em determinados postos avançados, elas decidiram retirar-se de alguns desses postos para consolidar as suas principais bases. Embora este novo arranjo protegesse os militares, ele tornou a população civil mais vulnerável à penetração do grupo dos Al-Shabaab, particularmente nas zonas mais afastadas de Mocímboa da Praia. Além disso, o exército e a polícia mostram alguma dificuldade em realizar operações militares à noite. Bem informado sobre os seus alvos, o grupo dos Al-Shabaab lança a maioria dos seus ataques à noite e raramente enfrenta uma intervenção militar. De acordo com as nossas fontes, o moral das tropas das Forças de Defesa e Segurança (FDS) parece baixo, especialmente nas unidades regulares do exército. O cansaço causado pelos ataques armados do grupo dos Al-Shabaab, os problemas logísticos e a sensação de que o Governo está a tratar os soldados de maneira injusta, especialmente no que diz respeito à alimentação e tempo de permanência no terreno, estão a causar frustração no seio das Forças de Defesa e Segurança (FDS). Os soldados estão irritados porque não têm comida suficiente e nem assistência médica. Muitos deles em Mocímboa da Praia, Macomia e Palma têm a impressão de que os seus produtos alimentares estão a ser desviados. Com efeito, alguns soldados acusaram altos oficiais de apropriação indevida de seus alimentos e bónus: “(….) Estamos cansados com esta situação que se vive em Mocímboa… Cada dia que passa temos menos logísticas nos acampamentos militares… Muitos de nós Saide Habibe, Salvador Forquilha e João Pereira | 21 Radicalização Islâmica no Norte de Moçambique O Caso de Mocímboa da Praia para comer temos que pedir nas comunidades… A nossa comida está a acabar nas mãos dos nossos comandantes …..dizem que temos bónus, mas esses bónus nunca chegaram aos soldados rasos(…)”23 . As nossas fontes mencionaram, igualmente, a falta de meios militares apropriados por parte das Forças de Defesa e Segurança (FDS) para combater eficazmente o grupo. É importante referir que ao longo dos últimos dois anos, o grupo dos Al-Shabaab tornou mais sofisticada a sua forma de actuação, criando “espiões” no seio das comunidades locais com a finalidade de monitorar a movimentação dos elementos das Forças de Defesa e Segurança (FDS) na zona. Isso permite aos Al-Shabaab ter informação actualizada sobre a possibilidade de um eventual ataque por parte das Forças de Defesa e Segurança (FDS), facto que oferece uma certa protecção ao grupo. O segundo factor que explica a expansão das acções do grupo dos Al-Shabaab tem a ver com a fragilidade ou mesmo ausência do Estado em grande parte das zonas remotas de Mocímboa da Praia. Por outras palavras, as lideranças do grupo dos Al-Shabaab aproveitam-se da fraca presença da autoridade do Estado, facto que, de alguma forma, permite que a população destas áreas, dado o contexto, fiquem vulneráveis à penetração de grupos radicais. O terceiro factor explicativo diz respeito ao facto de o grupo dos Al-Shabaab estar a receber jovens de outras partes do continente africano, particularmente da Tanzânia, Uganda e da região dos Grandes Lagos. Refira-se que alguns desses jovens tinham estado envolvidos em círculos de crime e outros com experiência, particularmente, em acções de Jihad. 24. A este propósito, um vendedor informal em Pamunda mencionou que: “(….) Cada dia que passa chegam muitos jovens de outros países para se juntar a este grupo chamado Al-Shabaab (…) Ninguém sabe de onde vêm exactamente, mas uma coisa é certa, eles não são daqui….Eles falam uma língua estranha (…) Eles são indivíduos com alguma experiência de guerra (…) Quando chegam aqui treinam os nossos amigos em técnicas militares (…) Muitos deles já vêm aqui com armas de fogo (….) ”25. Ainda sobre a presença de cidadãos de outros países nas fileiras do grupo dos Al-Shabaab 23 Entrevista com A.M., militar de guarda-fronteira, Mocímboa da Praia, 7 de Fevereiro de 2018. 24 Moçambique não é o único caso onde grupos extremistas violentos recrutam estrangeiros para as suas fileiras. De acordo com Silva et al (2016) os Al-Shabaab Somalis recrutam tanto guerrilheiros locais quanto estrangeiros provenientes de outros países que simpatizam com a causa jihadista. 25 Entrevista com A.M., vendedor informal, Mocímboa da Praia, 27 de Novembro de 2017. 22 Cadernos IESE n.º17 | 2019 de Mocímboa da Praia, um dos entrevistados referiu: “Em Dezembro [2017] atacaram Makulo, que fica a 40 km da vila [de Mocímboa da Praia]. Eles [os Al-Shabaab] reuniram a população e disseram: ‘Não queremos vos fazer mal... nós queremos içar a nossa bandeira... aqui estão pessoas de Tanzania, Quénia... e o discurso era feito em kiswahili. A bandeira deles era de cor preta com inserções brancas. Eles [Al-Shabaab] diziam que estavam contra o Governo”26. Por que razão os jovens juntaram-se ao grupo dos Al-Shabaab? A questão dos factores que levam pessoas a juntarem-se a grupos extremistas violentos tem estado no centro das atenções de estudiosos e fazedores de políticas. Não existe consenso sobre as motivações responsáveis pelas decisões de participação em grupos extremistas violentos. A literatura aponta factores de vária ordem, nomeadamente psicológica, ideológica, filosófica, política e socioeconómica (Hinds, 2013; Cotte, 2015, Mcculough et al., 2017). Cotte (2015), por exemplo, sublinha que as raízes do terrorismo não estão no indivíduo, mas nas circunstâncias mais amplas em que os terroristas vivem e agem. Nesse sentido, as razões que levam um indivíduo a juntar-se a um grupo extremista são externas e não necessariamente internas ao indivíduo (Cottee, 2015). Da mesma forma, Vetlesen (2005) argumenta que a transgressão brota de uma combinação entre carácter, situação e estrutura social. Para reforçar essa percepção de elemento externo que leva pessoas a juntarem-se a grupos extremistas violentos, autores como Bandura (2002) enfatizam a importância de reconhecer as condições sociais, em vez de ver as pessoas como predispostas para actos atrozes como aqueles relacionados ao terrorismo. Como ele diz, “em condições sociais apropriadas, pessoas comuns decentes podem fazer coisas extraordinariamente cruéis” (Bandura, 2002: 109). Devido a essa influência externa, as razões que levam indivíduos a unirem-se e participarem em grupos extremistas violentos, bem como os condutores da radicalização, diferem de país para país e de grupo para grupo. Nesse sentido, o que pode motivar os Somalis a alistarem-se ao Al-Shabaab somali pode ser diferente dos factores que motivam Moçambicanos a unirem-se ao grupo dos Al-Shaabab. Isso também significa que os projectos de políticas para responder ao extremismo violento têm que ser específicos para cada caso e não de um modelo único. Isso enfatiza a necessidade de que cada caso de extremismo violento seja bem estudado e entendido de modo a encontrar-se 26 Entrevista com R. I., líder religioso local, Mocímboa da Praia, 8 de Fevereiro de 2018. Saide Habibe, Salvador Forquilha e João Pereira | 23 Radicalização Islâmica no Norte de Moçambique O Caso de Mocímboa da Praia soluções mais realistas e adaptadas ao contexto. No caso de Mocímboa da Praia, o que levou os jovens a juntarem-se ao grupo dos Al- -Shabaab? De acordo com as entrevistas realizadas no terreno, as motivações dos jovens eram de vária ordem. Nas linhas a seguir olhamos para algumas dessas motivações. Pobreza, desemprego e baixa escolaridade A primeira motivação detectada pela pesquisa que realizámos é bem pragmática: necessidade de sobrevivência. A economia de Mocímboa de Praia está praticamente destruída, particularmente fora da vila sede. A autoridade local não tem capacidade para responder à demanda de emprego e de serviços públicos na região, onde mais de metade da população vive abaixo da linha da pobreza, incluindo muitos jovens cronicamente sub-empregados27. O sector informal é a única alternativa para a sobrevivência de muitos desses jovens de Mocímboa da Praia, geralmente com baixos níveis de escolaridade, sem qualificações profissionais e com uma responsabilidade por enormes agregados familiares. Um habitante local caracterizou a situação actual de Mocímboa da Praia nos seguintes termos: “(…) No tempo colonial Mocímboa da Praia e Ibo eram conhecidos como capital de Cabo Delgado… As capitais têm sempre muitas oportunidades… Mas desde 1975 que Mocímboa da Praia se tornou um distrito abandonado pelos sucessivos governos da FRELIMO… Hoje em Mocimboa da Praia os jovens vivem de pedir esmola e do trabalho no mercado informal… Aqueles que as suas famílias têm alguma coisa no bolso conseguem ir a Tanzânia ou mandar fazer um barco para começar o seu negócio de pesca… É muito triste acabar 12ª classe e ficar vendendo amendoim nas ruas de Mocímboa (…) Quando reclamamos eles [o Governo] dizem que somos da RENAMO (…)”28. As nossas fontes locais revelaram que uma parte significativa das pessoas que se juntaram ao grupo dos Al-Shabaab eram jovens desempregados pobres, muitos deles de famílias desestruturadas, que largaram a escola ou frequentaram simplesmente as escolas corânicas e desenvolviam suas actividades como vendedores informais na vila sede. Nesse sentido, em Mocímboa da Praia, os vendedores informais constituíam uma parte importante da base social de apoio do grupo dos Al-Shabaab. 27 Muitos jovens que se têm juntado ao grupo dos Al-Shabaab em Mocímboa da Praia encontram-se numa fase de desenvolvimento pessoal crítica, na sua maioria com idades entre 18 e 25 anos. É a fase em que existe um maior corte emocional com a família de origem e em que surgem as grandes questões de independência: que projecto de vida construir? Que valores seguir? 28 Entrevista com M.C., Vila -Sede de Mocimboa, 25 de Novembro de 2017. 24 Cadernos IESE n.º17 | 2019 Sem oportunidade de emprego, vivendo na miséria e com dificuldades de integração social, esses jovens viram no grupo dos Al-Shabaab a possibilidade de satisfazer as necessidades básicas suas e das suas famílias. Um pescador local contou como o seu irmão foi juntar-se ao grupo dos Al-Shabaab... “O meu irmão mais novo juntou-se aos “bandidos dos Al-Shabaab” por causa da miséria e desemprego. Aqui em Mocímboa [da Praia], a situação [económica] para homens jovens é má. Eles [os jovens] só conseguem sobreviver se saírem daqui para Pemba, Maputo. Mas onde arranjar dinheiro para chegar a Pemba ou Maputo? A alternativa que ele [irmão] teve foi ir juntar-se aos Al-Shabaab”29. Estando em situação de desemprego e com profissões que não lhes permitem “sonhar muito alto”, mesmo trabalhando no mercado informal, estes jovens juntaram-se ao grupo dos Al-Shabaab também em busca de uma comunidade, uma orientação e respostas aos seus problemas. É preciso referir que alguns jovens do mercado informal que se juntaram ao grupo dos Al-Shabaab estavam descontentes com a actuação dos agentes do Conselho Municipal da Vila de Mocímboa da Praia, particularmente cobradores de taxas do mercado e Polícia Municipal. Nesse conflito, os vendedores informais acusavam o Conselho Municipal de estar a cobrar taxas excessivas, facto que, na sua opinião, impedia que os seus negócios fossem rentáveis. Fantasias pessoais, busca de aventura, camaradagem e criação de uma nova ordem Por trás das motivações sociais, económicas, políticas ou mesmo religiosas que as pessoas eventualmente possam apresentar para se engajar em grupos de extremsimo violento como o Al-Shabaab, há também um outro conjunto de motivações, nomeadamente fantasias pessoais, a busca de aventura, de camaradagem, de propósito de vida, de identidade. À semelhança do que acontece em outros contextos, em Mocímboa da Praia essas “iscas” tiveram um grande poder de atracção, especialmente para os jovens que achavam que não havia muita coisa a acontecer na sua vida. Na realidade, o que o grupo dos Al-Shabaab oferecia a estes jovens era uma nova família e um novo estilo de vida, em torno de uma certa “ideologia”. Os Al-Shabaab proporcionavam, assim, aos jovens recrutas de Mocímboa da Praia e outros distritos, sobretudo, a sensação 29 Entrevista com D.B., Pamunda, 27 de Novembro de 2017. Saide Habibe, Salvador Forquilha e João Pereira | 25 Radicalização Islâmica no Norte de Moçambique O Caso de Mocímboa da Praia de segurança, apoio e comunidade – necessidades emocionais que eles preenchiam. Para os jovens, a jihad era o “extremismo correcto”, na medida em que eles passaram a ver o Islão como algo de importante para desafiar as autoridades locais e construir uma nova ordem social e política. Refira-se que uma parte importante destes jovens se via num papel completamente insignificante a nível local. Marginalizados e impossibilitados de ter um impacto no que quer que fosse, para estes jovens juntar-se ao grupo dos Al-Shabaab era uma maneira de desafiar as antigas lideranças das mesquitas de Mocímboa da Praia. Os Al-Shabaab desafiavam as lideranças islâmicas locais, deixando de participar nas orações orientadas por estas últimas, insultando-as e acusando-as de fazer parte do Governo. Refira-se que as antigas lideranças islâmicas pediram a ajuda das autoridades locais para se manter no poder e expulsar estes jovens das suas mesquitas. A este propósito, um líder islâmico local mencionou: “Quando a situação começou aqui em Mocímboa [da Praia], eu e outros sheiks fomos pedir ajuda ao Governo para impedir os jovens [do Al-Shabaab] de frequentar as nossas mesquitas. Esses jovens [Al-Shabaab] entravam de sapatos nas nossas mesquitas e outros insultavam-nos em frente de outros irmãos muçulmanos. Eles até chamavam-nos agentes da Frelimo quando um sheik deve ser apartidário”30. Um outro líder religioso local enfatizou” “Esses jovens [Al-Shabaab] diziam-nos que nós [líderes religiosos locais] devíamos deixar de fazer o que estávamos a fazer porque não sabíamos nada do Alcorão e que as nossas mesquitas eram “barracas”. Eles prometeram matar-me para controlar a mesquita e acusaram-me de receber dinheiro do Africa Muslim31 e comer sozinho”32. Questões identitárias baseadas em etnia Aquando da independência de Moçambique, em 1975, apesar do discurso ideológico da Frelimo sobre a unidade nacional, a desconfiança entre comunidades e profundas divisões étnicas nas diversas regiões do país foram e continuam a ser um obstáculo significativo no processo da construção de uma identidade nacional de facto, na qual todos os grupos étnicos se revejam. Na realidade, à semelhança do que acontece em outros países africanos, as elites políticas em Moçambique também são marcadas por uma competição feroz 30 Entrevista com A.Z., Shehe, vila-sede Mocímboa da Praia, 28 de Novembro de 2017. 31 Uma Organização não Governamental (ONG) de carácter humanitário com acções em Moçambique desde 1993. Ela tem financiado a construção de mesquitas e bolsas de estudos a jovens Moçambicanos dentro e fora de Moçambique. 32 Entrevista com M.Z., Shehe, Nanduadua, 28 de Novembro de 2017 26 Cadernos IESE n.º17 | 2019 pelo acesso e controlo dos recursos e uma visão do Estado como fonte de enriquecimento pessoal (Bayart, 1989). Esta competição encoraja muitas vezes o recurso à manipulação das identidades étnicas, fazendo com que a lealdade à comunidade étnica se sobreponha à lealdade à nação. Concretamente, no caso da Mocímboa da Praia, tal manifesta-se, sobretudo, através dos mecanismos de distribuição de cargos públicos e recursos. De acordo com os nossos entrevistados, o grupo étnico mwani sente-se excluído em termos de representação política e benefícios económicos. A este propósito, um jovem local referiu: “Aqui em Mocímboa [da Praia], o que está na moda são os macondes e jovens que vêm de Maputo. Nós [mwani] não vemos nada… Os nossos pais para viver têm que trabalhar nas machambas dos chefes macondes… Eles são chefes e nós empregados… Isto começou há muito tempo e não é de hoje… Nós os mwani estamos a sofrer… Mas um dia isto vai ter que mudar, não podemos continuar assim…”33. Na mesma linha, um outro entrevistado acrescentou: “O número de mwani que beneficiam do fundo de pensões para antigos combatente aqui em Mocímboa [da Praia] é muito pequeno... Quando vamos tratar os documentos de antigo combatente a prioridade vai para os macondes… Todos os meses eles têm dinheiro para comprar capulanas para as suas mulheres e nós não… Por causa disso, nós mwani não somos considerados pelas nossas esposas… Mas que fazer? Eles [macondes] é que mandam”34. Quando se analisa o perfil dos jovens envolvidos no grupo dos Al-Shabaab em Mocímboa da Praia (pelo menos no que se refere aos primeiros momentos do grupo), constata-se que muitos desses jovens foram alunos nas madrassas locais. Todavia, esses jovens foram parar ao grupo não necessariamente atraídos pela religião ou pela ideologia do grupo como tal. Aliás, o conhecimento que muitos desses jovens tinham sobre a teologia islâmica era claramente superficial. Na realidade, como mostra a literatura (Neumann, 2013; Bugart, 2016), a adesão a grupos da natureza dos Al-Shabaab de Mocímbia da Praia não requer, por parte dos jovens aderentes, um conhecimento sofisticado, do ponto de vista ideológico… basta que tenham o sentido e o compromisso em relação aos princípios que o grupo defende. No caso de Mocímboa da Praia, o que tinha peso para o envolvimento dos jovens no grupo era, entre outros aspectos, o encanto e o sentimento de “estar a lutar por alguma coisa” que eles viam em grupos da natureza dos Al-Shabaab. Alguns entrevistados faziam uma relação entre o estado precário dos serviços de educação a nível local e a vulnerabilidade da zona 33 Entrevista com A. I., jovem desempregado, Nanduadua, 28 de Novembro de 2017. 34 Entrevista com A. F., Nanduadua, 28 de Novembro de 2017. Saide Habibe, Salvador Forquilha e João Pereira | 27 Radicalização Islâmica no Norte de Moçambique O Caso de Mocímboa da Praia em termos de penetração de ideologias religiosas de tipo radical. Nas palavras de um dos entrevistados, “A escola pública da região norte de Moçambique, particularmente das zonas mais distantes das vilas-sede e dos postos administrativos, é um claro exemplo de décadas de negligência que geram uma sensação de abandono pelo Governo a muitos Moçambicanos, particularmente os mais pobres. As regiões de Mocímboa da Praia sem escolas e outras alternativas de formação para as crianças e adolescentes são zonas de maior penetração do grupo dos Al-Shabaab. Estes jovens acreditam que podem mudar Moçambique simplesmente por pertencer aos Al-Shabaab. Para eles, esta sociedade não traz nenhum benefício... Nem traz esperança”35. A adesão de alguns desses jovens ao grupo dos Al-Shabaab surpreendeu inclusivamente os Álimos locais. A este propósito, um Álimo de uma das madrassas de Mocímboa da Praia mencionou: “Eu fiquei surpreendido quando vi que um número de jovens que frequentavam a minha madrassa estava junto dos Al-Shabaab. Muitos deles conheciam apenas o básico do Islão mas acreditavam que iam transformar Mocímboa da Praia numa capital política dos Al-Shabaab”.36 Durante o trabalho de campo tomámos conhecimento do desaparecimento de jovens, que mais tarde admitiram em telefonemas aos seus pais que se tinham juntado ao grupo dos Al-Shabaab. Estes casos nunca foram denunciados à polícia por medo de represálias. Havia preocupações semelhantes em distritos vizinhos de Mocímboa da Praia. Sobre o desaparecimento de jovens nas aldeias, um pescador a quem entrevistámos contou a sua experiência nos seguintes termos: “Os meus dois filhos deixaram as suas mulheres e respectivos filhos em minha casa. Quando perguntei à minha mulher porquê as nossas noras e netos passaram a viver na nossa casa, ela não sabia dizer. Os meus filhos ficaram cinco meses sem dar nenhuma notícia e ninguém em casa sabia onde estavam. Depois de cinco meses, eles ligaram para dizer que estavam na Somália para participar na jihad ou guerra santa. Foi através deste telefonema que ficámos a saber do paradeiro dos meus filhos”37. Mas houve também jovens que decidiram partir de Mocímboa da Praia com o conheci35 Entrevista com M.A., líder de uma orgnizção da sociedade civil, Mocímboa da Praia, 22 de Novembro de 2017. 36 Entrevista com S.E., Álimo numa das madrassas de Mocímboa da Praia, 22 de Novembro de 2017. 37 Entrevista com A.F., pesacador, Mocímboa da Praia, 23 de Novembro de 2017). 28 Cadernos IESE n.º17 | 2019 mento dos pais, supostamente para fora do país para fazer negócios ou aprender o Islão. Uma mãe entrevistada contou como o seu filho partiu e voltou diferente... “O meu filho despediu-se de mim dizendo que ia para Somália fazer negócio e estudar a religião muçulmana. Quando voltou já não era o mesmo filho que conhecíamos. Ele tinha-se tornado uma pessoa muito radical e falava de uma religião muçulmana que nós que temos mais de 60 anos nunca ouvimos falar. Quando o pai lhe perguntava, respondia que o pai não era muçulmano, era um traidor dos ideais do islamismo. A partir daí ele começou a mobilizar os seus amigos e colegas no mercado informal e muitos deles passaram a participar nas reuniões nas madrassas do grupo dos Al-Shabaab aqui em Mocímboa da Praia”38. Um relato semelhante é de um pai que, igualmente, viu os seus filhos partir da sua aldeia para se irem juntar ao grupo dos Al-Sahbaab... “Eu vi os meus três filhos partir, depois de venderem as suas casas para se juntarem aos Al-Shabaab... Os meus filhos não foram os únicos aqui na aldeia a venderem os seus bens para se juntarem a esses ‘bandidos de Al-Shabaab’. Os meus amigos pescadores também viram os seus filhos a desaparecerem por três meses depois de venderem tudo o que tinham. Quando voltaram, vieram para as nossas casas e bairros tentarem convencer as pessoas para se juntarem aos Al-Shabaab. Alguns deles não queriam que fizéssemos as nossas orações nas nossas mesquitas... eles queriam que fossemos rezar nos quintais das casas deles, onde eles próprios rezavam dizendo que nas nossas mesquitas só havia pecadores”39. Um outro relato mostra como dois irmãos vivendo na mesma família tiveram atitudes diferentes: “O meu irmão não queria ouvir os nossos pais. Dizia que eles eram velhos e não sabiam nada do Islão e iam a mesquitas de um sheik que nem de Alcorão sabia. O meu irmão esteve fugitivo por não querer ouvir os conselhos dos mais velhos. Tudo isso está acontecendo com ele por causa de ambição de dinheiro e de coisas fáceis”40. Uma parte das pessoas entrevistadas disse que não tinha controlo sobre os seus filhos quando estes decidissem juntar-se ao grupo dos Al-Shabaab e nem sabia o que iria acontecer aos seus filhos com as ofensivas militares lançadas pelas Forças de Defesa e Segurança (FDS) com a finalidade de pôr termo à acção dos Al-Shabaab. 38 Entrevista com Z.T, camponesa, Mocímboa da Praia, 24 de Novembro de 2017. 39 Entrevista com A.S., pescador, Mocímboa da Praia, 24 de Novembro de 2017. 40 Entrevista com A.H, jovem, Mocímboa da Praia, 25 de Novembro de 2017. Saide Habibe, Salvador Forquilha e João Pereira | 29 Radicalização Islâmica no Norte de Moçambique O Caso de Mocímboa da Praia Apesar de inicialmente o grupo dos Al-Shabaab ter focalizado os seus métodos de recrutamento em mesquitas, escolas corânicas, grupos de amigos ou ainda laços de casamento, mais tarde, passou a fazer o recrutamento através de promessas de pagamento de salário. Neste contexto, o salário ao fim de cada mês passou a ser uma das principais motivações para adesão ao grupo. Ou seja, a promessa de dinheiro passou a constituir um dos aliciamentos recorrentes para atrair combatentes vivendo em condições de miséria e desemprego. O recrutamento passou, igualmente, a ter uma dimensão de coacção, quer através de ameaças de morte, quer de terror nas aldeias41. O grupo é acusado de recrutar mulheres e crianças nas machambas, maltratar e matar homens, além de realizar casamentos forçados e usar civis como escudos humanos. A este propósito, um dos entrevistados contou a experiência da sua família: “O meu irmão, a esposa e os filhos foram raptados pelos Al-Shabaab. O meu irmão estava para ser morto, mas conseguiu fugir. A minha cunhada e os meus sobrinhos ficaram com os homens [do Al-Shabaab] e não sabemos o que vai acontecer com eles. Estamos a viver com medo nas aldeias porque nas noites eles vêm criar terror e muitas vezes acabam por levar famílias inteiras”42. Quando perguntámos sobre as razões que levavam o grupo dos Al-Shabaab a matar homens e manter em cativeiro mulheres e crianças, um dos membros da comunidade local contou que as mulheres e as crianças (particularmente estas últimas) eram fáceis de doutrinar. As mulheres eram usadas para trabalhos domésticos, preparação de alimentos e reconhecimento das movimentações dos militares das Forças de Defesa e Segurança (FDS) na zona. Para além disso, de acordo com fontes locais, muitas dessas mulheres eram forçadas a casar-se ou a manter relações sexuais com líderes do grupo dos Al-Shabaab. De acordo com fontes locais, as pessoas raptadas servem de escudos humanos. O grupo dos Al-Shabaab impede-as de se movimentarem porque temem ataques das Forças de Defesa e Segurança (FDS), caso os civis saiam. Os habitantes reclamam dos constantes atropelos aos direitos humanos levados a cabo pelo grupo e acusam analistas sobre o assunto de não prestarem tanta atenção ao problema como a outras crises. Segundo relatos locais, 41 É importante referir que o recrutamento por coação corresponde à fase posterior ao primeiro ataque armado ocorrido a 5 de Outubro de 2017. Nesta fase, o grupo dos Al-Shabaab adoptou um tipo de actuação mais violenta para com as populações civis. Esta mudança pode explicar-se por três factores: a) o aumento de controlo a nível das estruturas comunitárias de base, relativamente à movimentação dos jovens; b) a fuga de algumas pessoas das zonas sob o controlo do grupo; c) a intensificação da acção violenta das Forças de Defesa e Segurança (FDS). 42 Entrevista com M. A., pescador, Mocímboa da Praia, 26 de Novembro de 2017. 30 Cadernos IESE n.º17 | 2019 a vida é muito difícil nas áreas controladas pelo grupo dos Al-Shabaab. Não há comida e não há ajuda. Um dos relatos que ouvimos durante o trabalho de campo foi de um camponês que viveu três semanas numa área controlada pelo grupo no interior de Mocímboa da Praia: “(...) Toda a gente, sobretudo crianças e jovens, quando chegava às zonas controladas pelos Al-Shabaab era obrigada a participar nas palestras organizadas pelos chefes locais dos Al-Shabaab. Essas palestras eram feitas na língua kimwane e em kiswahili e era sobre os discursos de Aboud Rogo. Eles interpretavam esses discursos e todo o mundo devia ouvir… Vivia-se muito mal na zona. Quem tentasse fugir e fosse apanhado era morto […] eu consegui fugir porque conhecia melhor as matas do que eles [Al-Shabaab]”43. De onde vinha o dinheiro que financiava o grupo dos Al-Shabaab de Mocímboa da Praia? De acordo com a informação recolhida no terreno, o dinheiro usado no financiamento das actividades do grupo dos Al-Shabaab vinha essencialmente de duas fontes: a) economia local ilícita; b) doações. As doações vinham de pessoas com ligações às lideranças do grupo em Mocímboa da Praia. As transferências dos valores monetários eram feitas via electrónica: Mpesa, Mkesh, Mmola. Das duas fontes mencionadas, a primeira (economia ilícita) era a que movimentava avultadas somas de dinheiro para financiar o grupo dos Al-Shabaab44. Com efeito, à semelhança do que acontece em outros países que enfrentam o extremismo violento, o financiamento do grupo dos Al-Shabaab em Mocímboa da Praia e distritos circunvizinhos (pelo menos nos momentos iniciais) estava muito ligado a uma economia local ilícita, com ligações a redes clandestinas de tráfico de madeira, carvão vegetal, rubis, marfim, entre outros produtos. Nas linhas a seguir, trazemos alguns exemplos dos produtos traficados. 43 Entrevista com M. H., camponês, Mocímboa da Praia, 7 de Fevereiro de 2018. 44 De acordo com Lara (2007: 65), cada vez mais o financiamento do terrorismo vem do crime organizado e de actividades ilícitas, até porque se tornou mais difícil para “os Estados-santuário apoiar financeiramente, de forma suficiente e continuada, as actividades terroristas”. Os terroristas envolvem-se, assim, cada vez mais nos meandros do crime organizado, recorrendo a sequestros, extorsões, assaltos, fraudes, branqueamento, hackerismo a contas bancárias, tráfico de estupefacientes, de componentes electrónicos, pedras preciosas, armas e até de seres humanos. Saide Habibe, Salvador Forquilha e João Pereira | 31 Radicalização Islâmica no Norte de Moçambique O Caso de Mocímboa da Praia Madeira De acordo com as entrevistas efectuadas não só em Mocímboa da Praia como também em Pemba, o tráfico de madeira é uma das actividades ilícitas que tem alimentado o financiamento e a reprodução da violência levada a cabo pelo grupo dos Al-Shabaab. Com efeito, segundo as nossas fontes locais, uma rede muito bem estabelecida e com forte poder financeiro na Tanzânia contratava pessoal local para o abate da madeira e seu respectivo processamento em pranchas. Depois do processamento, barcos eram enviados para Macomia, nomeadamente na zona de Quiterajo e/ou outras ilhas para poder fazer o transporte da madeira para a Tanzânia ou vendê-la junto de compradores chineses. A este respeito, um dos entrevistados mencionou: “(…) homens poderosos ligados a este grupo dos Al-Shaabab controlavam grande parte do comércio ilegal da madeira em Cabo Delgado, particularmente em Macomia… Eles chegavam a Macomia, corrompiam as autoridades locais… recrutavam jovens para cortar madeira… Os jovens envolvidos ganhavam muito pouco... Mas os cabecilhas do negócio, ligados aos Al-Shabaab e os seus chefes na Tanzânia, Congo comiam todo o dinheiro… Estes ficaram muito ricos e os jovens continuaram na pobreza… A única coisa que os jovens conseguiram fazer com o dinheiro da madeira foi construir uma pequena palhota e casar (…)”45. Segundo as nossas fontes, o negócio ilegal da madeira gerava um lucro muito grande para os membros do grupo envolvidos. Só para se ter uma ideia, de acordo com as fontes locais, uma prancha era vendida na Tanzânia por um valor correspondente a 2.500 meticais. Por mês saíam cerca de 50 mil pranchas, o que corresponde a 125 milhões de meticais. Uma insignificante parte destes fundos ficava nas mãos dos líderes locais do grupo dos Al-Shabaab em Mocímboa da Praia e distritos circunvizinhos. A partir destes fundos, eles financiavam actividades de jovens no mercado informal em Mocímboa da Praia, através de esquemas de micro-crédito, como forma de aliciamento, bem como as viagens dos líderes espirituais muçulmanos da Tanzânia para Mocímboa da Praia. Carvão vegetal Para além da madeira, o grupo dos Al-Shabaab também estava envolvido na produção e comercialização de carvão vegetal. Grandes quantidades de carvão eram transportadas por embarcações artesanais tanzanianas para serem vendidas na Tanzânia, particularmen45 Entrevista com O. I., madereiro licenciado, Pemba, 8 de Fevereiro de 2018. 32 Cadernos IESE n.º17 | 2019 te em Zanzibar ou em outros lugares. De acordo com fontes locais, cada saco de carvão vegetal era vendido na Tanzânia a um valor correspondente a cerca de 2000 meticais. De acordo com as fontes locais, por semana saíam cerca de 5 a 10 mil sacos. Rubis Outra fonte de financiamento era o negócio ligado às actividades de exploração e venda de recursos minerais, particularmente rubis. Grupos de garimpeiros ilegais oriundos da Somália, Etiópia, Tanzânia e região dos Grandes Lagos instalaram-se na região de Montepuez, tendo estabelecido alianças com algumas lideranças religiosas locais via laços de casamento. Estes grupos de garimpeiros controlavam grande parte do comércio informal, não só de pedras preciosas como também de produtos de primeira necessidade, construção civil, combustíveis e peças de carros. Além disso, estes grupos financiavam a actividade religiosa a nível local, através da construção de locais de culto, nomeadamente mesquitas e madrassas. Dado o conflito que se instalou entre os garimpeiros informais e a empresa Montepuez Ruby Mining (MRM), em Fevereiro de 2017, o Estado moçambicano lançou uma grande ofensiva de expulsão dos garimpeiros ilegais nacionais e estrangeiros. Esta ofensiva resultou no abandono dos garimpeiros, tendo muitos deles perdido seus bens. De acordo com fontes locais, havia muita circulação ilegal de armas, que acabaram nas mãos de jovens com ligações ao grupo dos Al-Shabaab de Mocímboa da Praia. Marfim Alguns distritos circunvizinhos de Mocímboa da Praia, nomeadamente Meluco, Macomia e Quissanga são áreas abrangidas pelo Parque Nacional das Quirimbas. Essas áreas têm sido alvo de uma intensa actividade de caçadores furtivos, essencialmente focalizados no abate de elefantes para a extracção de marfim, que é comercializado na Tanzânia e na rede de agentes asiáticos, particularmente chineses e vietnamitas. É importante referir que dentro da rede de caçadores furtivos circulam não só avultadas somas de dinheiro como também armas ilegais. De acordo com as nossas fontes, parte significativa desse dinheiro e armas tem sido usada para suportar actividades criminosas na região e, nalguns casos, com ligação ao grupo dos Al-Shabaab de Mocímboa da Praia. A este propósito, um dos entrevistados explicou: “Conheço jovens daqui Mocímboa [da Praia] ligados à rede de caça e comercialização de marfim. Eles tinham armas e matavam elefantes para vender aos vietnamitas e chineses que estavam em Pemba. As pontas de marfim eram exportadas por vias de redes clandestinas. Muitos destes Saide Habibe, Salvador Forquilha e João Pereira | 33 Radicalização Islâmica no Norte de Moçambique O Caso de Mocímboa da Praia jovens ficaram ricos com dinheiro vindos de venda de marfim”46. Informação recolhida no terreno sugere que a zona costeira de Cabo Delgado tem estado a tornar-se uma zona de intensa actividade ligada a tráfico de madeira, marfim, pedras preciosas e até drogas, movimentando avultadas somas de dinheiro que, por sua vez, alimentam e financiam o próprio extremismo violento ligado ao grupo dos Al-Shabaab. A dificuldade em fazer passar a droga pela Ásia central e Europa de Leste tem feito crescer o tráfico de droga pela chamada “rota austral”, sendo Tanzânia e Moçambique os principais corredores do tráfico de heroína e cocaína. Ideologia No início, o grupo dos Al-Shabaab era, acima de tudo, uma organização religiosa não militarizada. Gradualmente, o grupo foi-se militarizando sem, no entanto, ter uma elaboração teológica sofisticada nem uma ideologia claramente definida, apesar de reclamar a prática de um Islão fundamentalista. Todavia, é importante referir que o grupo tinha uma forte propaganda que se estruturava em torno de uma oposição explícita, por um lado, às políticas do Governo e, por outro, às lideranças islâmicas locais. O grupo moveu uma perseguição à ordem islâmica localmente estabelecida e incitou os sectores mais desfavorecidos da população a insurgir-se contra as elites político-administrativas de Mocímboa da Praia. Nos seus discursos de mobilização das comunidades locais, os elementos do grupo dos Al-Shabaab também diziam pregar a moral. Um dos entrevistados afirma que “eles [Al- -Shabaab] diziam-nos: cortem o braço ao ladrão, apedrejem o adúltero até à morte e não tenham medo do Governo. Não participem nas cerimónias do Governo”47. Além disso, o grupo dos Al-Shabaab nas suas interações com a população local (pelo menos nos primeiros momentos) defendia que a solução de problemas como o desemprego, a corrupção generalizada nas esferas oficiais, a exclusão política e as desigualdades sociais residia na adesão à versão puritana do Islão. O grupo também defendia a adesão ao movimento internacional de jihad. A sua liderança partia da premissa segundo a qual era necessário impor à população de Mocímboa da Praia a sharia (lei islâmica). Eles proibiam que os seus filhos frequentassem as escolas oficiais e que os seus membros tivessem ligações com as autoridades locais, pagassem impostos e participassem em processos eleitorais. Eles proibiam, igualmente, que os seus membros frequentassem os hospitais e vestissem 46 Entrevista com G. A., Mocímboa da Praia, 27 de Novembro de 2017. 47 Entrevista com A.F., Vila-Sede de Mocímboa da Praia, 26 de Novembro de 2017. 34 Cadernos IESE n.º17 | 2019 roupas de influência ocidental. De acordo com fontes locais, os seus militantes demonstravam uma fidelidade incomum aos ideais radicais do grupo e quando falavam com os vizinhos, consideravam-se ser os únicos guardiões da forma correcta de rezar e praticar os preceitos do Alcorão. Organização hierárquica e gestão territorial Nos momentos iniciais, o grupo dos Al-Shabaab em Mocímboa da Praia tinha uma estrutura praticamente baseada em líderes religiosos, sem a componente militar. Nesta primeira fase da penetração, os líderes religiosos tinham a função da gestão dos espaços religiosos (mesquitas) e a consciencialização dos seus seguidores, através de células religiosas. À semelhança do que acontece com outros grupos do mesmo tipo, o grupo dos Al-Shabaab em Mocímboa da Praia, na fase posterior (da militarização), também estabeleceu a sua estrutura organizacional na base de células relativamente autónomas e com cadeia de comando flexível (Menkhaus, 2008; Pereira, 2013; Monteiro, 2012; Roque, 2010). De acordo com as entrevistas efectuadas no terreno, o grupo possuía múltiplas células e figuras com poderes diversos e com uma relativa autonomia. De alguma forma, isso permitia uma certa margem de manobra de actuação por parte das lideranças das células. Essa relativa autonomia das células é uma vantagem na medida em que ela permite que o movimento continue operacional na eventualidade da captura ou morte de elementos da liderança. Mas, também tem certas desvantagens. De acordo com Pereira (2013), tomando o exemplo dos Al-Shabaab da Somália, este tipo de organização político-administrativa faz com que os Al-Shabaab nem sempre tenham capacidade para administrar os territórios que conquistam, acabando por deixar a sua administração mais corrente para as autoridades derivadas dos clãs (Menkhaus, 2008: 6). Relativamente a Mocímboa da Praia, a partir de que momento o grupo dos Al-Shabaab passou a ter uma estrutura político-militar organizada? As entrevistas conduzidas no local mostram que a passagem de uma organização meramente religiosa para um grupo com uma estrutura militar aconteceu depois do choque entre os jovens radicais e as lideranças religiosas locais. A este propósito, um dos entrevistados explicou: “... Como se sabe, tudo foi feito principalmente por H. M. e seus companheiros em meados de 2014 e início de 2015 para forçar os líderes islâmicos daqui em Mocímboa para um diálogo sobre a situação do Islão. O que eles [Al-Shabaab] queriam era a reforma e renovação religiosa para, segundo eles, melhorar a sociedade. Eles consideravam esta sociedade corrupta, materialista e ignorante em relação aos Saide Habibe, Salvador Forquilha e João Pereira | 35 Radicalização Islâmica no Norte de Moçambique O Caso de Mocímboa da Praia comandos divinos. Os líderes religiosos daqui de Mocímboa recusaram os princípios defendidos pelo grupo dos Al-Shabaab e por causa disso eles [Al-Shabaab] começaram a ser mais violentos (...)”48. Em finais de 2015, a liderança do grupo dos Al-Shabaab decidiu abrir campos de treino pelas matas dos distritos de Mocímboa da Praia, Macomia, Montepuez, Nangade e Palma. Para além das matas, o grupo também usava os quintais das casas de seus membros para efeitos de treinamento. De acordo com os entrevistados, as primeiras células militares foram treinadas por um elemento expulso das fileiras da Polícia de Guarda Fronteira, de nome Benjamim, e um cidadão tanzaniano comerciante e residente em Mocímboa da Praia, H. M. As nossas fontes referiram que o apoio logístico era providenciado por A. M., N. A., N., A. M. e S. M., já mencionados na secção referente aos actores chave do grupo. De acordo com as entrevistas, a estrutura de liderança é encabeçada por uma espécie de “conselho supremo”, onde as decisões são tomadas. Aqui são discutidas as questões relacionadas com a organização do grupo, ideologia, política e estratégia militar. Não se sabe ao certo quais os elementos que constituem o “conselho supremo”, nem quantos são os seus membros, mas há vários relatos que dão conta da existência de combatentes estrangeiros neste órgão de decisão. Segundo as nossas fontes, um dos elementos que sempre tem estado presente nessas reuniões é H. M., tanzaniano (acima referido), conhecido por ser um estratega em termos de logística e com grandes contactos nas redes dos Al-Shabaab no Quénia e Somália, onde passou alguns anos a combater. Outras figuras importantes que integram o “conselho supremo” são os Sheiks A. A. e A. S., também tanzanianos (acima mencionados), com formação superior em teologia obtida nas grandes escolas de Zanzibar e países do Golfo e muito respeitados nos grupos dos jovens de Mocímboa da Praia ligados aos Al-Shaabab. Além do “conselho supremo”, aparentemente, existe uma série de pequenas unidades, criadas para operacionalizar as decisões tomadas pelo “conselho supremo”. Algumas dessas unidades tratam simplesmente de assuntos de logística alimentar dos combatentes e outras ocupam-se do controlo das pessoas que vivem com o grupo dos Al-Shabaab, particularmente as mulheres e crianças. 48 Entrevista com S.O., Mocímboa da Praia, 29 de Novembro de 2017. 36 Cadernos IESE n.º17 | 2019 Considerações Finais Este relatório de pesquisa constitui uma primeira tentativa de aproximação do fenómeno com o objectivo de compreender a complexidade das dinâmicas não só na origem do grupo dos Al-Shabaab como também na estrutura do próprio conflito e violência em Cabo Delgado. Praticamente dois anos depois do primeiro ataque a Mocímboa da Praia (a 5 de Outubro de 2017), o fenómeno tem sido objecto de múltiplas interpretações, desde a tese privilegiada pelo Governo de Moçambique (pelo menos publicamente) referente a uma conspiração movida por forças externas inimigas do desenvolvimento de Moçambique, passando pela tese de conflito de terras, tendo como pano de fundo os recursos naturais presentes na zona, até às teses da seita (Morier-Genoud, 2019) e do jihadismo, no contexto da dinâmica crescente do extremismo violento nos países da região, nomeadamente Tanzânia, Quénia e região dos Grandes Lagos. A nossa pesquisa exploratória, embora privilegiando esta última tese (do jihadismo), considera que a complexidade do fenómeno exige uma pesquisa multidisciplinar aprofundada que tome em conta uma multiplicidade de factores de ordem histórica, social, política, económica e religiosa. Aliás, esta é a razão pela qual mais do que trazer conclusões, este relatório de pesquisa exploratória termina com uma série de perguntas, nomeadamente: • Porquê Mocímboa da Praia como epicentro do fenómeno? • Como é que o Estado moçambicano lida com a proliferação de instituições religiosas no país? • Que implicações o fenómeno da radicalização islâmica traz para investimentos na região norte do país? Em que medida esses investimentos podem agudizar ou reduzir as clivagens locais e contribuir para o fenómeno da radicalização islâmica? • Em que medida o fenómeno da radicalização islâmica afecta os esforços actuais da estabilização política e económica do país? • Em que medida as dinâmicas regionais (Tanzânia, Quénia, região dos Grandes Lagos) podem influenciar a evolução do fenómeno em Moçambique? • De que tipo de políticas (incluindo de segurança) o país precisa para fazer face ao fenómeno? • Que lições o fenómeno traz para o processo da construção do Estado em Moçambique? Estas perguntas alimentam o programa de pesquisa em curso no Instituto de Estudos Sociais e Económicos (IESE) desde inícios de 2019, envolvendo pesquisadores do IESE e de outros centros de pesquisa, intitulado “Estado, Violência e Desafios de Desenvolvimento em Cabo Delgado”. Saide Habibe, Salvador Forquilha e João Pereira | 37 Radicalização Islâmica no Norte de Moçambique O Caso de Mocímboa da Praia Referências Achá, H. (2019). Ataques armados: mais 24 arguidos condenados à prisão maior em Cabo Delgado. O País, 04/06/2019. Disponível em http://opais.sapo.mz/ataques-armados-mais- -24-arguidos-condenados-a-prisao-maior-em-cabo-delgado. Acedido a 16 de julho de 2019. Bandura, A. (2002). Selective Moral Disengagement in the Exercise of Moral Agency. Journal of Moral Education, 31:2, pp. 101 – 119. Borum, R. (2011). Radicalization into violent extremism I: a review of social science theories. Journal of Strategic Security. 4: 4, pp. 7 – 35. Bayart, J.F. (1989). La politique du ventre. 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Saide Habibe, Salvador Forquilha e João Pereira | 39 Radicalização Islâmica no Norte de Moçambique O Caso de Mocímboa da Praia Publicações do IESE Livros/Books Agora eles têm medo de nós! – Uma colectânea de textos sobre as revoltas populares em Moçambique (2008–2012) (2017) Luís de Brito (organizador) IESE: Maputo http://www.iese.ac.mz/wp-content/uploads/2018/02/IESE-Food-Riot.pdf Economia, recursos naturais, pobreza e política em Moçambique – Uma colectânea de textos (2017) Luís de Brito e Fernanda Massarongo (organizadores) IESE: Maputo http://www.iese.ac.mz/wp-content/uploads/2017/10/IESE_Coleta_nea_de_IDeIAS_-_Livro.pdf Emprego e transformação económica e social em Moçambique (2017) Rosimina Ali, Carlos Nuno Castel-Branco e Carlos Muianga (organizadores) IESE: Maputo http://www.iese.ac.mz/wp-content/uploads/2017/10/IESE_Emprego_e_Transf_Econ_Social_-_Livro.pdf Political economy of decentralisation in Mozambique: dynamics, outcomes, challenges (2017) Bernahard Weimer with João Carrilho IESE: Maputo http://www.iese.ac.mz/wp-content/uploads/2017/10/IESE_Political_Economy_of_Decentralisation_-_Livro.pdf A economia política da descentralização em Moçambique: dinâmicas, efeitos, desafios (2017) Bernahard Weimer e João Carrilho IESE: Maputo Questões sobre o desenvolvimento produtivo em Moçambique. (2015). Carlos Nuno Castel-Branco, Nelsa Massingue e Carlos Muianga (organizadores) IESE: Maputo http://www.iese.ac.mz/lib/publication/livros/IESE_FAN_PT.pdf Questions on productive development in Mozambique. (2015) Carlos Nuno Castel-Branco, Nelsa Massingue e Carlos Muianga (editors) IESE: Maputo http://www.iese.ac.mz/lib/publication/livros/IESE_FAN_EN.pdf 40 Cadernos IESE n.º17 | 2019 Moçambique: Descentralizar o Centralismo? Economia Política, Recursos e Resultados. (2012) B. Weimer (organizador) IESE: Maputo http://www.iese.ac.mz/lib/publication/livros/Descent/IESE_Decentralizacao.pdf A Mamba e o Dragão: Relações Moçambique-China em Perspectiva. (2012) Sérgio Chichava e C. Alden (organizador) IESE: Maputo http://www.iese.ac.mz/lib/publication/livros/MozChin/IESE_Mozam-China.pdf Desafios para Moçambique 2018. (2018) Salvador Forquilha (organizador) IESE: Maputo http://www.iese.ac.mz/wp-content/uploads/2019/05/Livrol_DesafiosMoc2018.pdf Desafios para Moçambique 2017. (2017) Luís de Brito, Carlos Nuno Castel-Branco, Sérgio Chichava, António Francisco, e Salvador Forquilha (organizadores) IESE: Maputo http://www.iese.ac.mz/wp-content/uploads/2018/05/Desafios2017.pdf Desafios para Moçambique 2016. (2016) Luís de Brito, Carlos Nuno Castel-Branco, Sérgio Chichava, António Francisco, e Salvador Forquilha (organizadores) IESE: Maputo http://www.iese.ac.mz/wp-content/uploads/2017/04/Desafios2016.pdf Desafios para Moçambique 2015. (2015) Luís de Brito, Carlos Nuno Castel-Branco, Sérgio Chichava, António Francisco, e Salvador Forquilha (organizadores) IESE: Maputo http://www.iese.ac.mz/lib/publication/livros/des2015/IESE-Desafios2015.pdf Desafios para Moçambique 2014. (2014) Luís de Brito, Carlos Nuno Castel-Branco, Sérgio Chichava, e António Francisco, Salvador Forquilha (organizadores) IESE: Maputo http://www.iese.ac.mz/lib/publication/livros/des2014/IESE-Desafios2014.pdf Desafios para Moçambique 2013. (2013) Luís de Brito, Carlos Nuno Castel-Branco, Sérgio Chichava, e António Francisco, Salvador Forquilha (organizadores) IESE: Maputo http://www.iese.ac.mz/lib/publication//livros/des2013/IESE_Des2013.pdf Saide Habibe, Salvador Forquilha e João Pereira | 41 Radicalização Islâmica no Norte de Moçambique O Caso de Mocímboa da Praia Desafios para Moçambique 2012. (2012) Luís de Brito, Carlos Nuno Castel-Branco, Sérgio Chichava, e António Francisco (organizadores) IESE: Maputo http://www.iese.ac.mz/lib/publication/livros/des2012/IESE_Des2012.pdf Desafios para Moçambique 2011. (2011) Luís de Brito, Carlos Nuno Castel-Branco, Sérgio Chichava e António Francisco (organizadores) IESE: Maputo http://www.iese.ac.mz/lib/publication/livros/des2011/IESE_Des2011.pdf Desafios para Moçambique 2010. (2009) Luís de Brito, Carlos Nuno Castel-Branco, Sérgio Chichava e António Francisco (organizadores) IESE: Maputo http://www.iese.ac.mz/lib/publication/livros/des2010/IESE_Des2010.pdf Economia extractiva e desafios de industrialização em Moçambique – comunicações apresentadas na II Conferência do Instituto de Estudos Sociais e Económicos. (2010) Luís de Brito, Carlos Nuno Castel-Branco, Sérgio Chichava e António Francisco (organizadores) IESE: Maputo http://www.iese.ac.mz/lib/publication/livros/economia/IESE_Economia.pdf Protecção social: abordagens, desafios e experiências para Moçambique – comunicações apresentadas na II Conferência do Instituto de Estudos Sociais e Económicos. (2010) Luís de Brito, Carlos Nuno Castel-Branco, Sérgio Chichava e António Francisco (organizadores) IESE: Maputo http://www.iese.ac.mz/lib/publication/livros/protecao/IESE_ProteccaoSocial.pdf Pobreza, desigualdade e vulnerabilidade em Moçambique – comunicações apresentadas na II Conferência do Instituto de Estudos Sociais e Económicos. (2010) Luís de Brito, Carlos Nuno Castel-Branco, Sérgio Chichava e António Francisco (organizadores) IESE: Maputo. http://www.iese.ac.mz/lib/publication/livros/pobreza/IESE_Pobreza.pdf Cidadania e Governação em Moçambique – comunicações apresentadas na Conferência Inaugural do Instituto de Estudos Sociais e Económicos. (2009) Luís de Brito, Carlos Castel-Branco, Sérgio Chichava e António Francisco (organizadores) IESE: Maputo http://www.iese.ac.mz/lib/publication/livros/cidadania/IESE_Cidadania.pdf Reflecting on economic questions – papers presented at the inaugural conference of the Institute for Social and Economic Studies. (2009) Luís de Brito, Carlos Castel-Branco, Sérgio Chichava and António Francisco (editors) IESE: Maputo 42 Cadernos IESE n.º17 | 2019 http://www.iese.ac.mz/lib/publication/livros/ref/IESE_QEcon.pdf Southern Africa and Challenges for Mozambique – papers presented at the inaugural conference of the Institute for Social and Economic Studies. (2009) Luís de Brito, Carlos Castel-Branco, Sérgio Chichava and António Francisco (editors) IESE: Maputo http://www.iese.ac.mz/lib/publication/livros/South/IESE_South.pdf Governação em Moçambique: Recursos para Monitoria e Advocacia (2012) Projecto de Desenvolvimento de um Sistema de Documentação e de Partilha de Informação, IESE IESE: Maputo Monitoria e Advocacia da Governação com base no Orçamento de Estado: Manual de Formação (2012) Zaqueo Sande (Adaptação) IESE: Maputo Pequeno Guia de Inquérito por Questionário (2012) Luís de Brito IESE: Maputo Envelhecer em Moçambique: Dinâmicas do Bem-Estar e da Pobreza (2013) António Francisco, Gustavo Sugahara e Peter Fisker IESE: Maputo http://www.iese.ac.mz/lib/IESE_DinPob.pdf Growing old in Mozambique: Dynamics of well-being and Poverty (2013) António Francisco, Gustavo Sugahara e Peter Fisker IESE: Maputo http://www.iese.ac.mz/lib/IESE_DynPov.pdf Cadernos IESE (Artigos produzidos por investigadores permanentes e associados do IESE. Esta colecção substitui as séries “Working Papers” e “Discussion Papers”, que foram descontinuadas/ Articles produced by permanent and associated researchers of IESE. This collection replaces the series “Working Papers” and “Discussion Papers” which have been discontinued). Cadernos IESE nº 16: A cobertura da China na imprensa moçambicana: Repercussões para o soft power chinês. (2015) Sérgio Chichava, Lara Côrtes & Aslak Orre http://www.iese.ac.mz/lib/publication/cad_iese/IESE_Cad16.PDF Saide Habibe, Salvador Forquilha e João Pereira | 43 Radicalização Islâmica no Norte de Moçambique O Caso de Mocímboa da Praia Cadernos IESE nº 15: Plágio em Cinco Universidades de Moçambique: Amplitude, Técnicas de Detecção e Medidas de Controlo. (2015) Peter E. Coughlin http://www.iese.ac.mz/lib/publication/cad_iese/IESE_Cad15.pdf Cadernos IESE nº 14P: Revoltas da Fome: Protestos Populares em Moçambique (2008- 2012). (2015) Luís de Brito, Egídio Chaimite, Crescêncio Pereira, Lúcio Posse, Michael Sambo e Alex Shankland http://www.iese.ac.mz/lib/publication/cad_iese/IESE_Cad14.pdf Cadernos IESE nº 13E: Participatory Budgeting in a Competitive-Authoritarian Regime: A Case Study (Maputo, Mozambique). (2014) William R. Nylen http://www.iese.ac.mz/lib/publication/cad_iese/IESE_Cad13_Eng.pdf Cadernos IESE nº 13P: O orçamento participativo num regime autoritário competitivo: um estudo de caso (Maputo, Moçambique). (2014) William R. Nylen http://www.iese.ac.mz/lib/publication/cad_iese/IESE_Cad13_Port.pdf Cadernos IESE nº 12E: The Expansion of Sugar Production and the Well-Being of Agricultural Workers and Rural Communities in Xinavane and Magude. (2013) Bridget O´Laughlin e Yasfir Ibraimo http://www.iese.ac.mz/lib/publication/cad_iese/CadernosIESE_12e.pdf Cadernos IESE nº 12P: A Expansão da Produção de Açúcar e o Bem-Estar dos Trabalhadores Agrícolas e Comunidades Rurais em Xinavane e Magude. (2013) Bridget O´Laughlin e Yasfir Ibraimo http://www.iese.ac.mz/lib/publication/cad_iese/CadernosIESE_12p.pdf Cadernos IESE nº 11: Protecção Social no Contexto da Transição Demográfica Moçambicana. (2011) António Alberto da Silva Francisco http://www.iese.ac.mz/lib/publication/cad_iese/CadernosIESE_11_AFrancisco.pdf Cadernos IESE nº 10: Protecção Social Financeira e Demográfica em Moçambique: oportunidades e desafios para uma segurança humana digna. (2011) António Alberto da Silva Francisco, Rosimina Ali, Yasfir Ibraimo http://www.iese.ac.mz/lib/publication/cad_iese/CadernosIESE_10_AFRA.pdf Cadernos IESE nº 9: Can Donors ‘Buy’ Better Governance? The political economy of budget reforms in Mozambique. (2011) Paolo de Renzio http://www.iese.ac.mz/lib/publication/cad_iese/CadernosIESE_09_PRenzio.pdf 44 Cadernos IESE n.º17 | 2019 Cadernos IESE nº 8: Desafios da Mobilização de Recursos Domésticos – Revisão crítica do debate. (2011) Carlos Nuno Castel-Branco http://www.iese.ac.mz/lib/publication/cad_iese/CadernosIESE_08_CNCB.pdf Cadernos IESE nº 7: Dependência de Ajuda Externa, Acumulação e Ownership. (2011) Carlos Nuno Castel-Branco http://www.iese.ac.mz/lib/publication/cad_iese/CadernosIESE_07_CNCB.pdf Cadernos IESE nº 6: Enquadramento Demográfico da Protecção Social em Moçambique. (2011) António Francisco http://www.iese.ac.mz/lib/publication/cad_iese/CadernosIESE_06_AF.pdf Cadernos IESE nº 5: Estender a Cobertura da Protecção Social num Contexto de Alta Informalidade da Economia: necessário, desejável e possível? (2011) Nuno Cunha e Ian Orton http://www.iese.ac.mz/lib/publication/cad_iese/CadernosIESE_05_Nuno_Ian.pdf Cadernos IESE nº 4: Questions of health and inequality in Mozambique. (2010) Bridget O’Laughlin http://www.iese.ac.mz/lib/publication/cad_iese/CadernosIESE_04_Bridget.pdf Cadernos IESE nº 3: Pobreza, Riqueza e Dependência em Moçambique: a propósito do lançamento de três livros do IESE. (2010) Carlos Nuno Castel-Branco http://www.iese.ac.mz/lib/publication/cad_iese/CadernosIESE_03_CNCB.pdf Cadernos IESE nº 2: Movimento Democrático de Moçambique: uma nova força política na Democracia moçambicana? (2010) Sérgio Inácio Chichava http://www.iese.ac.mz/lib/publication/cad_iese/CadernosIESE_02_SC.pdf Cadernos IESE nº 1: Economia Extractiva e desafios de industrialização em Moçambique. (2010) Carlos Nuno Castel-Branco http://www.iese.ac.mz/lib/publication/cad_iese/CadernosIESE_01_CNCB.pdf Working Papers (Artigos em processo de edição para publicação. Colecção descontinuada e substituída pela série “Cadernos IESE”/ Collection discontinued and replaced by the series “Cadernos IESE”) Saide Habibe, Salvador Forquilha e João Pereira | 45 Radicalização Islâmica no Norte de Moçambique O Caso de Mocímboa da Praia WP nº 1: Aid Dependency and Development: a Question of Ownership? A Critical View. (2008) Carlos Nuno Castel-Branco http://www.iese.ac.mz/lib/publication/AidDevelopmentOwnership.pdf Discussion Papers (Artigos em processo de desenvolvimento/debate. Colecção descontinuada e substituída pela série “Cadernos IESE” / Collection discontinued and replaced by the series “Cadernos IESE”) DP nº 6: Recursos naturais, meio ambiente e crescimento económico sustentável em Moçambique. (2009) Carlos Nuno Castel-Branco http://www.iese.ac.mz/lib/publication/DP_2009/DP_06.pdf DP nº 5: Mozambique and China: from politics to business. (2008) Sérgio Inácio Chichava http://www.iese.ac.mz/lib/publication/dp_2008/DP_05_MozambiqueChinaDPaper.pdf DP nº 4: Uma Nota sobre Voto, Abstenção e Fraude em Moçambique. (2008) Luís de Brito http://www.iese.ac.mz/lib/publication/dp_2008/DP_04_Uma_Nota_Sobre_o_Voto_Abstencao_e_Fraude_em_Mocambique.pdf DP nº 3: Desafios do Desenvolvimento Rural em Moçambique. (2008) Carlos Nuno Castel-Branco http://www.iese.ac.mz/lib/publication/dp_2008/DP_03_2008_Desafios_DesenvRural_ Mocambique.pdf DP nº 2: Notas de Reflexão sobre a “Revolução Verde”, contributo para um debate. (2008) Carlos Nuno Castel-Branco http://www.iese.ac.mz/lib/publication/dp_2008/Discussion_Paper2_Revolucao_Verde.pdf DP nº 1: Por uma leitura sócio-histórica da etnicidade em Moçambique. (2008) Sérgio Inácio Chichava http://www.iese.ac.mz/lib/publication/dp_2008/DP_01_ArtigoEtnicidade.pdf 46 Cadernos IESE n.º17 | 2019 Boletim IDeIAS (Boletim que divulga resumos e conclusões de trabalhos de investigação / Two-pager bulletin for publication of short versions of research papers) Nº 115E - If statistics don’t lie, why are there those who dare to use them to manipulate elections? (2019) António Francisco http://www.iese.ac.mz/wp-content/uploads/2019/07/ideias-115e-AF.pdf Nº 115P - Se a estatística não mente, porque há quem teime em usá-la para manipular o processo eleitoral? (2019) António Francisco http://www.iese.ac.mz/wp-content/uploads/2019/07/ideias-115_af.pdf Nº 114 - Elementos para um perfil dos abstencionistas nas eleições autárquicas de 2013 (2019) Luís de Brito http://www.iese.ac.mz/wp-content/uploads/2019/06/ideias-114_LB.pdf Nº 113E - Statistics don’t lie, but there are those who use them to lie shamelessly: The Example of Electoral Estimates in Mozambique (2019) António Francisco http://www.iese.ac.mz/wp-content/uploads/2019/06/ideias113e-AF.pdf Nº 113P - A Estatística não Mente, mas Há Quem a Use Para Mentir Sem Pudor: O Exemplo das Estimativas Eleitorais em Moçambique (2019) António Francisco http://www.iese.ac.mz/wp-content/uploads/2019/06/ideias113p-AF.pdf Nº 112 - Desempenho eleitoral do MDM e seus dissidentes nas eleições autárquicas de 2013 e 2018 (2019) Sérgio Chichava http://www.iese.ac.mz/wp-content/uploads/2019/05/ideias-112_SC.pdf Nº 111 - Corrupção e suas implicações na governação local: o caso da autarquia de Lichinga (2014 – 2018) (2019) Bernardino António http://www.iese.ac.mz/wp-content/uploads/2019/04/ideias-n-111-BA.pdf Nº 110 - MARROMEU: Falhanço Eleitoral numa Competição Política (2019) Crescêncio B.G. Pereira http://www.iese.ac.mz/wp-content/uploads/2019/03/ideias-110_CP.pdf Saide Habibe, Salvador Forquilha e João Pereira | 47 Radicalização Islâmica no Norte de Moçambique O Caso de Mocímboa da Praia Nº 109E - Four years of Nyusi’s governance: Between growth and degeneration (2019) António Francisco http://www.iese.ac.mz/wp-content/uploads/2019/04/ideias-109e_af.pdf Nº 109P – Quatro anos de governação Nyusi: Entre crescimento e abastardamento (2019) António Francisco http://www.iese.ac.mz/wp-content/uploads/2019/01/ideias_109-af.pdf Nº 108 – A questão da terra e opções de transformação agrária e rural em Moçambique: algumas notas para debate (2018) Carlos Muianga http://www.iese.ac.mz/wp-content/uploads/2018/10/ideias-108-cm.pdf Nº 107P – O Perigo da Armadilha da Desorçamentação em Moçambique (2018) António Francisco http://www.iese.ac.mz/wp-content/uploads/2018/10/ideias-107-AF-part2.pdf Nº 107E – The danger of denying the trap of debudgetisation (2018) António Francisco http://www.iese.ac.mz/wp-content/uploads/2018/10/ideias-107-AF-part-en.pdf Nº 106E – Debudgetisation in Mozambique: shortage of resources and of budgetary responsibility (2018) António Francisco http://www.iese.ac.mz/wp-content/uploads/2018/10/ideias-106-AF-part1-en.pdf Nº 106P – Desorçamentação em Moçambique: Escassez de Recursos e de Responsabilidade Orçamental (2018) António Francisco http://www.iese.ac.mz/ideias-106_af/ Nº 105 – O que explica o aumento do custo de vida em Moçambique? (2018) Yasfir Ibraimo, Epifânia Langa, Carlos Muianga e Rosimina Ali http://www.iese.ac.mz/wp-content/uploads/2018/09/ideias-n105.pdf Nº 104 – Salário Mínimo e Custo de Vida em Moçambique (2018) Carlos Muianga, Rosimina Ali, Yasfir Ibraimo e Epifânia Langa http://www.iese.ac.mz/wp-content/uploads/2018/09/ideias-104.pdf Nº 103P – Moçambique terá mais de 100 milhões de habitantes no 1º Centenário da sua Independência? (2018) António Francisco http://www.iese.ac.mz/wp-content/uploads/2018/07/ideias-103-AF.pdf 48 Cadernos IESE n.º17 | 2019 Nº 103E – Will Mozambique have more than 100 million inhabitants on the centenary of its independence? (2018) António Francisco Nº 102 – Informação sobre Mercados de Trabalho em Moçambique: Algumas lacunas metodológicas, implicações e desafios ( 2018) Rosimina Ali http://www.iese.ac.mz/wp-content/uploads/2018/07/Ideias-102_RosiminaAli.pdf Nº 101 Descentralização no Sector de Saúde em Moçambique: “Um processo sinuoso” (2018) Lúcio Posse http://www.iese.ac.mz/wp-content/uploads/2018/05/Ideia-101-LPosse.pdf Nº 100 Para além do mercado comum: desenvolvimento industrial em contexto de integração económica regional em Moçambique (2018) Epifânia Langa http://www.iese.ac.mz/ideias-100-elanga/ Nº 99 Efeitos macroeconómicos da dívida pública externa e doméstica em Moçambique (2018) Yasfir Ibraimo http://www.iese.ac.mz/wp-content/uploads/2018/04/Ideia99YIbraimo.pdf Nº 98 Primeira volta da eleição intercalar de Nampula: de novo, a abstenção “ganhou”! (2018) Salvador Forquilha http://www.iese.ac.mz/wp-content/uploads/2018/02/ideias-98-SForquilha.pdf Nº 97 Haiyu Mozambique Mining Company: dinâmicas da intervenção chinesa nas areias pesadas de Angoche (2018) Michael Sambo http://www.iese.ac.mz/wp-content/uploads/2018/02/IESE-ideias-97-MSambo.pdf Nº 96 A “Operação Lava Jato” Vista de Moçambique (2017) Sérgio Chichava http://www.iese.ac.mz/wp-content/uploads/2017/07/ideias_96.pdf Nº 95E Diversity of Economic Growth Strategies in the CPLP (2017) António Francisco e Moisés Siúta http://www.iese.ac.mz/wp-content/uploads/2017/07/IDeIAS-95e-1.pdf Nº 95P Diversidade de Estratégias de Crescimento Económico na CPLP (2017) António Francisco e Moisés Siúta http://www.iese.ac.mz/wp-content/uploads/2017/07/boletim-ideias_95p.pdf Saide Habibe, Salvador Forquilha e João Pereira | 49 Radicalização Islâmica no Norte de Moçambique O Caso de Mocímboa da Praia Nº 94 Porquê Moçambique precisa da Descentralização? Alguns subsídios para o debate (2017) Salvador Forquilha http://www.iese.ac.mz/wp-content/uploads/2017/06/IESE_Ideias94.pdf Nº 93E The Hidden Face of the Mozambican State Budget: Are the cash balances fictitious? (2017) António Francisco e Ivan Semedo http://www.iese.ac.mz/wp-content/uploads/2017/03/IESE_Ideias93e.pdf Nº 93P A Face Oculta do Orçamento do Estado Moçambicano: Saldos de Caixa são fictícios? (2017) António Francisco e Ivan Semedo http://www.iese.ac.mz/wp-content/uploads/2017/03/IESE_Ideias93.pdf Nº 92 Administração eleitoral em Moçambique: reformas necessárias (2016) Egidio Chaimite http://www.iese.ac.mz/wp-content/uploads/2016/10/IESE_IDeIAS92.pdf Nº 91 De Novo a Questão dos Saldos Rolantes na Conta Geral do Estado (2016) António Francisco e Ivan Semedo http://www.iese.ac.mz/wp-content/uploads/2016/09/IESE_IDeIAS91.pdf Nº 90 Geração de emprego e condições sociais de trabalho nas plantações agro-industriais em Moçambique (2016) Rosimina Ali e Carlos Muianga http://www.iese.ac.mz/wp-content/uploads/2016/06/IESE_Ideias90.pdf Nº 89 Crónica de uma crise anunciada: dívida pública no contexto da economia extractiva (2016) Carlos Castel-Branco e Fernanda Massarongo http://www.iese.ac.mz/wp-content/uploads/2016/06/IESE_Ideias89.pdf Nº 88 Cenários, Opções Dilemas de Política face à Ruptura da Bolha Económica (2016) Carlos Castel-Branco e Fernanda Massarongo http://www.iese.ac.mz/wp-content/uploads/2016/06/IESE_Ideias88.pdf Nº 87 Rebatendo Mitos do Debate sobre a Dívida Pública em Moçambique (2016) Carlos Castel-Branco e Fernanda Massarongo http://www.iese.ac.mz/wp-content/uploads/2016/06/IESE_Ideias87.pdf Nº 86 A dívida secreta moçambicana: impacto sobre a estrutura da dívida e consequências económicas (2016) Carlos Castel-Branco e Fernanda Massarongo http://www.iese.ac.mz/wp-content/uploads/2016/06/IESE_Ideias86.pdf 50 Cadernos IESE n.º17 | 2019 Nº 85 Introdução à problemática da dívida pública: contextualização e questões imediatas (2016) Carlos Castel-Branco e Fernanda Massarongo http://www.iese.ac.mz/wp-content/uploads/2016/05/IESE_Ideias85.pdf Nº 84 Recenseamento eleitoral em Moçambique: um processo sinuoso (2016) Egídio Chaimite http://www.iese.ac.mz/wp-content/uploads/2016/04/IESE_Ideias84.pdf Nº 83 Rever o sistema eleitoral (2016) Luís de Brito http://www.iese.ac.mz/wp-content/uploads/2016/04/IESE_Ideias83.pdf Nº 82 Saldos Rolantes no Orçamento do Estado Moçambicano: Nyusi Encontrou Cofres Vazios? (2016) António Franciso & Ivan Semedo http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/ideias/IESE_Ideias82.pdf Nº 82 Rolling Balances in the Mozambican State Budget: Did Nyusi Find the Coffers Empty? (2016) António Franciso & Ivan Semedo http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/ideias/IESE_IDeIAS82e.pdf Nº 81 Moçambique: Um dos Piores Países para os Idosos. Porquê? (2015) António Franciso & Gustavo Sugahara http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/ideias/IESE_Ideias81.pdf Nº 80 Vulnerabilidade dos estratos urbanos pobres: caso da pobreza alimentar em Maputo. (2015) Oksana Mandlate http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/ideias/IESE_Ideias80.pdf Nº 77P Estratégias de crescimento económico e desenvolvimento na CPLP. (2015) António Francisco http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/ideias/IESE_Ideias77p.pdf Nº 77E Economic growth and development strategies in the CPLP. (2015) António Francisco http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/ideias/IESE_Ideias77e.pdf Nº 76 Dilemas das ligações produtivas entre empresas numa economia afunilada. (2015) Carlos Nuno Castel-Branco, Oksana Mandlate, e Epifânia Langa http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/ideias/IESE_Ideias76.pdf Saide Habibe, Salvador Forquilha e João Pereira | 51 Radicalização Islâmica no Norte de Moçambique O Caso de Mocímboa da Praia Nº 75 Padrões de investimento privado e tendências especulativas na economia moçambicana. (2015) Carlos Nuno Castel-Branco, Nelsa Massingue e Carlos Muianga http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/ideias/IESE_Ideias75.pdf Nº 74 Acumulação Especulativa e Sistema Financeiro em Moçambique. (2015) Carlos Nuno Castel-Branco, Fernanda Massarongo http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/ideias/IESE_Ideias74.pdf Nº 73: Estado e a Capitalização do Capitalismo Doméstico em Moçambique. (2015) Carlos Nuno Castel-Branco http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/ideias/IESE_Ideias73.pdf Nº 72: Finança Islâmica: Quando Terá Moçambique um Sistema Financeiro Halal? (2015) António Francisco http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/ideias/IESE_Ideias72.pdf Nº 71: Dívida pública, acumulação de capital e a emergência de uma bolha económica. (2015) Carlos Nuno Castel-Branco, Fernanda Massarongo e Carlos Muianga http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/ideias/IESE_Ideias71.pdf Nº 70: Autonomização local para quê? Questões económicas no debate sobre autonomia local. (2015) Carlos Nuno Castel-Branco http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/ideias/IESE_Ideias70.pdf Nº 69: Por que é que a emissão de obrigações do Tesouro não é a melhor alternativa para financiar o reembolso do IVA às empresas? (2015) Fernanda Massarongo http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/ideias/IESE_Ideias69.pdf Nº 68E: Mozambican Aggregate Consumption: Evolution and Strategic Relevance (2015) António Francisco e Moisés Siúta http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/ideias/IESE_Ideias68e.pdf Nº 68P: Consumo Agregado Moçambicano: Evolução e Relevância Estratégica. (2015) António Francisco e Moisés Siúta http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/ideias/Ideias_68.pdf Nº 67: O Gigaprojecto que Poderá Transformar a Economia Moçambicana? Pró e Contra o Projecto de GNL Moçambique. (2014) António Francisco e Moisés Siúta http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/ideias/ideias_67.pdf 52 Cadernos IESE n.º17 | 2019 Nº 66P: Reformas de descentralização e serviços públicos agrários em Moçambique: Porquê os desafios persistem? (2014) Salvador Forquilha http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/ideias/Ideias_66p.pdf Nº 66E: Decentralisation reforms and agricultural public services in Mozambique: Why do the challenges persist? (2014) Salvador Forquilha http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/ideias/Ideias_66e.pdf Nº 65P: Por Que Moçambique Ainda Não Possui Pensão Universal Para Idosos? (2014) António Francisco e Gustavo Sugahara http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/ideias/Ideias_65p.pdf Nº 65E: Why Mozambique Still Does Not Have a Universal Pension For The Elderly? (2014) António Francisco e Gustavo Sugahara http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/ideias/ideias_65e.pdf Nº 64P: Poupança interna: Moçambique e os outros. (2014) António Francisco e Moisés Siúta http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/ideias/Ideias_64p.pdf Nº 64E: Domestic savings: Mozambique and the others. (2014) António Francisco and Moisés Siúta http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/ideias/Ideias_64e.pdf Nº 63P: Poupança interna moçambicana: 2000-2010, uma década inédita. (2014) António Francisco e Moisés Siúta http://www.iese.ac.mz/lib/publication//outras/ideias/ideias_63p.pdf Nº 63E: Mozambican domestic savings: 2000-2010, an unprecedent decade. (2014) António Francisco and Moisés Siúta http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/ideias/ideias_63e.pdf Nº 62: Medias e campanhas eleitorais. (2014) Crescêncio Pereira http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/ideias/ideias_62.pdf Nº 61: Indignai-vos! (2014) Egidio Chaimite http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/ideias/ideias_61.pdf Nº 60: Ligações entre os grandes projectos de IDE e os fornecedores locais na agenda nacional de desenvolvimento. (2014) Oksana Mandlate http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/ideias/ideias_60.pdf Saide Habibe, Salvador Forquilha e João Pereira | 53 Radicalização Islâmica no Norte de Moçambique O Caso de Mocímboa da Praia Nº 59: A Política Macroeconómica e a Mobilização de Recursos para Financiamento do Investimento Privado em Moçambique. (2014) Fernanda Massarongo e Rogério Ossemane http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/ideias/ideias_59.pdf Nº 58: As “revoltas do pão” de 2008 e 2010 na imprensa. (2013) Crescêncio Pereira, Egidio Chaimite, Lucio Posse e Michael Sambo http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/ideias/ideias_58.pdf Nº 57: Cheias em Chókwè: um exemplo de vulnerabilidade. (2013) Crescêncio Pereira, Michael Sambo e Egidio Chaimite http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/ideias/ideias_57.pdf Nº 56: Haverá Possibilidade de Ligação Entre Grupos de Poupança e Crédito Cumulativo Informais e Instituições Financeiras Formais? (2013) Fernanda Massarongo, Nelsa Massingue, Rosimina Ali, Yasfir Ibraimo http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/ideias/ideias_56.pdf Nº 55: Ligações com mega projectos: oportunidades limitadas a determinados grupos. (2013) Epifania Langa http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/ideias/ideias_55.pdf Nº 54P: Viver mais para viver pior? (2013) Gustavo Sugahara, António Francisco, Peter Fisker http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/ideias/ideias_54e.pdf Nº 54E: Is living longer living better? (2013) Gustavo Sugahara, António Francisco, Peter Fisker http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/ideias/ideias_54p.pdf Nº 53: Fukushima, ProSAVANA e Ruth First: Análise de “Mitos por trás do ProSAVANA” de Natália Fingermann (3). (2013) Sayaka Funada-Classen http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/ideias/ideias_53.pdf Nº 52: Fukushima, ProSAVANA e Ruth First: Análise de “Mitos por trás do ProSAVANA” de Natália Fingermann (2). (2013) Sayaka Funada-Classen http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/ideias/ideias_52.pdf Nº 51: Fukushima, ProSAVANA e Ruth First: Análise de “Mitos por trás do ProSAVANA” de Natália Fingermann. (2013) Sayaka Funada-Classen http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/ideias/ideias_51.pdf 54 Cadernos IESE n.º17 | 2019 Nº 50: Uma reflexão sobre o calendário e o recenseamento eleitoral para as eleições autárquicas de 2013. (2013) Domingos M. Do Rosário http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/ideias/ideias_50.pdf Nº 49: Os mitos por trás do PROSAVANA. (2013) Natália N. Fingermann http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/ideias/ideias_49.pdf Nº 48P: Sobre resultados eleitorais e dinâmica eleitoral em Sofala. (2013) Marc de Tollenaere http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/ideias/ideias_48p.pdf Nº 48E: Analysing elections results and electoral dynamics in Sofala. (2013) Marc de Tollenaere http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/ideias/ideias_48e.pdf Nº 47: Moçambique: Entre Estagnação e Crescimento. (2012) António Alberto da Silva Francisco http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/ideias/ideias_47.pdf Nº 46P: Desafios da Duplicação da População Idosa em Moçambique. (2012) António Francisco & Gustavo Sugahara http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/ideias/ideias_46p.pdf Nº 46E: The Doubling Elderly: Challenges of Mozambique’s Ageing Population. (2012) António Francisco & Gustavo Sugahara http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/ideias/ideias_46e.pdf Nº 45: Moçambique e a Explosão Demográfica”: Somos Muitos? Somos Poucos? (2012) António Alberto da Silva Francisco http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/ideias/ideias_45.pdf Nº 44: Taxas Directoras e Produção Doméstica. (2012) Sófia Armacy http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/ideias/ideias_44.pdf Nº 43E: MEITI – Analysis of the Legal Obstacles, Transparency of the Fiscal Regime and Full Accession to EITI. (2012) Rogério Ossemane http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/ideias/ideias_43E.pdf Nº 43P: ITIEM—Análise dos Obstáculos legais, Transparência do Regime Fiscal e Completa Adesão à ITIE. (2012) Rogério Ossemane http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/ideias/ideias_43p.pdf Saide Habibe, Salvador Forquilha e João Pereira | 55 Radicalização Islâmica no Norte de Moçambique O Caso de Mocímboa da Praia Nº 42E: Analysis of the Reconciliation Exercise in the Second Report of EITI in Mozambique. (2012) Rogério Ossemane http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/ideias/ideias_42e.pdf Nº 42P: Análise ao Exercício de Reconciliação do Segundo Relatório da ITIE em Moçambique. (2012) Rogério Ossemane http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/ideias/ideias_42p.pdf Nº 41: Estado e Informalidade: Como Evitar a “Tragédia dos Comuns” em Maputo? (2012) António Francisco http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/ideias/ideias_41.pdf Nº 40: “Moçambique no Índice de Desenvolvimento Humano”: Comentários. (2011) Carlos Nuno Castel-Branco http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/ideias/ideias_40.pdf Nº 39: Investimento directo chinês em 2010 em Moçambique: impacto e tendências. (2011) Sérgio Inácio Chichava http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/ideias/ideias_39.pdf Nº 38: Comissão Nacional de Eleições: uma reforma necessária. (2011) Luís de Brito http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/ideias/ideias_37.pdf Nº 37P: Envelhecimento Populacional em Moçambique: Ameaça ou Oportunidade? (2011) António Alberto da Silva Francisco, Gustavo T.L. Sugahara http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/ideias/ideias_37p.pdf Nº 37E: Population Ageing in Mozambique: Threat or Opportunity. (2011) António Alberto da Silva Francisco, Gustavo T.L. Sugahara http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/ideias/ideias_36e.pdf Nº 36: A Problemática da Protecção Social e da Epidemia do HIV-SIDA no Livro Desafios para Moçambique 2011. (2011) António Alberto da Silva Francisco, Rosimina Ali http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/ideias/ideias_36.pdf Nº 35P: Será que Crescimento Económico é Sempre Redutor da Pobreza? Reflexões sobre a experiência de Moçambique. (2011) Marc Wuyts http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/ideias/ideias_35P.pdf 56 Cadernos IESE n.º17 | 2019 Nº 35E: Does Economic Growth always Reduce Poverty? Reflections on the Mozambican Experience. (2011) Marc Wuyts http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/ideias/ideias_35E.pdf Nº 34: Pauperização Rural em Moçambique na 1ª Década do Século XXI. (2011) António Francisco e Simão Muhorro http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/ideias/ideias_34.pdf Nº 33: Em que Fase da Transição Demográfica está Moçambique? (2011) António Francisco http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/ideias/Ideias_33.pdf Nº 32: Protecção Social Financeira e Protecção Social Demográfica: Ter muitos filhos, principal forma de protecção social em Moçambique? (2010) António Francisco, Rosimina Ali e Yasfir Ibraimo http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/ideias/ideias_32.pdf Nº 31: Pobreza em Moçambique põe governo e seus parceiros entre a espada e a parede. (2010) António Francisco http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/ideias/ideias_31.pdf Nº 30: A dívida pública interna mobiliária em Moçambique: alternativa ao financiamento do défice orçamental? (2010) Fernanda Massarongo http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/ideias/ideias_30.pdf Nº 29: Reflexões sobre a relação entre infra-estruturas e desenvolvimento. (2010) Carlos Uilson Muianga http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/ideias/ideias_29.pdf Nº 28: Crescimento demográfico em Moçambique: passado, presente…que futuro? (2010) António Francisco http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/ideias/ideias_28.pdf Nº 27: Sociedade civil e monitoria do orçamento público. (2009) Paolo de Renzio http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/ideias/Ideias_27.pdf Nº 26: A Relatividade da Pobreza Absoluta e Segurança Social em Moçambique. (2009) António Francisco http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/ideias/Ideias_26.pdf Saide Habibe, Salvador Forquilha e João Pereira | 57 Radicalização Islâmica no Norte de Moçambique O Caso de Mocímboa da Praia Nº 25: Quão Fiável é a Análise de Sustentabilidade da Dívida Externa de Moçambique? Uma Análise Crítica dos Indicadores de Sustentabilidade da Dívida Externa de Moçambique. (2009) Rogério Ossemane http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/ideias/Ideias_25.pdf Nº 24: Sociedade Civil em Moçambique e no Mundo. (2009) António Francisco http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/ideias/Ideias_24.pdf Nº 23: Acumulação de Reservas Cambiais e Possíveis Custos derivados - Cenário em Moçambique. (2009) Sofia Amarcy http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/ideias/Ideias_23.pdf Nº 22: Uma Análise Preliminar das Eleições de 2009. (2009) Luis de Brito http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/ideias/Ideias_22.pdf Nº 21: Pequenos Provedores de Serviços e Remoção de Resíduos Sólidos em Maputo. (2009) Jeremy Grest http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/ideias/Ideias_21.pdf Nº 20: Sobre a Transparência Eleitoral. (2009) Luis de Brito http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/ideias/Ideias_20.pdf Nº 19: “O inimigo é o modelo”! Breve leitura do discurso político da Renamo. (2009) Sérgio Chichava http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/ideias/Ideias_19.pdf Nº 18: Reflexões sobre Parcerias Público-Privadas no Financiamento de Governos Locais. (2009) Eduardo Jossias Nguenha http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/ideias/Ideias_18.pdf Nº 17: Estratégias individuais de sobrevivência de mendigos na cidade de Maputo: Engenhosidade ou perpetuação da pobreza? (2009) Emílio Dava http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/ideias/Ideias_17.pdf Nº 16: A Primeira Reforma Fiscal Autárquica em Moçambique. (2009) Eduardo Jossias Nguenha http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/ideias/Ideias_16.pdf 58 Cadernos IESE n.º17 | 2019 Nº 15: Protecção Social no Contexto da Bazarconomia de Moçambique. (2009) António Francisco http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/ideias/Ideias_15.pdf Nº 14: A Terra, o Desenvolvimento Comunitário e os Projectos de Exploração Mineira. (2009) Virgilio Cambaza http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/ideias/Ideias_14.pdf Nº 13: Moçambique: de uma economia de serviços a uma economia de renda. (2009) Luís de Brito http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/ideias/Ideias_13.pdf Nº 12: Armando Guebuza e a pobreza em Moçambique. (2009) Sérgio Inácio Chichava http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/ideias/Ideias_12.pdf Nº 11: Recursos Naturais, Meio Ambiente e Crescimento Sustentável. (2009) Carlos Nuno Castel-Branco http://www.iese.ac.mz/lib/publication//outras/ideias/Ideias_11.pdf Nº 10: Indústrias de Recursos Naturais e Desenvolvimento: Alguns Comentários. (2009) Carlos Nuno Castel-Branco http://www.iese.ac.mz/lib/publication//outras/ideias/Ideias_10.pdf Nº 9: Informação Estatística na Investigação: Contribuição da investigação e organizações de investigação para a produção estatística. (2009) Rosimina Ali, Rogério Ossemane e Nelsa Massingue http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/ideias/Ideias_9.pdf Nº 8: Sobre os Votos Nulos. (2009) Luís de Brito http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/ideias/Ideias_8.pdf Nº 7: Informação Estatística na Investigação: Qualidade e Metodologia. (2008) Nelsa Massingue, Rosimina Ali e Rogério Ossemane http://www.iese.ac.mz/lib/publication//outras/ideias/Ideias_7.pdf Nº 6: Sem Surpresas: Abstenção Continua Maior Força Política na Reserva em Moçambique… Até Quando? (2008) António Francisco http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/ideias/Ideias_6.pdf Nº 5: Beira - O fim da Renamo? (2008) Luís de Brito http://www.iese.ac.mz/lib/publication//outras/ideias/Ideias_5.pdf Saide Habibe, Salvador Forquilha e João Pereira | 59 Radicalização Islâmica no Norte de Moçambique O Caso de Mocímboa da Praia Nº 4: Informação Estatística Oficial em Moçambique: O Acesso à Informação. (2008) Rogério Ossemane, Nelsa Massingue e Rosimina Ali http://www.iese.ac.mz/lib/publication//outras/ideias/Ideias_4.pdf Nº 3: Orçamento Participativo: um instrumento da democracia participativa. (2008) Sérgio Inácio Chichava http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/ideias/Ideias_3.pdf Nº 2: Uma Nota sobre o Recenseamento Eleitoral. (2008) Luís de Brito http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/ideias/Ideias_2.pdf Nº 1: Conceptualização e Mapeamento da Pobreza. (2008) António Francisco e Rosimina Ali http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/ideias/Ideias_1.pdf Relatórios de Investigação / Research Reports Crónicas de uma eleição falhada. (2016) Luís de Brito (ed.) http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/IESE_RR1.pdf Murrupula: um distrito abstencionista (2016) Egídio Chaimite e Salvador Forquilha http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/IESE_RR2.pdf Afinal nem todos votam em Manjacaze (2016) Egídio Chaimite e Salvador Forquilha http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/IESE_RR3.pdf Beira – Clivagens Partidárias e Abstenção Eleitoral (2017) Salvador Forquilha http://www.iese.ac.mz/wp-content/uploads/2017/02/IESE-Relatorio-4-WEB.pdf 2014 – Um inquérito sobre a abstenção (2016) Luís de Brito http://www.iese.ac.mz/wp-content/uploads/2017/02/IESE-Relatorio-5-WEB.pdf Moçambique: Avaliação independente do desempenho dos PAP em 2009 e tendências de desempenho no período 2004-2009. (2010) Carlos Nuno Castel-Branco, Rogério Ossemane e Sofia Amarcy http://www.iese.ac.mz/lib/publication/2010/PAP_2009_v1.pdf 60 Cadernos IESE n.º17 | 2019 Current situation of Mozambican private sector development programs and implications for Japan’s economic cooperation – case study of Nampula province. (2010) Carlos Nuno Castel-Branco, Nelsa Massingue and Rogério Ossemane http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/Relatorio_Japao_final.pdf Mozambique Independent Review of PAF’s Performance in 2008 and Trends in PAP’s Performance over the Period 2004-2008. (2009) Carlos Nuno Castel-Branco, Rogério Ossemane, Nelsa Massingue and Rosimina Ali. http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/PAPs_2008_eng.pdf (também disponível em língua Portuguesa no link http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/PAPs_2008_ port.pdf). Mozambique Programme Aid Partners Performance Review 2007. (2008) Carlos Nuno Castel-Branco, Carlos Vicente and Nelsa Massingue http://www.iese.ac.mz/lib/publication//outras/PAPs_PAF_2007.pdf IESEé uma organização moçambicana independente e sem fins lucrativos, que realiza e promove investigação científica interdisciplinar sobre problemáticas do desenvolvimento social e económico em Moçambique e na África Austral. Tematicamente, a actividade científica do IESE contribui para a análise da política pública e social e da governação, com enfoque nas problemáticas de pobreza, política e planeamento público, cidadania, participação política, governação e contexto internacional do desenvolvimento em Moçambique.

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