terça-feira, 9 de julho de 2019

As duas grandes versões à volta do vendaval por Basílio Macaringue

SELO: As duas grandes versões à volta do vendaval por Basílio Macaringue
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Vozes - @Hora da Verdade
Escrito por Redação  em 08 Julho 2019 (Actualizado em 09 Julho 2019)
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Hoje vamos reflectir à volta de um evento natural tratado de diferentes modos na sociedade moçambicana, particularmente, no contexto da zona sul. Trata-se do vendaval, comummente tratado igualmente como ciclone. Trata-se, nesse caso, de um fenómeno natural que ao ocorrer assola diversas famílias, sobretudo nas zonas ribeirinhas e áreas de pouca habitação populacional. Estão associadas à essa ocorrência três grandes razões, nomeadamente: a exposição ao risco, a deficiente capacidade de adaptação face à materialização do fenómeno e a deficiente capacidade de reposição. Assim sendo, com o seu decorrer observamos perdas de vidas humanas e de bens materiais, incluindo infra-estruturas sociais.
Acredita-se localmente, conforme revelam comentários de gerações mais velhas, que a ocorrência de ciclones vem sendo considerada como uma movimentação de uma certa serpente invisível que apresenta sete cabeças, designada “Mwa Mulambo”. Comentários salientam que nas zonas rurais esta espécie é tão temida que até o próprio nome não se permite pronunciar, devendo-se dizer simplesmente “Nkulu Wa Mhunu”, quando do mesmo se estiver referindo. Acredita-se, ainda segundo relatos populares, que tal espécie efectua dois movimentos, um de ida e um de retorno. Quando isto acontece, de acordo com os mesmos, significa que tal serpente saiu à busca da sua companheira.
Avancemos à reflexão: assume-se que seja uma espécie invisível e composta por sete (7) cabeças e que sai à busca da sua companheira, de acordo com relatos de terceiros. Afinal de contas, quem já a viu? Esta é a pergunta chave, não a única.
Nesse prisma, hoje vamos reflectir à volta deste episódio, procurando explorá-lo de forma mais lógica possível: Na verdade, estamos aqui perante um fenómeno que pela deficiente capacidade de explicá-lo racionalmente, as sociedades mais remotas inventaram uma dada abordagem sem alguma base sólida ou lógica, sendo sustentada apenas por um conjunto de proficias de ancestrais imaginários, garantindo assim o respeito pela ordem social e a padronização dessa crença local. Esta história foi sendo transmitida de geração para geração, pois todo Homem é fruto do meio social em que se encontra inserido. Mas a ciência torna-a numa abordagem puramente inválida.
Observemos o lado lógico deste episódio: o planeta terra sempre esteve vulnerável à diversos eventos extremos, alguns dos quais contribuíram para a extinção em massa de espécies como dinossauros e dragões. A partir do século XVIII, conforme aponta a ciência, o mundo assisti um novo episódio, oriundo do processo de desenvolvimento industrial. Daí surgem: a explosão demográfica, as urbanizações, o melhoramento das condições de vida incluindo a assistência médica, a aceleração do processo de mudanças climáticas, etc.
Vamos nos distanciar dos demais resultados e dar um olhar profundo ao processo de mudanças climáticas. Ao falar de mudanças climáticas, segundo a ciência da terra, nos referimos ao processo de alteração do clima na escala planetária e, em consequência, aumenta o índice de ocorrências de eventos extremos (sismos, ciclones, terramotos, maremotos, inundações, secas prolongadas, etc.), a prevalência de doenças respiratórias, o derretimento do gelo nas zonas polares e consequente saliniização das águas dos rios, etc.
Diante desta abordagem, devemos, obviamente, assumir que o episódio antigamente designado “Mwa Mulambo” é, na verdade, um fenómeno natural. Este fenómeno recebe diferentes designações em virtude de factores que caracterizam a sua ocorrência, desde a sua zona de origem, a sua intensidade, a área afectada, etc.
Nesse contexto, o vendaval vem sendo atribuído uma abordagem ilusória durante anos e anos, acabando por se tornar uma crença utópica generalizada na zona sul de Moçambique, com maior predominância nas zonas rurais de Maputo e Gaza. A sua ocorrência tem sido drástica nos últimos anos e, segundo a ciência, a sua magnitude tende a aumentar, ampliando, deste modo, seus impactos negativos sobre a sociedade, sobretudo as de terceiro mundo. Recentemente as zonas norte e centro do país foram vítimas de ciclones IDAI e Keneth, que deixaram marcas históricas sobre o país como um todo, desde perdas de vidas humanas, infra-estruturas sociais, etc.
Nesse caso, independentemente da crença a que a sociedade se forçar a inclinar nela, encontramos aqui a necessidade de obedecer os critérios técnicos adequados para erguer qualquer infra-estrutura social, principalmente casas, hospitais e escolas, o que poderá reduzir a nossa vulnerabilidade face à materialização deste fenómeno... e precisa-se, também, aumentar a capacidade de difusão da informação referente à este assunto, especialmente, nas zonas mais recônditas.
Por Basílio Macaringue
Ser - Huo
Bom, ja que opinar é mahala, vale dizer que segundo conselho de bombeiros, não se extingue fogo com água, pois resulta efeito adverso: além de apagar, dá mais combustão. E infelizmente o que meus compatriotas camaradas da onda vermelha estão a fazer com a tal entrevista é mesmo isso.
Sugerir a diabolização dos que criticam a pobreza da entrevista, buscando até as origens das entrevistadoras, culpando os assessores, evocando o desrespeito das perguntas, até minimizando o chuta chuta português porque não é nossa língua 1, ou recorrendo a exemplos de entrevistas em que o nervosismo ou a emoção tomou conta da razão, tudo em vista a cimentar a endeuzação do já proclamado Deus Alá daqui, isso é de todo 'botar' mais água em chamas já vorazes, e em época de verão eleitoral, em que todo cuidado com as chamas devia ser tomado como pouco.
O nosso mandão abriu as comportas da grande barragem, e a água, essa tudo levou, há que aceitar isso. A "diplomacia diplomática" com a língua e em momentos críticos provou-se sem tacto, algo que também já não devia ser surpresa para ninguém daqui.
As entrevistadoras fizeram a parte delas, e não tem nada de serem "tugas" com origens no Índico, portanto, com 'nhongwas'. Parece que esquecemos, mas há poucas semanas tivemos a mesma piada com "Grande Entrevista", para o CanalMoz, que de grande só tinha o posto que o entrevistado ocupa. Se elas não fizessem aquelas perguntas e outras, não mereceriam o salário que auferem. Vamos aceitar isso.
Com certeza os assessores também fizeram a sua parte, e, conhecendo o nosso confiado, já devíamos estar acostumados que ele não é de entrevistas, menos de improviso, pois nessas situações se sai melhor que aqueles do 'ImproRiso'. Vamos aceitar isso.
Chamar aos moçambicanos de mal intencionados e oposicionistas, pois se concentram em 30 minutos de entrevista e não na visita na sua íntegra, isso é de todo mau serviço à nação, e ao partidão. A entrevista passou para todo mundo ver e ouvir. Criticar o que não foi de bem, não significa "bota-baixo" aos resultados da visita. Não. O meus compatriotas da onda deviam perceber que Moçambique merece melhor, e esse melhor só pode chegar com base em crítica, e na aceitação e incorporação da mesma como subsídio para o país andar.
Para terminar, o nosso PR devia sim dar uma colectiva de imprensa para explicar aquelas respostas (e.g. explicar o que significa que o povo é também parte do problema porque é "povo governado pelo governo que contraiu as dividas"), e querendo, explicar a sua postura (eu não me sinto bem nem iria defender o meu PR a se enervar parece uma sobrinha em Tpm). Mas para tal, o PR devia assumir que os melhores assessores que tem são o povo moçambicano, e não exclusivamente aqueles que com certeza suas contas naquele banco de Kuhanha transbordam felicidade.
Mas, como disse, o problema aqui neste post não é o PR, e sim, o mau serviço que os meus comparsas da onda estão a criar. Era muito mais preferível ficarem no silêncio, e não fazerem o que estão a fazer. Poderiam aproveitar recorrer à DISTRAÇÃO e GRADUALISMO nos assuntos, nos termos colocados por Chomsky, e não assumir que a saída é pregar a IGNORÂNCIA e a MEDIOCRIDADE. Assim não.
...Assim vão dizer que eu sou da oposição. Tudo bem, porque neste caso, sou sim da oposição à postura dos bombeiros do partido que eu sempre votei, e que cada vez mais está a afundar, levando consigo a nação, quando tem tudo para se formar e afirmar. Vamos saber escolher as melhores ferramentas para apagar bem o fogo, otherwise...

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