sábado, 14 de julho de 2018

Seguradoras estão muito relutantes em apoiar investimentos em Moçambique


O diretor de operações da Agência Africana de Seguros Comerciais em África diz que instituições que fizeram seguros sobre os empréstimos a empresas públicas estão "muito relutantes" em voltar ao país.
Manuel Moura/LUSA
Autor
  • Agência Lusa
O diretor de operações da Agência Africana de Seguros Comerciais em África (ATI) disse este sábado à Lusa que as instituições financeiras que fizeram seguros sobre os empréstimos a empresas públicas de Moçambique estão “muito relutantes” em voltar ao país.
“Quando os seguradores dos empréstimos são obrigados a suportar as perdas dos seus clientes ou enfrentam um grande problema, ficam muito relutantes em voltar a assumir mais riscos nesse país e esse é o problema de Moçambique”, disse John Lentaigne, que gere as operações da agência multilateral africana encarregue de fazer seguros sobre os investimentos em África, em entrevista à Lusa.
“Quando há falta de seguros de investimento, os investimentos não acontecem, e hoje em dia há uma enorme liquidez e disponibilidade para investir em Angola e Moçambique, mas há uma severa falta de capacidade de fazer seguros sobre esses investimentos”, acrescentou o gestor à Lusa, à margem dos Encontros Anuais do Banco Africano de Exportações e Importações (Afreximbank), que decorrem até sábado em Abuja.
Questionado sobre a perceção do mercado relativamente aos dois maiores países lusófonos em África, o diretor de operações da ATI disse que “a falta de seguros de investimento resulta diretamente do escândalo da dívida oculta”, mas salientou que para os investimentos no setor do gás, os parâmetros são diferentes, porque este setor segurador “vai olhar para lá do país e concentrar-se nas empresas, até porque as autoridades moçambicanas seriam doidas em matar a galinha dos ovos de ouro”, disse, referindo-se ao setor do gás.
Em Angola, “o problema é o mesmo, mas por razões diferentes”, explicou o gestor na entrevista à Lusa, na qual vincou que “tradicionalmente o país sempre foi um dos mais expostos a seguros por parte dos investidores”.
A diferença com o panorama atual é que “a capacidade de fazer seguros sobre os investimentos não está baseada no tamanho da economia, mas sim no ‘rating’ que é concedido, por isso os investidores vão alocar muito pouco dinheiro para os seguros”.
A consequência, concluiu, é que “Angola vai receber sensivelmente o mesmo nível de investimento que o Benim, porque está no no ‘rating’ B, mas tem uma economia muito maior”.
A Agência Africana de Seguros Comerciais em África (ATI, na sigla em inglês) é uma instituição multilateral detida por 14 governos africanos e por bancos institucionais, com o objetivo de fazer seguros contra os riscos de investimento em África, diminuindo a perceção de risco e aumentando os montantes investidos.
O Afreximbank, cujos Encontros Anuais decorrem até sábado em Abuja, a capital da Nigéria, é um banco de apoio ao comércio, exportações e importações em África e foi criado em Abuja, em 1993. Tem um capital de 12 mil milhões de dólares e está sediado no Cairo.
Os acionistas são entidades públicas e privadas divididas em quatro classes e dele fazem parte governos africanos, bancos centrais, instituições regionais e sub-regionais, investidores privados, instituições financeiras, agências de crédito às exportações e investidores privados, além de instituições financeiras não africanas e de investidores em nome individual.

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