Monday, July 23, 2018

O último prisioneiro da fortaleza construída pelos portugueses

O último prisioneiro da fortaleza construída pelos portugueses

Índia vai encerrar a cadeia de Diu na fortaleza construída em 1535 e considerada uma das maravilhas de origem portuguesa no mundo. Um homem de 30 anos é o último recluso
Quando a Índia tomou conta da Fortaleza de Diu, em 1961, esta estrutura de arquitetura militar construída pelos portugueses há quase 500 anos já integrava uma cadeia. A área de reclusão manteve-se aberta na ilha indiana mas o seu encerramento já está decidido. Para se consumar só falta sair o último dos reclusos, um homem de 30 anos que aguarda julgamento e que ocupa sozinho a ala prisional, vigiado por cinco guardas. É o prisioneiro mais solitário da Índia. Quando sair, e não há data prevista, o espaço irá ser entregue à agência arqueológica indiana para fins culturais e turísticos
O recluso, Deepak Kanji, 30 anos, vive numa cela que foi concebida para 20 pessoas - a área total da cadeia recebia até 60. Tem direito a cama, água, televisão e 50 metros quadrados de espaço vazio. Preso por tentativa de homicídio da mulher, por envenenamento, o homem só pode sair da cela durante duas horas por dia. Com cinco guardas prisionais e um funcionário, a prisão tem as suas torres de vigia vazias.

Prisioneiro mais solitário da Índia

"Fazemos turnos e o preso é vigiado 24 horas por dia, mas a situação tem os seus desafios", disse Chandrahas Vaja, que dirige a prisão, ao jornal The Hindustan Times. "Não podemos proporcionar nenhuma atividade para o prisioneiro, pois é o único. Para as refeições dele, tivemos de fazer um acordo especial com um restaurante perto do forte", acrescentou.
Desde 2013 que a decisão de encerrar a cadeia está tomada. Na altura, estavam ali sete reclusos, incluindo duas mulheres. Quatro foram transferidos para a prisão de Amreli, a cerca de 100 km de Diu, e outros dois já cumpriram as penas desde aí. Kanji ficou sozinho já que o seu processo ainda está em julgamento no Tribunal de Diu. "É conveniente mantê-lo aqui enquanto será julgado. As audiências são no tribunal de Diu e Amreli, a prisão mais próxima, fica muito longe", explicou o chefe dos guardas.
O problema é que o prisioneiro todos os dias pergunta pela sua situação na justiça, devido ao isolamento, alega o responsável da prisão. "Os guardas têm que fazer companhia porque não há mais ninguém. Em prisões maiores, com mais pessoas, as autoridades organizam atividades sociais que são importantes para a saúde de qualquer prisioneiro. Aqui, pouco podemos fazer. Esperamos que a transferência aconteça rapidamente."

Uma das maravilhas portuguesas no mundo

A Fortaleza de Diu foi construída em 1535/1536, mas teve restauros posteriores e alterações significativas em 1546, e é uma estrutura arquitetónica considerada ímpar na expansão portuguesa. Foi decisiva para que Portugal conseguisse o controlo da rota marítima das especiarias e das sedas no século XVI. Com a sua localização no Índico, era importante como entreposto comercial. Chegou a ser conhecida como a Gibraltar do Oriente. Os portugueses estiveram 424 anos em Diu, entre 1537 e 1961 ano em que através da Operação Vijay a União Indiana, que conquistou a independência em 1947, acabou com o domínio português em Goa, Damão e Diu.
Em 2009 foi classificada como uma das sete maravilhas de origem portuguesa no mundo, numa iniciativa do governo português para divulgar o património que Portugal deixou no Mundo durante a expansão marítima.
A prisão, ocupando apenas uma pequena parte, já funcionava quando a Índia tomou conta de Diu, em 1961. Hoje, os turistas podem visitar a fortaleza sem terem, contudo, acesso ao estabelecimento prisional. Para já. A ideia é que todo o monumento fique acessível aos visitantes e já há planos para dotar o espaço de novas funcionalidades para ser um destino turístico mais atrativo.
As autoridades de Diu também anseiam pela saída do último prisioneiro. Já usam o slogan "Diu sem crime" para promover o antigo território português, já que a zona, defendem, tem uma criminalidade muito baixa e o encerramento da prisão é uma medida saudada como um passo para a promoção turística.




Maria Anjos Rocha
Gostei de ver o grande Monumento património muundial Portuges Mas libertem este homem,tão solitário,o dinheiro gasto só com um ser humano, dava para matar a fome de tantos que necessitam.
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Sebastião Maia
"através da Operação Vijay a União Indiana, que conquistou a independência em 1947" Correcção: Através da Operação Vijay a União Indiana, invadiu o território.
Um acto de terrorismo. Há que chamar os nomes aos bois.
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Nuno Ribeiro
Você quer dizer que recuperou o território que era dos indianos muito antes de os portugueses o ocuparem.
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Sebastião Maia
Nuno Ribeiro Eu não quero dizer nada além do que está escrito e do que foi feito, a União Indiana invadiu um território que não era seu e não estava sob sua jurisdição tal como fez Napoleão Bonaparte ao invadir outros territórios que não eram seus nem estavam sob sua jurisdição, no primeiro caso é um acto de terrorismo mas no segundo já não devido a essa classificação ainda não estar convencionada, porém os trâmites da acção são iguais. Quanto ao "muito antes" e "ocuparem", é ler o pedido de ajuda das populações locais, em especial de Timoja para ser libertado do Adil Xá, fora disto, i.e. usar retórica como aquela que acabou de escrever, são opiniões infundadas e generalizações que é o comum das narrativas revisionadas para ajuste ideológico do presentismo, ou em menos palavras: são falácias historiográficas.
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Sebastião Maia
Nuno Ribeiro PS Como bem deve desconhecer, caso contrário não faria a afirmação que fez, Goa ganhou foro de concelho e foi dotada de senado (certamente sabe o que estas duas instituições são, quais as suas funções, por quê e para quê são estabelecidas) em 1511 e teve todos os privilégios equivalentes a qualquer outro território sob a administração portuguesa que furtou ao domínio anterior (neste específico caso) de um regime bem conhecido da época e para o qual esta ocasião não se presta a descrever, pese embora esteja bem referido em diversas fontes coevas de alargado âmbito, além disso, cunhou moeda própria coisa que nunca tinha tido, teve leis de protecção e preservação dos povos locais (que em muito desagradou ao suttee, ao doodh peeti ou ao kuri-mar, só citando apenas 3) e de seus recursos naturais, aliás, no que concerne à preservação esta foi a lei comum a todos os territórios desde que foi promulgada em 1570 na cidade de Évora por El-rei Dom Sebastião e abrangeu o orbe português do Brasil ao Japão.
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Peter Stutley
Quite amazing, but it cannot be pleasant for either the prisoner or the custodians.


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