quarta-feira, 18 de julho de 2018

O combate à Criminalidade em Moçambique requer a nossa sinceridade

O combate à Criminalidade em Moçambique requer a nossa sinceridade
Quando falo da sinceridade para o combate à criminalidade, não falo daquela sinceridade desnecessária que algumas pessoas emitem porque se acham cheias de opinião e razão, ou por se acharem autênticas, não pensem que me refiro àquelas pessoas que falam o que pensam em qualquer hora e lugar, sem contexto, sem compaixão, sem remorso.
Esse tipo de sinceridade pode ser cruel e não deve ser levada em consideração, e não se deve confundir autenticidade com falta de educação. A sinceridade de que me refiro para o combate à criminalidade é a necessária para a sociedade, aquela que desperta a cidadania, que é, acima de tudo, um acto de consciência, a sinceridade que torna as pessoas melhores, que provoca reflexão e atitudes sobre crescimento da cidadania e bem estar da sociedade. Aquela sinceridade capaz de mudar a vida das pessoas para o melhor, que faz ver aos cidadãos que o medo de mudar que tivemos ontem e levou-nos à guerra fratricida é a razão dos males de hoje, e o medo de mudar hoje será a razão dos males de amanhã.
A origem da criminalidade é devido a falta de oportunidades em empregos, a desestruturação familiar, a ausência do poder público nos centros urbanos e tantas outras causas que tiram de uma pessoa a chance de se tornar um membro produtivo da sociedade, entre outras causas referentes à patologias individuais biológicas, psicológicas e psiquiátricas. Para minimizar estes males todos, a sociedade civil deve desempenhar o seu papel, resultante da união de todos, mudar as nossas mentalidades e meter mãos à obra para criarmos um país equilibrado para os nossos filhos e netos, onde a criminalidade vai ser minima.
Alguns dos meus amigos sempre me dizem que eu deveria engolir minha língua e parar de falar a verdade, porque no nosso pais a verdade é um perigo, esses amigos dizem-me que falar não é bom e que a ironia sempre é bem vinda na nossa sociedade, dizem que a sinceridade machuca as pessoas, e as pessoas são uma incógnita, mesmo aquelas que nós pensamos conhecé-las como a palma da nossa mão, por isso aconselham-me a manter-me dentro do casulo construído nessa nossa própria realidade de medo, mudez e quietação, ainda que não institucional.
Porém, acontece que aceitar viver num casulo e deixar de falar é não gostar de Moçambique é anular sentimentos de cidadania é deixar o coração explodir de mágoa indigesta da pulhastra sem amor à pátria. Para mim calar é deixar de existir. A sinceridade dita é para o bem de todos, aquela sinceridade que não provoca agitação social nem estimula violência, que não provoca secessionismo de estado por motovo tribal e ou regional, a minha sinceridade não trata de outras pessoas somente, ela trata de mim com o mesmo rigor que os outros, essa sinceridade trata do que eu acredito ser importante no meu país, a minha sinceridade não é apenas sobre a atitude do governo, mas sobre o efeito que isso causa em mim mesmo como bom cidadão. Por isso, resolvi fazer um balanço que, para mim, simboliza um gesto de cidadania e, por conseguinte, que espelha uma acção de consciência, e continuar a dizer o que penso, o que pode ajudar-nos como uma nação. O Presidente Nyusi vem demonstrando com seu exemplo pessoal o que é a consciência cidadã, que é a convicção de que o ser humano tem de agir como cidadão porque tem o reconhecimento do Estado do qual é membro, o que se expressa em práticas concretas nas esferas jurídica, política, econômica e cultural, que asseguram a sua realização como bom cidadão em busca da paz, apesar de ele enfrentar penhascos que dizem a mesma coisa, para ele deixar as coisas como são e não arriscar a sua vida, como o fez quando foi ter com o falecido presidente da Renamo nas serras de Gorongosa.
Pessoas que sentem e precisam resolver os males da sociedade, não se calam, fazem a sua parte. Fica problemático fazer de quem se abre um carrasco, um feio, um lamentador, por fim, um inimigo, porque quando o mal se espalha afeta a todos, incluindo aos que se calam. A criminalidade deve ser denuncida na familia, no bairro, na escola, na comunidade e em todo país, e esta não é tarefa da polícia exclusivamente, repudiar e denunciar a criminalidade é tarefa de todos. Realmente existe necessidade de estudar-se o fenômeno da violência e do medo para a sua denúncia que vem alastrando-se em Maputo, qualquer que chega de fora sente essa tensão, infelizmente com o tempo essa tensão passa a ser assimilada, mas é uma assimilação negativa essa de convivermos indiferentemente (sem censura) com o crime. Podemos perceber através dos noticiários diários, das redes sociais e da própria vivência como, furtos, assaltos, baleamentos, o tráfico de drogas, violência doméstica e outras tipologias do crime, como vem mudando o comportamento dos moçambicanos, neste caso em particular, em Maputo. A violência afeta o ritmo da convivência entre as pessoas, famílias, amigos e deixa as ruas e casas inseguras; materializa o medo na cidade com o erguimento de muros e gradeados extensos; o implante de cercas elétricas e sistemas de vigilância vai criando bairros dominados pelo crime, saindo das periferias em direção aos bairros centrais, A situação da insegurança em Maputo, pouco a pouco, vira disputa no espaço cibernético, agora o espetáculo violento pode ser acompanhado por todos os moradores, os gestores e autoridades compactuam com a mesma certeza, a violência agora não é mais manchete de jornais distantes da RSA ou do Brasil como era de costume ouvirmos, é a realidade da nossa terra que precisa ser combatida desde as suas raízes, para que o levantamento de muros e grades não sejam a solução final do problema. A verdade é que os pavores de tocar as feridas são mais sombra do que realidade, mas o arrosto é o nome de uma velha amiga que não nos esconde a verdade. Esta realidade diante do nosso nariz é chata e para vé-la requer uma luta constante porque nossos olhos não a reconhecem
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7 comentários
Comentários
Elisio Macamo se o texto é reacção à discussão, lamento dizer que está a persistir num equívoco. nem eu, nem o Gabriel Muthissedissemos que a criminalidade não existe, que não deve ser combatida ou que ninguém deve falar sobre ela. não foi essa a nossa posição. nós criticámos um texto muito mau. seria bom esclarecer isso para podermos discutir a questão da criminalidade como gostaria que ela fosse discutida. posso, contudo, adiantar que a falta de emprego ou de oportunidades não explica a criminalidade. há gente sem emprego e sem oportunidades que não se envolve no crime. há gente que está muito bem na vida e se mete no crime.
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Alvaro Simao Cossa Eu, na discussão que tivemos, disse a mesma coisa que estás a dizer Elisio Macamo, que nós os quatro temos um entendimento igual sobre este assunto, deves não ter lido isso, lamento!
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Elisio Macamo não percebi assim.
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João Pedro Muianga Eu estudei varias teorias sobre motivações criminais tornando-se difícil indicar em concreto o que motiva a alta taxa de criminalidade numa sociedade, devido a sua complexidade e tipos de crimes cometidos entre pessoas.
Por exemplo, um crime contra a p
ropriedade pode ter motivações existente de luta de classes, isto e', dos que tem e dos que não tem mas um crime passional ou contra a honra e bom nome das pessoas,não tem mesma motivação.
Algumas das teorias que estariam patentes na analise do Alvaro Simao Cossa, seria a visão marxista onde passo a partilhar:

Engels dizia que a degradação da vida dos trabalhadores na Inglaterra, influenciada pelo crescimento industrial, despojava os trabalhadores da vontade própria, conduzindo-os inevitavelmente para o crime. No entanto, a pobreza fornecia a motivação, e a deterioração da vida familiar interferia na educação moral adequada das crianças.

Engels observou, porém, que o crime é uma reacção individual à opressão, ineficaz e facilmente esmagada. Por esse motivo, os trabalhadores cedo voltaram-se para formas colectivas de luta de classes. Mas o ódio de classe, alimentado por essas reacções colectivas, continuava a dar lugar a algumas formas individualistas de crime.
Marx dizia que o crime era um produto de instituições políticas peculiares de um dado país do que “das condições fundamentais da sociedade burguesa em geral. Dessa concepção sobre as causas do crime resulta que as medidas policiais repressivas não o eliminam, apenas o contêm. 
Marx dizia ainda que uma sociedade comunista, ao suprir as necessidades individuais, eliminando a desigualdade e dando um fim à contradição entre o indivíduo e a sociedade, “cortaria o crime pela raiz.
Esta visão olha o crime como um todo ai que propõe um quadro de princípios para seu combate, e não esmiúça varias das suas vertentes!
Uma das formas eficazes para combater o comportamento delituoso e' a educação!
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Alvaro Simao Cossa Eu gostaria de que o Elisio Macamo nao salpicasse o meu texto visse-o de forma global, porque isso pode dar uma certa distrofia a sua visao, no texto eu adiantei outras causas que cientificamente sao reconhecidas como causas fundamentais da criminalidade, e alias, o seu argumento acima foi o mesmo que eu utelizei ontem quando estavamos discutir com o Gabriel Muthisse, as causas do crime nao podem ser todas detalhadamente descritas, porque cada criminoso é um mundo, mas sao agrupadas. Eu disse que a origem da criminalidade é devido a falta de oportunidades em empregos, a desestruturação familiar, a ausência do poder público nos centros urbanos e tantas outras causas que tiram de uma pessoa a chance de se tornar um membro produtivo da sociedade, entre outras causas referentes à patologias individuais biológicas, psicológicas e psiquiátricas, esta ultima parte do meu texto pode ir ao encontro do que escreves Elisio Macamo
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18 hEditado
Elisio Macamo há pessoas nessas circunstâncias que não estão no crime.
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Alvaro Simao Cossa concordo Elisio Macamo e a educacao nao se pode ver como a solucao para combater o crime, porque hoje em dia os crimes mais sofisticados sao perpetrados por estudiosos, por gente com alta formacao profissional e academica, temos que ver as causas do crime como patologias individuais biológicas, psicológicas e psiquiátricas, este é um assunto muito delicado
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1 dia(s)Editado
João Pedro Muianga Respeitado Alvaro Simao Cossa, quando falo da educação, não me refiro ao nível ou grau de instrução das pessoas mas sim do nível de sensibilização das pessoas em relação aos vários contornos do comportamento delitouso. 
Um exemplo de Moçambique, o ní
vel de corrupção nos últimos tempos cresceu daí que para além da componente sancionatória, há também uma onda de sensibilização da sociedade em relação a este fenómeno (esta é a componente educação).
Educar não é só instruir, há gente com alto grau ou níveis académicos ou altamente instruída mas sem o mínimo de educação, és a razão de gente com títulos académicos invejáveis mas criminosas. 
Se o combate à criminalidade olhasse para o nível académico das pessoas e não a necessidade de educá-las, não haveria necessidade de responsabilização deste grupo.
Entrariamos noutro campo da responsabilidade criminal concretamente no que diz respeito ao fim das penas onde encontramos a componente retribuição, o fim pedagógico que abarca a componente reabilitação do indivíduo, é aqui que morra a educação do indivíduo.
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20 h
Alvaro Simao Cossa João Pedro Muianga a tua visao de combater o crime é do século passado, desde os finais do século XX os que rezavam que a educacao é o maior pilar para cambater o crime abdicaram dessa conclusao, hoje estao alheando-se peremptoriamente de dizer que a educacao com todos seus ensinamentos pedagogicos que elevam o espirito do homem sao o remédio. Sabes que os padres, os pedagogistas, os catedraticos, os ciberativistas e politicos muito cultos sao a camada mais susceptível na criminalidade, os donos reais que mandam no mundo do crime. Sabes que a Igreja pode ser o cartel mais adestrado, suptil e manhoso do crime?
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20 hEditado
João Pedro Muianga Educação vs instrução (Não falo de nível de instrução mas sim de educação) Há pessoas que não possuem nenhum nível de instrução académica mas são invejavelmente educadas assim como o contrário.
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20 h
Alvaro Simao Cossa Entenda, primeiro, o que tu estás a escrever caro João Pedro Muianga depois falamos. Leia os meus ultimos argumentos e bom dia!
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20 h
Alvaro Simao Cossa João Pedro Muianga deixa de detalhes infinitesimais e equivocos do passado. As verdadeiras causas do crime sao patologias individuais biológicas, psicológicas e psiquiátricas, e outras muitas sociais. O que escreves não está errado mas é visão retrógrada para a ciencia criminalística do século XXI. Tal como os criminalistas dos séculos XV- XIX pensavam que castigos corporais podiam erradicar o crime, os do seculo passado pensavam que a educacao tambem podia erradicar o crime, mas hoje sao os pedagogistas que planificam e mandam no mundo do crime
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18 hEditado
Alvaro Simao Cossa Aconselho aos meus amigos Gabriel MuthisseElisio Macamo e João Pedro Muianga, ler o livro "Crime e Castigo" - um romance sócio-psicológico e sócio-filosófico de Fyodor Dostoevsky.

A idéia de "Crime e Castigo", de Dostoiévski amadureceu ao longo dos
 anos da vida do autor, mas o tema central está conectado com a ideia do herói "comum" e "extraordinário". O autor combinou os esboços do romance inacabado " O bêbado", que fala sobre a família Marmeladov, e o esboço do romance A confissão, concebido por um condenado em revelação. No processo, o autor tenta explicar o enredo do crime de um sujeito que matou uma velha agiota por causa de um assunto de seu ente querido, uma ocasião cientificamente notável para reflexão sobre as circunstâncias sociais que podem empurrar uma pessoa ao crime, bem como a oportunidade de mostrar os complexos processos "químicos" que tem lugar nas almas das pessoas no momento de planificar um crime. O trabalho recria os sinais reconhecíveis do tempo, reproduzindo a topografia do crime. Aqui a ideia de que a educação pode ser o remédio de combater o crime fica nula. Alias pedagogistas, catedráticos, a classe eclerical, os políticos mais eruditos e professores de ética e pedagogos, as igrejas, geralmente são os organizadores e mandantes de crime. Reetero que as causas reais e fundamentais do crime são biológicas, psicológicas e psiquiátricas, para além das outras vastas causas sociais
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18 hEditado

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