sexta-feira, 13 de julho de 2018

Numa já longínqua noite de Maio de 1974

Numa já longínqua noite de Maio de 1974, a este edifício foi o meu pai chamado através de um curto telefonema. Aquele telefone 29292 da R. Dr. J. Serrão 40, soava então incessantemente, dado o momento que o país vivia. Uma voz sua conhecida deixou-se de circunlóquios e num tom imperativo proferiu uma convocatória:
- Vítor, vem cá amanhã ao fim da tarde, o assunto é urgente.
- Não me podes dizer do que se trata?
- Não. Por telefone não! Amanhã, sem falta, aqui no Centro Ismaelita, ao fim da tarde.
No dia seguinte foi directo ao gabinete de quem o chamara e sem rodeios informaram-no da urgência de iniciar os preparativos para evacuar a família, toda ela. Respondeu que já tinha decidido isso mesmo e que no aniversário da minha mãe, no passado 27 de Abril, a todos tinha escandalizado com a notícia, pois decidira partir antes do fim do ano. A questão era colocada de forma clara, questionando-os acerca de uma África onde existiam países independentes há praticamente duas décadas e os casos de violência seguidos de expulsão em massa acumulavam-se desde a Argélia até ao Uganda. Segundo ele, porque seria diferente no ultramar português? Teriam todos eles ouvido as emissões de rádio, cada vez mais incendiárias, um indício seguro do que viria?
- Será tarde demais, tens de ir quanto antes, preferencialmente antes da assinatura do acordo com eles.
- Porquê, o que sabes acerca do assunto?
- O príncipe Karim avisou a nossa comunidade, pedindo-nos para contactarmos pessoalmente e de forma o mais discreta que for possível, todos os amigos portugueses que conheçamos.
Não haverá acordo algum! Disse-nos para não acreditarmos em absolutamente nada que seja prometido pela gente que Lisboa para cá tem enviado. Nem nos militares, nem nos civis, mesmo aqueles que até agora aqui têm vivido, sabes a quem me refiro. É tudo falso, seremos abandonados em poucos meses e a independência "de mão beijada" - foi este, o termo utilizado na reunião -, virá em meados de 75. Não sabemos o que entretanto sucederá, mas não deve ser nada difícil de imaginares, pois não?
- Não. Mas... vamos ser despachados já daqui a um ano?
- Vamos! Então arranja-te e avisa discretamente toda a tua família e amigos e que cada um deles proceda a este passa palavra.
Foi precisamente o que fez e as respostas foram unânimes. Galhofa, corte de relações, insultos, risos de gozo recheados de enxovalhos e do sempiterno "vais-te embora com o rabo entre as pernas logo agora que isto vai ser bom, pá?"
Viu-se.
No dia 30 de Agosto de 1974, apenas a avó Irlanda esteve no aeroporto Gago Coutinho.
Uma semana depois do 7 de Setembro quase todos eles começaram a chegar gota a gota ou em massa. Desprovidos de tudo, vergonhosamente explorados pelos militares dos negócios dos câmbios, nem sequer tendo poupado os filhos e idosos pais ou avós a visões de uma violência dantesca.
- Afinal tinhas razão!
Digam do Aga Khan o que quiserem imaginar, mas estar-lhe-ei eternamente grato.
GostoMostrar mais reações
Comentar
Comentários
Jose Paulo Vidigal Aga Khan , é uma referência moral e ética , em contraponto com o lixo islâmico que invadiu as nossas fronteiras europeias!
Gerir
GostoMostrar mais reações
Responder4 dia(s)
Jorge Santos Silva Memória de um tempo terrível que também passei
Gerir
GostoMostrar mais reações
Responder3 dia(s)
Roger Lemos Os Ismaelitas tem sempre seguido uma forma do Islão muito mais liberal e humanista, muito longe de certos loucos radicais! 😊
Gerir
GostoMostrar mais reações
Responder3 dia(s)
Rui Manuel Os ismaelitas são endogâmicos como os judeus ou os ciganos! Daí a minha admiração por eles! Não tentam converter ninguém!
Gerir
GostoMostrar mais reações
Responder3 dia(s)
Rui Manuel São uma Seita shiita com o seu Chefe descendente directo de Mohamed (da sua filha Fátima). E endogâmicos! Caso único no islam shiita ou sunita!
Gerir
GostoMostrar mais reações
Responder3 dia(s)
Paulo Ruivo E Silva Belo edifício...ainda sobrevive?
Gerir
GostoMostrar mais reações
Responder3 dia(s)
Raquel Coelho Sim, eu o vejo todos os dias lindo e imponente!
Gerir
GostoMostrar mais reações
Responder3 dia(s)
Helena Oliveira Sim e em belíssimo estado de conservação
Gerir
GostoMostrar mais reações
Responder3 dia(s)
Joseph Praetorius Olha, ainda bem que repetes este depoimento, porque essa atitude do Aga Khan era indocumentável para mim e isto tem a maior relevância histórica e política, como bem sabes.
Gerir
GostoMostrar mais reações
Responder3 dia(s)
Nuno Castelo-Branco Joseph Praetorius, a Natália Anjos Kin - logo a seguir ao teu comentário - também corrobora, inúmeros foram os contactados pelo Centro Aga Khan. .
Gerir
GostoMostrar mais reações
Responder3 dia(s)
Natalia Anjos Kin Obrigada pelo testemunho. Ouvi o mesmo contado pelo meu pai.
Gerir
GostoMostrar mais reações
Responder3 dia(s)
Maria C. Mascarenhas Nuno Castelo-Branco Partilhei para "Apenas eu", só para minha recordação. Achei muito interessante. (Os meus sogros vieram - de Angola - ainda antes de 74, o meu sogro apercebeu-se do que aí vinha, perderam muito, mas ainda trouxeram qualquer coisinha, e não precisaram do IARN)
Gerir
GostoMostrar mais reações
Responder3 dia(s)
Donzília Ferreira Afinal para quem tantos milhões, tudo é simples,"ajudar" é trocos.
Gerir
GostoMostrar mais reações
Responder3 dia(s)
Nuno Castelo-Branco não se tratou de dinheiro, de trocos, mas sim de uma informação que muito ajudou quem a ouviu e seguiu o conselho. Nem tudo é contabilizável, cara Donzília.
Gerir
GostoMostrar mais reações
Responder3 dia(s)
Donzília Ferreira Nuno Castelo-Branco ???? que informação poderia ter a mais de que quem estava no terreno, a diferença talvez tivesse no ouvido.
Gerir
GostoMostrar mais reações
Responder3 dia(s)
Joseph Praetorius É a informação da alta finança e dos estados maiores da política mundial, é bem diferente do que pensa que sabe quem está no terreno. (Mesmo no governo português, para o caso tão irrelevante como qualquer outra irrelevância)
Gerir
GostoMostrar mais reações
Responder3 dia(s)
GostoMostrar mais reações
Responder3 dia(s)
Roger Da Costa Tinha um grande amigo Ismaelita, que ja pensava, em 72 que isso ia acontecer. Muito antes do 25 de Abril. A comunidade Ismaelita e sem duvida um exemplo para todos.
Gerir
GostoMostrar mais reações
Responder3 dia(s)Editado
José Vital Lopes Se não me engano na outra esquina do quarteirão perpendicular com a Av. João de Deus estava a Escola Especial tinha por director o Sr. Malveira...comecei aí a pré-primária
Gerir
GostoMostrar mais reações
Responder3 dia(s)
Luis Reis-Guibebe Sim na 24 de Julho tb estudei aí no 1/0 ano do Liceu. Sr Malveiro e D. Ilda, sua esposa.
Gerir
GostoMostrar mais reações
Responder3 dia(s)
Mario Martires Também passei muito terrível
Gerir
GostoMostrar mais reações
Responder3 dia(s)
Helena Seiler nao ha' pessoa mais bem informada internacionalmente do que o Aga Khan. por isso tem tantos resultados nos seus negócios, sabe sempre o que se está a passar.
Gerir
GostoMostrar mais reações
Responder3 dia(s)
Augusto S. Dias Marques "Independencia de mão beijada" esta frase é muito engraçada.
Gerir
GostoMostrar mais reações
Responder3 dia(s)
Nuno Castelo-Branco neste caso, dzia-se "mão beijada" porque nem sequer existiu uma verdadeira negociação, prejudicando terrivelmente todos os moçambicanos como agora é muito evidente. 
Sem quadros não existe gestão de recursos, nem produção agrária e industrial. Foi o qu
e sucedeu em praticamente todos os sectores e nem sequer recorrendo aos "cooperantes" chegados do leste e eivados de todo o tipo de manias, conseguiram colmatar o desastre: segundo as estatísticas mais modestas, 1 milhão de mortos em dez anos e não apenas pela guerra civil, juntando-se as epidemias, o fim do sistema sanitário, a fome, etc. Não sei dar outro nome a não ser desastre e não pense que isso me deixa contente e a salivar uma estúpida "vingança". Sou aí nascido de 4ª geração, aí tendo enterrados uma infinidade de familiares, desde os trisavós e bisavós, até dois avós, primos e tios. É uma lástima ainda não terem percebido que os melhores aliados que Moçambique tem no planeta, são precisamente os agora cada vez mais velhos que daí partiram há quase meio século. Nunca lhes ouvi uma aspereza ou desejo de vingança. Nunca, a não ser uma imensa nostalgia e o lamentar da pouca sorte que os moçambicanos tiveram.
Gerir
GostoMostrar mais reações
Responder3 dia(s)Editado
Luis Mucave Isto sim interessa Nuno..
Gerir
GostoMostrar mais reações
Responder2 dia(s)
Nilton Mangoba Historias marcantes,chocantes,faz-me recordar historia duma Medica que vivia na Matola,por esse periodo 74,foi emboscada na /sonef/ bateram nela que quando reconheceram alguns populares,a Medica d povo ja estava mal,levaram-na ao Hospital central, morreu essa trabalhou nao pra cor,mas pra o bem comum,( contado a mim por 1 tio), Nao sei se alguma revoluçao foi justa ou...chorar...
Gerir
GostoMostrar mais reações
Responder2 dia(s)
Vicente Moreira Recordações dum passado recente, que teimosamente não é explicado totalmente o seu interior, e que tanto alterou a vida de tanta gente nos, e dos Países.
Um passado, que jamais esquecerei, e que continuo a ter a minha opinião sobre o mesmo, sem necessitar de opiniões centificas, académicas, ou que os intelectuais historiadores, me querem "vender"!
Não preciso.

Eu vi.
Eu estava lá.
Eu vivi tudo intensamente!
Gerir
GostoMostrar mais reações
Responder3 dia(s)
Ana Antunes Braia Em tudo há os bons e os maus, não se confunda, até porque corrente de pensamento e filosofia de vida é outra, falei três vezes, bem recebida. Um bom dia Nuno.
Gerir
GostoMostrar mais reações
Responder3 dia(s)Editado
Anthony D'Alpoim Manesa A comunidad sacou o dinheiro todo
Gerir
GostoMostrar mais reações
Responder3 dia(s)
Mack VP Morei na Voluntários de Marracuene, uma rua meio paralela à 24 de Julho e em frente à mesquita, edifício de que me lembro ser construída, suponho que lá pelo ano de 1967 ou 68.
Gerir
GostoMostrar mais reações
Responder3 dia(s)
Miguel Gonçalves Este é um testemunho histórico de grande valia para a compreensão do processo de descolonização e que desmente algumas afirmações designadamente do Almeida Santos.
Gerir
GostoMostrar mais reações
Responder3 dia(s)
Nuno Castelo-Branco é acima citado discretamente no texto 
Gerir
GostoMostrar mais reações
Responder3 dia(s)
Filandro Menezes A religião e o ópio do povo
Gerir
GostoMostrar mais reações
Responder3 dia(s)
Rezende Sousa Os portugas foi o que now fizeram vendidos nunca. Perdoarei a pighghhhhhh portugas ainda bastardos querem pot mario soares lixo no panteao nacional
Gerir
GostoMostrar mais reações
Responder3 dia(s)
Amilcar De Albuquerque Martins Pqp esse soares☠️☠️☠️
Gerir
GostoMostrar mais reações
Responder2 dia(s)
Carmina Mortágua Nós também fomos avisados por uma senhora que vendia fruta no bazar, mas decidimos ficar mais um tempo felizmente que nos safamos mas ia correndo mal
Gerir
GostoMostrar mais reações
Responder3 dia(s)
Rui Barandas E quem entregou Moçambique ? AI está com o kauda a ver !Gerir
GostoMostrar mais reações
Responder3 dia(s)
Jorge Passos Um assassino a apertar a mão a outro assassino. Um assassinou Mondlane (Samora) outro assassinou a vida de muitos Portuguese. Quando alguem perguntou a Mário Soares o que fazer com os Portugueses das colonias esse sabujo respondeu (atirem-nos ao mar)!!!!
Gerir
GostoMostrar mais reações
Responder2 dia(s)
Pedro Duarte Acredito que muitos portugueses que viviam em Moçambique não lhes tenha agradado a independência do país. Gostava que estivessem em Portugal quando Afonso Henriques expulsou os árabes.
Gerir
GostoMostrar mais reações
Responder2 dia(s)
Capo Frank Hoje 
Ainda fazem desse escroque um heroi
Gerir
GostoMostrar mais reações
Responder3 dia(s)
Pedro Duarte Tenho a melhor opinião sobre a obra deste filantropo. Houvessem mais. Pelo menos aqueles cujas fortunas não lhes garantem mais felicidade.
Gerir
GostoMostrar mais reações
Responder3 dia(s)
Carlos Peixoto situaçao muito triste.,..,,.,.tbm.vim de maos e pes a abanar.,..,,.,
Gerir
GostoMostrar mais reações
Responder2 dia(s)
Luis Mucave Parem de reclamar.
Gerir
GostoMostrar mais reações
Responder2 dia(s)
Luis Mucave Era preciso
Gerir
GostoMostrar mais reações
Responder2 dia(s)
Luis Mucave O soares até poupou-vos da chacina.
Um homem pragmático.
Quanto ao Aga Khan não falo.
...Ver mais
Gerir
GostoMostrar mais reações
Responder2 dia(s)
Pedro Duarte Não direi que a atuação de Portugal (Mário Soares) tenha sido exemplar. Mas em luta com fogos dos 2 lados, Portugal estava em efervescência, não acredito que alguém tivesse feito melhor. O único erro dele foi estar tão dependente do Carlucci.
Gerir
GostoMostrar mais reações
Responder2 dia(s)
Pedro Balonas Carlucci..... O grande obreiro da desgraça de tantas famílias africanas. Nunca ouviram falar do fundo do ultramar? Esse gigantesco saco azul que financiava o exército português para comprar clandestinamente armas e que passou para as mãos dos sucias, Soares e companhia através Fundação luso americana e que foi o capital social inicial da CARLILE, hoje o maior fundo mundo do qual o Carlucci sempre foi dono. O homem, mal aterrou em Portugal no pós 25 de Abril viu o filme todo. Imaginem a dimensão do roubo feito aos portugueses e africanos!
Gerir
GostoMostrar mais reações
Responder2 dia(s)Editado
Luis Mucave Pedro Balonas LOIÇA | A história, já com quarenta e muitos anos, foi-me contada há uns vinte e tal, por um dos seus protagonistas, Bob Bentley de sua graça, um norte-americano que nunca fez grande questão em disfarçar a sua ligação aos “serviços” do seu país e que correu meia-Europa em tempos de “guerra fria” ao serviço - dizem... - da DIA, que é assim uma espécie de “mini-CIA” do Departamento de Defesa.
Corria mês de Abril quando, vindo de Itália, Bob Bentley fez escala em Lisboa a caminho de Washington. Casado com uma portuguesa, a pintora Celeste Maia, movimentava-se por cá com um relativo à-vontade, tendo naturalmente o seu círculo de amigos na capital portuguesa. Desse grupo fazia parte o advogado Miguel Galvão Teles, então um jovem de trinta e poucos anos que tinha sido assistente e regente de cadeira de Marcelo Caetano na Faculdade de Direito. E foi com Galvão Teles que Bob Bentley foi almoçar ao Grémio Literário na segunda-feira, dia 22 de Abril de 1974... 
Segundo parece, a conversa foi o mais elucidativa possível. Na opinião do então jovem advogado, o regime estava por um fio, os oficiais do quadro descontentes e era inevitável que, mais tarde ou mais cedo, voltassem a sair à rua. O cenário traçado por Miguel Galvão Teles foi de tal ordem que, terminado o almoço, Bentley dirigiu-se à embaixada norte-americana para alertar os seus colegas em Lisboa. Mas os diplomatas americanos, a começar pelo próprio embaixador, pouca ou nenhuma atenção deram aos alertas, desvalorizando as informações que este tinha recolhido junto de alguém que era próximo do então chefe de governo.
Mas Bob Bentley não desistiu. E no avião para Nova York, no dia seguinte, escreveu um pormenorizado relatório sobre o seu encontro em Lisboa e a iminência do derrube do regime do Estado Novo. O destinatário? Nada mais nada menos que Henry Kissinger, então o todo-poderoso secretário de Estado da administração Nixon e a quem tinha acesso direto. Já em Washington e ainda antes de ir para casa, fez questão de deixar a sua missiva no Departamento de Estado. Estávamos então a 24 de Abril...
Dois ou tres dias depois, o telefone tocou em sua casa. Era do Departamento de Estado, a convocá-lo para um encontro com Kissinger daí a umas poucas horas. Foi a primeira de muitas reuniões com o todo-poderoso chefe da diplomacia norte-americana e seus assessores com o “dossier” Portugal em cima da mesa. Parece que a substituição do apático e preguiçoso embaixador em Lisboa foi uma das primeiras decisões então tomadas - era urgente encontrar alguém com um perfil mais prático. Conta Bentley que, num desses encontros, Kissinger pediu-lhe uma sugestão de um nome para ocupar a embaixada em Lisboa. “Frank Carlucci, não encontra melhor”, terá respondido. 
Mas Carlucci, amigo pessoal de Bentley, nas primeiras abordagens que foi alvo, terá recusado quase liminarmente a nomeação, argumentando que a sua mulher não estava pelos ajustes em ir viver para a capital portuguesa. Sem perceber se essa justificação era, ou não, verdadeira, pelo sim pelo não Bob Bentley decide então “cercar” Marcia Carlucci e encarrega a sua mulher de organizar um jantar a quatro e “à portuguesa” para o casal Carlucci. Nada então foi deixado ao acaso e no dia marcado para o resposta, o ambiente na casa dos Bentley em Washington não podia ser mais português - desde a ementa à loiça. E foi exatamente o serviço de mesa dos anfitriões, todo ele Bordallo Pinheiro, que deixou Marcia Carlucci rendida aos encantos lusos. Conta Bob Bentley, que a mulher de Carlucci ficou verdadeiramente extasiada com a loiça portuguesa e convencida a rumar até Lisboa. Ao ponto de, no fim do jantar, ao despedir-se à porta do seu amigo, Bentley não ter resistido a uma provocação: “Agora Frank, já não tens desculpa para recusares a embaixada em Lisboa!”
Se non e vero e ben trovato...
Gerir
GostoMostrar mais reações
Responder1 dia(s)
Luis Mucave Este é relato de um amigo sobre o clima da época
Gerir
GostoMostrar mais reações
Responder1 dia(s)
Pedro Comissario Fantástico!
Gerir
GostoMostrar mais reações
Responder1 dia(s)
Nuno Castelo-Branco Luis Mucave, à distância de quase 50 anos julga que terá valido a pena? Olhe à sua volta, veja a cidade e quem nela vive e daí passe a todos os sectores que as notícias dia a dia divulgam. Também lemos com curiosidade o que aí se passa, não podem esconder isso, ou sequer de evitar que passeemos nas ruas que um dia percorremos diariamente, pois o Google Earth muita coisa permite.
O que sabemos? Os brancos aí continuam, mas desta vez beneficiam de um estatuto económico exclusivo e abissalmente superior ao da restante população, há muito deixaram de ir aos hospitais públicos que não funcionam. Quanto muito frequentam então os privados onde a nomenklatura do Partido flana sempre que disso necessita. Os brancos - na sua esmagadora maioria conheceram pela primeira vez Moçambique no dia em que aí desembarcaram para um qualquer serviço, não são naturais, para eles é um país como qualquer outro e que ainda por cima tem a vantagem de falar português - continuam a viver nas casas da cidade de cimento e continuam a ter criados, desta vez sem qualquer problema de consciência, pois "não são colonos" e ainda apor cima estão a ajudar quem precisa de trabalhar. Sempre foi assim, não é? Aí são moçambicanos, por cá são romenos ou ucranianos. 
As ruas estão sujíssimas e arruinadas pelo abandono, pois apesar de enxames de desempregados nos subúrbios - não sei se reparou, mas a capital entretanto cresceu enormemente em termos populacionais -, a Câmara Municipal não as limpa e infelizmente não possui os recursos humanos e materiais para o fazer. Isto para nem sequer enveredarmos pela discussão do destino do dinheiro público, pessimamente gerido pelas autoridades. 
De facto, o auto-proclamado marechal infelizmente não era nenhum Mandela, muito longe disso e nem sequer passou ou sofreu um milésimo daquilo que o sul-africano enfrentou, saindo da prisão sem esquecer, mas também decidido a não deixar o sentimento de vingança à tona, condicionando o futuro, por muito fugaz que tenha sido. 
Porque razão teria toda aquela gente de ser chacinada? A que propósito? Sei bem o que vai responder, mas afinal não foram depois chacinadas 1 milhão de pessoas pela guerra civil que durou 20 anos, também chacinadas pela fome, epidemias e uma infinidade de outros elementos que desgraçadamente ajudam a contabilidade? Nada disso nos dá qualquer prazer, mas ficamos a pensar no que teria sucedido se em vez de excitações, as autoridades tivessem ponderado acerca do melhor caminho para seguir, bastar-lhes-ia olhar à volta e depararem com o que existia nos países que se tornaram independentes durante os 20 anos anteriores a 1974. Não o fizeram porque não quiseram fazê-lo. 
Viemos embora a contragosto e refizemos a vida num local que até aí totalmente desconhecíamos. 
Paciência, nada mais tenho a dizer e coincidentemente, nada tenho a reclamar a não ser a verdade, por mais incómoda que ela possa ser.
Gerir
GostoMostrar mais reações
Responder1 dia(s)
Luis Mucave Nuno Castelo-Branco caro amigo,gostaria de conhecê-lo pessoalmente,o que escreveu é de uma profundidade enorme e merece uma reflexão.
Prometo que volto para não resolvermos,mas,talvez iluminar algumas partes que ainda insistem em permanecer escuras.
Gerir
GostoMostrar mais reações
Responder1 dia(s)
Pedro Balonas Luis Mucave o problema é que quando chegaram e se apercebem do tamanho da baixela de prata e de ouro esqueceram a loiça e foi só meter pro saco.
Gerir
GostoMostrar mais reações
Responder5 minEditado
Rodolfo Paixão Foi tudo simplesmente obra de alguns militares comunas e uns padrecos cobardes ao saberem que minando com propaganda odiosa chegariam aos objetivos e depois culminou nos finalmente,lá valeu tudo mas o que mais me alegrou foi ver alguns traidores cá,que por sua vez depois de usados ,foram corridos porque não dava para todos hehehehehe. Quanto ao Aga khan foi mais um oportunistas porque sabia ao que ia e não é por acaso que hoje Moçambique prevalece uma minuria católica hehehehehe.
Gerir
GostoMostrar mais reações
Responder2 dia(s)Editado
GostoMostrar mais reações
Responder1 dia(s)
GostoMostrar mais reações
Responder1 dia(s)
Fernando Gil Grato por esta lembrança. Copiei pata o meu blog. Abraço
Gerir
GostoMostrar mais reações
Responder4 h

Sem comentários: