sexta-feira, 6 de julho de 2018

Mergulhador morre no resgate ao grupo de rapazes preso dentro de gruta


Foi a primeira baixa registada durante o resgate ao grupo de 12 crianças e do treinador, presos dentro de uma gruta no norte da Tailândia há quase duas semanas.
As operações de resgate continuam
Foto
As operações de resgate continuam LUSA/RUNGROJ YONGRIT
Um antigo mergulhador da Marinha tailandesa morreu na madrugada desta sexta-feira por falta de oxigénio. O ex-militar, que se voluntariou para fazer parte da missão de resgate das 12 crianças e do treinador que estão presos dentro de uma gruta no Norte da Tailândia, perdeu a consciência enquanto instalava uma garrafa de oxigénio. Ainda tentou sair do complexo de grutas de Tham Luang, sem sucesso.
“O seu trabalho era distribuir oxigénio. Mas não teve suficiente para voltar para trás”, disse o vice-governador de Chiang Rai, Passakorn Boonyaluck. O seu companheiro de mergulho conseguiu levá-lo para um local seguro, mas o mergulhador não resistiu.
“No caminho de volta, o segundo cabo Gunan desmaiou. O companheiro de missão tentou dar-lhe os primeiros socorros, mas ele não respondeu. Conseguimos trazê-lo para a câmara três e aplicámos-lhe outra manobra de primeiros socorros, mas continuou inconsciente. Por isso levámo-lo para o hospital”, contou o chefe dos comandos tailandês, Arpakorn Yookongkaew.Saman Guman, de 38 anos, deixou a Marinha tailandesa em 2006. Voltou temporariamente para ajudar no resgate ao grupo que está preso dentro de uma gruta há quase duas semanas.
A operação continua, garante o chefe dos comandos. “Não estamos em pânico, não vamos deixar que o sacrifício do nosso amigo tenha sido em vão”, disse, citado pela BBC.
Mas o tempo escasseia. Escreve o Guardian que os níveis de oxigénio dentro da câmara onde estão os 12 rapazes desceram abruptamente para 15% — o nível normal de oxigénio no ar é, normalmente, 21%. Por isso, as autoridades estão a tentar instalar um tubo de fornecimento de oxigénio com mais de cinco quilómetros e 30 garrafas de ar ao longo da extensão da gruta.
Na quinta-feira à noite, as autoridades tailandesas informaram que três dos 12 rapazes estão desnutridos e mais fracos do que o resto da equipa. Há pelo menos quatro militares com o grupo, encarregados de monitorizar o seu estado de saúde, dar-lhes comida e verificar os níveis de oxigénio, conta o Washington Post.
Cerca de mil  pessoas estão envolvidas nas operações de salvamento, incluindo mergulhadores da Marinha, militares e voluntários civis de todo o mundo. Estão a ser usadas bombas de água para reduzir o nível de água e de lamas na gruta de oito quilómetros de comprimento, onde os rapazes ficaram presos quando a maré subiu. Devido à chuva forte dos últimos dias, a gruta tornou-se uma armadilha para estes rapazes, que têm idades entre os 11 e os 16 anos e não sabem nadar.
Há  duas outras opções de resgate. Uma delas passa por usar uma equipa de mergulhadores que retiraria os rapazes um a um - mas a viagem, para os profissionais, demora cerca de cinco horas. Outra é esperar que as águas vazem de forma natural, o que pode demorar meses. Por norma, esta gruta tailandesa fica inundada durante o período das monções, que podem durar até Setembro ou Outubro. Os socorristas estão também a estudar o exterior da gruta para tentarem encontrar outras formas de entrar.
Aónio Eliphis
  Algures nos pólderes da ordem de Orange! 
Da mesma forma que a psicologia evolutiva explica a xenofobia, também explica a solidariedade massiva e irracional perante indivíduos que mal conhecemos, e que por certo, agora, precisam menos da nossa ajuda que muitas crianças em África ou mesmo na Ásia. São crianças, são o futuro da tribo e da linhagem humana, estão em apuros e precisam da "ajuda de todos"! A tribo une-se! A empatia e a solidariedade são também um fenómeno - e ainda bem - evolutivo que caracteriza o Homo Sapiens. Há quem o defina evolutivamente como seleção de grupo (group selection), ou seja, "ao te ajudar sei que mais tarde poder-me-ás ajudar também", e assim o grupo triunfa, em comparação com os grupos onde não há entreajuda. Atenção que isto é um processo evolutivo e não racional de decisão consciente.
  1. Sandra
      Lisboa 
    Não se pode chamar "só" humanismo? Assim daquele que não espera nada em troca?
  2. Zeca Ganeira
      Sanzala 
    Há uma diferença grande entre ajudar quem está em apuros momentâneamente e quem está em apuros permanentemente. No primeiro caso ajuda-se e está feito, no segundo requer uma ajuda continuada. Este problema resolve-se potencialmente em semanas/meses, enquanto que o problema das tais crianças em África, não.

Sem comentários: