OS “GATEKEEPERS”: O JORNALISTA (?) GUSTAVO MAVIE COMO ESTUDO DE CASO
Na área do jornalismo, os “gatekeepers” são as pessoas responsáveis, nas redacções de órgãos de comunicação social, pela filtragem e edição do que pode (e do que não pode) ser divulgado como notícia para consumo público. Uma espécie de polícia da redacção. Em contextos onde a imprensa pública é política ou ideologicamente controlada, os “gatekeepers” são, na versão mais politizada do termo, autênticos porteiros da censura, guardando religiosamente as cancelas entre a verdade e a opinião pública. As suas atribuições profissionais passam a ser, por excelência, ocultar, distorcer, instrumentalizar, subverter ou manipular factos e percepções dos receptores da informação veiculada pela imprensa onde trabalham.
Os “gatekeepers” politizados agem desse modo condicionados não só pelo contexto estruturante ou organizacional em que trabalham (influenciados grandemente pela linha editorial imposta pelo regime que controla os órgãos de comunicação social onde prestam serviço) como também por determinantes idiossincráticos subjectivos (o que o “gatekeeper” acha que deve ser a sua conduta profissional).
Uma leitura rápida sobre as razões que explicam a conduta ideológica dos “gatekeepers” destaca, dentre outras, a luta pela sua sobrevivência (sobretudo quando se está consciente da sua incompetência e falta de competitividade profissional) e o desespero pela notoriedade do seu trabalho junto dos seus superiores hierárquicos (a busca de visibilidade como meio para eventual nomeação, recompensa ou retribuição futura). Assim sendo, tudo o que passa pelo crivo dos “gatekeepers” (notícias, artigos de opinião, comentário político, etc) passa a ser reflexo das diligências que este faz para não morrer à fome, para não cair no descrédito institucional ou para ser sempre “nomeável” para qualquer cargo de referência junto da mesa de quem detém o poder público do dia.
Em Moçambique, como em todo o mundo, existem inúmeros exemplares desse tipo de “gatekeepers”. O jornalista (?) Gustavo Mavie é apenas um deles. Em bom rigor, um jornalista que se preze tem sempre como principio orientador normas e procedimentos éticos bem definidos e universalmente comungados junto da classe a que pertence. Por exemplo, a relevância e utilidade pública do que se divulga. O último artigo da autoria de Gustavo Mavie, intitulado “Os Espermatozóides Políticos Moçambicanos”, onde ele ataca de forma insultuosa a saída de Venâncio Mondlane e de Manuel de Araújo do MDM, bem como a sua posterior adesão à Renamo, coloca em causa a qualidade e a credibilidade da sua condição de jornalista pretensamente sénior, com larga experiência nos corredores da imprensa moçambicana. O título do texto, só por si, já espelha a categoria vil em que o referido jornalista (?) faz escola. Para além de constituir um péssimo exemplo do que um jornalista deve ser, ao apresentar de forma grotesca os seus desequilíbrios de leitura e interpretação de factos, Gustavo Mavie fere, de modo dantesco e sucessivo, os pilares elementares da objectividade, da imparcialidade, da verdade e da precisão jornalísticas. Torna-se aterrador constatar que ele já esteve a comandar, por largos anos, a maior agência de informação pública de que Moçambique dispõe. Ou que continue a merecer espaço e audiência nos maiores órgãos de comunicação social públicos do país, pagos com os impostos da classe produtiva nacional.
Não é surpresa para ninguém que, em Moçambique, o jornalismo de propaganda tem em Gustavo Mavie o seu guru e principal fonte de inspiração, particularmente junto da cúpula mercenária que infesta a classe. Nem é de lamentar a fraude opinativa que sempre caracterizou as suas intervenções, ao longo da sua carreira. O que assusta mesmo é a imoralidade do seu legado para quem, junto da classe jornalística, também almeje chegar a dirigir uma agência de informação como a AIM, instituição de onde, aliás, o Gustavo Mavie foi exonerado por gestão danosa grave.
Com efeito, uma coisa é não concordar com as actuais dinâmicas de coesão e de desintegração em partidos políticos da oposição em Moçambique. Principalmente quando as mesmas dinâmicas não se reflectem no código de valores de militância que estruturam a condição de membro do partido no poder, onde o próprio Gustavo Mavie pertence. Outra coisa, bem distinta, é usar a capa e o legado de jornalista (?) para legitimar e impor à opinião pública matérias políticas encomendadas com finalidades claramente pejorativas e atentatórias ao bom nome e imagem dos visados no seu último artigo (como os de vários outros actores políticos por si vilipendiados ao longo da sua carreira). Dizer, por exemplo, que “só os incautos ou menos informados é que poderão votar mais por estes senhores (o Venâncio Mondlane e o Manuel de Araújo), porque está mais do que claro que eles não são movidos pela vontade de servir o povo como apregoam, mas de se servirem a si próprios e aos seus”, como a dado momento justifica o referido artigo assinado pelo Gustavo Mavie, é tão tendencioso que se chega a questionar se o próprio articulista vive mesmo em Moçambique… Manuel de Araújo, por exemplo, ainda não teve um único caso de corrupção movido contra a sua gestão no Município de Quelimane. Venâncio Mondlane idem, tanto na sua carreira profissional no Banco de Moçambique como na sua experiência política como membro da Assembleia Municipal de Maputo e como deputado da Assembleia da República (onde, de forma inusitada, abdicou das regalias, benesses e privilégios dessa condição para voltar a ser um cidadão comum e candidatar-se como cabeça-de-lista pela Renamo). Muito ao contrário da conduta de diversos Edis, entre passados e actuais, oriundos do partido de que Gustavo Mavie é membro.
Mais ainda, questionar “quando e onde foram (o Venâncio Mondlane e o Manuel de Araújo) eleitos como cabeças de lista?” só revela a grosseira distracção em que se movimenta este jornalista (?) sénior… O dia, a hora e o local em que estes concorreram e foram eleitos foram massiva e amplamente publicitados na própria imprensa de que o Gustavo Mavie foi (ou ainda é) um dos seus mais destacados polícias ideológicos. E todos os eventos tiveram cobertura recorde de imprensa, tanto dos órgãos de comunicação social públicos como dos privados, nacional e internacionalmente. Outrossim, a tentativa de dar a entender aos seus leitores que a “nomeação forçada (do Venâncio Mondlane e do Manuel de Araújo) irá certamente alargar ainda mais as fissuras políticas no seio da própria RENAMO” e antever o “recrudescimento do descontentamento entre os seus membros”, tal como Gustavo Mavie diz no seu artigo, pontapeia desavergonhadamente o compromisso para com a verdade e a precisão jornalística com que que ele deveria se orientar, se fosse efectivamente um jornalista digno desse nome. Com efeito, tanto o Venâncio Mondlane como o Manuel de Araújo foram efusiva e vigorosamente saudados pelos membros da Renamo, em Maputo e em Quelimane, respectivamente, tanto no dia da sua apresentação como no dia da sua eleição como cabeças-de-lista desse partido. E se assim o foram se deve, inequivocamente, ao facto de se constituírem como uma mais-valia para o partido e uma vantagem comparativa e competitiva de peso, nos seus círculos eleitorais, mais do que de qualquer outro membro novato ou veterano. Não há rigorosamente nada de errado nisso, para além de ser uma cartada política suis generis e que, potencialmente, servirá inteira e exclusivamente aos interesses da Renamo. Ninguém, fora da Renamo, tem ou pode ter opinião que vincule ou represente os seus membros. Pior o Gustavo Mavie.
A conduta promíscua de Gustavo Mavie como “gatekeeper” ideológico dos interesses de quem lhe paga os salários e o status de jornalista (?) sénior na praça, disseminando informações falsas, caluniosas e inverosímeis, enquadra-se no que, na era da Internet, se convencionou chamar de Fake News. Não há, claramente, nada de errado em se ser um jornalista horrível, como o Gustavo Mavie. É natural ser um pau mandado, sobretudo no contexto moçambicano. O que é mesmo de lamentar é o facto de o mesmo acontecer por toda sua a vida, como a principal qualidade de toda a carreira jornalística dele. E o facto de, mesmo na idade cronológica largamente avançada do Gustavo Mavie, continuar a ser um jornalista medíocre constituir a sua mais mediatizada competência.
Que vergonha, vovô Gustavo!
Caro Edgar Barroso,
A sua resposta ao meu artigo está eivada de raiva e eu lamento que se deixe levar pelo sentimento pessoal e não pela questão em análise. Apenas dizer te que quem concluiu primeiro que era demagogia as criticas que se fazem à festa foi o académico Elisio Macamo, e eu apenas disse que concordo com ele, porque de facto nota-se que a maneira como certos jornais criticam, é uma demagogia feita na convicção de que com isso poderao destronar a Frelimo do poder para que ascenda a força política que os donos desses jornais querem ver no poleiro do power. Tentar negar isto é o mesmo que dizer que o Sol não existe: não é com isso que ele deixará de brilhar e nos iluminar ou mesmo queimar como o tem feito agora. Quando se chega ao ponto de tentar inventar novas formas pejortivas como ´´os frelimistas, os camaradas´´, é demagogia. Eu bem gostaria, inspirando-me agora em cícero, de ser mesmo um frelimista ou camarada de verdade, porque sei que isso me levaria direitinho, depois da morte, junto a compatriotas que tanto amoe e admiro como Eduardo Mondlane, Samora Machel e muitos outros bons freslimistas que nos resgataram do hediondo colonialismo portugues, e cujos herdeiros fracassados sao alguns dos donos dos jornais, digo, pasquins que só sabem inusultar e difamar inocentes e todos os que nao falam mal do nosso governo, ou que dizem que nem tudo está mal...e não está mesmo mal, sendo prova disso o facto de que o nosso País é agora uma das mecas que todos procuram. Sabe duma coisa meu caro, eu compreendo que não seja pro-Guebuza ou pro-Frelimo. É normal e parte da natureza humana. Mesmo quando ainda lutavamos contra o colonialismo, havia moçambicanos que eram contrra essa luta, e que estavam do lado dos colonialistas. Há sempre quem está do lado de Deus e do lado do Diabo, do mesmo modo que há quem está do lado do bom homem e do lado do assassino. Não vou a tempo de lhe explicar isto como bem gostaria, para que chegasse a saber um pouco mais quando chegasse à minha idade. Aconselho-te a ler o pensamento de dia que está no Noticias de hoje, da autoria de Mariano da Fonseca, que diz assim: O HOMEM que despreza a opinião pública é muito tolo ou muito sábio´´. Eu me orgulho de ter sido capaz de ter estado do lado das maiorias cobertas de facto da razao, como das minorias, tanbem cobertas de facto da razao. Nao me lembro de uma unica vez, em que tomei uma posicao errada, e com isto nao estou a dizer que sou infalivel. Apenas digo que tenho sido capaz de fazer leituras correctas. Fui um dos que esteve contra a invasao do Golfo ou do Iraque. Se Guebuza fosse querer celebrar os seus 70 anos numa altura em que no nosso pais nao houvesse desgraças ou tragedias, nunca jamais os celebraria, porque infelizmente, somos um opovo dum pais que está a sair do abismo em que havia sido atirado pelo colonialismo, pela guerra que o apartheid nos moveu via Renamo, e que faz com que ainda haja muitos moçambicanos que morrem de muitas doenças e calamidades que seriam evitaveis se o nosso pais fosse o que queremos que seja e que ainda nao é, se bem que já é muito melhor do que era há 38 anos atras, ou mesmo ha 20 anos. Dizer, por fim, que não há nenhum povo em que todos os seus membros aprovem o seu governo de dia ou os seus presidente. Memsmo Mandela que é aclamado em todo o Mundo e cuja data do seu nascimento é celebrada em todo o Mundo, não foi eleito com 100% de eleitores. Mesmo Obama cuja populariade está para alem das fronteiras do seu pais, não foi eleito com 100% de votos. Mesmo quando um dia o MDM ou mesmo a Renamo chegarem ao poder, os dias de lua de mel que terao do povo serao sempre de pouca dura, e à medida que o tempo ira passando irao sendo tao maus quanto é para si hoje Guebuza e a sua Frelimo e todos os frelimistas. Papini tinha frazao quando dizia que os homensm adoram o ignoro, o desconhecido. É a lei do desgaste que te faz ou te podera fazer com que morra hoje de amor pela sua namorada, mas que assim que se casar com ela, com o tempo te ira repelindo e comecarás a apreciar uma outra menina ou a espsa do outro homem que a ele tambem já nao a terá mais como a santa da Terra. Ontem os egipcios derrubaram Mubarak acusando-o de ter sido um ditadior e assassino, nao obstante nunca tenha disparado pelo seu proprio punho uma unica arma que tenha morto alguem, mas hoje está se morrendo na mesma no Egipto ( ainda este sabado ultimo morreram oito pessoas) com manifestantes a serem abatidos pela policia que sao uma vez mais contra o novo presidente, a quem o acusam tambem de ter pirateado a sua revolução!!!! Que tens a dizer disto tudo e muito mais como dos portugueses, espanhos e gregos que sao contra os seus governos tambem? Isto prova que tinha razao o grande jornalista portugues Augusto de Abelair, ja falecido, quando dizia que Governar e desagradar. Entre nós moçambicanos mesmo, antes de ontem havia os que já nao viam com bons olhos o nosso lendario Samora Machel, mas hoje teem muitas saudades dele e mesmo alguns dos que o tinham como diabo, o receberiam de coracao aberto se podesse voltar à vida, ontem havia muitos que falavam mal do nosso Chissano, mas hoje o aplaudem quando aparece em público, e bem votairiam nele se voltasse a se candidatar... e mesmo este Guebuza que algunas de nós nem querem ve-lo celebrar os seus 70 anos de vida com alguma dignidade, estou certo que teremos saudades dele quando ja for um ex-presidente. A experiencia provou-me que mesmo os que se cansam das suas esposas ou dos seus esposos, depois de se separerem ou divorciar, voltam a sentir saudades e um arrepenmdimento por se terem divorciado, e há os que teem mais coragem e voltam a se casar, e muitos nao o fazem por falta dessa coragem ou porque um deles optou por outro amor. Como vê meu caro, com a minha idade aprendi muito e se nao aprendeu nada do que acabo de dizer-te aqui, vai morrer eternamente crianca, porque como dizia Cicero, todos os que nao se valem da experiencia do passado, morrem criancas embora sejam adultos de idade.
Gustavo Mavie
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