Aliança celebrada por Venâncio Mondlane e Renamo poderá fortificar-lhes mutuamente!
Depois dos episódios algo conturbados assistidos nos últimos meses, a novela Venancio Mondlane (VM) e Partido Movimento Democrático de Moçambique (MDM), marcada pelo divórcio destes dois actores políticos não muito estranhos na cena política nacional, parece ter mesmo chegado ao fim. Convenhamos!
Venâncio Mondlane, que, há escassas semanas, renunciou à sua categoria de membro do MDM e, consequentemente, a qualidade de deputado da Assembleia da República pelo mesmo partido, tal por meio de actos separados, na manhã de hoje (17), veio a ser confirmado como novo militante do Partido Renamo.
Se para alguns a ida de VM à Renamo constitui uma surpresa, para outros já era expectável que, uma vez confirmado o divórcio com o MDM e num contexto em que se aproximam as eleições autárquicas, VM rumasse para a Renamo, dada a crise interna no Partido do Galo face à maturidade do Partido da Perdiz.
Não restam dúvidas que a aliança Venâncio Mondlane - Renamo representa um acto inteligente para ambos e, sobretudo, para o primeiro, porquanto o novo modelo de designação do Presidente do Conselho Municipal a entrar em vigor muito em breve, por ser algo “partidocrático”, favorece de perto a V. Mondlane.
Aliás, numa altura em que o MDM conhece alguma impopularidade, muito por causa da "sujeira" que seus ex-membros acusam existir no seio deste partido que, face ao boicote da Renamo nas últimas eleições autárquicas, ganhou notória expressividade, optar por uma força política robusta como a Renamo, era pontual.
Além disso, é dado assente que o MDM, em boa verdade, para além das razões anteriormente apontadas, só granjeou a simpatia do eleitorado, sobretudo, de jovens, devido ao capital social e político das pessoas que, nos últimos anos subsequentes à sua formação, neste caso, Março de 2009, filiaram-se àquele partido.
Contam-se, entre outros, na lista das pessoas que dado ao seu capital social e político trouxeram brio ao partido de Daviz Simango, Silvério Ronguane, Venâncio Mondlane, Luís Boavida, Ismael Mussá, António Frangulius, Manuel de Araújo, Mahamudo Amurane, muitos dos quais, hoje, já deserdaram aquele partido.
O MDM, desde a sua fundação até ao momento em que começa a conhecer crises internas causadas, pelo menos de acordo com os dissidentes, pelo centralismo, autoritarismo e nepotismo de seu Presidente e fundador, Daviz Simango, foi visto como uma terceira alternativa/via política fora da Frelimo e da Renamo.
A saída de VM como doutros membros, porque foram os mesmos que trouxeram brio ao partido, por maioria de razão, fragiliza e tanto o MDM e, a filiação de seus ex-militantes à Renamo, fortifica estes dissidentes e assim como a própria Renamo, que também vista como partido armado, pode fazer história.
Pelos seus invejáveis créditos no campo político nacional - sendo que os números a seu favor obtidos nas últimas eleições autárquicas falam por si - fazem de VM uma aposta inteligente que a Renamo terá realizado para concorrer, em Outubro deste ano, às eleições autárquicas face ao novo modelo eleitoral.
Estes dois actores políticos - VM e Renamo - fortificam-se ainda porque era expectável que, se VM concorresse pelo MDM, para o caso em que se mantivesse naquele partido e, do lado oposto, a Renamo o fizesse com outro cabeça-de-lista, verificar-se-ia, como é lógico, uma dispersão de votos e ambos perdiam.
E se tal hipótese (aquela acima apresentada) ocorresse, claramente que a possibilidade de a Frelimo se sair vencedora era maior, quer em função do cabeça-de-lista que decidisse apostar, quer independentemente disso, porquanto, o peso do voto histórico a favor deste ainda vinga e a jovem geração parece ter herdado.
Adiante, caberá à Renamo e a VM fazer o devido TPC se, efectivamente, constitui aspiração suas tomar a Cidade de Maputo nas eleições de Outubro próximo. A realidade mostra que não é o facto de se ser popular que se vence as eleições, pior num contexto de uma democracia bastante jovem como a nossa.
O trabalho ao nível das bases é um ponto de partida para a vitória. Valendo-se do capital social e político de VM, apostar em desraizar a velha ideia de que a Renamo é um partido armado e que ataca inocentes principalmente da consciência da geração 90 e 2000 herdada de seus mais velhos, é o caminho para a vitória, afinal, são estes que, para este e próximos anos, na sua maioria, decidirão os pleitos eleitorais.
Att., Ivan Maússe.
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