Mesut Özil abandona a seleção da Alemanha pelas críticas que recebeu por ter tirado uma foto com o presidente da Turquia, Erdogan. "Se a Alemanha ganha, sou alemão. Se perde, sou turco", refere Özil num longo comunicado em que acusa de racismo o presidente da federação alemã
22.07.2018 ÀS 20H29
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Desde que tirou uma foto com Recep Erdogan, presidente da Turquia, tempos antes do arranque do Mundial da Rússia, Mesut Özil tornou-se um alvo ambulante para ataques pessoais na Alemanha, nomeadamente, da federação de futebol alemã, pela voz do seu presidente, Reinhard Grindel. Este exigiu que Özil se explicasse publicamente, mas o futebolista manteve o silêncio durante semanas enquanto na Alemanha se montava um circo à sua volta.
Hoje, Özil, nascido na alemã Gelsenkirchen, lançou um extenso comunicado no qual anunciou o seu adeus à seleção. Diz que tirou aquela fotografia com Erdogan por respeito à figura mais importante do país da sua família e não por razões políticas; e diz, também, que voltaria a tirar a fotografia. E acusa algumas figuras alemãs, uma delas Grindel, de racismo.
"Fui chamado de violador de cabras por Bernd Holzahuer (um político alemão), por causa da fotografia e da minha herança turca. Além do mais, Werner Steer (Chefe do Teatro Alemão) disse-me para ir para o raio que me parta em Anatolia, um lugar turco onde há muitos refugiados. Usar discriminação como uma propaganda política é algo que devia dar a demissão automática dessas figuras. Não são melhores do que o adepto alemão que me gritou: 'És um pedaço de merda, vai embora porco turco'.
Sobre Grindel, Özil recorda palavras antigas do mesmo: "O multiculturalismo não existe. Grindel, não me surpreendes. Votaste contra uma legislação de dupla-nacionalidade e também disseste que a cultura islâmica se integrou demasiado nas cidades alemãs. Isso é inaceitável e inesquecível. Logo após a fotografia, tive uma reunião com ele em que lhe expliquei a minha herança turca, mas ele estava mais interessado em expôr os seus pontos de vista político. Mas concordámos que era melhor concentrar-me porque vinha ali o Mundial2018."
Özil garante, por outro lado, que sempre teve o apoio do selecionador Joachim Löw e dos seus colegas, embora tenha sentido várias vezes críticas na sociedade e em alguns media alemães. "Quando a Alemanha ganha, sou alemão. Quando perde, sou turco."
E remata: "Digo isto com o coração pesado, mas nunca mais vou jogar pela Alemanha. Foi uma decisão difícil porque dei sempre tudo pelos meus colegas e pelos treinadores e pelo povo alemão. Mas quando o presidente da Federação me trata assim, já chega."
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