terça-feira, 3 de julho de 2018

Filha de Himmler trabalhou para os serviços de espionagem após queda do nazismo


Jornal Bild faz a revelação e diz que Gudrun Burwitz foi uma nazi convicta até à sua morte, no final de Maio.
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A filha de Heinrich Himmler — o homem que inaugurou o primeiro campo de concentração para judeus, durante o regime nazi, e que figura nos arquivos da história como o principal arquitecto do Holocausto — trabalhou para os serviços de espionagem da Alemanha Ocidental. Segundo o diário Bild, Gudrun Burwitz fez parte de um grupo alargado de funcionários com ligações ao nazismo que o Serviço Federal de Inteligência (BND, na sigla em alemão) recrutou durante os anos 50 e 60 do século passado e permaneceu activa em grupos neonazis até à sua morte, no final de Maio.
Burwitz trabalhou no BND entre 1961 e 1963, como secretária, tendo sido apontada por Reinhard Gehlen, um antigo general da Wehrmacht, que depois da queda do Terceiro Reich começou a colaborar com os Estados Unidos e que foi conduzido à chefia dos serviços de inteligência da Alemanha Ocidental em 1956. Escreve o Bild que muitos dos agentes recrutados por Gehlen eram antigos membros Gestapo e das SS – a força paramilitar de elite presidida, aprimorada e expandida por Himmler durante o regime de Adolf Hitler.
A reportagem publicada pelo Bild na passada sexta-feira dá ainda conta da dedicação de Burwitz na reabilitação da imagem do pai e da sua participação activa em diversos grupos e organizações neonazis e de extrema-direita. “O meu pai é visto como o maior genocida da história. Quero tentar mudar essa imagem”, garantira na única entrevista que concedeu, em 1959, onde recordou as hortas existentes nos campos de extermínio idealizados pelo seu pai, onde os prisioneiros cultivavam legumes, e os quadros pintados por alguns deles.Ao tablóide alemão, o responsável pelo departamento de história do BND, Bodo Hechelhammer, confirmou que Burwitz integrou os quadros da agência de espionagem. “O BND confirmou que Burwitz trabalhou para a organização até 1963, sob um nome falso. O momento da sua partida coincidiu com o início de uma mudança no entendimento e na contratação de funcionários envolvidos com os nazis”, afirmou, citado pela Deutsche Welle.
Casada com Wulf-Dieter Burwitz – um funcionário do Partido Nacional Democrático da Alemanha (NPD, neonazi) –, Gudrun Burwitz era conhecida nos círculos da extrema-direita como a “princesa nazi” ou a “Madre Teresa do nazismo”. 
Capturada juntamente com a mãe no final da Segunda Guerra Mundial, acabou por ser libertada em 1946, já depois do pai se ter suicidado na prisão. Integrou a Wiking-Jugend (Juventude Viking), uma das muitas organizações clandestinas de nazis ou familiares de nazis que se formaram nos anos 50, e aderiu à Stille Hilfe (Ajuda Silenciosa), um grupo que prestava apoio legal e financeiro a antigos membros das SS fugidos à justiça – como Klaus Barbie, Anton Malloth ou Martin Sommer.
Trabalhou muitos anos como ama, em Munique, e morreu no passado dia 24 de Maio, com 88 anos de idade. De acordo com o Bild, foi uma nazi convicta até ao fim
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