sábado, 14 de julho de 2018

EUREKA por Laurindus Macuácua Cartas ao Presidente da República (104)


Bom dia, Presidente. Felicitações pelos consensos alcançados com a Renamo sobre assuntos militares. Isto, havendo espaço ainda nesta carta, abordarei. 
Por ora, quero recuar um pouco aos pronunciamentos, esta semana, do seu Governo, feitos pelo primeiro-ministro, Carlos Agostinho do Rosário. O primeiro-ministro disse que o Governo já tem um plano no bolso de restruturação não só da LAM, mas de todas as empresas públicas. Em anos eleitorais, há muitas promessas. 
Só falta dizerem que Jesus Cristo é que vai fiscalizar todo o acto eleitoral… Balela! Vejamos: as empresas públicas, muitas delas, têm um único acionista - o Estado moçambicano. Pressupõe que, em primeiro lugar, deviam desempenhar um papel fulcral para o bem-estar do povo moçambicano. 
Deviam ser uma mais-valia para o alavancamento da economia moçambicana. Acontece, todavia, que estas mesmas empresas não têm cultura de apresentação de contas. Não me recordo qual foi a última vez que vi, no jornal, um relatório de contas de qualquer uma dessas empresas. Onde e a quem justificam o seu desempenho se são financiadas com o nosso dinheiro? A divulgação pública de um relatório de contas não é nenhum pedido. É uma obrigação. 
Por outro lado, temos um modelo estranho aos interesses do País de gestão dessas empresas. Os seus gestores ao invés de prestarem contas ao povo, fazem-no ao partido Frelimo. Ou seja, muitos desses gestores não estão nessas empresas por competência, mas, sim, por confiança política e, ao invés de se aterem a tarefas únicas e exclusivas dessas empresas, ocupam o seu tempo normal de expediente a orientarem reuniões partidárias nas células criadas nessas empresas. 
Ademais: até angariam membros para o partido dentro dessas empresas. Pode dizer, o senhor Presidente, para que serve a figura do PCA não executivo? Muitos desses senhores são oriundos do partido no poder. São nomeados para esses cargos simplesmente para acomodá-los. Quer dizer, recebem salários gordos nessas empresas onde jamais pisaram e, eventualmente, nem sabem onde é que se localizam. Para mim é estranho que uma empresa, que no seu ramo de actividade detém o monopólio, apresente-se de rastos. O que se passa com a LAM? 
Duvido que o problema seja dos seus gestores. Ou seja, semanalmente até podemos mudar de conselho de administração, mas os problemas vão prevalecer. O dinheiro que estas empresas produzem- porque deviam viver do fruto do seu trabalho- vai para os bolsos dos camaradas.


Eu lhe posso dizer, Presidente, sem medo de errar, que até o INSS- o banco do povo- financia o partido Frelimo. É nosso dinheiro. Falo-lhe de coisas que, querendo, lhe posso provar. O INSS financia até os congressos do partido Frelimo. 
Como é que querem que essas empresas sejam financeiramente robustas? Esse relatório de contas que os CFM lhe apresentaram esta semana não espelha a realidade. Esta empresa deveria produzir mais. E o Presidente contentou-se com a mediocridade que lhe serviram. Também como é que não ficaria?! Recordo-me que num dos jantares de angariação de fundos para o partido Frelimo, o PCA dos CFM contribuiu com valores astronómicos para um País que está de rastos. E todos os camaradas bateram palmas. 
Afinal, quanto é que ganha mensalmente esse senhor? Onde é que arranjou tanto dinheiro? Bem disse Diodino Cabanza que os dinheiros que roubou nos Aeroportos de Moçambique, boa fatia serviu para financiar a reabilitação da escola do partido Frelimo, na Matola. 
Talvez seja por isso que ao sair da cadeia lhe foi premiado com o regresso à empresa que ele ajudou a roubar. 
E o Carlos Agostinho do Rosário diz que existem planos para a restruturação das empresas públicas… podem explicar ao povo em que consiste esse plano? As empresas públicas vão deixar de financiar actividades políticas do partido? Os seus gestores passarão a ser autónomos? Não serão obrigados a participar nas reuniões do partido? A sua escolha vai obedecer critérios meramente profissionais? 
Devíamos começar por demitir todos os conselhos de administração das empresas públicas e abrirmos vagas para os que realmente querem e são capazes de trabalhar. Eliminarmos de uma vez por todas esses parasitas dos PCA não executivos. Talvez isto mostrasse que existe um certo comprometimento com a coisa pública. 
Essas empresas não são do partido Frelimo! 
Agora até querem saquear a nossa HCB… 
Sobre os consensos alcançados com a Renamo, falaremos noutra ocasião…
DN – 13.07.2018

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