sexta-feira, 6 de julho de 2018

47 pessoas em Portugal já tomam a 'pílula anti-sida'


DAVID CLIFFORD

Comprimido que previne a infeção pelo VIH tem sido dispensado gratuitamente em hospitais do SNS. Acesso requer autorização excecional e está pedido para mais 74 utentes

São dois passos recentes no caminho de luta contra a sida e estão a produzir o efeito desejado. Há já 47 pessoas a tomar o medicamento capaz de evitar o contágio e 93 doentes que recebem os antirretrovirais nas farmácias de rua que escolheram.
Dados do Infarmed, que serão apresentados esta quinta-feira, mostram que tem sido dado mais acesso à profilaxia pré-exposição (PrEP) ao vírus da sida. O tratamento preventivo para quem tem risco acrescido de infeção pelo VIH está a ser assegurado a 47 pessoas em vários hospitais do país e 74 aguardam autorização.
Os pedidos foram entregues pelos centros hospitalares de Lisboa Central, Vila Nova de Gaia/Espinho, Porto e Lisboa Oriental (Hospital Egas Moniz). O medicamento não faz parte das comparticipações do Serviço Nacional de Saúde, pelo que implica uma autorização de utilização excecional (AUE) por doente.
O Infarmed revela ainda que o projeto iniciado em fevereiro para descentralizar dos hospitais a dispensa dos tratamentos para o VIH tem tido adesão. As farmácias comunitárias estão a assegurar os medicamentos antirretrovirais a 93 doentes e mais 125 esperam 'luz verde' junto da farmácia que escolheram. "O objetivo é aumentar a comodidade dos doentes, facilitar o acesso e incrementar a adesão à terapêutica", explicam os responsáveis do Infarmed.
A iniciativa reúne 208 farmácias, cinco distribuidores, 13 empresas farmacêuticas e nove parceiros institucionais. Avança o Infarmed que "a formação está a ser alargada a mais profissionais, prevendo-se o alargamento do número de farmácias neste projeto".
O atual projeto TARV, cujo estudo intervencional e piloto teve início em 2016, iniciou-se em fevereiro deste ano, após a aprovação pela Comissão de Ética do Centro Hospitalar de Lisboa Central e inclui um estudo observacional. Até ao dia 29 de junho estavam contactadas 784 pessoas, das quais 385 assinaram consentimento informado para a participação no estudo, coordenado pelo responsável pela infecciologia do Hospital Curry Cabral, Fernando Maltez.
Na prática, o objetivo é analisar dois grupos de doentes: os que optam por levantar a medicação no hospital e os que escolhem a farmácia comunitária. Por exemplo, 146 doentes continuam a ir buscar os remédios ao Curry Cabral.

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