Ivan Maússe está com Bitone Viage.
Por: Bitone Viage & Ivan Maússe
Devido ao crescente nível de consciência democrática e de cidadania no país, faz do XI Congresso do Partido Frelimo, um dos mais acompanhados pelos moçambicanos nos últimos tempos. A cobertura em directo pela rádio e televisão públicas, como pela imprensa privada, mas também pelas redes sociais através de partilha de fotos, links, vídeos e áudios, contribuem grandemente para esse feito.
Iniciado no passado dia 26 de Setembro, hoje, Sábado, o XI Congresso já vai no seu quinto e penúltimo dia. Decorridos estes cinco dias, muitas incidências foram experimentadas, sendo que algumas já foram objecto de nossa análise em textos anteriores. Neste texto, a bajulação e a hipocrisia entre os camaradas, em sede do XI Congresso, constituirão o fio condutor de nossa análise.
Ponto de ordem 1:
O Secretário da Cidade de Maputo pelo Partido Frelimo, Francisco Mabjaia, após a recusa do trator e do cheque orçado em dois milhões de meticais, entrevistado pelos jornalistas disse SENTIR-SE HONRADO PELA ATITUDE DE SEU PRESIDENTE, porquanto o gesto mostra que ele é UM HOMEM ÍNTEGRO e cumpridor da sua palavra. A questão é: Estava, a Delegação de Mabjaia, a testar a integridade de Nyusi?
Ora, a nosso ver, esse discurso indicia mais um acto de bajulação. Dele, concluímos que houve dupla bajulação. Primeiro quando se pretendia ofertar o trator e o cheque “chorudo”, e segundo, quando Mabjaia tentou justificar a humilhação da recusa afirmando que se sentia honrado. Mas de que honra fala Mabjaia? Se o desejo da sua Delegação era agradar Nyusi com a prenda, uma vez recusada, como vem falar de honra?
Ponto de ordem 2:
Ligado ao ponto anterior, notamos que aquando do desfile da Delegação da Cidade de Maputo, este que culminou com a oferta posteriormente abortada do trator e do cheque de dois milhões de meticais, Mabjaia ao anunciar a entrega da prenda foi calorosamente aplaudido por todos os presentes, e Nyusi ao recusar daquele foi também euforicamente aplaudido pelas mesmíssimas pessoas e em hosanas colectivos e gritantes.
Afinal, qual é mesmo o sentido das palmas no seio dos camaradas? Aplaudem por tudo e por nada? Onde está a racionalidade, coerência e correcção daquilo que aplaudem? A nosso ver, essa atitude tem sabor a bajulação e a hipocrisia, no intuito de agradar o chefe e também e de, em fingimento, leva-lo a acreditar que está a agir conforme, respectivamente. São, portanto, palmas falsas com teor a bajulação.
Ponto de ordem 3:
Joaquim Chissano, presidente honorário para o XI Congresso da Frelimo, após a eleição de Nyusi como Presidente da Frelimo disse, com vigor, que a eleição daquele é merecida, que os camaradas souberam votaram na pessoa certa. Disse, ainda, que Nyusi merecia ser Presidente da República por 3 mandatos, mas a Constituição limita-o a 2, se calhar por ela (a CRM) achar que os moçambicanos envelhecem cedo.
Ora, achamos suspeito esse depoimento de Chissano, porquanto a actual Constituição (de 2004) foi aprovada na pendência de seu mandato. Ele era, na época, Presidente da República, aliás, foi ele mesmo quem a promulgou, dando, desta forma veredito para que entrasse em vigor. Logo, ele é suspeito para falar da CRM naqueles termos. Caiu, sem querer, também na bajulação à Nyusi e procedeu feito hipócrita, diga-se!
Ponto de ordem 4:
Durante o dia de ontem rondou, pelas redes sociais, uma informação misturada com fotografias de uma camarada que, por sinal, é também Magistrada do Ministério Público (Procuradora) na Cidade de Tete. A visada, para além de violar flagrantemente os estatutos da função que exerce no Estado que a proíbe de desempenhar quaisquer funções políticas, forjou um atestado médico para participar do Congresso.
Verificou-se hipocrisia. A agente da lei violou o Estatuto que a rege e, em péssimo exemplo, falsificou um documento. A mesma violação que o PR, nos termos do artigo 149.º da nossa Constituição da República, ao ser ao mesmo tempo presidente de uma agremiação partidária – que constitui uma função indiscutivelmente privada – continua a fazer da Constituição que jurou respeitar e fazer cumprir.
Ponto de ordem 5 e conclusão:
Não conseguimos perceber qual deve ser, na essência, o papel dos analistas ou académicos convidados a assistir e posteriormente a analisar os contornos do XI Congresso da gloriosa Frelimo. Foi estranho que durante as suas análises mostrasse alguma parcialidade ou preferências em relação a determinados rostos para a eleição do Comité Central e outros órgãos do partido. Seria campanha barata ou gratuita?
Preocupam-nos alguns jornalistas escalados para o XI Congresso da Frelimo. Não conseguimos entender qual, na verdade, está a ser o seu papel. Ou seja, não percebemos se são participantes, convidados ou mesmo simples repórteres. A verdade é que, a meio da apresentação das notas de reportagem, notamos que procuram ganhar certo protagonismo e chegam mesmo a polir determinados camaradas.
Um hôde aos Congressitas!
Bem-haja Moçambique!
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