Friday, September 22, 2017

“Apóstolos da desgraça” celebram 10 anos

“Apóstolos da desgraça” celebram 10 anos lançando novos “Desafios para Moçambique”
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Escrito por Adérito Caldeira  em 21 Setembro 2017
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Foto do IESEDepois de terem “profetizado” a crise da Dívida Pública, alertado para a necessidade de Moçambique acelerar a transição demográfica, explicado as reais causas do aumento do custo de vida no nosso País... os apelidados “apóstolos da desgraça” comemoraram esta semana 10 anos do Instituto de Estudos Sociais e Económicos(IESE) durante a sua quinta conferência internacional onde foram lançados novos “Desafios para Moçambique”. É o oitavo livro de uma série que deveria ser de leitura obrigatória para qualquer moçambicano que pretenda ser um cidadão, "todos os cidadão têm o direito e o dever de pensar político, e é essa praxis que faz deles e delas cidadãos e cidadãs capazes de respeitar e de mudar o seu mundo” pode-se ler na Introdução este ano escrita por Carlos Nuno Castel-Branco.
Um dos novos “Desafios” para o nosso país está relacionado com o modelo de descentralização que está em curso. “(...) Associar reformas de descentralização à gestão de conflito e à estabilidade política requer a desconstrução e reinterpretação de ideologia da unidade nacional, que olha para a descentralização, particularmente a devolução, como uma ameaça ao Estado unitário” pode-se ler no artigo de Salvador Forquilha que nos leva numa viagem para o nosso passado e mostra como “Moçambique é uma sociedade politicamente heterogénea”.
Fernanda Massarongo Chivulele “dá continuidade ao argumento de que as estruturas da economia de Moçambique tornam as políticas macroeconómicas expansionistas inconsistentes entre si e com os problemas da economia que as mesmas pretendem resolver”.
Noutro “Desafio”, Epifânia Langa, aponta para a necessidade de “revitalização do papel do Estado em países em desenvolvimento através de uma política industrial mais interventiva e focada na aceleração da aprendizagem e do desenvolvimento económico” tendo em conta que em Moçambique está a crescer “a dependência de produtos primários ao mesmo tempo que se desencadeia um processo de desindustrialização prematura”.
“Políticas públicas e opções de desenvolvimento são respostas a perguntas/problemas de uma determinada sociedade”
Foto do IESE“Usar resultados da pesquisa em ciências sociais para influenciar políticas, influenciar a maneira de pensar nos problemas do país, influenciar a agenda do debate sobre opções de desenvolvimento é algo de grande complexidade e, por vezes, pouco evidente, sobretudo num contexto como o nosso, onde a produção do conhecimento nas Ciências Sociais é um processo relativamente novo e a cultura de debate franco e sem tabus é ainda bastante incipiente”, constatou Forquilha, o actual director do IESE no seu discurso de abertura da V conferência internacional que decorre até esta quinta-feira(21).
“Todavia, é importante sublinhar que o conhecimento produzido nas ciências sociais, à semelhança daquele produzido em outras áreas do conhecimento científico, constitui uma base importante para a elaboração de políticas públicas e opções de desenvolvimento, através do questionamento da realidade e a produção de evidências” disse ainda Salvador Forquilha que enfatizou que as “Políticas públicas e opções de desenvolvimento são respostas a perguntas/problemas de uma determinada sociedade num contexto específico”.
“Quer dizer, quanto mais desajustada ao contexto forem as perguntas, maior será a probabilidade de termos políticas públicas e opções de desenvolvimento desajustadas ao contexto”, concluiu o Director desta instituição criada a 19 de Setembro de 2007.
Desafios para o Instituto de Estudos Sociais e Económicos
Entretanto, para além dos vários desafios para o nosso país, os académicos dos IESE também deixam um repto para o seu próprio trabalho futuro. “(...) A nossa investigação terá de conseguir sistematizar e relacionar a informação sobre o investimento privado e público, financiamento da despesa pública e do investimento privado, estruturas e dinâmicas financeiras, e o papel das políticas económicas, em especial das políticas fiscal e monetária e da relação entre elas”.
Ademais, o Instituto de Estudos Sociais e Económicos, propõe-se, nos próximos anos, a focar a sua pesquisa em “estudos industriais, com uma perspectiva regional”; “estudos laborais, sobre mercados, dinâmicas, tendências e condições de emprego, e organização das lutas sociais relacionadas”; “dinâmicas e tendências dos fluxos de recursos e da sua base institucional”; “colher informação e analisar as dinâmicas de expansão, transformação , instabilidade e crise da economia na sua perspectiva mais ampla”.

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