Tuesday, March 7, 2017

Por que é que a actuação da INAE não devia constituir uma surpresa?


A Inspecção Nacional das Actividades Económicas (INAE) tornou-se, nos últimos dias, alvo de vários debates em torno das acções que tem desencadeando contra os prevaricadores da lei. Entre elogios e chamadas de atenção é quase unânime que a INAE está a fazer um verdadeiro e notável trabalho.
Contudo, há aspectos que merecem um outro ponto de análise quando começamos a nos convencer de que o trabalho da INAE é um evento extraordinário. Na verdade só é extraordinário porque vivemos numa sociedade na qual algumas das instituições públicas e/ou privadas incumbidas de determinadas tarefas não as cumprem e no dia que as cumprem como deve ser ficamos todos boquiabertos.
É preciso recordar que a INAE foi criada em 2009 ao abrigo do Decreto nº 46/2009 de 19 de Agosto, e formalmente lançada no dia 21 de Junho de 2010. É uma instituição pública de âmbito nacional, que funciona sob tutela do MIC e é dotada de personalidade jurídica e autonomia administrativa. Congrega ao abrigo do artigo 7º daquele Decreto, as inspecções de nove Ministérios, nomeadamente da Indústria e Comércio, da Cultura e Turismo, da Saúde, da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural, dos Recursos Minerais e Energia, dos Transportes e Comunicações, da Educação e Desenvolvimento Humano e da Juventude e Desportos.
Pretendia-se, com a sua criação, reduzir o número de inspecções que actuam sobre os agentes económicos, sendo que as mesmas serão feitas por um corpo único. Ao abrigo do artigo 4º do Decreto que cria a instituição, a mesma tem de entre outras as seguintes atribuições:
- Fiscalização de todos locais onde se proceda a qual- quer actividade industrial, comercial ou de prestação de serviços, incluindo de produtos acabados e/ou intermédios;
- Fiscalização de cargas transportadas e/ou em trânsito no território nacional;
- Promoção de acções de natureza preventiva em matéria de infracções contra a qualidade e genuinidade;
- Fiscalização de empreendimentos turísticos, agências de viagens, restaurantes, empresas de animação turística, de venda de bebida, cantinas, refeitórios, armazéns portuários e terminais de carga.
- Fiscalização da legalidade de exploração da energia em instalações eléctricas e em postos de abastecimento de combustíveis, podendo embargar actividades ilegais.
No geral, esta instituição tem como objectivo velar pelo cumprimento de todas normas que disciplinam as actividades económicas, gozando de independência e autonomia técnica no exercício das suas competências.
Como vedes, a INAE não está fazer nada a mais que não tenha sido incumbida para o fazer. O que devíamos questionar é por onde andou essa instituição desde o dia em que foi empossada a sua primeira direcção ou será que agora está a ser muito mediatizada?
Outro elemento que merece análise é o facto de gracejarmos com o enceramento de restaurantes, padarias ou pastelarias sem olharmos para o real problema que aqui se coloca – a questão de saúde pública para o caso dos restaurantes e pastelarias ou mesmo de extorsão no caso das padarias que vendem pão abaixo do peso recomendado.
Penso que o mais importante não é rir-se ou levar de espírito leve quando é fechado um estabelecimento seja ele renomado ou não, mas sim preocupar-se pela saúde das pessoas que viam no tal restaurante/padaria um lugar digno para passar as suas refeições.
Por tais restaurantes ou padarias já passaram milhares de pessoas que se alimentam do que é confeccionado por eles, colocando em risco a sua saúde e dos seus entes, e isso é o que devia nos colocar surpresos e preocupados.
O debate e o trabalho da INAE não deve apenas centra-se pelo encerramento de actividades comerciais, pois, são as mesmas que movem a economia de um país, mas deve acima de tudo ser de disciplinar para que não se repitam tais actos, e para tal é necessário existir colaboração plena dos agentes comerciais para que o trabalho da INAE continue a ser bem-sucedido.
O país precisa, sim, de instituições como a INAE, devemos encorajar, mas não podemos nos surpreender porque esta está a fazer nada mais que o seu devido trabalho. Por exemplo, eu perguntaria o que é feito da Associação de Defesa do Consumidor?
GostoMostrar mais reações
Comentar
Comentários
Vasco Ernesto Muando
Vasco Ernesto Muando Na verdade os exercícios que estão sendo realizados pelo INAE devem ser permanentes. Nada de brincadeiras com a saúde pública. O outro exercício agradável e devia ser permanente é a operação tronco.
Gosto · Responder · 4 h
Vasco Ernesto Muando
Vasco Ernesto Muando A associação de defesa de consumidor existe? Aquela senhora de INAE e Senhor Ministro Celso Correia São eles corajosos e devem sim merecer acompanhamento de todos nós
Gosto · Responder · 4 h
Dércio Tsandzana
Dércio Tsandzana Claro que deve merecer apoio, mas não devemos prestar ''hosanas'' como se estivessem a nos fazer algum favor. Eles são servidores públicos e só estão a cumprir as suas tarefas.
Gosto · Responder · 5 · 4 h
Dulce Bras
Dulce Bras Nem mais Dércio.....Subscrevo
Gosto · Responder · 1 h
Cristovao Pires Pires
Cristovao Pires Pires Obviamente que acabou fazendo Gosto a causa com a tua reacção com tem feito, meu caro, devemos parabenizar a acção de das atividade económicas sim. Mas digo te sério, há aqui um pouco mais do interesse dos nossos estado em anexo, pôs veja bem quem são os cumulativamente seus alvos sendo que a fiscalização deve ser feita em outras áreas de actividade.
Gosto · Responder · 1 · 4 h
Dércio Tsandzana
Dércio Tsandzana Cristovao Pires Pires, eu disse que não devemos parabenizar? Apenas acho estranho que se olhe isso como extraordinário, enquanto devia fazer parte do nosso quotidiano. Subscrevo sobre a necessidade de serem atacadas outras áreas.
Gosto · Responder · 2 · 4 h
Constantino Joao
Constantino Joao Há casos que não só o INAE podia tomar medidas, mas também a "dorminhoca" PGR. 
Uma padaria ou pastelaria que de forma deliberada diminui o peso do pão para enganar e ganhar dinheiro com isso, não deve ter medidas administrativas somente, mas também medidas de âmbito criminal.
Gosto · Responder · 2 · 3 h
Cristovao Pires Pires
Cristovao Pires Pires Não disseste nada relacionado. apenas fiz missão, que por um lado é positivo, mas por outro lado não é. perigosos é sim este surgimento atuante, eu pessoalmente gostaria que fosse sempre assim, aos quais se destaca o balanço geral mas que eles como fiscalização.
Gosto · Responder · 1 · 3 h
Dércio Tsandzana
Dércio Tsandzana Exactamente Constantino Joao, há outros actores que deviam ser chamados aqui.
Gosto · Responder · 1 · 3 h
Dércio Tsandzana
Dércio Tsandzana Cristovao Pires Pires, pois, queremos que isso seja rotina e trabalho normal, a INAE pode estar a enveredar pelo caminho da espatacularização das suas acções, o problema é mais sério do que esse.
Gosto · Responder · 3 h
Cadu Moreira
Cadu Moreira Num país em que o povo já está acostumado com informalidades, impunidade ainda que se denuncie o caso e também com o pontapeamento das normas, quando já há um despertar das instituições em repor a ordem desordenada(passa a redundância) já há séculos, é tão natural que o ato seja visto como pernicioso à maximização normal do rendimento das instituições vítimas e não só, mas tudo isso é detrimento da boa saúde do cidadão consumidor dos produtos da tal instituição ó Dr Dércio Tsandzana
Gosto · Responder · 3 h · Editado
Dércio Tsandzana
Dércio Tsandzana Subscrevo meu amigo Cadu Moreira, na verdade é a sociedade que deve ser mudada.
Gosto · Responder · 1 · 3 h
Lucilionglucuiane Timana
Lucilionglucuiane Timana O INAE esteve sempre no terreno mas o fomoso refresco impedia que o servidor público cumprisse com o seu dever...
O INAE dispertou para o fim pelo qual foi criado que é velar pelo cumprimento das regras de higiene e segurança do cidadão...
Devo cofessar que não é do nosso costumo isto, por essa razão temos este eco vindo de todo lado...
Gosto · Responder · 3 h
Cristovao Pires Pires
Cristovao Pires Pires O cofre andava com os agentes económicos, atualmente são fixados no estado.
Gosto · Responder · 3 h
Dércio Tsandzana
Dércio Tsandzana Lucilionglucuiane Timana, mas o refresco agora parou, eu ainda ontem soube que houve um inspector preso por aceitar subornos.
Gosto · Responder · 2 h
Dércio Tsandzana
Dércio Tsandzana O que devia ficar claro é que isso deve ser o ''nosso pão'' de cada dia e de uma vez por todas ser permanente.
Gosto · Responder · 1 · 2 h
Francisca Choe
Francisca Choe Excelente trabalho que o INAE está fazer 
Tardou mas não está a falhar, estamos cansados de pagar comidas que foram confecionadas com os pés ao preço das mãos...
Gosto · Responder · 1 · 1 h
Dulce Bras
Dulce Bras Pois as acções levadas a cabo tanto por INAE como por MITADER tinham de ser contínuas veja só o tamanho de apreensões em menos de 7 dias? Precisou os cofres do estado estarem ameaçados para desenvolver as actividades de fiscalização rigorosa??? Se a inspectora do INAE estender essa iniciativa para todo o país ela será problemas serios de coração pois o que ela viu ainda é um terço do problema.E se ela quiser começa a fiscalizar desde is mercados até onde confecciona-se a comida.....
Gosto · Responder · 1 h
Jossias Six
Jossias Six Bom trabalho prestado mas ainda tem mais,essa madeira passa nos locais onde há fiscais e estes será não tem recomendações do ministério?

E caso de dirigentes envolvidos no negócio será há imparcialidade na fiscalização e a todos níveis?
Gosto · Responder · 1 h
Muchuquetane Guenjere
Muchuquetane Guenjere "Na verdade só é extraordinário porque vivemos numa sociedade na qual algumas das instituições públicas e/ou privadas incumbidas de determinadas tarefas não as cumprem e no dia que as cumprem como deve ser ficamos todos boquiaberto". Pura verdade ilustre Dércio Tsandzana.
Gosto · Responder · 1 h

No comments: