Tuesday, March 28, 2017

Último texto


Opinião

Último texto

Amanhã vou trepar pelas paredes por causa do que esqueci. Muito obrigada a quem fez este jornal.




2. Entrei para os quadros deste jornal em Março de 1998. Antes, escrevera nele por um ano, paga à peça, entre 1990 e 1991. A soma dos meus 20 anos remonta, pois, ao arranque do PÚBLICO. Como centenas de jovens de todo o país, tentei entrar para o primeiro grupo de estagiários quando o projecto foi anunciado. Já era jornalista com carteira mas ainda não terminara o curso (Comunicação, na FCSH da Nova). Quem estava a norte fez a prova no Porto. Quem estava a sul, como eu, fez em Lisboa. Lembro-me de uma plateia de cabeças no Fórum Picoas, num sábado de manhã, por certo demasiado cedo. Era 1989, eu tinha 21 anos, fazia noites na rádio, ainda havia estações piratas, escrevíamos à mão. Tempos antes, a TSF abrira candidaturas e as inscrições tinham de ser manuscritas. Chumbei logo nessa etapa (nunca soube o que revela a minha letra). E voltei a chumbar na prova do PÚBLICO: não me chamaram para o grupo dos que iam ser treinados por jornalistas lendários, como Adelino Gomes. Mas recebi uma carta a dizer que poderia propôr textos quando o jornal chegasse às bancas. Agarrei-me a isso, começando pelo Local, editado por Francisco Neves, onde muito aprendi. Ia saltando de secretária consoante quem folgasse. Até que a Paula Torres de Carvalho entrou em licença de parto e por uns meses atribuíram-me o lugar dela na Sociedade. Aquilo era um antro de craques da escrita, desde Rui Cardoso Martins (saído da faculdade) aos veteranos José Amaro Dionísio (poeta que eu lia) ou Rogério Rodrigues (pai de um Tiago então com 13 anos que hoje está no Rossio). O ciclone Vicente Jorge Silva soprava de uma ponta a outra na Quinta do Lambert. Escrevíamos em ecrãs a preto e branco. Os computadores eram umas caixinhas com uma ranhura para as disquetes. As disquetes serviam para transportar textos. As notícias chegavam à sala dos telexes, que jorravam rolos de papel com furinhos. A palavra Internet estava no ovo do futuro. Quando precisávamos de comunicar com o estrangeiro, íamos às máquinas enviar um fax, ou falávamos uma fortuna no telefone fixo. Os primeiros telemóveis de que me lembro são do ano seguinte, uns tijolos que as rádios usavam. Porque, em Março de 1991, quando Francisco Sena Santos se mudou da TSF para as manhãs da Antena 1, fui integrar a equipa dele, com salário fixo.
3. Mas fiz uma perninha no PÚBLICO logo depois, em Agosto, no golpe que levou ao fim da URSS. Eu estava de férias em Moscovo e a rádio ficara com o número de telefone da família que me alojava. Às cinco da manhã, Sena Sentos acordou-me a dizer que Gorbatchov fora sequestrado. Passei a enviada especial da rádio nesse momento. E, como era Agosto, e o correspondente do PÚBLICO, José Milhazes, estava de férias em Portugal, comecei a escrever para o jornal também, até Teresa de Sousa chegar, dias depois. Foi a minha primeira reportagem internacional, sem gravador, computador ou telemóvel. Entrava em directo por aquele telefone fixo do tempo de Brejnev, sendo que aquilo ainda era a URSS. Não podia ligar directamente para o estrangeiro, tinha de agendar com a telefonista. E, para o jornal, escrevia à mão e ditava.
4. Passaram sete anos. Vicente Jorge Silva e Jorge Wemans deixaram o PÚBLICO. O começo de 1998 foi uma fase de transição no jornal, gente a sair, a entrar. Um dia ligou-me a Isabel Salema, que fizera parte daquele primeiro grupo de estagiários (como o Rui e a Alexandra Prado Coelho, que tinham sido da minha turma na faculdade, o Paulo Moura, o Pedro Rosa Mendes, a Bárbara Simões, o Vasco Câmara, tantos outros). Encontrei-me com a Isabel num café das Amoreiras e ela perguntou se eu queria ir para o jornal. Havia duas hipóteses na mesa: ser jornalista do Internacional ou ir editar o suplemento “Leituras”, até aí feito por Tereza Coelho, que acabava de sair. Ambas aconteceram, por essa ordem.
5. O Internacional era uma jóia do PÚBLICO. Ali estavam Teresa de Sousa e Jorge Almeida Fernandes, enciclopédias vivas, mais a enciclopédia de Médio Oriente que era a editora Margarida Santos Lopes. Estava o impassível João Carlos Silva, que parecia nascido para editar, fosse o Internacional ou a revista Pública, durante anos. Estavam jovens grandes repórteres como a Alexandra, o Paulo, o Pedro, jornalistas especialistas em cada parte do mundo, dezenas de correspondentes internacionais. Aquele era o jornal que tinha arrancado na Guerra do Golfo de 1990, com Adelino Gomes e tantos outros como enviados. E continuava a ser. A minha primeira pasta foi Europa de Leste e Rússia (onde eu continuara ir, para a rádio). Assim me achei em Iasnaia Poliana, a terra dos Tolstoi, pelo Verão de 98.
6. Mas a Cultura ia montar uma equipa nova, e meses depois mudei-me para lá. Fui editar a secção, com a Isabel Salema, e o suplemento “Leituras” (que entretanto fora assegurado por Mário Santos, leitor raro, vastíssimo). A Cultura era outra jóia do PÚBLICO, outro antro de craques, todo um histórico desde a fundação, passando pelas barbas do ex-editor Torcato Sepúlveda. Ali moravam críticos de teatro como Manuel João Gomes! O luxo de o ouvir contar dos surrealistas, de Luiza Neto Jorge ou da vantagem de comer sopa logo pela manhã. Ou críticos de música como Fernando Magalhães, um génio que escrevia sobre musas celtas enrolado no cachecol do seu clube. Ali estava o Jaime Rocha dos poemas e das peças, que para nós será sempre Rui Ferreira e Sousa, o cabelo branco mais bonito das redacções. E grandes jovens jornalistas e/ou críticos, que se matavam a trabalhar: Kathleen Gomes, Lucinda Canelas, Joana Gorjão Henriques, Tiago Luz Pedro, Rui Catalão, Pedro Ribeiro. Isto era na Quinta do Lambert, já noutro edifício, mas meio mundo ainda fumava. O Vasco fumava à minha frente, a Isabel fumava à minha esquerda, e eu fumava no meio das torres de livros do “Leituras”, que se acumulavam entre o meu computador e a parede. Mesmo com parede, havia desmoronamentos. E ministros da Cultura que caíam, e ofertas de pancada. A guerra diária tinha muitas frentes, várias páginas conquistadas na reunião de editores da manhã, e ainda havia a guerra semanal dos suplementos. Aquela secção era um reboliço de gente a chegar com discos, a sair com livros, a ir para a rua, várias gerações cruzadas, um caldo de memória do século XX, património e contra-cultura, colectivos e solitários. A gente fechava páginas às tantas da noite, e podia continuar a escrever até chegarem as empregadas da limpeza, e então ia tomar o pequeno-almoço, para voltar à guerra, outra vez.
7. A Cultura teve vários suplementos desde o começo do PÚBLICO. Antes de o milénio virar, passou a ter dois, novos. Um para livros, música clássica, artes e arquitectura, o “Mil Folhas”, de que eu era editora. Outro para cinema, música pop, dança e teatro, o “Y”, de que o Vasco era editor. Foi o Eduardo Prado Coelho que sugeriu Mil Folhas, e eu abandonei logo a minha lista de maus nomes. Foi também o Eduardo que sugeriu jovens estudantes de Letras, como Clara Rowland e Francisco Frazão, para juntar aos muitos críticos já ligados ao jornal. Além de assinar uma página no “Mil Folhas”, o Eduardo foi sempre um conselheiro. Morreu há dez anos, e a falta que nos faz, em humor e inteligência, cultura e argúcia. Ninguém em Portugal ocupou o seu papel, os seus vários papéis. De resto, gostava de ter aqui espaço para agradecer a todos os críticos com quem trabalhei semanalmente, e me aturaram inexperiências, tantas. Além do Eduardo, havia vários colunistas regulares. O Jorge Silva Melo foi um deles, e não há dia em que eu receba aqueles mails dos Artistas Unidos sem lhe tirar o chapéu pela persistência, por tudo o que deu e dá a este país capaz de abandonar os melhores. Um dia, no meio de um descampado, discuti com o Jorge ao telefone, sei lá eu já porquê. Que parvoíce. Que saudades de o ler. Que sorte ter feito parte do meu trabalho ler gente assim, ter feito o “Mil Folhas” quando havia tantas editoras independentes, tê-lo feito com a Ivone Ralha a paginar, e o Jorge Silva como director de arte, sempre a brigar por mais ilustração. Ser possível fazer números especiais quando o Manuel Hermínio Monteiro morreu, a Sophia morreu, o Cesariny morreu (tantos desenhos, fotografias, manuscritos que ficaram algures no PÚBLICO). Poder ter Vítor Silva Tavares a escrever sobre Almada, e bater no computador a “cartinha” dele, que era o texto. Convidar Ernesto Sampaio a escrever crítica de teatro, recebê-lo na redacção, publicar os seus textos. Tantos textos do caraças.
8. Estive na Cultura por anos, com um pé volta e meia no Internacional. No 11 de Setembro, o PÚBLICO já estava no edifício de Picoas (terceira mudança), e atulhámos-nos todos madrugada dentro, para fazer uma segunda edição. Voei para o Paquistão logo a seguir, estive um mês a tentar passar a fronteira afegã, depois esperei sete anos para viajar pelo Afeganistão. Mas pelo meio, aconteceu o Médio Oriente: Israel/Palestina, Iraque, Jordânia, Líbano. E isso tem origem na Cultura. Tudo porque a nova Biblioteca de Alexandria ia abrir na Primavera de 2002, eu queria conhecer a cidade e a inauguração era um bom gancho. Propus ir um mês, como se fosse de férias, mas o jornal dava-me esse tempo, e eu escrevia para o jornal. Só que, quando aterrei no aeroporto do Cairo, a Margarida Santos Lopes ligou-me, e esse telefonema mudou o meu destino. O exército israelita estava a invadir as cidades palestinianas, na sequência de uma série de atentados suicidas. A Margarida perguntava se eu não podia ir cobrir aquilo. Eu não fazia bem ideia do que era aquilo, nem sequer onde era Ramallah, mas fui. Em vez de apanhar um autocarro para Alexandria, apanhei um avião para Jerusalém. Acabei por ir a Alexandria em finais desse ano porque a inauguração da Biblioteca foi adiada, mas a paixão por Jerusalém e tudo em volta dura até hoje, e devo-a à Margarida. Essa Primavera de 2002 teve cerco à Basílica da Natividade, recolher obrigatório em Ramallah, massacre em Jenin, e tiveram de me arrancar de Gaza ao fim de mês e meio a escrever todos os dias, porque já ninguém aguentava mais textos sobre o assunto, nem esperar que eu os enviasse às tantas da noite.
9. Aproveito para agradecer a toda a gente que esperou in extremis por textos meus sem arrancar cabelos, fosse de Gaza ou de Trás-os-Montes. E, a propósito de Trás-os-Montes, este texto é centrado na redacção de Lisboa porque era a minha, mas fui feliz um mês na redacção do Porto, correndo serras e léguas com o Paulo Pimenta ou o Nelson Garrido a fotografar. Tudo o que fizemos, dessa vez ou noutras, da nascente do Sabor ao Padre Fontes, passando pela visita a Margarida Cordeiro, e pelos territórios do cinema de António Reis, está entre as reportagens de que mais gostei na vida.
10. Além da Cultura e do Internacional, trabalhei vários anos na Pública, onde tive outra grande editora, a Dulce Neto. A Joana Amado foi minha editora em diferentes alturas, nomeadamente nos anos do Brasil. Gostaria de ter integrado em algum momento a equipa de José Vítor Malheiros na Ciência. O anjo da guarda da direcção e de todos nós era a Lucília Santos. Secretárias como Isabel Anselmo e Paula Dias não perderam a paciência, idem para desks como Rita Pimenta e Manuela Barreto, ou a telefonista São ou a Leonor Sousa, no Centro de Documentação, que me ajudou tanto. Coadjuvado por Nuno Pacheco, o director que tive por mais tempo foi José Manuel Fernandes, com quem travei dicussões tão épicas como daquela vez em que o relógio dele voou contra o vidro do gabinete. Essa foi por causa do Conselho de Redacção. De resto, da invasão do Iraque ao conflito israelo-palestiniano, estávamos em desacordo em quase tudo. Mas isto nunca se traduziu em qualquer obstáculo a que eu fosse enviada ou escrevesse, que eu saiba. Foi JMF quem deu luz verde a várias propostas minhas, como ir morar para Jerusalém como correspondente improvisada. Também foi ele quem me convidou a escrever crónicas, nem sei bem há quanto tempo, 18 anos? A primeira série chamava-se Erva-moira e era uma tortura tão grande que ao fim de um tempo deixei um bilhete a JMF, a dizer que era melhor esquecermos. Em Jerusalém, voltei a fazer crónicas, chamavam-se Oriente Próximo. Mais tarde, Viagens com Bolso, depois Atlântico-Sul. Optei por deixar os quadros em Dezembro de 2012, quando morava no Rio de Janeiro. Desde então, acordei com o jornal algumas reportagens (primeiro mensais, depois anuais) e uma crónica semanal, que desde a volta do Brasil se chama Não ficções. Esta é a última. Amanhã vou trepar pelas paredes por causa do que esqueci. Muito obrigada a quem fez este jornal, e a quem o leu. O PÚBLICO é desses muitos. Que inspirem quem vier.


  • OPINIÃO

    Adeus, Alexandra, e até já

    Ficámos amigos e saímos juntos do Iraque pela longa estrada que liga Bagdad a Amã. Na Jordânia, como prenda de despedida após várias semanas em reportagem, oferecemos a nós próprios uma viagem a Petra
    Conheci a Alexandra Lucas Coelho em 2003, numa Bagdad estranhamente pacificada, onde os soldados americanos circulavam pelas ruas sem colete à prova de balas. Hoje parece impossível acreditar que esse tempo existiu, mas existiu mesmo, durante algumas semanas da Primavera de 2003. Bagdad tinha caído em Abril, Saddam Hussein estava em parte incerta, e Paul Bremer governava provisoriamente o Iraque. Foi a última guerra em que os jornais portugueses se permitiram gastar uma quantidade absurda de dinheiro para manter repórteres em permanência no terreno. Eu trabalhava no Diário de Notícias e fui substituir o então director-adjunto António Ribeiro Ferreira, cujos textos pró-americanos se tornaram famosos e indignavam profundamente a esquerda na recém-criada blogosfera. A crónica onde Ribeiro Ferreira descrevia o seu magnífico mergulho num rio Tigre lamacento e poluído ainda hoje faz parte da memória colectiva dessa época.
    Quando cheguei a Bagdad, Bremer tinha acabado de assinar a ordem que a pouco e pouco lançaria de novo o país no caos: a dissolução do partido Ba’ath e o impedimento de todos os seus membros de fazerem parte da futura administração iraquiana. Tendo em conta que era impossível, durante o regime de Saddam, ser funcionário público sem estar filiado no Ba’ath, aquela ordem absurda significou não só a destruição da vida de centenas de milhares de pessoas e respectivas famílias, boa parte das quais sem qualquer simpatia pelo ditador, como a implosão do pouco que restava da estrutura estatal iraquiana, em nome de um sonho de nation building que deu no que deu. Contudo, nas três semanas que trabalhei no Iraque, a guerrilha sunita ainda não tinha acordado e aquilo a que se assistia era ao intenso borbulhar de uma cidade libertada após décadas de repressão, com as salas de cinema a passarem filmes eróticos dos anos 70, como no Portugal do pós-25 de Abril, e os tectos das casas a encherem-se de antenas parabólicas.
    Os jornalistas portugueses estavam instalados no Hotel Babylon, onde se comia frango assado ao almoço e frango assado ao jantar. Os frangos pareciam ter sido os únicos animais a sobreviver à guerra, para conquistarem o triste exclusivo da gastronomia local. É possível que tenha sido à volta de um frango que comecei a falar com a Alexandra, no bar de um hotel onde faltava tudo, excepto grandes estrelas da reportagem mundial. Eu estava completamente deslocado, mas para a Alexandra aquele era o seu habitat natural. Escrevia exclusivos diários sobre covas comuns recém-descobertas e ia vestida de burqua para o meio de manifestações xiitas, enquanto eu andava pelo Iraque a conversar com pintores cuja vida era desenhar Saddam.
    Embora escrevêssemos para jornais concorrentes, a Alexandra ajudou-me, aconselhou-me, apoiou-me. Ficámos amigos e saímos juntos do Iraque pela longa estrada que liga Bagdad a Amã. Na Jordânia, como prenda de despedida após várias semanas em reportagem, oferecemos a nós próprios uma viagem a Petra. Foi inesquecível. Os turistas tinham fugido todos por causa da guerra, e aquele espantoso lugar era só nosso. É das memórias que justificam uma vida, e nela está a Alexandra. O mundo de 2003 não é o de 2017. O PÚBLICO já não é o mesmo. O jornalismo não é o mesmo. Suponho que nem ela, nem eu, sejamos os mesmos. Mas aquelas três semanas são preciosas para mim, e sem a Alexandra não teriam sido a mesma coisa. Ontem ela disse adeus ao PÚBLICO. Eu devia-lhe há muito este obrigado.
    mancobar73
    Vais fazer muita falta! Volta rápido aqui ou para outro jornal. Até já. Estamos juntos.

  • monica g
    «último texto» tem um sabor amargo para quem lê, como se desta vez, ao contrário do que aqui nos conta, saísse determinada a não regressar. a ALC é uma excelente jornalista porque escreve envolvendo-se com a realidade, sem fingir que está de fora (nunca se está de fora). a elém de jornalista, é uma escritora de gema. é uma perda, perdê-la daqui, mas é uma sorte saber que encontraremos a sua escrita por aí. fantástico texto antológico este seu. pedaço de história pura: de Portugal, do mundo, dos jornais. obrigada. até sempre

  • José Milhazes
    Estimada Alexandra Lucas Coelho, com todo o respeito que por ti tenho, gostaria de precisar que no dia 19 de Agosto de 1991, eu encontrava-me em Moscovo a trabalhar dia e noite para a TSF. É verdade que não escrevi para o Público, mas não porque estava de férias (como escreves), mas por um motivo que até agora não consegui saber, nem compreender. Desejo-te as mais felicidades, mas, parafraseando um conhecido pensamento de Cristo, é lugar para dizer: a Alexandra o que é de Alexandre e a Milhazes o que é de Milhazes.
    1. JLR
      Sim, eu lembro - me bem de ter ouvido o José Milhazes a falar na TSF nesse dia, a partir de Moscovo. Sabia que nessa altura José Milhazes era correspondente em Moscovo, mas nesse dia chamou - me a atenção a facilidade com que ele traduzia para português tudo o que ia ouvindo, nesse dia tão conturbado. Foi a partir daí que fiquei a conhecer o seu currículo e o facto de ter estudado na MGU.

  • jmbmarte
    pluralidade e qualidade, amplitude de visão e multiplicidade de paixões - tudo isso está a desaparecer do jornal, ao mesmo tempo que pulula um verdadeiro cardume de 'novos nomes', porventura compondo o chavão de alguma 'saudável renovação'... se isto assim continua, saio de vez de assinante. E sairei bem acompanhado, pelos vistos. Dinis Dinis, olha que poupar sai caro...
    1. Eis uma ameaça séria...

  • Luis Simões
    20 anos depois continuo sem perceber as qualificações da cronista para o Internacional...
    1. jmbmarte
      bah, ó luís, sei lá, não ser estúpida, por exemplo. Tem mais setecentas outras (e não é que eu não discordasse sistematicamente de quase tudo o que ela foi escrevendo, e que vejo agora abalar com mágoa), mas o caro luís pode começar por essa, que é fácil: uma pessoa tem qualificações porque tem qualidade, e há uma maneira muito rápida de ter qualidade, que é não ser bronca, parva, e essas coisas. Eu sei que são conceitos que lhe serão difíceis de perceber, sobretudo se colocados assim na negativa, mas tente, caro luís, tente, e verá que à sétima ou oitava tentativa, vai começar a perceber por que é que alguém tem ou não tem qualificações. Que impertinente.
    2. Luis Simões
      É pois impertinente perguntar pelas qualificações da cronista para o internacional? Impertinente serei...

  • alpereira
    A jornalistas Alexandra, talvez sem quer, acabou por escrever a história resumida deste jornal, com variadas referências importantes que poderão,, mais tarde, ser usadas por qualquer investigador. Um excelente trabalho.
  • Pois, isso....é pena que o Público se esteja a tornar numa João Miguel Taveirada, o que é mesmo muito mau. Obrigado, e até sempre!

  • Já foi ,um forum diferente dos outros.
    Cara Alexandra, quero agradecer a colaboração que prestou ao publico ao longo de todos estes anos, sou leitor do mesmo desde o numero um. E ao longo deste anos fui sendo apresentado a vários cronistas e jornalistas, uns que já nem me recordo dos nomes, outros que aprendi a gostar e a seguir quando abandonaram o jornal e garanto-lhe que a senhora é uma dessas pessoas. Obrigado Alexandra Lucas Coelho.

  • fernando.carvalho
    Ficamos todos a perder.

  • ruiqpferreira
    Como sinto pena de deixar de ter, na minha leitura, essa crónicas quentes e densas que demonstram conhecimento e paixão pelo que faz. Agradeço que tenha contribuído de forma tão preenchida e intensa para o meu esclarecimento diário do mundo. Lembro-me de pedir ao Sr. Engº. Belmiro, no ginásio do Porto Palácio, em momentos que se falava em fechar o Público: " Por favor, não deixe morrer esta "Enciclopédia de Informação Portuguesa". Minha querida, Você fará sempre parte integrante destes valores, que ao longo destes anos têm contribuído para a grande afirmação desta "Enciclopédia". Bem haja. que Deus a ajude na sua vida.

  • James Jakub
    Nem sempre concordei com as suas opiniões, mas quase sempre escreveu sobre assuntos bem pertinentes. O Publico fica mais pobre!

  • mulher e mãe
    Está a ser diminuída a pluralidade no público, como diz o tripeiro, o que se lamenta, pois era uma das suas riquezas, apesar das polémicas.Não é isso democracia? Diferentes visões do mundo só nos enriquecem, portanto, este jornal vai empobrecendo sempre que sai uma visão não alinhada com a linha editorial do diretor (e de outros). Felicidades Alexandra, na contribuição que dará em outros locais, pela não normalização do pensamento jornalístico reduzido à informação económica e política.

  • Anjo Caído
    É uma pena que saia do jornal a pessoa que melhor escrevia. Fosse o tema algo que me interessasse muito, pouco ou assim-assim, a escrita tão - como dizer? perfeita, inspirada, correcta, esvoaçante às vezes, metódica noutras, minuciosa ou ligeira - enfim, a escrita tão boa da Alexandra fazia da leitura sempre um prazer. Terei muito gosto em continuar a lê-la por outras paragens. Se o senhor Director continuar a deixar sair todos os que escrevem melhor do que ele, o Público em breve não se distinguirá de um pasquim.

  • fernando pires
    Agradeço muito os seus textos, Alexandra Lucas Coelho. Que pena… para onde vais ‘Público’?... Eu, leitor, cancelada a renovação da assinatura, também de saída…
  • Vou sentir a falta dos seus textos sobre o Brasil a Palestina o Mundo.Saravah para me despedir à maneira do Vinícius . Obrigado.
    1. Teresa Sequeira
      Totalmente de acordo consigo. Saem os jornalisras e ariculistas mais importantes do Público. Fica o José Miguel Tavares...

  • Gato Escaldado
    Parece que o Público está a fazer uma limpeza. Enfim, vai descendo sempre até acabar?
    1. Teresa Sequeira
      Espero que a "limpeza" não seja geral porque o Público nãa pode prescindir de tudo quanto tem de melhor. As crónicas do Brasil são peças que não podemos prescindir. Já o mesmo não digo dos escritos do José Miguel Tavares!

  • Margarida Paredes
    Obrigada por esta genealogia de jornalistas que fizeram parte da minha vida e construiram o melhor jornal de Portugal. Esta também é uma crónica sobre as perdas dos que, de uma maneira ou outra, abandonaram involutariamente o jornal que tinha uma história e qualidade rara. Agradeço também o seu olhar diferenciado sobre o mundo, o conhecimento profundo sobre a vida dos "outros", a coragem de cutucar as feridas nacionais como a escravidão e a escrita literária que me faziam sentir uma leitora privilegiada. Não sou uma ouvinte da rádio por isso peço-lhe que partilhe as suas crónicas no Blog. Infelizmente considero que o Público está doente, com a deriva à direita, a enfase na economia em vez da cultura e a sangria dos melhores jornalistas como a Alexandra deixei de ter prazer de o ler.

    1. tripeiro
      Está então a dona Margarida a dizer que quem é de direita é doente.

    2. Margarida Paredes
      Não seja inconveniente Tripeiro, o que quero dizer é que o Público tem afastado os jornalistas da Esquerda e por isso o jornal está indiferenciado, doente.
    3. Mesmo na solenidade da despedida o sr não evita o impertinente disparate.

    4. tripeiro
      Para a solenidade da despedida já dei o meu contributo ali mais abaixo

    5. Liberal - gestor de participações associais
      Solidário com o Super Tripeiro, também quero contribuir com impertinentes disparates. Não há nenhuma deriva à direita do Público, cara Margarida Paredes, quem quer derivar deve ir ler o Observador. Eu vou!

  • carlos-fonseca
    Lamento a saída de Alexandra Lucas Coelho, uma autora de imensa qualidade. Prevaleceu o imperativo economicista e o Dinis está no jornal com a missão de o fazer cumprir. Jamais escreverá como Alexandra. O talento e a cultura unem-se em duplo dom, produzido pela natureza e a sabedoria de viver, conhecer e comunicar. O 'Público' fica mais pobre, embora ainda que alindado 'online' sob inspiração dos grandes títulos mundiais - The New York Times, The Guardian e outros. No copiar o estilo e na falta de qualidade do conteúdo. é que está o ganho.

  • teresa.hilario
    Que pena deixar de ler os seus textos no Publico! "conheci-a" no caderno afegão,nos livros, por isso, espero continuar a encontrá-la por aí. Felicidades! Teresa

  • tripeiro
    Se há coisa que tenho apreciado no Público, é a pluralidade, pelo que não posso deixar de lamentar a saída de alguém que dava um contributo inestimável para essa pluralidade. Felicidades, Alexandra.
  • Vou ter pena de não encontrar as suas crónicas. Tudo do melhor para si.

  • cpitta.mendes
    Foi com grande surpresa que li este texto da Alexandra Lucas Coelho. Gostaria de transmitir-lhe a minha enorme admiração pelos textos de sua autoria que, ao longo dos anos, fui lendo no PÚBLICO. Foram eles, ainda, que me tornaram numa leitora curiosa e muitíssimo interessada em tudo o que escreveu para além do jornal e editado pela Tinta da China. Confesso que as segundas-feiras não serão mais as mesmas. Aguardava, com enorme expectativa, a crónica de sua autoria que iria ler nesse dia. Sempre bem escrita, corajosa, e muitíssimo interessante (mesmo aquelas que me aborreciam). Desejo-lhe as maiores felicidades! Conceição Mendes

  • paulovarzielas
    Nesta oportunidade gostaria de lhe deixar o meu reconhecimento pelos momentos de prazer que já me deu, pelo que já aprendi consigo e pelo que já me fez pensar. Desde estas crónicas que agora terminam, até aos livros, do Caderno Afegão ao Viva México, através dos quais tomei conhecimento com realidades que desconhecia (pelo menos por aquela perspetiva) e me fez pensar sobre elas, à Noite Roda. Menos com o Amante de Domingo. Vou a meio do Deus-dará. E sem esquecer o blogue Atlântico-Sul. Porque não prosseguir com ele? Continuarei segui-la nas crónicas da Antena Um. Mesmo que algumas vezes não concorde consigo, continuarei a apreciar a sua escrita, a sua cultura e a sua coragem. Bem haja por isso tudo!

  • Jonas Almeida, Stony Brook NY, Marialva Beira Alta
    Obrigado Alexandra. Apaixonei-me pelo Brasil em viagens de trabalho e tenho lido as suas crônicas recentes com a sofreguidão dos que têm sede de uma terra prometida. Você tem um dom de falar com o coração daqueles que reporta, uma coisa rarissima em tempos de números e clichês de consumo rápido. Procurarei as suas reportagens onde quer que as leve.

  • Rui Figueiredo
    Apesar dos convites nunca visitei o meu jornal de referência de que há muito sou assinante e leitor compulsivo. Alexandra, acabo de ler o seu "Último texto", regredi nos meus 78 anos, e maravilhoso, temos uma coisa em comum, o gosto por trabalhar viajando, ou talvez, viajar e ir trabalhando. Muscat ou São Tomé, Russia ou Turkia, Amman ou Cairo, Tókio ou Praga são hoje, a par de muitas outras cidades e países apenas vãs recordações. Os êxitos ou insucessos fazem parte do ADN de quem ama a vida e a ela se dedicou. Poderíamos ter assumido menos riscos, eu, poderia ter visto o crescimento da minha filha, poderia ter passado menos noites em claro e poderia ter ganho mais dinheiro, mas é assim, exactamente assim que me sinto realizado. A vida é o que somos, votos de mais sucesso Alexandra.

  • Bicadas Campolide
    A CENSURA, também se faz assim , dispensando colaboradores, isentos, e que não alinham na visão do actual director do Público.

  • MCA, cidadã da finis terræ
    Sinceramente, Público, sinceramente... só falta mudarem o nome do jornal. Uma vergonha, o que se passa com os media no geral e com este jornal em particular. Está a ser deliberamente desmontado e apoucado.
  • Junto-me às opiniões já expressas incluindo-me entre aqueles que lamentam a sua partida. Sinceramente. Aprendi a apreciá-la. Tantas vicissitudes, tantas vicissitudes, enfim....amanhã, quando estiver a trepar pelas paredes lembre-se dos que a "estimam" mesmo com os constrangimentos virtuais que a circunstância obriga, e bem. Gostei do pensamento político em geral, apreciei a sua causa pela inclusão na nossa memória histórica da tragédia da escravatura. Nestes longos meses de inverno as "cartas" do Brasil ajudaram a prosseguir. Ricas, cheias de paisagem, afectuosas. Cumprimentos. Por fim, não leve a mal, eu sei da grandeza com que tratou o seu ressentimento, outro sinal objectivo de superioridade e de bom prognóstico quanto futuro, mas eu não preciso disso. Grande filho da mãe !....

  • ricardomrsampaio
    Um grande obrigado, vai deixar muita saudade aos leitores. E que pena vê-la partir, com tantos outros que têm partido e continuam a partir do Público... Não sei para onde o Público está a ir, apenas sei que lhe vai fazer muita falta. Espero podermos continuar a lê-la, esteja onde estiver. Os melhores desejos de felicidade!
  • Estando ou não de acordo com o texto A ou B da Alexandra Lucas Coelho, para mim, foi sempre um prazer, uma delicia, a leitura dos mesmos. A forma como a sua escrita dá vida aos seus textos, que nos transporta para um diálogo com os seus intervenientes, para os seus sucessos e insucessos, o ambiente em que vivem, transportando-nos até para as paisagens que os rodeiam, é de um talento que a poucos é dado. Brilhante jornalista que nos abandona - mais uma. Obrigado ALC por me ter permitido ser testemunha do seu talento. O melhor do mundo desejo para si e o seu futuro profissional. Ao Público a pergunta: Porquê? Porque, ultimamente, saiem as mais valias do jornal umas atrás das outras?


  • Parece um necrológio. Alguém morreu? A Alexandra LC parece bem viva.            

  • Filipa Barata de Araújo Apreciava o "Mil Folhas" antes de ter saber quem era a Alexandra, cuja escrita só conheci como tal quando li o "Oriente Próximo". Lia sempre as crónicas e, apesar de ser a única coisa que, desde há alguns anos para cá, lia no Público, ponderei tornar-me assinante. Perante esta situação, ainda bem que não o fiz. Que possamos voltar a ler as crónicas num outro local, rapidamente!
    GostoResponder115 hEditado
    Luis Neves Um enorme prazer comprar o Público ao Domingo para ler a crónica da Alexandra Lucas Coelho. O Frei Bento domingos , e a Teresa de Sousa. Desde que deixaram de ter a crónica da Alexandra deixei de comprar o jornal , ficou cinzento sem perfume , ficou tristonho.
    GostoResponder311 h
    Frederico Rajão Martins E a diarreia mental de JMT e DD vai alastrando.
    GostoResponder620 h
    Catarina Ivone DAVID DINIS, SHAME ON YOU, SEU PIGMEU DE MERD*.
    GostoResponder717 hEditado
    José Paulo Santos Obrigado, Alexandra Lucas Coelho por tantos e tantos textos que li! Abraço forte!
    GostoResponder115 h
    João Severino É triste que saia. O jornal está em decadência.
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    Maria Joaquina Cordeiro Espero encontrar novos textos por aí
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    Manuel Orlando Maciel Magnífico texto... O PÚBLICO fica a perder!
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    Carlos Ataide Decaindo até ao estertor final...
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    Nelson Sanjad Que pena!!!
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    André Gomes de Abreu Obrigado. Até já.
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    Sofia Santos Tb já deixamos de subscrever.
    Está na hora de mudar 🤔
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    Do Rosario Joao vai casar?
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    Carlos Manuel Linheiro Obrigado por estes anos de escrita.
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    Jorge Manuel Bernardino Domingues E a vida continua. "Quem tem unhas toca viola"!
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    Teixedo Fraga Que pena

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