O Fórum de Comercialização Agrícola contou com a participação de duas cadeias de supermercados, as quais se mostraram disponíveis para vender produtos moçambicanos. Entretanto, avançaram que a grande dificuldade é encontrar qualidade necessária, porque os seus clientes estão cada vez mais exigentes.
A Shoprite, que dispõe de 16 supermercados espalhados por oito províncias do país, diz que compra produtos nacionais em 85 fornecedores que garantem os padrões definidos por aquela cadeia. Porém, ao longo dos 20 anos de existência em território nacional, refere que descartou mais de 1 200 fornecedores por falta de qualidade e preenchimento dos padrões mínimos, inconsistência na qualidade, irregularidade no fornecimento, falta de meios para processar as hortícolas, bem como falta de compreensão da necessidade de registo de marcas e certificação.
Os 85 fornecedores que trabalham com a Shoprite fornecem, anualmente, 1 700 toneladas de hortícolas e frutas, o que gera um volume de negócios de 50 milhões de meticais. A cadeia está à procura de mais fornecedores que respondam às suas exigências, até porque, nos próximos tempos, vai abrir cinco novos estabelecimentos nas províncias e cidades onde não existe.
Esta cadeia de supermercados também tem estado a exportar produtos nacionais. Ano passado, por exemplo, exportou 630 milhões de meticais em banana para África do Sul. “A Shoprite tem uma grande estrutura logística, altamente poderosa, é capaz de movimentar qualquer coisa para qualquer lugar. Pedimos àqueles que têm capacidade de produção, têm produto com qualidade, que aproveitem, são 1 200 supermercados em toda a região da África Austral. Os vossos produtos podem passar para qualquer lugar, se tiverem qualidade”, disse Daniel Pinheiro, representante da Shoprite em Moçambique.
Outro supermercado que falou das oportunidade de negócio que tem para produtos nacionais é a Spar Premier Group, representada por Zainadine Dalsuco, segundo o qual a grande preocupação é encontrar fornecedores nacionais de hortícolas e fruta de boa qualidade. No ano passado, comprou a nível nacional 7 milhões de meticais em vegetais e 8 milhões de meticais em fruta. Entretanto, para compensar o défice de fornecimento a nível nacional daqueles produtos, o supermercado teve que importar produtos no valor de 20.8 milhões de rands, mais de 100 milhões de meticais. “Isto mostra o grande défice que temos em termos de produção. E estamos a falar de apenas um único supermercado, portanto, são centenas de milhões de rands que saem do país só para comprar vegetais e frutas na África do Sul, porque até alface importamos”, disse.
Agricultura é a solução dos nossos problemas
Discursando no fórum, o Presidente da República, Filipe Nyusi, recordou o mandamento constitucional que aponta a agricultura como sendo a base de desenvolvimento do país, daí que, se o país quiser sair da pobreza, terá de canalizar todos os seus esforços na melhoria das condições em que se produz, se processa e se comercializa. “A agricultura, como nossa actividade tradicional, é a solução sustentável para o alcance do nosso bem-estar. A agricultura garante a segurança alimentar, cria rendas capazes de influenciar o nosso bem-estar. Com as rendas provenientes de excedentes da agricultura, podemos pagar a factura do que necessitamos e não conseguimos por outras vias. É aí, caros participantes, onde está a pertinência da problemática da comercialização como preocupação de âmbito nacional”, disse.
Por isso, o Chefe de Estado desafiou os participantes no Fórum de Comercialização a responderem às perguntas “como armazenar ou comercializar o excedente? Quem é o distribuidor regular e fiável? Como transportar, ou seja, que meio e que via? Onde será efectuado o agro-processamento e como entregar o produto de qualidade?”.
Neste sentido, disse esperar que os resultados daquele fórum se reflictam a partir da presente campanha de comercialização agrícola, em toda a sua extensão e cadeia, desde a produção, colheita, escoamento, armazenamento, processamento, distribuição, até ao consumo.
Por seu turno, o ministro da Indústria e Comércio, Max Tonela, aproveitou a ocasião para explicar que a melhoria das condições de comercialização deverá impulsionar o aumento da produção e produtividade e, consequentemente, levar a maior parte dos pequenos agricultores a produzir para o agro-negócio, e não apenas para a alimentação das suas famílias. Mas também deverá impulsionar a eliminação do défice na produção de cereais, o que obriga o país a importar arroz e trigo, por exemplo, quando tem condições para produzir localmente.
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