HIDROCARBONETOS:
Os distritos de Marracuene e Manhiça, na província de Maputo, poderão ser palco, a partir do próximo ano, de um conjunto de pesquisas sísmicas e geofísicas que visam executar furos de pesquisa de petróleo e gás. As análises serão feitas numa área de nove mil quilómetros quadrados por um consórcio constituído pela Delonex Energy, da Inglaterra, em parceria com a Indian Oil Corporation.
Dados colhidos junto de Augusto Mucavele, administrador de Pesquisa do Instituto Nacional de Petróleo (INP), indicam que está em curso um processo de interacção entre o INP, Delonex Energy (DE) e a Indian Oil Corporation (IOC) que visa a assinatura do contracto cujos termos estão a ser finalizados para posterior submissão ao Conselho de Ministros.
Ao espaço no qual serão desenvolvidos os estudos, o INP atribuiu o nome de “Área de Palmeira” e foi analisada há anos, mas de forma superficial, pelo que a DE e a IOC deverão investir um mínimo de 70 milhões de dólares na construção de pelo menos dois furos de pesquisa.
Estes furos servirão para determinar a existência ou não de hidrocarbonetos nesta área do Sul do país. Caso estes furos dêem os resultados esperados, poderá ser feito um investimento maior para determinar a quantidade de gás ou petróleo existente.
“Quando se fez a primeira investigação não se foi a fundo a ponto de se ter resultados detalhados e conclusivos. Mas, é um dado adquirido que a evolução geológica daquela área mostra que há um potencial que deve ser analisado com profundidade”, disse.
O processo de adjudicação dos nove mil quilómetros quadrados àquele consórcio iniciou há cerca de um ano com o anúncio dos resultados do concurso público internacional e a interacção começou neste mês, prevendo-se que da mesma resulte num contracto que será encaminhado ao Conselho de Ministros “o mais breve possível”.
Augusto Mucavele afiança que se não houver sobressaltos, o referido contrato poderá ser assinado ainda este ano. “Depois as empresas deverão obedecer a um conjunto de requisitos plasmados na lei, com destaque para a componente ambiental e social. Devem ter uma Licença Ambiental e, quando se mostrar necessário, proceder a consultas públicas”.
No que se refere ao tamanho adjudicado, o administrador de Pesquisas do INP explica que, neste caso foi atribuída uma área bastante grande porque o grau de conhecimento geológico que se tem da área é muito limitado, o que obriga à realização de estudos que podem ser considerados como de raiz.
“Por outro lado, não é fácil delinear a área de investigação sem termos um prospecto de investigação. Estamos perante uma “green field”, ou seja, uma área onde temos um conhecimento limitado. Mas, isto não quer dizer que as empresas vão tomar estas áreas em definitivo. Existe uma cláusula de abandono que, certamente, será seguida”, sublinha.
A referida cláusula prevê que à medida que a área for analisada e os resultados forem negativos seja abandonada e o INP acredita que dos nove mil quilómetros quadrados, a Delonex Energy e a Indiam Oil Corporation abandonem quatro mil e quinhentos quilómetros quadrados (a metade) para se concentrarem na área onde houve sinais positivos.
A Área de Palmeira está integrada num conjunto de seis blocos adjudicados recentemente no âmbito do quinto concurso público internacional para a pesquisa e hidrocarbonetos no território nacional, nomeadamente dois blocos em Angoche, dois no Delta do Zambeze, um em Pande e Temane.
Conforme nos foi revelado, várias empresas de gabarito participaram na corrida aos 11 blocos colocados à disposição pelo governo moçambicano, sendo que as pré-seleccionadas foram a italiana Ente Nazionale Idrocarburi (ENI) e a norte-americana Exxon Mobil, para duas áreas localizadas ao largo do distrito de Angoche, na província de Nampula.
Para o caso das duas áreas que se encontram localizadas no Delta do Zambeze, o concurso ditou que estas seriam avaliadas pela Exxon Mobil, a área de Pande e Temane, na província de Inhambane continua sob a investigação da Sasol e a de Palmeiras coube à Delonex Energy e Indian Oil Corporation.
“Todas estas áreas estão na fase de interacção e os contractos finais estão sujeitos à apreciação do Conselho de Ministros”, concluiu Augusto Mucavele, administrador de Pesquisa do INP.
Texto de Jorge Rungo
jorge.rungo@snoticicas.co.mz
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