Dia da Paz
- E reitera inaceitabilidade de violação constitucional para acomodar a “governação das seis”
O país comemorou ontem, a passagem de mais um dia reservado à celebracão da assinatura, a 4 de Outubro de 1992, do Acordo Geral de Paz, um evento histórico que marcou o fim de 16 anos de uma guerra civil, que resultou na morte de mais de um milhão de moçambicanos.
Comemorado num momento particularmente mau, tendo em conta a tensão política e militar que, actualmente, tem estado a resvalar para ataques protagonizados por homens armados da Renamo, o Presidente da República não poupou críticas a quem o considera mentor-mor do actual cenário de instabilidade. Para Filipe Nyusi, a actual situação tem como responsáveis a Renamo e o seu líder que, para o Presidente da República, definitivamente se pode perceber que não querem a paz e o desenvolvimento do país. Ou seja, Filipe Nyusi entende que, os últimos acontecimentos têm estado a provar que Afonso Dhlakama e a Renamo não estão interessados em andar por vias que possam trazer de volta um ambiente de paz e tranquilidade públicas.
“Mesmo estando evidente que a Renamo não quer a paz, não nos podemos cansar de manifestar o nosso repúdio à matança do nosso povo” - anotou o Presidente da República assegurando, seguidamente, que continuará a mostrar e a fazer tudo que for possível pelo restabelecimento da paz efectiva em Moçambique.
Mostrando-se bastante crítico ao que considera de “acções inaceitáveis”, o PR recordou que foi a Renamo que, em 1976 iniciou com as acções armadas que destruíram quase tudo que se tinha conseguido construir. Em todo o seu discurso, o PR usava claramente os termos “acções de desestabilização”, uma terminologia linguística que nunca foi aceite pela Renamo.
“Comemoramos a data sob a nuvem de desestabilização levada a cabo pela mesma força que em 1976 mudou pela negativa o rumo do país: a Renamo. Portanto, no lugar de estarmos em celebração, estamos num momento de reflexão” - disse o PR.
“Quando o governo moçambicano escolheu o caminho do diálogo para pôr fim à guerra de desestabilização, movida pela Renamo, materializou a vontade dos moçambicanos de como irmãos podemos encontrar os melhores caminhos para a solução de diferenças. Com mais de um milhão de mortos durante a guerra de desestabilização, o povo moçambicano continua a ser sacrificado por um grupo de moçambicanos que, mesmo estando inserido na nossa sociedade, vê, de forma diferente, a importância da paz” - censurou Filipe Nyusi.
Suposta violação constitucional
Como um dos assuntos que marca a actualidade política, o Presidente da República voltou a refugiar-se na necessidade de nunca se avançar para concessões que representem violação da Constituição da República. Quando se aborda este assunto, vai-se claramente ao ponto sobre a governação das seis províncias exigida pela Renamo.
“O que não podemos permitir é que na nossa busca pela paz efectiva e duradoira nos seja imposto violar a Constituição da República (CRM)” - avançou o PR, depois de reiterar disponibilidade para a busca da paz.
Entretanto, do ponto de vista constitucional, a indicação, pelo Presidente da República, de elementos da Renamo para a “governação das seis” não implica qualquer violação da Constituição da República. A possível violação constitucional surge pelo facto de o líder da Renamo exigir que seja ele próprio a indicar os governadores, através das Assembleias Provinciais que atribuem maioria à Renamo, assim como o facto de a Renamo exigir que estes governadores trabalhem com um programa próprio e não no âmbito do Plano Quinquenal do Governo.
Para se ultrapassar pacificamente esse ponto, o grupo de mediadores e facilitadores internacionais já avançou uma proposta indicando o que considera “governação transitória” da Renamo, cujos detalhes ainda não se conhecem ao detalhe.
MEDIA FAX – 05.10.2016
Dhlakama, manda madumbe para o irmão Chissano
Canal de Opinião por Adelino Timóteo
Caro Irmão Dhlakama, ouvi dizer que na parte segura há muito madumbe, designação dada a inhame, e que deve provir do zulu amadumbe, pela forma anglicizada madumbi. Pois bem, irmão Dhlakama, não apareceste no dia 4 de Outubro na Praça da Paz. Deves ter matabichado os vinte e quatro anos dos acordos de paz comendo madumbe com chá. Era bom que mandasses pelo menos alguns quilos de madumbe para o irmão Chissano, como brinde daquele acordo de entendimento.
Julgo que, pelo que tenho deduzido das tuas entrevistas, tens um correio que te leva os jornais todos com actualidade, não custa nada enviares isso. Não sei se dá jeito de ao irmão Chissano enviares cabanga com que certamente brindas os teus guerrilheiros, para manteres o moral em alta, como bom anfitrião que sempre foste, não seja por isso que no assalto a Satungira em Outubro de 2013 deixaste lá uma carrinha cheira de bebidas secas e espirituais, de alto requinte.
Falo da cabanga porque, pelo que sei, esse “doro” joga um papel muito importante até na tesouraria da administração local. E era óptimo que, junto ao correio do madumbe, enviasses uma carta ao irmão Nyusi, propondo-lhe um projecto de industrialização de “doro”, no pós-guerra, pois o país ganharia mais com a exportação da cabanga e madumbe do que com as guerras cíclicas.
Considerando que o milho é aí a principal fonte da tesouraria e rendimento das famílias, irmão Dhlakama, escreve ao Nyusi e diz-lhe que não custa nada distribuir uns sete milhões pelos guerrilheiros e desta forma reinseri-los na vida social.
Irmão Dhlakama, os meses de Setembro, Outubro e Novembro são essenciais para a cultura do milho, manda um correio urgente a Nyusi, para que tenhamos urgentemente a paz e se restabeleça a vida normal, pois é à Gorongosa que as mamanas de Maputo vão buscar quantidades industriais do cereal, que alimenta o negócio na capital. Em Janeiro, já o povo começava a colher o milho a granel, para fazer “doro”, pois o custo de vida subiu, subiu o preço da cerveja, e o “doro” seria uma alternativa em face da escassez de liquidez.
Irmão Dhlakama, em Nhazoé e Nharirosa, pode-se fazer irrigação por gravidade e alimentar quase todo o país com batata reno, mas, para que tenhamos a batata no mercado, é necessário que tenhamos muito urgentemente a paz.
Voltando ao madumbe, irmão Dhlakama, as crianças em casa já não têm pequeno-almoço, pois, desde que se deixou de escoar o madumbe da Gorongosa, a vida cá em casa complicou-se. O preço do pão subiu mais do que a altura do prédio de 33 andares, enquanto o salário continua na cave.
Vai, assina depressa o acordo com o irmão Nyusi, nós queremos comer também esse madumbe que tu estás a matabichar com chá.
Irmão Dhlakama, quero ir à Gorongosa comprar madumbe, milho, para fazer a minha fábrica de “doro” na Beira. O Banco deu-me um crédito de vinte mil meticais, e eu penso multiplicá-lo, pois levarei tépuè e peixe seco da Beira para os magorongosianos. Se não consigo ir à Gorongosa até ao dia 15 de Outubro, os juros logo começarão a subir.
Por favor, assina urgentemente um acordo com o irmão Nyusi. E por favor, também, não te esqueças de mandar alguns quilos de madumbe para o irmão Chissano, para o irmão Guebuza, para ele saber também que madumbe dá mais saúde do que o dinheiro da EMATUM, da “ProIndicus” e INAM.
PS: Irmão Dhlakama, disseram-me, depois de acabar este artigo, que na Gorongosa há “cannabis sativa”, na língua do lugar, bangui, de primeira. Isso faz mal às pessoas.
Mas em Amsterdão cheira até na rua. Escreve urgentemente a Nyusi e propõe que a exportemos para a Holanda, talvez isso ajude no pagamento da dívida pública, antes de dois anos. (Adelino Timóteo)
CANALMOZ – 05.10.2016
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Gostaria de ver Moçambique em paz!
Eu gostaria que o meu país tivesse paz para permitir ao povo fazer as suas machambas, visitar seus parentes e amigos. Beber Pombeiro e dançar sem temer que seja baleado ou raptado por encomenda de alguns chefes que tivessem inimizades porque não foram convidados à sessão de dhoro.Gostaria de estivesse em paz o meu país e sem discriminação nem exclusão pelo facto de não ser portador de cartão de um determinado partido político. Que da face da minha terra não houve mais massacres nem valas comuns. Que as listas dos adversários a eliminar fossem rasgadas para sempre.Que as forças de defesa e segurança fossem republicanas e nunca ao serviço de um partido político como tem sido até agora. Que os adversários políticos não é eram vistos como inimigos sedentos do poder mas irmãos com outros olhos de ver as coisas.Que a riqueza que Deus nos concedeu sejam exploradas em benefício de todos e não de um grupo que se acha no direito de ficarem podres de dinheiro por terem participado da luta pela libertação da pátria.Gostaria de ver Moçambique livre de gente corrupta que roubam o bem público e contrai avultadas dívidas para as suas empresas e obrigam ao povo a pagar o prato que não comeu.
Queria ver os culpados pelo afundanço económico-financeiro do país presos, julgados e condenados porque eles merecem a prisão e deixem de andar a dar lições de moral às pessoas que desgraçaram.Hoje temos a economia falida e o país atirado para o cesto da vergonha porque permitimos que sejamos governados por gananciosos e gatunos. De uma economia promissora passamos a não ter dinheiro para comprar peixe seco de mercados informais.A saga da gatunagem não pára por aqui - delapidaram as empresas públicas. A Mcel faliu. A Petromoc faliu. A Mabor, Maquinag, Textafrica, Texlom, Texmoc, etc., etc., faliram mesmo assim não largam o poder.O país nada produz, mesmo com terras férteis extensas não produzimos nem cenoura nem batata nem mandioca. Aqueles que criaram esquadrões da morte para eliminarem os seus adversários políticos, à custa do erário publico, constituem um enorme obstáculo à paz efectiva.Fazem o açambarcamento das oportunidades de negócios, "bolando" negócios do Estado para as suas empresas e de seus familiares constituem um perigo à paz.Que vergonha, meu Deus!Edwin HounnouPoderá também gostar de:- SOBRE A PAZ EM MOÇAMBIQUE: ALGUNS DADOS
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Assinou acordos de Paz e...desapareceu de novo. Kkkkkkkk.
Vamos dizer Viva o quê hoje?
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