PARTIDO COMUNISTA CHINÊS
Antes de o 18º Comité Central do Partido Comunista Chinês começar o seu último plenário, a televisão estatal exibiu um documentário de oito partes com ex-políticos a confessarem atos de corrupção.
O Partido Comunista Chinês (PCC) começou na segunda-feira o Sexto Plenário do 18º Congresso e reforçando uma tendência que tem tido o Presidente Xi Jinping como cara principal, há um tema de fundo: a corrupção.
Oficialmente, o lema do congresso não foge muito a essa ideia: “Uma forma abrangente de governar o partido de forma rigorosa”. Este é o último de quatro objetivos políticos apresentados por Xi Jinping em 2015, que ficaram conhecidos como “As quatro abrangências”. Para trás, ficara a construção de uma “construção abrangente de uma sociedade moderadamente próspera”, “aprofundar abrangente de reformas” e “governar abrangentemente a nação de acordo com a lei”.
Para reforçar a imagem de que o partido está a apertar a luta contra a corrupção, a televisão estatal chinesa transmitiu ao longo de uma semana um documentário de oito episódios onde mais de dez altos funcionários do PCC caídos em desgraça confessam as suas histórias de corrupção, contando como eram as suas vidas de luxo e abundância. O documentário chama-se “Sempre no caminho”.
“Perdi os meus ideais, não tinha aspirações mais altas e violei a base da humanidade”, disse naquele documentário Bai Enpei, antigo líder do Partido Comunista na província de Yunnan, que foi condenado este mês de outubro a pena suspensa de morte (só é executado se após os dois primeiros anos de prisão manifestar intenção de cometer novos crimes) por ter recebido cerca de 33,5 milhões de euros em subornos. “Estou cheio de remorsos (…). Como é que um secretário do partido que foi bem acolhido pelo partido durante tantos anos se tornou nisto?”
“Depois de ter visto pessoas a viver em casas de luxo, a conduzir carros caros e a voar em jatos privados, disse a mim mesmo que também queria viver assim”, confessou Ba Enpei.
No documentário, Xi Jinping garantiu que vai endurecer ainda mais a luta contra a corrupção dentro do partido e prometeu que vai agir contra os militantes corruptos, desde as “moscas” aos “tigres”. “Devemos erguer bem alto o sabre contra a corrupção”, disse.
O facto de a governação interna do partido ter ficado para último e de ser agora tema no Sexto Plenário não deve ser subestimado — isto porque esta será a última reunião do 18º Congresso do Partido Comunista Chinês antes da eleição do 19º Congresso, no último trimestre de 2017.
Assim, a reunião que começou ontem em Pequim pode servir para preparar a substituição de cinco dos sete membros do Politburo Central do PCC, uma vez que apenas dois estarão abaixo da idade de reforma para os membros daquele órgão, fixada nos 68 anos. Embora este limite etário seja informal, desde 2002 não houve nenhuma exceção à regra.
Será importante perceber se esta regra informal será novamente aplicada ou se o PCC vai ignorá-la e assim perpetuar a vida política de Wang Qishan, de 69 anos, que é descrito como o braço-direito de Xi Jinping. De acordo com o South China Morning Post, se a regra for ignorada a favor de Wang Qishan, estará “criado um precedente que possivelmente poderá permitir a Xi Jinping [atualmente com 63 anos] também ignorar a regra e ficar para um terceiro mandato depois do 20º Congresso do PCC em 2022”.