Há três semanas tive a honra de estar frente ao Dr. Máximo Dias, porque este acedera ao nosso pedido de que o jornal precisava da sua opinião, sempre avisada, sobre o actual estágio social, político e económico do nosso país.
Uma verdadeira conversa, daquelas que o entrevistado não perde tempo à procura de palavras convenientes.
Numa das passagens quis o entrevistado saber que jornalista era eu que não sabia que na Autoridade Tributária havia uma conta-fantasma, denominada Autoridade Tributaria, Lda, para onde eram depositados valores que na sua opinião tinham uma aplicação menos criteriosa, que trazia muitas dúvidas a quem quisesse perceber a gestão daquela instituição.
Tentei fintá-lo com a falácia de que provavelmente fosse porque estivesse virado para assuntos da área politica, razão porque não tivesse tido a oportunidade de saber, talvez seguido o rasto do que se referia. Aceitei ser um jornalista departamentalista, o que não é aconselhável. Não sei se a justificação pegou.
O Dr. Máximo Dias queria, por essa via, enaltecer as notícias que na sua opinião são encorajadoras da nova gestão de Amélia Nakare, da AT, segundo ele, está a pôr nos carris aquela máquina de cobrança de impostos que ajudam o país a ficar em pé. Quis convencer-me que, ao contrário do que muitos moçambicanos pensavam, AT, anterior à Nakare, não estava imune nem ilesa de procedimentos menos correctos de gestão financeira e institucional. Engoli em seco!
Numa outra passagem o entrevistado, que em mais de uma vez quis inverter os papéis, usurpando o de entrevistador, perguntou se eu sabia que nas últimas eleições houve 900 mil votos nulos, o mesmo que dizer incorrectamente preenchidos pelos eleitores. Desta vez, voltei a dizer, já com vergonha, não. Afinal era a área política que tinha sido o meu refúgio aquando da primeira questão de índole económica.
Quando viu que estava a caminhar para o não, voltou à carga: que tipo de jornalista é o senhor que não sabe de assuntos tao sensíveis quanto estes? Tinha que lhe responder de forma muito clara: sou simplesmente jornalista. Jornalista não sabe nada, por isso está sempre a perguntar, Doutor! O Melhor jornalista é aquele que sempre está a perguntar e cruza as respostas sempre à procura de factos que possam convencer da sua autenticidade à si e aos seus leitores.
Faltava dizer que também é esse caminho para não ser como a LUSA que em Moçambique “fabricou” valas comuns com 120 corpos, como a REUTERS que já demitiu o ministro da Economia e Finanças e, vale a pena, pediu formalmente desculpas por ter mentido a todo o mundo. O que não dizem é que escolheram não-jornalistas para seus correspondentes em Moçambique ou jornalistas militantes acérrimos de partidos que calha estarem agora na oposição.
Há-de ser por isso que Máximo Dias, deteve-se por momentos, a explicar-me de facto o que era ser jornalista, tudo menos dizer “ Máximo Dias tem uma amante em lugar xis, épsilon ou z”. Esta semana deve ter estado irritado por ter lido em algum jornal, como manchete que “ o filho do presidente foi expulso de um lugar de brincadeiras (de desporto) ”.É tao difícil ser jornalista que até isso serve para vender!
Pedro Nacuo
nacuo49nacuo@gmail.com
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