Porque:
1. O marxista Georges Sorel defendeu que a revolução do proletariado prevista por Marx e Engels teria de ser provocada por uma vanguarda com recurso à violência.
2. A ideia de Sorel foi acolhida por alguns movimentos marxistas, como os bolcheviques na Rússia e os sindicalistas revolucionários em Itália.
3. O marxista Otto Bauer concluiu que o sentimento de nação era mais galvanizador do proletariado do que o sentimento de classe e propôs que se incutisse nacionalismo nos operários para os convencer a derrubar o capitalismo.
4. As ideias de Bauer entraram em Itália pela pena do marxista Roberto Michels e foram adotadas pelos sin- dicalistas revolucionários de Labriola.
5. Mussolini era um marxista elogiado por Lenine e diretor do “Avanti!”, órgão oficial do partido socialista italiano. Descreveu Marx como “o maior teórico do socialismo” e o marxismo como “a doutrina científica da revolução das classes”.
6. O entusiasmo manifestado em 1911 pelos operários italianos com as vitórias de Itália na guerra ítalo-otomana pela Tripolitânia convenceram Mussolini de que, de facto, o nacionalismo galvanizava mais os operários do que o conceito de classe.
7. Quando a Grande Guerra começou, em 1914, os sindicalistas revolucionários quiseram que a Itália entrasse no conflito pois acreditavam que seria ele que levaria o proletariado a desencadear a revolução. Ou seja, a guerra era revolucionária.
8. A 1 de outubro de 1914 os socialistas pró-guerra criaram o Fascio Revolucionário de Ação Internacionalista, o primeiro movimento fascista.
8. A 1 de outubro de 1914 os socialistas pró-guerra criaram o Fascio Revolucionário de Ação Internacionalista, o primeiro movimento fascista.
9. Mussolini começou por se manter fiel à linha do partido socialista italiano e opor-se à entrada de Itália na guerra, mas acabou por aderir às ideias dos sindicalistas revolucionários e advogar a guerra (a exemplo do que faziam os marxistas alemães, franceses e britânicos), o que lhe valeu a saída do partido e a adesão ao Fascio.
10. Depois da guerra, Mussolini e os sindicalistas revolucionários pró-guerra regressaram a casa e enfrentaram a hostilidade dos socialistas antiguerra.
11. Os socialistas pró-guerra empenharam-se então nos Fascios Italianos de Combate, que misturava nacionalismo com socialismo e juntava outros ex-combatentes, incluindo os arditi.
12. Os Fascios Italianos de Combate reivindicaram logo em 1919 o salário mínimo, o horário laboral de oito horas, o direito de voto para as mulheres, a participação dos trabalhadores na gestão das fábricas, a reforma aos 55 anos e a confiscação dos bens das congregações religiosas, reivindicações de clara origem marxista.
13. Os fascistas estabeleceram que a luta de classes não fazia sentido numa nação proletária (a Itália) que era explorada por nações capitalistas, e que, sendo a nação a “classe das classes”, a luta de classes apenas a enfraqueceria, pelo que em vez de luta teria de haver cooperação entre classes.
14. O Biennio Rosso de 1919-1920, com ocupações selvagens de fábricas e propriedades rurais, agravou o antagonismo entre as duas fações, ao ponto de os sindicalistas revolucionários evoluírem ainda mais e se apresentarem abertamente como sindicalistas nacionalistas e antimarxistas.
15. Mussolini esclareceu que o fascismo se opunha ao marxismo não por este ser socialista, mas por ser antinacional.
C.Q.D
In "Jose Rodrigues dos Santos ao Expresso.pt"
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