Cunha tem conseguido, por uma série de manobras técnicas, e políticas, resistir no cargo há seis meses, o dobro do tempo que levou para levar o processo de impedimento contra a presidenta Dilma Rousseff
Por Redação – de Brasília
Fernando Soares, lobista conhecido como Fernando Baiano, em depoimento ao Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, nesta terça-feira, confessou seus crimes aos parlamentares que julgam se o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) mentiu aos seus pares, na CPI da Petrobras, sobre contas secretas mantidas no exterior. Baiano confirmou pagamentos de propina, em espécie, a Eduardo Cunha.
— Eu, pessoalmente, entreguei R$ 4 milhões — disse ele, aos deputados.
Cunha tem conseguido, por uma série de manobras técnicas, e políticas, resistir no cargo há seis meses, o dobro do tempo que levou para levar o processo de impedimento contra a presidenta Dilma Rousseff ao Senado, onde aumenta o risco de ser afastada do cargo. Cunha, após consolidar o golpe de Estado, em curso, tem a chance de indicar o ministro da Justiça e o chefe da Polícia Federal, em um possível mandato do vice-presidente da República, Michel Temer.
Embora o procurador-geral da República Rodrigo Janot tenha pedido ao Supremo Tribunal Federal o afastamento de Cunha, o ministro Teori Zavascki ainda não tem prazo para levar o processo â apreciação do Plenário.
Cassação de Cunha
Durante a tarde, no Conselho de Ética, representantes do movimento Avaaz – plataforma virtual responsável por hospedar petições públicas – entregaram, nas mãos do deputado José Carlos Araújo, mais de 1,3 milhão de assinaturas pela cassação do mandato de Cunha.
O que deveria ser uma manifestação democrática absolutamente normal logo se transformou em confusão, quando o Deputado Laerte Bessa (PSC) tirou um dos cartazes da mão do de Diego Casaes, o coordenador de campanhas do site, e xingou o ativista de “palhaço, babaca, vagabundo”. Um comportamento absolutamente desrespeitoso nessa que deveria ser a casa do povo.
Na sessão desta terça-feira foi tomado o depoimento do operador do PMDB Fernando Baiano, preso pela Operação da Lava-Jato. A reunião do Conselho não teve transmissão ao vivo, “obviamente para que os parlamentares possam constranger o delator”, protestou o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ).
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