terça-feira, 12 de janeiro de 2016

O consolo da má arbitragem



Ontem, pela primeira vez em três anos, assisti a um jogo do Sporting (contra o Braga e, indirectamente, contra o Benfica e o Porto…). Como não podia deixar de ser em países em desenvolvimento, o resultado final ficou refém do que devia ter sido em função do investimento emocional que cada um fez no jogo. Para quem é fã do Sporting (que ganhou por 3:2) está tudo bem; para quem não é há sempre aquela cena controversa que decidiu o desfecho. No caso específico deste jogo foi a grande penalidade que permitiu ao Sporting encurtar a desvantagem para 1:2. Em países mais desenvolvidos reclama-se sobre a qualidade da arbitragem, mas de forma diferente. Raramente se põe em causa a idoneidade profissional e ética da arbitragem. Nos outros países, é quase sempre assim. Qualquer semelhança com a política não é coincidência. Suspeita-se logo que toda a decisão a favor duma equipa grande (neste momento só há uma em Portugal, nomeadamente o Sporting…) tem que resultar dum conluio que envolve valores monetários que passaram de mãos. Esquece-se uma verdade probabilística simples: a probabilidade de equipas grandes beneficiarem de erros de arbitragem é muito maior pelo simples facto de fazerem mais pela vitória. Inversamente, a probabilidade de equipas grandes perderem em resultado de erros de arbitragem é também maior pelo simples facto de os resultados de futebol terem uma certa qualidade aleatória.

Existe um pano de fundo que torna esta desconfiança legítima, claro. Mas dum modo geral a desconfiança tem, em minha opinião, outras razões. Uma delas é a credulidade que se manifesta na tendência de abordar relatos ou factos na base daquilo que a gente prefere acreditar. A credulidade é sintomática duma fraca cultura crítica (ouviste Rildo?). Na Pérola do Índico isso tem-se manifestado na forma como lemos, por exemplo, relatórios internacionais sobre seja o que for que nos diga respeito. O principal critério tem sido de procurar neles aquilo em que queremos acreditar. Já critiquei a leitura que fazemos do Relatório do Desenvolvimento Humano como exemplo desse problema.

Na verdade, este “post” é mais sobre essa postura do que sobre a nossa relação doentia com o futebol na metrópole colonial. Recentemente, li um “post” compartilhado por várias pessoas. Tratava-se duma entrevista feita a um rabino, cujo nome não foi revelado, na qual ele falava das diferenças de comportamento económico entre judeus e “negros”. Segundo ele, a principal diferença consistia no facto de que os “negros”/”africanos” gostam mais de consumo do que de produzir e poupar. Preferem gastar o dinheiro que ganham em artigos de luxo. A outra diferença é que eles não são solidários. O exemplo disso são os que roubam do erário público e depositam o dinheiro em bancos europeus; os europeus usam este dinheiro para fazer empréstimos aos africanos em troca de juros chorudos. O que me espantou ao ler essa “entrevista” foram os comentários, na sua maioria, positivos. "A nossa África é assim mesmo, nós somos assim, e enquanto formos assim o nosso continente nunca será melhor", escreveu-se. Isso espantou-me, mas deixou-me também deprimido. Intuitivamente, o que o rabino disse parece fazer muito sentido, mas na verdade só faz sentido porque nós lemos aquilo mais no interesse de encontrar o que preferimos acreditar do que em interpelar criticamente.

Foi com esta preocupação na cabeça que decidi escrever este texto para proveito dos mais novos. Ler criticamente envolve três exercícios básicos. O primeiro é a verificação da fonte. E a pergunta que se coloca é: esta pessoa tem autoridade para falar sobre este assunto? O texto em questão baseia-se em duas suposições. Por um lado temos a ideia de que um líder religioso tem competência para falar sobre o comportamento económico. Por outro lado parte-se do princípio de que um rabino tem autoridade para falar sobre o comportamento económico dum grupo racial (se é que esta é uma unidade de análise válida), do qual ele não é membro. Só a reflexão sobre este ponto podia ocupar volumes inteiros. O rabino pode representar um grupo, cujos membros se destacam pelo seu sucesso económico, mas só isso ainda não faz dele especialista destas matérias, tanto mais que nem todos os “judeus” têm sucesso económico nos termos que ele parece usar para generalizar a experiência do seu grupo.

Vamos supor, só para puxar a reflexão até às últimas consequências, que este rabino domina estas matérias (se calhar estudou economia ou é ele próprio homem de negócios). Ainda assim, tínhamos que perguntar como é que ele sabe do comportamento económico dos negros, isto é, o que ele diz é resultado de experiência própria, de observação, de leitura ou de quê? Tenho em mim que perdendo algum tempo a reflectir esta questão fundamental podemos temperar um bocado a nossa credulidade. Com isto não quero dizer que só especialistas na matéria é que possam se pronunciar sobre as coisas. Claro que não. Mas confiar em especialistas é sempre mais aconselhável. Quem lê o que este “rabino” diz numa entrevista descontextualizada concorda, na verdade, com as suas próprias crenças, não com o que ele disse.

O segundo exercício básico consiste em determinar com alguma segurança o alvo do que se diz. Em linguagem mais metodológica falaríamos de “unidade de análise”, isto é o portador da informação relevante. Neste caso há dois, nomeadamente os judeus por um lado e os negros por outro. A questão aqui é até que ponto estas unidades são mesmo relevantes e se prestam a uma comparação útil. Os judeus foram vítimas duma das maiores atrocidades cometidas por Homens contra outros Homens. Neste sentido, até se pode dizer que os judeus e os “negros” foram igualmente maltratados pela história. Mas é verdade? Duvido.

Os judeus foram, de facto maltratados, mas uma das formas de mau tratamento que eles receberam acabou sendo, a longo prazo, “boa” para eles. Para além do estigma de terem morto o “Salvador”, ou por causa disso mesmo, a sua segregação na Europa deixou-os como os únicos que podiam fazer transações financeiras com cobranças de juros (até hoje, por exemplo, o Islão defende um conceito de banca sem juros). Numa altura em que o capitalismo estava a emergir eles cedo ganharam muita influência e poder (o que explica o seu uso constante como bode expiatório para os problemas europeus, algo que culminou com as atrocidades Nazis). O rio que atravessa a cidade onde trabalho, o Reno, teve em tempos uma ilha onde foram incinerados os membros da comunidade judia na sequência da acusação que eles sofreram de terem causado o terramoto do século XIV que arrasou a cidade de Basileia. Sabe-se hoje que a principal razão foi o facto de muitas famílias influentes desta cidade estarem pesadamente endividadas.

Portanto, os judeus têm uma trajectória histórica terrível (como a dos negros), mas no seu caso essa trajectória conferiu-lhes uma certa vantagem a longo prazo. Podemos dizer o mesmo dos negros, sobretudo se pegarmos nas formas que o colonialismo e o comércio de escravos assumiram no continente africano e nas Américas? Claro que não. É só ver a vergonha que ainda hoje é a forma como no Brasil e nos Estados Unidos se fez a emancipação, sobretudo quando aqueles que sempre viveram do privilégio acusam os “negros” de serem aquilo que a injustiça histórica fez deles.

Isto não é para dizer que a forma como a História nos vitimiza justifica tudo. Não. É simplesmente para dizer que devemos desconfiar de todo o relato que não tenha sensibilidade histórica. É simples perceber isto. Muitos dos que estão bem hoje na nossa própria sociedade – sobretudo os seus filhos – pensam que estão bem porque foram mais diligentes, mais precavidos, mais trabalhadores. Muitos pensam que aqueles que hoje são pobres são-no porque são preguiçosos, não souberam gerir a sua vida, etc. É claro que isso não é bem assim. Sem minimizar o esforço dos que se saíram bem é bom não esquecer que as famosas gerações 25 de Setembro e 8 de Março são gerações abençoadas pela história. Sofreram muito, disso não restam dúvidas, mas também estavam muito melhor posicionadas para colher dividendos que hoje escasseiam. E nessa altura de recolher dividendos nem todos estavam nas mesmas condições de o fazer e isto não por falta de ambição pessoal, mas sim porque essa sorte sorria apenas para alguns. Alguns não têm consciência da sorte de que beneficiaram.

E já que estamos nisto podemos levantar mais uma questão. “Negros” é um termo muito vasto que não faz justiça à diversidade nele contida. São todos os “negros” que se entregam ao consumo e não são solidários? Isso não pode ser verdade. Interpelar criticamente um texto significa procurar saber se o que se diz é de aplicação geral ou não. Pode ser que no final de todas as contas a gente conclua que, de facto, dum modo geral os “negros” preferem o consumo, embora eu duvide que uma reflexão bem feita produza esse resultado. O mais provável é que os elementos recolhidos nos levem a levantar uma questão que, na verdade, constitui o terceiro exercício na leitura.

Esse exercício consiste em procurar saber o que explica o tipo de comportamento descrito. Porque é que os “negros” gostam mais de consumo e são pouco solidários? Na entrevista esta questão não é abordada. Fica-se com a impressão de se tratar dum defeito genético que não pode ser corrigido. Há um certo sentido em que uma boa parte das suposições por detrás das políticas de auxílio ao desenvolvimento assenta neste tipo de pressuposto. É como se fossemos incorrigíveis. Ora, da mesma maneira que a proverbial avareza judia pode ser vista como um hábito que resultou dum mecanismo cultural de autodefesa pode ser que a preferência “negra” pelo consumo seja também um mecanismo cultural de defesa contra uma História “madrasta”. Há um livro aí muito interessante, “Poor Economics”, da autoria de Abhijit V. Bannerjee e Esther Duflo, que tem uma abordagem muito interessante do comportamento económico dos pobres ao mostrar quão racional esse comportamento é em face dos constrangimentos estruturais a que eles estão sujeitos. Um exemplo particularmente interessante é o de uma família pobre que mal tem dinheiro para se alimentar devidamente, mas tem, por exemplo, um aparelho TV. Segundo eles, entre uma melhoria insignificante na sua dieta e fazer algo que lhes dê prazer a posse de TV pode ser mais interessante. Não se trata de nenhuma justificação, mas sim dum convite à compreensão do contexto dentro do qual certos hábitos nascem e se consolidam. Portanto, ler um texto que nos deixa apenas com a impressão de que certos grupos têm comportamentos “irracionais” sem nenhuma tentativa de entender o contexto dentro do qual esses comportamentos nascem pode servir apenas para reforçarmos as nossas crenças e não necessariamente entender o assunto em questão.

Ler é um exercício duro porque exige que sejamos implacáveis com as nossas próprias crenças. Como regra geral podemos dizer que quando não temos nenhuma dificuldade em entender uma determinada coisa é porque ela reflecte as nossas crenças. Não há nada de errado nisso se não nos esquecermos de testar as nossas crenças. O erro vem de nós aceitarmos as coisas porque elas reflectem as nossas crenças. Infelizmente, vejo muito disso em algumas das abordagens que fazemos do nosso próprio país. Era tão fácil se o verdadeiro problema africano (ou “negro”) fosse mesmo o gosto pelo consumo. Tão fácil quanto o Sporting ganhar o campeonato português de futebol por favorecimento pela arbitragem…




27 comentários
Comments

Felix Goia Professor Professor..... No more comment


Júlio Mutisse Obrigado mano!

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Mario Bento Vasco Este texto devia ser inserido num manual qualquer e ser de leitura obrigatória. Obrigado, Professor!

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Clovis Macave Esta bem colocado!

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Mussá Mohamad Grande ensinamento...

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Gabriel Muthisse Kkkkkkkkkkkkk. Ha-de haver muitas justificações para a nossa pobreza: "corrupção dos politicos", "a recusa de descalçarmos os sapatos sujos", o "o nosso gosto pelo consumo".... Todas estas justificações podem, em certos casos, ser reais. Mas nenhuma delas é a verdadeira razão, de per si, do nosso atraso. Desconhecer a história, naquilo que é hoje a situação dos africanos ou dos afro-descendentes levar-nos-aa sempre a analises incompletas. Ha muita gente que desconhece, por exemplo, que, além, do analfabetismo, até ao fim do colonialismo, os negros estavam, no geral, impedidos de ter empreeendimentos empresariais. É evidente que, só com este impedimento, se pode entender a fraca acumulacao de capital, sobretudo o humano, na forma de conhecimentos sobre como se desenvolve um empreendimento empresarial. Podemos criar varias empresas, mas carecemos de conhecimento de como se criam sinergias, como se constroi confiança com eventuais parceiros, como se mobiliza capital e como se compra conhecimento que nao temos.

Reproduzir as "conclusões" do "rabino" é uma manifestação da nossa incapacidade para entendermos o quadro todo do nosso atraso.


Elisio Macamo é grave.

Juma Aiuba Particularmente, aqui na Pérola do Indico parece que estamos a desenvolver uma teoria negativista que eu chamaria de "teoria do fundo do poço". Estou a tentar estudar esta teoria.

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Elisio Macamo gosto dessa expressão!


Vicente Manjate De facto, um continente que não produz (o africano ou, "negro"), tem de se especializar em consumir o que os outros produzem, não sendo o consumismo sua característica genética mas sim, oportunidade de sobrevivência. Os judeus, dada a perseguição que sofreram, em algum momento histórico e lugar, foram acolhidos e protegidos noutros lugares, o que lhes deu vantagem em relação aos escravos negros. Só me falta ver alguém deixar a barba crescer feito um judeu, à espera que assim, milagrosamente, adquira poder económico.

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Mussá Mohamad De certo que se os politicos fossem menos corruptos, estaríamos menos pobres. Concordando,que esse não é o factor empobrecedor per si.

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Elisio Macamo simples demais essa equação...

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Mussá Mohamad Deixamos as equações complexas a cargo do prof. Elisio Macamo.

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Elisio Macamo só um exemplo: suharto, da indonésia, foi mais corrupto do que nyerere. ambos reinaram durante 30 anos. advinha qual deles deixou o país em melhor estado económico...

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Mussá Mohamad Suharto...


Mussá Mohamad Repare,que no meu comentário saliento o facto do factor corrupção, não ser de per si, o motivo do empobrecimento, mas um factor preponderante combinado com outros, caro professorElisio Macamo.

MauelAgostinho Bata Uma reflexão interessante.

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João Paulo Marime Professor pensei que hoje fôssemos desanuviar e falar do Sporting e do seu treinador, o quase Cristo tuga, porque a ultima chamada de atenção ainda anda a baila sobre nós mas tou rendido ao texto.


Elisio Macamo dessa religião podemos falar...

Reginaldo Mangue Grande análise. Também fiquei incomodado com alguns comentários dos meus patrícios. Aceitar que o negro é apenas consumista, nunca solidário me pareceu uma generalização assustadora. Na realidade a única coisa que me incomoda na história dos negros - falo da escravidão - é como se explica o facto de terem aceitado o branco escravizar. Porquê não aconteceu o contrário.

Mussá Mohamad Escravatura é um mal, seja qual for a posição.


Reginaldo Mangue Rectifico: única coisa não. Quer dizer, concordo com o Mussá Mohamad quando afirma legitimamente que a escravatura foi, é e sempre será um mal. Mas como os negros se sujeitaram a isso?

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Mussá Mohamad Não se sujeitaram, foram sujeitos...

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Reginaldo Mangue Exacto. Mas a história conta que alguns reis africanos vendiam os seus concidadãos. Actualmente reclamamos de neocolonialismo.


Mussá Mohamad Pois, conheces o provérbio Africano que diz:
"O feiticeiro só entra com a ajuda de alguém da nossa casa"

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Reginaldo Mangue Por isso mesmo, alimento certas reticências quanto a nossa auto vitimização.


Mussá Mohamad A maioria é vítima, a minoria é cúmplice...

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Elisio Macamo a história é complexa. a áfrica como a pensamos hoje não existia nessa altura. os tsonga que lutaram ao lado dos portugueses contra ngungunyan não o fizeram apenas por burrice, nem sabiam que planos mouzinho de albuquerque tinha. é importante estudar a história para percebermos algumas das acções dos nossos antassados.

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Elisio Macamo *antepassados.

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Reginaldo Mangue Certo professor.

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Mussá Mohamad Os tsongas que lutaram ao lado de Mouzinho contra ngungunhana,não sabíam das reais pretenções dos portugueses, porém estavam cientes de estar a combater o seu conterrâneo a favor do extrangeiro desconhecido, também estavam conscientes do mal que faziam aos seus irmãos, quando os negoceavam com os extrangeiros , mesmo não tendo a real noção das atrocidades que estes iríam passar durante o percurso até ao destino,como escravos.
Portanto, houve traidores em todas etapas da nossa história de luta e resistência contra a dominação extrangeira.


Elisio Macamo cuidado com o acronismo na sua reflexão. é complicado julgar as pessoas naquela altura usando os termos de hoje. a cor da pele como critério de solidariedade surgiu muito mais tarde por causa da experiência colonial. para os tsongas o império de gaza era algo externo, brutal e opressor. os portugueses foram vistos por muitos como um aliado legítimo. quando ngungunyan foi deportado ao longo da viagem de barco que ele fez até a foz do rio limpopo no xai-xai havia filas de gente ao longo das margens a insultá-lo. em maputo, muita gente foi lá insultá-lo, não foi ver a partida dum heroi para o exílio forçado. o regresso dos restos mortais desse déspota foi uma das maiores afrontas à memória dos povos do sul de moçambique. e não se esqueça que até essa altura nunca tinha havido nenhum lugar público com o nome dele, só com magigwani. mas isso é outro assunto...

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Mussá Mohamad Compreendo, e aceito,prof. Elisio Macamo...
Pelo argumento,sou convidado a concordar...

Manuel Viriato Comento apenas para registar e ler com mais calma ao chegar a casa. Gostei do inicio

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Excelente texto
Uma aventura ao futebol para a reflexão sobre a racionalidade económica dos negros e judeus. Como um bom Sportinguista com certeza que puxou a “sardinha para a sua brasa”! Um campo chamado futebol que por vezes esta minado de falta de consenso no que concerne a avaliação das situações de jogo! O lado emocional depende mesmo da perspectiva de análise que cada um assume em relação ao seu clube, mas por outro lado, os factos em si são reveladores de situações evidentes (mas sempre com margem de discussão). O futebol português é sintomático em situações desta natureza e em contrapartida assistimos noutros campeonatos (Inglês, Alemão, Espanhol) uma redução significativa. Qualquer semelhança com nosso futebol é mera coincidência. O campo desportivo é propenso a crenças simplistas e ingénuas (crer com facilidade), esta é uma faca de dois gumes (Todos somos realmente vítimas, Sportinguistas e Benfiquistas), mas isto não quer dizer que não se pode fazer uma leitura ou comentário sem ingenuidade e simplicidade! Se um Benfiquista afirmar que o lance do golo (penalti) é duvidoso não pode ser visto como simples porque a afirmação partiu de alguém que tem interesse no resultado e vice-versa! Ai recorremos aos critérios/regras estabelecidas para avaliação destas situações! Deixemos de futebol!!! Risos

O problema de crer com facilidade as agendas do desenvolvimento (tal como o Relatório do Desenvolvimento Humano) resulta sobretudo do fraco investimento na leitura para o desenvolvimento de uma cultura crítica. Li esse artigo e não concordei com os argumentos apresentados e achei muito fraco a sua argumentação, mas ao mesmo tempo lembrei de algumas passagens de alguns teóricos/filósofos (Montesquieu) que falava sobre a influência da componente física (clima/relevo) no comportamento ocioso e do trabalho em certas regiões do mundo. E ainda recordo-me do Frantz Fanon, o homem da Martinica na sua célebre obra “Peles Negras Máscaras Brancas”. Na obra Fanon alude-nos a compreendermos que o branco evoca a superioridade sobre o negro, mas que também nos negros temos uma dose de culpa por certas vezes considerarmo-nos inferiores aos brancos. É possível que a unidade de pesquisa e a fonte de informação diferem, teríamos para este caso concreto, como fonte de informação (o rabino) e a unidade de pesquisa (judeus e negros), o que exige um distanciamento com a crença, valores, etç. A análise comparativa pode (probabilidade) induzir a leituras comprometidas e exige de nós uma roptura, que por sua vez deve levar-nos a compreender porque este determinado povo opta por certo padrão de comportamento, e isso deve ser feito sem generalização e dentro dos seus respectivos contextos, e não tomar a, (África, Africanos, Negros) catalogados na mesma forma de agir, pensar, sentir, etç.


Elisio Macamo sim, vamos deixar o futebol para lá... apenas para dizer que algumas formas de olhar o futebol têm uma certa pertinência para as questões do desenvolvimento. por exemplo, pensamos que quem ganha (fora do sporting, é claro) é porque é melhor e fez tudo bem. esquecemos que no final dum campeonato tem que haver uma classificação. mas toca a "explicar" o insucesso..


Fernando Costa Professor, o Sporting aprendeu a custas proprias a ser judeu..

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Elisio Macamo risos. reconciliando-se com um impostor (jesus)? hmmm

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Fernando Costa pagou mais que as moedas biblicas... mas os tempos sao outros!

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Elisio Macamo hahaha!

Télio Chamuço Li com redobrado prazer ("comme d'hab" quando leio os textos da lavra do Prof.) os ensinamentos relativos a questão do consumo, bem como absorvi os "três exercícios básicos que envolvem a leitura crítica". Mais um serviço público de transmissão de conhecimento!!
PS: No que toca ao Sporting, pela primeira vez leio o Prof. a defender algo de que nem ele próprio acredita...

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Dereck De Zeca Mulatinho Obrigado por mais um ensinamento professor.
Boas entradas e tenha um ano feliz.

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Elisio Macamo boas entradas, igualmente!

Muzila Wagner Nhatsave Na mosca Gabriel Mutisse

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Celso Lourenco Bonita forma de mergulhar leitores preguicosos num tema que se acredita de pouco interesse (pode ate ser de muito valor).

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João Carlos A autoflagelação parece que nos serve de consolo

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Emilio Maueie Ao ler este post vejo-me como aquela criança que volta da escola bem satisfeita porque conseguiu um 15 na redação (sobre alguma coisa ou ideia). Isso porque, um dos "amigo" da minha "amiga" no Facebook me perguntou porquê eu (no comentário que fizera) achava a intervenção (do jedeu autor do post) era "insípida" e com muita pobreza na argumentação. Na resposta eu disse que, eu, tinha problema pra entender a sociedade de negros. Como não compreendesse isso, tinha também dificuldades em determinar os seus líderes corruptos.

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Emilio Maueie Esses elementos sao primarios para o exercício de compressão desta intervenção. Depois disso, teríamos procurar elementos de avaliação da ecomia dos "negros", a sua estrutura e, já agora (atendendo que nos dá aqui), o contexto histórico.

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Nuno Luis Amone Boas entradas e bom ano Professor, penso que para além da falta da cultura crítica há o problema dor isto é chego a ideia do que pensar de uma forma crítica doe muito para muito de nós.

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Elisio Macamo obrigado, igualmente. um ano com menos dor.


Noe Nhancale Essa transição do futebol para questões sócio-económicas me ganhou (risos),concordo com a explanação do prof. alias também fico muito arrepiado com analises que assentam sobre o preconceito e inferioridade de uma raça (sempre a negra no caso), sobre a(s) outra (a), e isto doí mais porque nos próprios acreditamos e reproduzimos isso constantemente. Por isso evito usar expressões como vida negra, mercado negro, entre outras!

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Manuel Viriato Como tinha ontem, achei o texto bastante interessante. Obrigado Prof Elisio Macamo por remeter-nos uma vez mais a reflexão e não ao consumismo (estávamos alguns de nós prontos a consumir mais uma noticia sem antes julgar a sua pertinência). 
Ter iniciado abordado o Sporting foi bom. Em relação a suposta entrevista do líder Judeu deixo algumas observações em relação a algumas passagens para de algum modo corroborar com seu posicionamento.
" Os negros não entendem a importância de criar e construir riqueza" Me pergunto que tipo de riqueza o líder se refere? Me parece nós fomos ensinados a pensar que riqueza não é dinheiro mas sim, gado, terras, filhos e outros elementos. Somos normalmente ensinados a pensar que dinheiro é mau e não traz felicidade. Lamentavelmente, somo ensinados a acumular passivos e desperdiçar activos. Não acho que essa questão seja ligada a raça negra, é uma questão ligada a forma como tem sido educadas as sociedades, principalmente as Africanas.
"Apenas 6% de dinheiro negro volta para sua comunidade. É por isso que judeus estão no topo e os negros estão na parte inferior da escada de cada sociedade." Desde o principio dos tempos que os Judeus se consideram uma raça superior eles confiavam em si mesmos, consideravam-se justos e desprezavam os outros. Relatos sobre esse comportamento podem ser encontrados na parábola do bom samaritano ( Lucas 10:30-37). Qual a experiência que o líder Judeu tem em relação aos Africanos e ou aos negros para considera-los na escala inferior de cada sociedade? Não me parece que o presidente dos EUA (uma potencia Mundial) seja Judaico, pelo contrario é de origem negra. Não vejo muito paralelismo entre o Judaísmo e a riqueza.
"Os negros devem assumir as suas responsabilidades . Os negros devem se unir e lutar veementemente contra os líderes corruptos que afundam o país, porque só sabem correr para FMI como se o FMI fosse o Papai Natal." Não são os negros que devem se unir é a sociedade. 
PS: Moçambique é um país com habitantes de várias raças. Devemos todos (negros, mulatos, brancos, albinos) lutar contra a corrupção que afunda país. Não se trata dos negros, trata-se da sociedade Moçambicana, trata-se da responsabilidade que cada um de nós tem para o seu desenvolvimento pessoal e colectivo. Cada um de nós tem sua responsabilidade na luta contra os males que enfermam determinada sociedade e esse papel não pode ser visto como de determinada raça unicamente. Não vamos deixar-nos levar por esta tentativa de proliferar o racismo em nossas comunidades...

Arnaldo Cumbane Obrigado Professor pelo texto... Alguém dizia... "Ler é o exercício pleno da democracia..." Mas não basta só ler. É preciso ler criticamente como o professor sublinhou isso nas entrelinhas e muito mais, enfim é duvidar e investigar.

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