Nyusi diz que intermediários são problema para obtenção da paz
Filipe Jacinto Nyusi disse que está a usar todas as vias possíveis para alcançar a paz no país, acusando intermediários de quererem ganhar importância e não transmitirem as mensagens corretamente às respetivas lideranças.
"Os intermediários, devido à importância que pretendem ganhar neste processo, por vezes, não transmitem fielmente as mensagens emitidas pelas partes", afirmou Filipe Nyusi, num encontro com o corpo diplomático sem apontar nomes nem mencionar diretamente a crise política com a oposição da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana).
"Continuaremos a encurtar o caudal dos intermediários para conseguirmos encontros diretos com as lideranças envolvidas", declarou o chefe de Estado no encontro de fim de ano com os diplomatas acreditados em Maputo, considerando que a paz é "o dossiê mais importante para os moçambicanos".
Filipe Nyusi assegurou que o Governo está a trabalhar na paz "usando todas as vias possíveis de diálogo" e mostrou-se confiante de que "a vontade comum sairá vitoriosa e vencerá sobre a desconfiança".
No discurso sobre o estado da nação, na quarta-feira no parlamento (sem a presença dos deputados da Renamo, que abandonaram a sala do plenário), o Presidente da República reiterou a sua disponibilidade para se avistar com o líder do maior partido de oposição, Afonso Dhlakama, para superar a atual crise política.
No mesmo dia, Dhlakama, que não é visto em público desde que a polícia cercou e invadiu a sua casa na Beira, a 09 de outubro, numa operação de recolha de armas da oposição, disse por telefone a jornalistas e membros do seu partido, reunidos num hotel em Maputo, que tenciona controlar a partir de março as seis províncias no centro e norte do país onde reivindica vitória eleitoral.
Os pronunciamentos dos dois líderes seguiram-se ao chumbo pela maioria da Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique) no parlamento, a 07 de dezembro, da proposta de revisão pontual da Constituição, submetido pela Renamo, visando a criação de autarquias provinciais, como forma de ultrapassar o que o maior partido de oposição considera ter sido uma fraude nas eleições gerais de 15 de outubro de 2014
Além da proposta de revisão da Constituição, a Frelimo já tinha chumbado em abril um projeto de lei da Renamo prevendo a criação das autarquias provinciais.
Na quarta-feira, Dhlakama assegurou que voltou a Sadjundjira, na Gorongosa, uma das principais bases da Renamo e onde já passara quase dois anos, durante a última crise política e militar com o Governo, entre 2013 e 2014, e apenas mostrou disponibilidade para retomar o diálogo com Filipe Nyusi após assumir o controlo das seis províncias no centro e norte do país onde reivindica vitória eleitoral.
Delegações da Renamo e Governo mantinham um diálogo de longo-prazo em Maputo, com mediação de personalidades da sociedade civil e líderes religiosos, e que foi entretanto suspenso pelo líder da oposição, alegando que não havia progressos.
Foram os mesmos mediadores que acompanharam a saída de Dhlakama da Gorongosa, onde estivera escondido durante duas semanas, depois de a 25 de setembro a comitiva do líder da Renamo se ter envolvido numa troca de tiros com as forças de defesa e segurança na província de Manica.
Logo após a saída do seu refúgio para a sua residência na Beira, a 09 de outubro ocorreu a operação policial que culminou na captura de armas da oposição e em novo desaparecimento de Dhlakama, alegadamente de volta para a Gorongosa.
HB // EL
Lusa – 18.12.2015
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