José Pacheco e EMOCHM gastaram 540 milhões de meticais (#canalmoz)
Os mediadores nacionais apontam os sucessivos impasses entre o Governo e Renamo como a principal causa do insucesso da missão da EMOCHM.
Maputo (Canalmoz) – O Governo divulgou parte do relatório dos fundos atribuídos para o funcionamento da Equipa Militar de Observadores Internacionais da Cessação das Hostilidades Militares, que foi extinta por decisão unilateral do Governo.
Segundo o Governo, A EMOCHM gastou 540,2 milhões de meticais durante o seu período de vigência. O fundo era gerido pessoalmente pelo ministro da Agricultura José Pacheco, que é o chefe da delegação negocial do Governo.
Segundo o porta-voz do Governo, Mouzinho Saíde, 324 milhões de meticais foram atribuídos para as despesas de funcionamento e 216 milhões de meticais para o investimento.
Os delegados da EMOCHM queixaram-se, por várias vezes, das condições de trabalho. Em alguns casos, afirmaram que não conseguiam fazer chamadas porque tinham de implorar a José Pacheco uma recarga para o telefone celular.
Mouzinho Saíde, que falou aos jornalistas no final da 17.ª sessão do Conselho de Ministros, disse que todo o valor foi para “o alojamento, alimentação, subsídios, ajudas de custo, passagens, consumíveis, combustíveis, aquisição de viaturas, equipamento de comunicação, formação e material de intendência”. Mouzinho Saíde referiu também a aquisição de 59 viaturas e o pagamento de subsídios a observadores internacionais e nacionais, no valor de cerca de 20 % do orçamento atribuído.
As despesas incluem a aquisição de materiais de intendência (tendas, camas, roupa de cama, cacifos, geradores, tanques de água, fogões, frigoríficos, material de cozinha e de refeitório), no valor de 63,3 milhões, para acomodar as “forças residuais” da Renamo.
Mediadores nacionais culpam Governo e Renamo pelo fracasso da missão
Na hora da despedida, o comandante da EMOCHM, o brigadeiro, Therego Seretse, considerou que a missão foi um fracasso, o qual, segundo os mediadores nacionais, deve ser imputado aos sucessivos impasses produzidos pelos principias intervenientes nas negociações.
“A nossa apreciação é de que a EMOCHM não teve culpa nisto. Faltou à EMOCHM matéria-prima que devia ser produzida na mesa das negociações, o que não aconteceu”, disse o sheik Habibo do grupo dos mediadores nacionais.
Entre as partes só restam acusações.
Mouzinho Saíde diz que a culpa é da Renamo, que não entregou a lista dos seus homens. E Renamo diz que o Governo deve apresentar a matriz sobre onde quer colocar os seus homens, e as respectivas posições a ocupar nas diversas unidades das Forças Armadas. Assim terminou a EMOCHM. O dinheiro foi gasto para nada.
Prazo de 24 horas para abandonar o país
Entretanto, termina hoje, quinta-feira, 4 de Junho, o prazo dado pelo Governo moçambicano para que todos os militares estrangeiros que estavam integrados na EMOCHM abandonem país.
Com efeito, todos os observadores têm o prazo até à meia-noite de hoje para se retirarem do país, A partir daí, perderão o estatuto diplomático que possuíam, segundo o estabelecido nos Termos de Referência assinados pelo Governo e pela Renamo, em observância da Convenção de Genebra. (André Mulungo e Bernardo Álvaro)
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