Essa conclusão foi retirada pela expedição conjunta de peritos do Ministério da Defesa da Federação da Rússia e da Sociedade Russa de Geografia, e que realizou a monitorização da radioatividade na região das ilhas Curilhas – Kamchatka, perto do oceano Pacífico.
O percurso completo do navio de pesquisa Professor Khlyustin foi de mais de 4,5 mil milhas náuticas. As medições dos níveis de radioatividade foram realizadas nas águas do mar de Okhotsk e do Japão, bem como no noroeste do oceano Pacífico. Yuri Lukyanov, líder da expedição por parte da Sociedade Russa de Geografia, conta-nos o seguinte:
“A Sociedade Russa de Geografia conseguiu, num tempo recorde, organizar a primeira expedição em 2011, praticamente após duas semanas da catástrofe de Fukushima. A nossa expedição era a terceira, pois a necessidade de monitorização depois desse tipo de catástrofe tecnológica continua a ser atual.
Desta vez, ela integrou químicos radiologistas, que fizeram medições em profundidade de 200 metros. Além disso, monitorizaram o ar. Aliás, fizeram-no de forma continuada: o ar era corrido através de filtros especiais que eram substituídos diariamente. E posso afirmar que levamos a cabo um grande trabalho.”
A necessidade de um trabalho tão meticuloso é justificada pelos cientistas pelo fato do Japão continuar a enfrentar dificuldades em afastar as consequências da catástrofe tecnológica na Central Termonuclear Fukushima 1. Avarias dos equipamentos e perdas de água radioativa continuam a perseguir o operador da estação quase três anos após o acidente de 2011. De acordo com a avaliação dos especialistas, para a liquidação das consequências catastróficas da avaria na Central Termonuclear Fukushima 1 pode levar algumas décadas. Contudo, as autoridades do Japão fazem tudo para minimizarem as consequências do acidente.
Nessa tarefa até a natureza os ajuda, diluindo a ameaça radioativa com uma corrente potente. O único país que está ameaçado são os EUA, refere Yuri Lukianov:
“Se olharmos para o esquema global das correntes no oceano Pacífico, podemos ver perfeitamente que o efeito de Fukushima pode reflectir-se, antes de mais, na costa ocidental dos EUA, na região da Califórnia. As correntes podem ir mais rápido, mais devagar, mais a sul ou mais a norte, mas invariavelmente só naquele sentido, em direção aos EUA.
Quando essa corrente de água depois vira no sentido do Extremo Oriente russo, ela já não representa perigo. Apesar da potência do oceano Pacífico ser de tal ordem que dilui tudo, por isso é que aquilo, que rapidamente chega à costa americana, não é crítico.
Contudo, os processos devem ser acompanhados ainda durante cerca de uma década. Pois as fugas radioativas continuam a ocorrer. E a poluição radioativa, que chegou e continua a chegar ao oceano, desce para as suas camadas mais profundas. E concentra-se lá no fundo. E isso significa que existe a possibilidade dessa poluição chegar à cadeia alimentar, e consequentemente à mesa, ou seja os recursos biológico podem, de forma acidental, acumular material radioativo”.
A Central de Fukushima foi construída num local onde existem lençóis freáticos altos. E o nível de hermetismo do isolamento hídrico enfraqueceu após o terramoto, por isso passam sempre correntes para os lençóis freáticos que correm para o mar.
O navio de pesquisa da Sociedade Russa de Geografia concretizou 16 paragens em águas da zona oriental do arquipélago das Curilhas e na ilha de Ilonshu, onde, com recurso a aparelhos especiais, foram realizadas não só medições-expresso da água do mar, mas também análises detalhadas da flora, da fauna e do solo oceânico. Atualmente não foram registrados níveis anormais de radioatividade.
Leia mais: http://portuguese.ruvr.ru/news/2014_12_01/As-guas-radioativas-de-Fukushima-s-o-perigosas-para-os-EUA-6572/
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