Gabriel Muthisse
As redes sociais andam agitadas. Se assumirmos, o que de resto é errado, que elas representam o sentir do país inteiro, poderíamos concluir que as próximas eleições serão problemáticas para a FRELIMO. Na verdade, as redes sociais e, sobretudo o facebook, sugerem a existência de uma muita espalhada insatisfação e frustração com o Partido no poder e sua liderança máxima. As recentes manifestações na...s cidades de Maputo, Beira, Nampula e Quelimane parecem confirmar esta percepção de um profundo desencanto, particularmente em relação ao Presidente Guebuza.
Será que esta efervescência das redes sociais reflecte o verdadeiro sentir do país inteiro? Será que a insatisfação que se lê no facebook, em alguma imprensa e que, de certo modo, se reflectiu nas marchas da ultima semana se transformará em votos para os Partidos da oposição nas próximas eleições autárquicas e, mesmo, nas parlamentares e presidenciais do próximo ano?
Os Partidos da oposição ou seus líderes que assumirem esta perspectiva podem estar a pavimentar uma estrada cheia de mentiras, equívocos e frustrações. Para quem sai um pouco fora dos cafés, tertúlias e circuitos muito frequentados pelas elites intelectuais urbanas é fácil dar-se conta da ainda enorme popularidade da FRELIMO e do Presidente Guebuza.
Há de facto uma enorme convergência entre um certo extracto de apoiantes de diversos Partidos no seu criticismo das políticas e performance do Governo e do Presidenta Guebuza. Pode-se dizer, sim, que em alguns circuitos sociais, militantes da FRELIMO, do MDM e da Renamo podem muito bem concordar, convergir, no que eles dizem sobre o Governo e sobre o Presidente (sobretudo na apreciação que fazem sobre a estratégia para acabar com a desestabilizacao do grupo próximo a Dlhakhama ou sobre a resposta pouco efectiva aos raptos) mas isto nao significa que eles vão votar no Partido que mais verbalizou ou expressou maior criticismo ao Governo ou ao Presidente Guebuza. Frase muito longa, esta ultima, mas não tive como encurta-la.
Embora a zanga e o criticismo de alguns sectores ao Governo e ao Presidente possa eventualmente afectar negativamente o Partido no Governo, a perda de apoio à FRELIMO não será directamente proporcional aos níveis de frustração. Existe ainda, e por muito tempo, uma enorme barreira de apoio à FRELIMO e seus dirigentes.
Acredito até, que uma parte substancial dos críticos pode escolher se ausentar das mesas de voto do que votar contra a FRELIMO. Obviamente que seria cego se não admitisse que esta opção pode beneficiar a oposição ao conferir-lhe um maior peso especifico, no contexto do nosso sistema de representação proporcional. Esta pode vir a ser uma consciente decisão para punir o Partido no poder.
Nao vejo, todavia, nenhuma dinâmica desenrolando-se no cenário político moçambicano que me diga que haja uma nova tendência de voto se costurando. Não vejo isso nos distritos urbanos, não vejo isso nos distritos rurais, não vejo isso nos bairros, não vejo isso nas aldeias. E, felizmente, pelo meu trabalho, tenho estado em vários desses lugares.
Julgo, também, que os Partidos políticos da oposição devem gerir melhor as suas expectativas em relação à geração pos-1994, que não viveu a guerra e, muito menos, o colonialismo. Pode ser pouco realístico pensar que, por causa da falta daquelas vivências, essa juventude vá necessariamente votar na oposição, contra a FRELIMO. Essa geração foi socializada em comunidades e famílias com uma memória viva do colonialismo e dos horrores da guerra da Renamo (não esquecer que em muitos círculos o MDM é visto como um mero filho de Dlhakhama que, por birra, bateu com a porta da casa do pai). Muitos desses jovens atribuem inquestionavelmente ao movimento de libertação as mudanças positivas que Moçambique experimentou em vários domínios. Atribuem à FRELIMO as melhorias na mobilidade social dos pais, o acesso à educação superior, a reconstrução pos-guerra, a atracção massiva de investimentos, que abre perspectivas para uma melhoria adicional das suas condições de vida e a própria existência da nacionalidade e de Moçambique, na sua actual configuração política e económica.
Podendo, muito embora, melhorar a sua performance e podendo, ainda, conquistar mais alguns municípios, a oposição, no seu todo, está ainda muito longe de representar uma ameaça séria à hegemonia política da FRELIMO. Portanto, recomendo alguma prudência na maneira eufórica como alguns profetas apressados projectam eleitoralmente as zangas do facebook e, mesmo, as marchas recentemente acontecidas em algumas das nossas cidades. Afinal, no primeiro mandato de Guebuza houve também manifestações, algumas delas violentas. Mas isso não impediu que a FRELIMO conquistasse folgadas vitórias nas autárquicas de 2008 e nas gerais de 2008;See more
Será que esta efervescência das redes sociais reflecte o verdadeiro sentir do país inteiro? Será que a insatisfação que se lê no facebook, em alguma imprensa e que, de certo modo, se reflectiu nas marchas da ultima semana se transformará em votos para os Partidos da oposição nas próximas eleições autárquicas e, mesmo, nas parlamentares e presidenciais do próximo ano?
Os Partidos da oposição ou seus líderes que assumirem esta perspectiva podem estar a pavimentar uma estrada cheia de mentiras, equívocos e frustrações. Para quem sai um pouco fora dos cafés, tertúlias e circuitos muito frequentados pelas elites intelectuais urbanas é fácil dar-se conta da ainda enorme popularidade da FRELIMO e do Presidente Guebuza.
Há de facto uma enorme convergência entre um certo extracto de apoiantes de diversos Partidos no seu criticismo das políticas e performance do Governo e do Presidenta Guebuza. Pode-se dizer, sim, que em alguns circuitos sociais, militantes da FRELIMO, do MDM e da Renamo podem muito bem concordar, convergir, no que eles dizem sobre o Governo e sobre o Presidente (sobretudo na apreciação que fazem sobre a estratégia para acabar com a desestabilizacao do grupo próximo a Dlhakhama ou sobre a resposta pouco efectiva aos raptos) mas isto nao significa que eles vão votar no Partido que mais verbalizou ou expressou maior criticismo ao Governo ou ao Presidente Guebuza. Frase muito longa, esta ultima, mas não tive como encurta-la.
Embora a zanga e o criticismo de alguns sectores ao Governo e ao Presidente possa eventualmente afectar negativamente o Partido no Governo, a perda de apoio à FRELIMO não será directamente proporcional aos níveis de frustração. Existe ainda, e por muito tempo, uma enorme barreira de apoio à FRELIMO e seus dirigentes.
Acredito até, que uma parte substancial dos críticos pode escolher se ausentar das mesas de voto do que votar contra a FRELIMO. Obviamente que seria cego se não admitisse que esta opção pode beneficiar a oposição ao conferir-lhe um maior peso especifico, no contexto do nosso sistema de representação proporcional. Esta pode vir a ser uma consciente decisão para punir o Partido no poder.
Nao vejo, todavia, nenhuma dinâmica desenrolando-se no cenário político moçambicano que me diga que haja uma nova tendência de voto se costurando. Não vejo isso nos distritos urbanos, não vejo isso nos distritos rurais, não vejo isso nos bairros, não vejo isso nas aldeias. E, felizmente, pelo meu trabalho, tenho estado em vários desses lugares.
Julgo, também, que os Partidos políticos da oposição devem gerir melhor as suas expectativas em relação à geração pos-1994, que não viveu a guerra e, muito menos, o colonialismo. Pode ser pouco realístico pensar que, por causa da falta daquelas vivências, essa juventude vá necessariamente votar na oposição, contra a FRELIMO. Essa geração foi socializada em comunidades e famílias com uma memória viva do colonialismo e dos horrores da guerra da Renamo (não esquecer que em muitos círculos o MDM é visto como um mero filho de Dlhakhama que, por birra, bateu com a porta da casa do pai). Muitos desses jovens atribuem inquestionavelmente ao movimento de libertação as mudanças positivas que Moçambique experimentou em vários domínios. Atribuem à FRELIMO as melhorias na mobilidade social dos pais, o acesso à educação superior, a reconstrução pos-guerra, a atracção massiva de investimentos, que abre perspectivas para uma melhoria adicional das suas condições de vida e a própria existência da nacionalidade e de Moçambique, na sua actual configuração política e económica.
Podendo, muito embora, melhorar a sua performance e podendo, ainda, conquistar mais alguns municípios, a oposição, no seu todo, está ainda muito longe de representar uma ameaça séria à hegemonia política da FRELIMO. Portanto, recomendo alguma prudência na maneira eufórica como alguns profetas apressados projectam eleitoralmente as zangas do facebook e, mesmo, as marchas recentemente acontecidas em algumas das nossas cidades. Afinal, no primeiro mandato de Guebuza houve também manifestações, algumas delas violentas. Mas isso não impediu que a FRELIMO conquistasse folgadas vitórias nas autárquicas de 2008 e nas gerais de 2008;See more
2 comments:
Camaradas! Isto é assim a não ida as urnas desses jovens na net, não dá nenhuma vantagem a oposição, mas sim a nos da frelimo. Rezemos para que mesmo não vão as urnas... Se nao tiram nos do poder. Conselho amigo: jovens nao vao votar, por favor, queremos continuar no poder e a viver assim e voces ai mesmo....
e.....
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