Amosse Macamo
Um dia discuti com a minha mãe. Ela defendia que um nosso tio afastado não tinha morrido quando na verdade eu recebera notícias de fontes fidedignas que tinha. A sua convicção estava no facto de não ter visto qualquer anúncio necrológico (ela não perde a página da necrologia do notícias). Tive que explicar a minha mãe que nem todos que morrem tem a sorte de aparecer na página do obituário dos jor...nais, disse lhe que todas as fotos que via eram pagas por familiars, amigos e até inimigos.(conte-lhe até que já houve casos em que a foto de alguém vivo foi ali colocado) Lí-lhe a decepção na cara, afinal, eu deitava abaixo uma certeza que quase guiou toda a sua vida.
No início achei tão parvo o pensamento da minha mãe mas depois de reflectir dei-me conta que o jornal servia para ela como elemento legitimador.
Um jornalista ontem defendia a ideia de que a polícia deveria iniciar uma investigação para anular as eleições baseado entre outros pressupostos no facto de alguma televisão ter dito que o seu candidato ia a frente na contagem para depois os factos provarem o contrário.
Quando podia atacar o seu argumento como torpe dei-me conta que tal como minha mãe, este jornalista tem na televisão o seu elemento legitimador . se para minha mãe o meu tio não tinha morrido porque “não saiu na necrologia” para o amigo jornalista o seu candidato estava em vantagem porque “saiu na televisão”.
Estão a ver coisa nem?See more
No início achei tão parvo o pensamento da minha mãe mas depois de reflectir dei-me conta que o jornal servia para ela como elemento legitimador.
Um jornalista ontem defendia a ideia de que a polícia deveria iniciar uma investigação para anular as eleições baseado entre outros pressupostos no facto de alguma televisão ter dito que o seu candidato ia a frente na contagem para depois os factos provarem o contrário.
Quando podia atacar o seu argumento como torpe dei-me conta que tal como minha mãe, este jornalista tem na televisão o seu elemento legitimador . se para minha mãe o meu tio não tinha morrido porque “não saiu na necrologia” para o amigo jornalista o seu candidato estava em vantagem porque “saiu na televisão”.
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