Beira “a ferro e fogo”
População acusa militares de recolha compulsiva de jovens para guerra (#canalmoz)
- Ministério da Defesa Nacional desmente o recrutamento compulsivo e diz tratar-se de “boato para desacreditar o cumprimento do Serviço Militar”.
- Fonte sénior do Ministério da Defesa na Beira disse na noite de ontem ao Canalmoz que a operação existe sim, só que visa “capturar” os jovens que abandonaram a guerra e deixaram o fardamento e armas no mato. “Só que a operaçã...o foi mal executada e agitou a cidade. E a juventude mal intencionada e ladrões aproveitaram desta situação para vandalizar a cidade”.
Maputo (Canalmoz) – A cidade da Beira esteve ontem “a ferro e fogo”. Relatos dando conta de recrutamento compulsivo de jovens para engrossar as fileiras das FADM, na guerra que o Governo está a mover contra a Renamo em Sofala, colocaram a cidade em alvoroço. Primeiro se registou uma calma incomum, porque os jovens estavam com medo e não se fizeram às ruas. Depois a cidade ficou agitadíssima, porque os jovens saíram às ruas para protestar e procurar os militares que andam a recrutar as pessoas. Daí os ânimos elevaram-se e numa cidade com fama de “agitada” perdeu-se o controlo de tudo. Em poucos instantes, estava tudo a arder com os jovens de paus e catanas em punho à procura de militares. A situação agudizou-se quando a Polícia e militares saíram às ruas para combater os jovens. Há relatos que nessa agitação há jovens que foram “capturados” para parte incerta.
O Canalmoz tomou conhecimento da operação na segunda-feira, quando um empresário ligou-nos a informar que um dos seus funcionários havia escapado ao recrutamento e refugiou-se nas bancas do mercado de Maquinino. Entramos em contacto com o referido funcionário que nos disse que dois jovens que com ele caminhavam foram capturados naquela manhã. Não os conhecia.
Já nesta terça-feira, recebemos uma mensagem de um cidadão residente na Beira com seguinte teor: “Um grupo de elementos das FADM está a protagonizar operação vulgarmente conhecido como “Operação Tira Camisa”, recrutando compulsivamente jovens para parte incerta sem consentimento dos seus familiares. Esta manhã no mercado de Maquinino mais 45 jovens foram capturados e mandados tirar camisa e confiscados os seus celulares para evitar a comunicação com seus familiares. Neste momento, o mercado de Maquinino está às moscas e não faltaram oportunistas neste processo, muitos bens foram saqueados. Consta que esta operação começou na segunda-feira, os ‘chapas’ são mandados parar e retirados jovens para parte incerta”, lê-se na mensagem enviada por um cidadão residente na Beira para Canalmoz.
Os relatos de recrutamento multiplicaram-se e a cidade ficou às moscas até os jovens decidirem sair às ruas para defender “a sua liberdade”.
MDN desmente o recrutamento
O Ministério da Defesa Nacional (MDN) convocou a Imprensa na tarde de ontem para, através do director nacional de Recursos Humanos, Edgar Cossa, desmentir o recrutamento compulsivo de jovens para as fileiras das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) na Beira.
“Não constitui verdade que o Ministério da Defesa Nacional ou outra Força de Defesa e Segurança esteja a fazer o recrutamento militar compulsivo. Trata-se de boato visando desacreditar o cumprimento deste sagrado dever com a pátria”, disse Edgar Cossa.
É uma operação para recrutar militares que abandonaram a guerra
O Canalmoz contactou um oficial sénior das Forças Armadas na Beira que disse que a operação existe, mas não é para qualquer jovem. “Realmente havia uma operação da Polícia militar com objectivo de capturar militares que fugiram de vários quartéis inclusive os da Gorongosa, Muchungue e Marínguè. São jovens que abandonaram as operações na Gorongosa com medo de morrer. Muitos deles abandonaram o fardamento e armas nas matas. Só que a operação foi mal executada e agitou a cidade. E a juventude mal intencionada e ladrões aproveitaram esta situação para vandalizar a cidade”, disse-nos o oficial das FADM. Até ao fecho desta edição já havia relato de morte de um menor.
Dados oficiais colhidos junto de uma fonte do Banco de Socorro do
Hospital Central da Beira (HCB), indicam que, até as 21 : 30 horas de
ontem, haviam dado entrada naqueles serviços, 30 feridos. Deste
número, 10 baixaram, quatro estão na sala de reanimação e o restante
teve alta. Dos que estão na reanimação, dois estão em estado grave
pois, têm bala no abdomen. Até ao fecho desta edição estavam para
entrar na sala de operação com o diagnosticados hemoperitoneu. (Eugénio Bapiro/Redacção)See more
População acusa militares de recolha compulsiva de jovens para guerra (#canalmoz)
- Ministério da Defesa Nacional desmente o recrutamento compulsivo e diz tratar-se de “boato para desacreditar o cumprimento do Serviço Militar”.
- Fonte sénior do Ministério da Defesa na Beira disse na noite de ontem ao Canalmoz que a operação existe sim, só que visa “capturar” os jovens que abandonaram a guerra e deixaram o fardamento e armas no mato. “Só que a operaçã...o foi mal executada e agitou a cidade. E a juventude mal intencionada e ladrões aproveitaram desta situação para vandalizar a cidade”.
Maputo (Canalmoz) – A cidade da Beira esteve ontem “a ferro e fogo”. Relatos dando conta de recrutamento compulsivo de jovens para engrossar as fileiras das FADM, na guerra que o Governo está a mover contra a Renamo em Sofala, colocaram a cidade em alvoroço. Primeiro se registou uma calma incomum, porque os jovens estavam com medo e não se fizeram às ruas. Depois a cidade ficou agitadíssima, porque os jovens saíram às ruas para protestar e procurar os militares que andam a recrutar as pessoas. Daí os ânimos elevaram-se e numa cidade com fama de “agitada” perdeu-se o controlo de tudo. Em poucos instantes, estava tudo a arder com os jovens de paus e catanas em punho à procura de militares. A situação agudizou-se quando a Polícia e militares saíram às ruas para combater os jovens. Há relatos que nessa agitação há jovens que foram “capturados” para parte incerta.
O Canalmoz tomou conhecimento da operação na segunda-feira, quando um empresário ligou-nos a informar que um dos seus funcionários havia escapado ao recrutamento e refugiou-se nas bancas do mercado de Maquinino. Entramos em contacto com o referido funcionário que nos disse que dois jovens que com ele caminhavam foram capturados naquela manhã. Não os conhecia.
Já nesta terça-feira, recebemos uma mensagem de um cidadão residente na Beira com seguinte teor: “Um grupo de elementos das FADM está a protagonizar operação vulgarmente conhecido como “Operação Tira Camisa”, recrutando compulsivamente jovens para parte incerta sem consentimento dos seus familiares. Esta manhã no mercado de Maquinino mais 45 jovens foram capturados e mandados tirar camisa e confiscados os seus celulares para evitar a comunicação com seus familiares. Neste momento, o mercado de Maquinino está às moscas e não faltaram oportunistas neste processo, muitos bens foram saqueados. Consta que esta operação começou na segunda-feira, os ‘chapas’ são mandados parar e retirados jovens para parte incerta”, lê-se na mensagem enviada por um cidadão residente na Beira para Canalmoz.
Os relatos de recrutamento multiplicaram-se e a cidade ficou às moscas até os jovens decidirem sair às ruas para defender “a sua liberdade”.
MDN desmente o recrutamento
O Ministério da Defesa Nacional (MDN) convocou a Imprensa na tarde de ontem para, através do director nacional de Recursos Humanos, Edgar Cossa, desmentir o recrutamento compulsivo de jovens para as fileiras das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) na Beira.
“Não constitui verdade que o Ministério da Defesa Nacional ou outra Força de Defesa e Segurança esteja a fazer o recrutamento militar compulsivo. Trata-se de boato visando desacreditar o cumprimento deste sagrado dever com a pátria”, disse Edgar Cossa.
É uma operação para recrutar militares que abandonaram a guerra
O Canalmoz contactou um oficial sénior das Forças Armadas na Beira que disse que a operação existe, mas não é para qualquer jovem. “Realmente havia uma operação da Polícia militar com objectivo de capturar militares que fugiram de vários quartéis inclusive os da Gorongosa, Muchungue e Marínguè. São jovens que abandonaram as operações na Gorongosa com medo de morrer. Muitos deles abandonaram o fardamento e armas nas matas. Só que a operação foi mal executada e agitou a cidade. E a juventude mal intencionada e ladrões aproveitaram esta situação para vandalizar a cidade”, disse-nos o oficial das FADM. Até ao fecho desta edição já havia relato de morte de um menor.
Dados oficiais colhidos junto de uma fonte do Banco de Socorro do
Hospital Central da Beira (HCB), indicam que, até as 21 : 30 horas de
ontem, haviam dado entrada naqueles serviços, 30 feridos. Deste
número, 10 baixaram, quatro estão na sala de reanimação e o restante
teve alta. Dos que estão na reanimação, dois estão em estado grave
pois, têm bala no abdomen. Até ao fecho desta edição estavam para
entrar na sala de operação com o diagnosticados hemoperitoneu. (Eugénio Bapiro/Redacção)See more
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